Volkswagen vai ter o mesmo destino da Kodak e Nokia?

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DW Brasil
Os carros têm se tornado cada vez mais computadores sobre quatro rodas e muitas montadoras têm enfre...
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Os carros têm se tornado cada vez  mais computadores sobre quatro rodas e muitas montadoras têm enfrentado  o dilema de se modernizar ou falir. É neste contexto que a Volkswagen anunciou  planos drásticos de redução de custos, fechamento de fábricas e demissão em massa. Essa pressão que a Volks enfrenta agora é muito parecida com a que empresas de  outros setores passaram há algum tempo.
Será que a Volkswagen está enfrentando  um momento Kodak? Você lembra? Há 50 anos, quando as fotos eram tiradas assim,  a líder de mercado era a empresa americana Kodak.
Daí, veio a digitalização da fotografia  e a gigante do mercado perdeu o domínio. O mesmo aconteceu também na telefonia. Há 25 anos, a gente fazia ligações assim.
Nesta época quem dominava o  mercado era a empresa sueca Nokia. Daí vieram os smartphones e tudo mudou. E agora algo parecido está acontecendo no mercado automotivo.
Um carro hoje não é o mesmo de 10 anos atrás. O design da carroceria ainda é bonito,  mas ele não é mais tão importante assim. E um motor de combustão  potente virou coisa do passado.
A tendência agora são os carros elétricos e o  crucial passou a ser a qualidade da bateria. E é aí que está o problema, pelo menos para a  Volkswagen e muitas outras montadoras ocidentais. Os fabricantes chineses de baterias,  todos juntos, têm um domínio esmagador do mercado global de baterias.
Especialmente para o setor automotivo. A escala tem uma grande importância para  obter os preços mais baixos possíveis. E esse é um aspecto fundamental  para o sucesso dos veículos elétricos e para reduzir seu preço de mercado.
Este carro elétrico da Volkswagen ganhou prêmios. A bateria do ID. 7 pode durar mais de  700 quilômetros com uma única carga.
Mas o problema é o preço. O modelo mais básico custa 55 mil euros na Europa. O equivalente a quase 350 mil reais.
A briga pelo mercado dos carros elétricos é feroz. A União Europeia aumentou recentemente o  imposto de importação de carros chineses. Mas empresas da China estão  construindo fábricas na Europa.
Assim, os elétricos chineses vão poder  em breve entrar no mercado europeu com preços significativamente mais baixos. Já do outro lado, a Volks enfrenta neste momento um problema de vendas na China,  já que os modelos alemães são muito caros. E os carros têm passado por uma inovação  tecnológica intensa e estão se tornando computadores sobre quatro rodas.
O futuro no setor é representado pela sigla S-D-V: "Software Defined Vehicle". Ou em português, veículos definidos por software. A arquitetura eletrônica do carro  passou a ser essencial e isso tem revolucionado a indústria automotiva.
Bem, o software já tem uma importância dramática, e isso só vai aumentar. Isso é algo que pode ser comparado à transição do telefone celular para o smartphone. A mudança no setor automotivo leva mais tempo do que no setor de telefonia móvel.
Mas no final, digamos, as consequências serão muito semelhantes. Empresas como a chinesa BYD, que cresceu fornecendo baterias para a Apple saem na frente. E os fabricantes de motores de combustão agora tem que, de alguma forma, se  transformar em empresas de TI.
Foi por isso que a Volkswagen  fundou uma subsidiária de software. A "CARIAD" gastou muito dinheiro até agora,  mas ainda não apresentou bons resultados. E neste momento, esse é um desafio  bem conhecido na indústria automotiva.
Está claro que a Volkswagen é uma empresa  automobilística e não uma empresa de TI. Aqui você pode ver os pontos  fracos, as deficiências. E por outro lado, há também uma  falta de trabalhadores qualificados.
No entanto, o SDV, o Veículo  Definido por Software, é definitivamente reconhecido como o futuro. A Volkswagen tem buscado parceiros para o desenvolvimento de softwares,  duas fabricantes de carros elétricos: a Rivian voltada para o mercado dos Estados  Unidos e a Xpeng para o mercado chinês. O foco aqui costuma ser nas chamadas  Plataformas eletrônicas de veículos.
Elas são como se fosse o cérebro  dos carros modernos e controlam todos os componentes eletrônicos. Mas especialistas apontam alguns riscos nessa estratégia. No momento, dos dez maiores fabricantes globais de automóveis,  mais da metade já adquiriu plataformas eletrônicas de veículos de fabricantes chineses.
Mas o problema é que, se você seguir esse caminho, ou você consegue desenvolver algo melhor do  que os fabricantes chineses, ou você vai se tornar tecnologicamente dependente deles. E a Volkswagen já está em uma grave crise. A diretoria quer economizar cinco bilhões de  euros, possivelmente até mesmo fechando fábricas e demitindo milhares de funcionários.
Os trabalhadores estão protestando, perguntando por que os acionistas receberam  dividendos tão grandes neste verão. Agora eles exigem uma extensão das garantias  de emprego e um aumento salarial de 7%. Ou seja, a empresa enfrenta  graves conflitos internos e, ao mesmo tempo, precisa fazer reformas complexas.
De modo geral, essa corporação cresceu, digamos, tanto organicamente quanto inorganicamente. Quando você tem 9 marcas, mais serviços financeiros e toda a organização  de vendas por trás disso, operando globalmente desde a década de 1950, isso é  como um navio enorme, um petroleiro gigante. Empresas muito grandes tendem a ter  problema para inovar e se adaptar.
Mas então, será que a Volks vai ter  o mesmo destino da Kodak e da Nokia? Os especialistas dizem que "não  necessariamente", mas que a empresa precisa de um choque de realidade. Talvez ainda haja muito um pensamento de: "Somos muito bons, somos os melhores".
E, infelizmente, o equilíbrio de poder está mudando. Portanto, como eu sempre digo, o primeiro passo para resolver o problema  é reconhecer bem este problema. Tem se falado muito sobre o fim da  Volkswagen, mas ainda é cedo para dizer isso.
A gente está falando de uma empresa  que tem mais de 680 mil funcionários. No ano passado, eles venderam  mais de nove milhões de carros. Isso faz deles, a segunda maior fabricante  de automóveis do mundo, depois da Toyota.
Mas para manter essa competitividade, as empresas  automotivas tradicionais vão ter que cada vez mais se transformar em empresas de tecnologia. E vão ter que competir entre outras com a Tesla e a BYD que já nasceram digitais. A gente vai continuar acompanhando esse assunto.
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