#PapoDeAutor com Barbara Carine, autora de Como ser um educador antirracista. Ep.8

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Planeta de Livros Brasil
No episódio de hoje do Papo de Autor, Barbara Novaes conversa com Barbara Carine sobre seu novo livr...
Video Transcript:
tô pronta Ela é professora escritora ela é também eu errei Ela é professora ela é e eu errei de novo Oi pessoal bem-vindos e bem-vindos a mais um papo de autor hoje eu vou conversar com uma intelectual diferentona Ela é professora escritora ela também é empresária e mãe Daiana hoje eu converso com a minha xará Bárbara Karine prazer é todo meu muito feliz de estar aqui com essa galera para jogar um pouco sobre um livro tão importante na minha vida e na vida de muita gente que tá acessando esse vídeo agora né que eu como
seu educador anti racista eu tô muito feliz Obrigada planeta né por essa essa possibilidade dialógica na construção desse projeto e vamos que vamos que a gente que agradece a gente tá bem feliz com a publicação do livro e para começar assim como que surgiu a ideia de escrever como ser um educador já escrevia no campo das relações étnico-raciais só que com enfoque maior para as questões científicas porque minha formação basilar é da área da química Mas como eu idealizei e sou sócia hoje né sou sócio idealizadora da escola África brasileira Maria Filipa que é a
primeira escola afro brasileira do país as pessoas elas buscavam muito compreender acerca de um processo de estruturação pedagógico curricular de estrutura mesmo relacional dentro de um espaço escolar de pensar as questões vinculadas a formação de professores a relação professor estudante da própria construção da comunidade escolar pensando também as famílias Então como que a gente estrutura isso a partir de um marcador de racista recebia muitas perguntas nas redes sociais que não segue vai lá seguir muito lactose diferentona no Instagram e pessoal Branca faz sentido eu sou educador antirracista a Bárbara aconteceu essa situação aqui hoje na
minha escola como intervir como atuar em uma situação de racismo na escola Poxa Bárbara eu queria pensar práticas pedagógicas que pautasse a potencialização de pessoas negras indígenas como fazer isso eu não sei bem por onde começar Bárbara você pode fazer um curso Então tinha muitas demandas sobre essa temática que chegavam até mim que eu ia respondendo singularmente para essas pessoas mas eu percebia que algumas dúvidas eram recorrentes foi quando o Tiago meu companheiro ele me propôs escreveu um livro sobre essa temática ele falou cara eu acho que você deveria escrever um livro intitulado Como Ser
Uma educador de racista e eu tava voltando para Salvador e já no aeroporto eu comecei a escrever o livro no bloco de notas do celular eu sou louca por escrito então é um livro pensado tanto para educadores e educadoras para profissionais da educação mas também para familiares que buscam se formasse instrumentalizar Nesse quesito aí eu vou te parafrasear aqui na apresentação da obra você escreve a educação é o ato de socializar com as novas gerações os conhecimentos historicamente produzidos de maneira geral como que a educação ela pode atuar como ferramenta na luta anti-racista a gente
sempre faz uma seleção né de conteúdos que vão ser difundidos para essa geração de estudantes então há um processo intencional de construção curricular qualquer ato educativo ele é um ato teleológico ele é um ato direcionado para um modelo de sociabilidade que se almeja e a gente constrói isso dentro do espaço escolar por meio da construção de um cur direcionado para isso infelizmente o currículo que a gente acessou até aqui é um currículo é monocultural é um currículo que não é pela Universal é um currículo que é eurocentrado é um currículo que é branco ou centro
é um currículo que é potencializa o único tipo de pessoa na nossa sociedade e que coloca a diversidade que a sociedade em si é em segundo plano ou pior em último plano no livro fala um pouco sobre isso eu falo que o exercício da diversidade deveria ser um exercício mais simples possível porque o mundo é diverso é só a gente aceitar a diversidade Que proposta no mundo e parar de lutar contra ela e parar de querer reproduzir a bolha da minha existência como a realidade coletiva Universal a gente está o tempo todo nos complexos sociais
tentando Reproduzir uma noção única de humanidade que é uma noção hegemonica e isso coloca os grupos que não estão representados nesse lugar do sujeito Universal que é brancocêntrico cinétero patriarcal em segundo plano então a escola ela precisa pensar maneiras de construir não só currículos mas relações que potencializam outras existências quando eu trago o exemplo no como seu educador de racista da Maria Felipe as pessoas que perguntam Ah é uma escola só para negros uma escola África brasileira uma escola só para negros eu não Trago essa resposta no livro mas é a resposta Popular que eu
apresento para as pessoas eu falo mas e a escola Branco sempre que é só para brancos não é e a gente não tá propondo uma inversão de valores do tipo vamos sair de uma escola imanentemente branca e de valorização apenas da estética branca da epistemologia Branca das memórias brancas positivadas de uma dimensão Branca Religiosa e etc para um outro Polo negro a gente está propondo sair do herocentrismo para a valorização dos grandes Marcos civilizatórios a gente tem um povo brasileiro que é constituído por múltiplas culturas Mas majoritariamente pela cultura dos povos originários que são os
povos indígenas pela cultura dos povos africanos da população brasileira é negra e São pessoas que se veem altamente sub representadas no currículo escolar que quando vão se ver pela primeira vez no livro didático Acorrentada pelo pescoço No navio tumbeiro é tendo a sua a sua Constituição de Gênese existencial a partir da escravidão por meio de uma história única europeia uma história contada pelo opressor que nos destituiu de memória positivada a humanidade surgem a África 350 mil anos os primeiros rei dos primeiros impérios as primeiras formas de Constituição societária ciência filosofia e a gente abre mão
completamente disso na verdade a gente foi forçado a perder de vista essa história essa memória e abraçar uma história recente de quatro séculos de tragédia social da população negra no Brasil não tem como construir subjetividade positiva potente em um jovem dizendo por 16 anos que a memória dele mais primária escravidão é de rebaixamento existencial é de subjugação Então o que a gente precisa fazer na escola é mobilizar esses três grandes Marcos civilizatórios é jogar na lata do lixo que a Europa produziu não é trazer a constituição cultural europeia e africana indígena mas dá César O
que é de César na verdade interessante também que a obra é o resultado dessa dessa sua experiência da idealização da Escola Maria Felipa e tem um dado momento da obra que você apresenta um calendário del colonial e eu achei incrível assim a forma que você traz essa essa experiência mesmo de não estamos descartando que já tá aí em todo lugar e que é de conhecimento geral mas a gente precisa dar visibilidade vazão também há outras histórias a outras narrativas Como foi o processo para criar esse calendário e qual é a importância dele assim para para
esse novo olhar no debate anti-racista construiu uma escola nova obviamente algo novo é algo que não tá dado então não existia o referências não existiam referência de projeto político pedagógico não existia referência de calendário escolar não existia referências de modelos formativos docentes então foi tudo muito construído no chão da escola e nessas relações cotidianas dentro da Maria Filipa as professoras ficavam tanto quanto Perdidas em alguns momentos né viviam me perguntar Bárbara Páscoa que a gente faz a gente traz a Páscoa para o calendário a gente não traz a Páscoa para o calendário Bárbara Santos juninos
O que que a gente faz e aí eu entendi que eu precisava parar e estabelecer um calendário que fosse um calendário da Colonial da nossa própria escola e o grande tensionamento que eu tive ali nesse processo foi eu tomo como ponto de partida o fato de que escola é laica e Retiro todas as datas de cunho religioso do calendário escolar ou eu compreendo que essas datas que são datas religiosas Muitas delas já foram incorporadas dentro da cultura popular brasileira e não faz muito sentido a gente fingir que ela não existe sendo que no ciclo sócio-histórico
da criança no seu cenário cultural ali familiar Ou dos vizinhos e vizinhos a criança vai viver então eu apliquei por manter essas datas mas seguindo a premissa basilar estrutural da Maria Filipa que é o rompimento com a eurocentralidade Então a gente vai trazer datas de base europeia em articulação com datas indígenas e africanas e entendendo que ninguém é obrigado a assimilar a fé do outro com sua própria fé então do mesmo modo que a gente trata a mitologia de Ogum como mitologia a gente trata também a mitologia da Ressurreição de Cristo como mitologia porque ninguém
é obrigado a acreditar quem tem que assumir isso como uma crença é quem exerce a sua fé cristã acho extremamente importante isso e traz uma Um fundamento mesmo para criança crescer respeitando adversidade do outro e escolher também o que ela acredita acho incrível e outro ponto muito importante que eu queria resgatar um pouco do que você falou quando você fala ah eu sou uma pessoa branca como é que eu faço para ser um educador Será que eu posso é que você diz também que o que se combate na luta antirracista não é o sujeito branco
mas a branquitude você pode falar um pouquinho sobre a branquitude O que é e como esse sistema ele tá embutido na sociedade racista isso é muito importante porque geralmente as pessoas brancas elas tendem a fazer uma pequena confusão quando a gente fala sobre branquitude quando a gente fala a câmera que tudo tem que acabar quando a gente fala não enfrentamento e no combate a branquitude né falar de branquitude é sobre pautar sobre discutir debater um sistema que privilegia um grupo social de pessoas caracterizado por um dado fenótipo que é o fenótipo branco então a branquitude
é um sistema do qual nenhuma pessoa branca ela é Lisa nenhuma pessoa branca ela é imune assim ela ela não se beneficia da desse sistema chamado branquitude do Branco pobre a pessoa branca da classe alta todas elas vão se beneficiavam se beneficiar dos melhores acessos das condições de trabalho vão se beneficiar em todos os sentidos mesmo né de tendo memórias positivadas acerca dos seus ancestrais que são sempre tratados como Reis como rainhas como aqueles que foram os desbravadores os descobridores como aqueles que produziram conhecimento que foram os intelectuais os Escritores Elas têm o que se
chama recentemente há pouco tempo ainda se buscava currículos com boa aparência quando a gente isso é um combate do mmu nos livros além dos anos 60 que até aquele período se colocava no jornal que buscava ser uma pessoa branca para preenchimento de tal vaga mas ainda hoje a gente tem uma série de limitações e essas limitações elas são decorrentes de um sistema que faz com que mesma pessoa branca pobre tendo ausências materiais Ela tem maior possibilidade de acessar do ponto de vista ao objetivo uma condição salarial é mais digna e do ponto de vista subjetivo
também porque desde que ela nasce ela nasce com por meio de um médico Branco enquanto que pessoas negras passam uma vida sem ver o médico negro né ou seja não constrói em Alto referência positiva não se vê no judiciário então não se pensa juristas não se vem na medicina então não se pensa médicas não se veem jornalistas então não se pensa nesse lugar enfim essa grande importância da representatividade então para acabar com esse sistema que é estrutural a gente precisa acabar com bronquitude e acabar com a branquitude é exterminar um sistema que privilegia um único
grupo social comandada característica fenotípica Então a gente vai aí tem um dualismo do conceito biológico de raça que de fato ele não existe mas um conceito social de raça que existe é só você perguntar para qualquer policial militar ele vai saber exatamente o que tem um perfil de criminoso que notar E isso não vende precedentes isso não vem de recorrência isso vem dos tribunais de Lombroso isso menos estudos de Nina Rodrigues que vão dizer lá nas bases da ciência do racismo científico que pessoas negras porque elas tinham crânio x um tamanho do crânio Y tinha
uma área do cérebro mais reservada para isso mas achatada que era vinculada violência então assim falar do extermínio da branquitude é falar de uma coisa que deveria ser celebrada por todo mundo que é um fim desse sistema do sistema de privilégios agora é óbvio quem se agarra aos seus privilégios quem ama os seus privilégios direitos de quem for custando os direitos de quem custar óbvio que vai sentir muito desconforto quando a gente fala no término da branquitude acho que você deu um caminho para a gente começar a destruir esse sistema e para finalizar você quer
deixar um recado para quem está assistindo a gente falar sobre um pouquinho do livro convidar para conhecer a obra bom eu quero apenas de fato convidar cada um a cada uma acessar o livro Como seu educador de racista apresentear um educador um Educadora que você conheça a levar o livro para a coordenação da escola do seu filho da sua filha Às vezes as pessoas dizem assim ah Bárbara mas não é em todo canto do Brasil que a gente tem uma Maria Filipa não é mas formação de professores e professoras a gente precisa desenvolver cotidianamente essas
microrreva Soluções em cada espaço que a gente está desse país não precisa de ficar esperando uma Maria Filipa algum tempo atrás eu cerca de 10 anos 20 anos a mistura de uma carência absurda de literatura nessa temática hoje a gente tem algumas várias referências e essa é uma grande referência diante racismo no âmbito Educacional hoje no nosso país pensando dimensões práticas muito diretas numa linguagem muito acessível acerca de atuações de ações educacionais na formação né básica das nossas crianças a partir do anti-racismo as pessoas às vezes elas me fazem uma coisa que para mim é
um elogio que é Bárbara eu quando leia o seu livro eu sinto como se fosse você falando você escreve de um jeito muito muito orgânico muito natural porque a intenção de fato na escrita desse livro era acessar todas as pessoas não apenas as pessoas que pesquisassem antirracismo no doutorado no mestrado mas acessar aquele professor que terminar sua graduação e que não quis dar continuidade aos estudos na academia e acessar familiar que nunca sequer passou por uma graduação mas que tem um direito de ler uma obra sobre anti-racismo entender e aplicar isso e exigir isso na
escola do seu filho da sua filha então acessem o livro a repercussão está muito bonita as pessoas têm feito várias várias menções ao livro em condições e em graus de emoção que tem me tocado muito eu tô muito feliz com o desenvolvimento dessa obra e como que isso está impactado e transformado vidas muito obrigada Bárbara a gente está muito orgulhoso por essa lançamento e é isso chegamos ao fim de mais um papo de autor nos vemos nos próximos
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