Um bom dia a todos vocês, meus queridos irmãos! Sejam muito bem-vindos à meditação do dia de hoje. Peçamos a Deus a sua bênção sobre nós.
Em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Pai Nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. O Senhor é todo-poderoso, nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Muito bem, no dia de hoje, meus caros, começamos com o capítulo primeiro do livro "Caminho de Perfeição".
Santa Teresa coloca o seguinte título: "Da razão que me levou a fazer este mosteiro com tão estrita observância". Aqui, ela fala da obra da reforma do Carmelo, trazendo o Carmelo para a regra primitiva. No início, quando se começou a fundar este mosteiro, ela está falando do mosteiro de São José em Ávila.
Pelas causas indicadas no livro que escrevi, "O Livro da Vida", onde são relatadas algumas grandes graças do Senhor, em que Ele me deu a entender que muito seria servido nesta casa, não era minha intenção impor tanta aspereza no exterior, nem que a casa não tivesse rendimentos. Eu teria preferido que houvesse condições de nunca lhe faltar nada. Enfim, eu agia como pessoa fraca e ruim, embora tivesse algumas boas intenções e pouco cuidasse da minha própria satisfação.
Nessa época, chegaram a mim notícias sobre os danos e estragos causados na França pelos luteranos e sobre o grande crescimento que essa seita experimentava. Isso me deixou muito pesarosa e eu, como se pudesse fazer alguma coisa ou tivesse alguma chave com o Senhor, suplicava que corrigisse tanto mal. Eu tinha a impressão de que daria mil vidas para salvar uma só alma das muitas que ali se perdiam e, vendo-me mulher imperfeita e impossibilitada de trabalhar como gostaria para servir ao Senhor, fiquei tomada pela ideia de que ainda estou comigo, Deus, com tantos inimigos e tão poucos amigos.
Eu desejava que estes, os amigos, fossem bons. Decidi-me então a fazer o pouco que posso: seguir os conselhos evangélicos com toda a perfeição e ver que essas poucas irmãs que aqui estão fizessem o mesmo. Depositei a minha confiança na grande bondade do Senhor e nunca deixei de ajudar a quem se determina por Ele a abandonar tudo.
Eu pensava que, sendo elas como eu as via em meus desejos e vendo os meus defeitos, que eles não teriam força em meio às suas virtudes, e eu poderia contentar o Senhor ao menos em alguma coisa. Assim, ocupadas todas em orar pelos que são defensores da Igreja, pregadores e letrados que a sustentam, ajudamos no que pudéssemos a este Senhor, tão atribulado por aqueles a quem tanto bem fez. Pode-se dizer que esses traidores querem pregá-lo na cruz outra vez, privando-o de onde reclinar a sua cabeça.
Ó Redentor meu, o meu coração não pode chegar aqui sem se afligir muito! Que se passa agora com os cristãos? Será que sempre os que mais vos devem, mais vos afligem?
Aqueles a quem concediis mais graças, a quem escolheis para vossos amigos, entre os quais andais e com os quais vos comunica mediante os sacramentos, não estão satisfeitos com os tormentos que padecestes por eles? Ó Senhor meu, que nada faz! Quem agora se afasta do mundo, sendo vós tratado nele com tão pouco respeito.
Que esperamos nós? Por acaso, merecemos ser tratados melhor? Porventura fizemos mais por eles para que nos tenham amizade?
O que é isso? Que mais esperamos nós? Que pela bondade do Senhor não estamos contaminados por essa sarna pestilencial?
Se esses inimigos já pertencem ao demônio, bom castigo obtiveram com as suas próprias mãos, tendo merecido com seus deleites o fogo eterno. Que eles mesmos escapem dos perigos em que se puseram. Embora não deixe de me partir o coração ver como se perdem tantas almas, mas para que o mal seja tão grande?
Para que o mal não seja tão grande, seria bom que não se perdessem mais almas a cada dia. Ó irmãs em Cristo, ajudai-me a suplicar isso ao Senhor, pois foi com esse fim que Ele vos reuniu aqui. Essa é a vossa vocação; estes devem ser os vossos cuidados e os vossos desejos.
Prai aqui as vossas lágrimas e, para isso, dirigi vossos pedidos. Não cuideis, pois, irmãs minhas, dos negócios do mundo, que desdenho e, diante dos quais, até me aflijo; e nem das coisas que, às vezes, nos encarregam de suplicar a Deus: rendas e dinheiro. Esses dois pedidos muitas vezes vêm de pessoas que, a meu ver, deveriam implorar a Deus graças para desprezar tudo isso.
Elas têm boa intenção, e, vendo sua confiança, concedemos, mas tenho para mim que nessas coisas o Senhor nunca me ouve. O mundo está sendo tomado pelo fogo! Querem voltar a condenar Cristo, como se diz, pois levantam mil testemunhos falsos, pretendendo derrubar a sua santa Igreja.
E vamos perder o tempo que temos em súplicas que, se fossem ouvidas por Deus, talvez levassem a se perder uma alma no céu. Não, minhas irmãs, não é hora de tratar com Deus de coisas pouco importantes. Com certeza, se não levasse em conta a fraqueza humana, que se compraz em ser ajudada em tudo, e bom seria que valêssemos algo, eu me regozijaria se entendesse que não são essas as coisas a serem pedidas a Deus.
Com tanto empenho, muito bem, hoje é. Então, nós vamos olhar para este primeiro capítulo do "Caminho de Perfeição". E esse primeiro capítulo, assim como a introdução que lemos ontem, aparentemente não nos apresenta assim muita novidade; parece algo muito histórico.
Santa Teresa está falando com as irmãs do convento que ela fundou, o Mosteiro de São José, o primeiro mosteiro reformado, né? , com a regra antiga do Carmelo, a regra da Estrita Observância. Aparentemente, é apenas uma noção histórica, mas na realidade, não.
Santa Teresa está situando no tempo o que ela está escrevendo, mas nisso também temos uma grande lição. Santa Teresa fala do contexto da Igreja naquela época: é o contexto da Revolução Protestante, é o contexto da cisão do Corpo Místico de Cristo. O Corpo Místico de Cristo, que a Igreja já havia passado antes do século X, na época da Revolução Protestante, por uma grande cisão, que foi o cisma do Oriente, quando houve a separação da Igreja de Roma e da Igreja Ortodoxa.
E, depois, agora, no século X, na época de Santa Teresa, nós assistimos a uma nova cisão com a revolução causada pelos luteranos e depois expandida por calvinistas, anglicanos, e por aí vai. E Santa Teresa, ela diz que, analisando a situação da Igreja do seu tempo, ela foi tomada de um grande ardor, um grande fervor missionário de fazer algo. E, para fazer algo pela Igreja do seu tempo, Teresa opta por fazer algo que estivesse ao seu alcance e dentro da sua vocação como monja de clausura.
E o que Teresa faz? Teresa reforma o Carmelo, traz o Carmelo para a regra antiga. Para quê?
Para que Cristo fosse mais amado e servido, e para que aqueles mosteiros pudessem contribuir de alguma maneira com a vitória da Santa Igreja. Então, mais uma vez, Santa Teresa, antes de pensar na prática da perfeição, na busca da perfeição, nos meios para se santificar, o que que ela pensa? Na Santa Igreja.
Primeiro, nós devemos arrumar a vinha do Senhor, rezar pela Igreja, sacrificar-se pela Igreja, oferecer a Deus o clamor, as orações, os sacrifícios, suplicando, pedindo para que a Igreja vencesse. Então, é interessante, mais uma vez, Teresa colocando-se como filha da Igreja. Que possamos, nessa meditação do dia de hoje, pensar nisso.
O primeiro passo para a nossa santificação, o primeiro passo nesse caminho de perfeição, é olhar para a minha pertença ao Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja Católica. Que, no dia de hoje, possamos elevar a Deus essa ação de graças, agradecer a Deus por sermos batizados, por sermos membros do Corpo Místico de Cristo, e peçamos a Jesus, peçamos à Nossa Senhora, que é Mãe da Igreja, e peçamos a São José, com a intercessão de Santa Teresa, que nos faça bons filhos da Igreja, que sejamos católicos autênticos. E que possamos também, nós, através da nossa vida, nos colocar neste caminho de perfeição.
Se o mundo, como diz a própria Santa Teresa, parece querer crucificar novamente Jesus, nós devemos consolar. Que Nossa Senhora nos ajude! À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livre-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.
Amém. Senhor Todo-Poderoso, nos abençoe, nos guarde, nos livre de todo o mal. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém. Meus caros, tenham um ótimo dia e amanhã estamos aqui às 7 da manhã novamente. Fiquem com Deus.