[Música] Olá, boa tarde. Que alegria. Particularmente tô muito feliz porque trouxemos aí para pauta as bibliotecas e a importância dos bibliotecários, essas pessoas tão tão fundamentais aí na formação dos leitores, como diz a Gabriela Romeu, os perplexos da literatura. Então é um prazer abrir aqui essa rodada. Eu sou a Carol Meno eu sou arquiteta, sou educadora, coordeno as bibliotecas da Escola Viva em São Paulo. Tenho muita experiência na mediação de clubes de leitura em diversos formatos e espaços. Eh, atuo também como formadora no Centro de Formação da Vila e também como colabora colaboradora na plataforma
de educação Redel. Sou pós-graduada em literatura em santo juvenil e tô eh cursando também uma outra pós-graduação em espiritualidade, carreira e sentido da vida pela PUC. Tenho o prazer imenso de convidar a Cíntia e o José para comporem aqui a nossa conversa, o nosso bate-papo sobre a força e a importância e a grandiosidade e a inquietude das bibliotecas. Então, bem-vinda Cíntia, bem-vindo José. Eu vou apresentá-los e aí a gente começa aqui a nossa prosa. Bom, a C Wesfil é bacharel em biblioteca pela UFRGS, dando especialização em história e cultura afobrasileira, possui experiência na gestão de
bibliotecas escolares, públicas e jurídicas voltadas ao acesso e recuperação da informação, bem como fomento e mediação de leitura. atua como bibliotecário escolar há 10 anos e presidiu a Associação Riograndense de Bibliotecários na gestão de 2022 a 2024. Obrigada, Cíntia, prazer recebê-la aqui para essa conversa. O José Maria Júnior, bibliotecário, especialista em bibliotecas públicas e escolares, coordenador da biblioteca do polo educacional SESC pel no departamento nacional do SESC. onde desenvolve projetos pedagógicos, coordena projetos de incentivo à leitura, participa de curadoria em literatura para para projetos nacionais e coordena o encontro escola Sesc de Bibliotecas Escolares. Bem-vindo,
José. Que prazer também estar aqui entre vocês. Eh, eu escolhi pra gente começar aqui a nossa a nossa prosa, vamos chamar de prosa, né? Porque aí a gente já fica mais à vontade. Eu escolhi um trecho do de um livro do Walter Hugo Mãe, é um livro um livro de contos, onde ele fala assim: "As bibliotecas são só aparentemente são casas sossegadas. O sossego das bibliotecas é a ingenuidade dos ignorantes e dos incalcos. Porque elas são como festas ou batalhas contínuas e somam canções ou trombetas a cada instante. E aí um pouquinho mais para frente
ele fala assim: "Já vi gente a sair de dentro dos livros, gente atarefada até com mudar o mundo". Então eu eu bebi dessa fonte aqui poética do Walter Hugo Mãe para disparar aqui uma pergunta inicial para vocês. Eh, pensando um pouco nos nossos grandes desafios, né? Porque eu eu sinto que as bibliotecas eh escolares elas ainda ainda carregam um conceito de que, ah, é o lugar do empréstimo do livro. ou é o lugar que a que a criança ou o jovem vai para se acalmar porque tá muito nervoso, enfim. Eh, e nós, né, suspeitos como
somos, sabemos a grandiosidade de um espaço de biblioteca, né? Então eu queria ouvir de vocês, né, a a Cíndia lá na região sul, o José lá no Rio de Janeiro, quais são as práticas e experiências que vocês eh trazem aí para pro ambiente de trabalho para que a gente eh mute esse conceito, né, para que a gente transforme, para que a gente coloque a biblioteca como esse espaço pulsante e de tantas infinitudes. Então, eh, tô aqui, eu sei que é uma provocação meio, esse é o nosso problema, mas vamos lá. Quem, quem começa? Posso começar?
Perguntar. Ã, bom, olá para todos. É um prazer tá aqui, né, a gente tendo esse bate-papo com a Carol, com o José. Agradeço o convite da companhia. É muito bom falar, né, Vicários dentro da escola. H, Carol trouxe essa questão de ser pulsante, né? A biblioteca ela tem que ser viva, ela tem que ser o coração da escola, né? Por ali tem que transitar, tem que pulsar esse processo eh que eu considero uma tríade para além do serviço de circulação de materiais, que a gente diz que é empréstimo, devolução, renovação, né, reserva. a biblioteca, ela
tem que avançar eh também como um componente de pesquisa escolar, porque a gente tem essa questão, né, um processo de eh de letramento desse dessa criança, desse jovem, passa por uma questão de letramento informacional, né, que tem uma crítica sobre fake news, sobre desinformação. Eh, e fundamentalmente a gente tem que ter como se fosse um tripé à mediação de leitura, né? Nós temos no Brasil uma questão política, né, da questão do abandono das bibliotecas escolares, né, nós temos uma lei, né, a 12240 que fala, né, sobre os bibliotecários, profissionais, né, eh, bibliotecários. O profissional bibliotecário,
ele é graduado, né? Eh, instituição de ensino superior, ele registrada no MEC, ele tem um registro profissional, né, no conselho eh da sua região, né? Então, assim, é um profissional que ele estudou e se capacitou para fazer, né, esse trabalho. E o trabalho escolar eu sempre digo que é muito apaixonado, né? é um vício, é uma paixão esse processo. Então, a mediação de leitura também tem que ser entendida como um componente da biblioteca escolar. Como isso vai ser feito? Aí nós temos uma série de estratégias que a gente vai seguir conversando. Ah, obrigada, Ctia. E
aí, José, como é para você? É, então, eh, acho importante falar também a gente, né, começar a falar eh especificamente sobre o trabalho eh do local, assim, já falou bem dentro do da biblioteca seu coração, né? Eu acho que é uma discussão anterior o local que essa biblioteca ocupa dentro da escola, né? Valor que a direção da escola da biblioteca. Acho que isso é muito importante. Isso é, eh, eu costumo dizer aqui que isso é muito trabalho, né? A gente tem que trabalhar muito para colocar a biblioteca nesse lugar, né? que ela merece e que
ela deve estar, né? Costumo dizer aqui que a a biblioteca faz parte da engrenagem da da formação de qualquer aluno. Não dá pro para a gente formar um aluno que eu trabalho no ensino médio, né? Mas não dá para esse aluno sair totalmente formado daqui, integralmente formado, se a biblioteca não fizer parte desse desse desse dessa engrenagem de formação do aluno. A gente tem até umas pesquisas que dizem isso, né? comparando os alunos que estudam em escolas que têm biblioteca e os que não têm biblioteca e como eles saem, né? Como eles saem formato, como
eles saem, né, dessas escolas e as as escolas que têm bibliotecas, elos saem muito melhores preparados, não só para um vestibular, pro Enem, mas paraa vida mesmo, né, como cidadãos. Eh, cidadões, então, eh, a gente tem que discutir primeiro, né, que que lugar essa biblioteca ocupa nessa escola, né, que valor essa escola, essa direção dessa escola dá essa a biblioteca, né? Isso é muito importante para acho que qualquer trabalho que a biblioteca venha venha exercer na escola, eh, essa posição dela. Eh, e é uma luta, como eu falei, é uma luta, não é fácil a
gente colocar a biblioteca nesse nesse lugar. Eh, no nosso caso específico aqui, eu acho que até a gente conseguiu, a gente consegue, a gente tem um um bom apoio, mas a gente sabe que não é assim em todos os lugares, né? A gente sabe que nem eh muitos nem têm biblioteca ou ainda ainda, por incível que pareça, ocupa esse lugar de colocar o aluno lá para porque não tem para onde ir ou colocar o aluno para para ainda ainda tem a questão da biblioteca do castigo, né? Isso a gente ainda ouve, ainda ouve por aí.
Eh, então, primeiro tirar essa biblioteca desse lugar para aí sim a gente começar a fazer um um trabalho. Eh, esse o espaço para essa para esse trabalho da da formação do leitor, o espaço é muito importante, né? O espaço biblioteca. E, e que e que espaço é esse da biblioteca, né? Um espaço confortável, um espaço que que seja chamativo, acolhedor, né, pros alunos. Então, acho que isso é muito importante também eh eh para esse trabalho todo de de incentivar a leitura, de criar o hábito no aluno, de formar leitor dentro da escola especificamente, né? Então
eu eu bato muito nessa tecla quando eu converso com os com os colegas bibliotecários, com os estagiários, com os estudantes, né? De ó, coloca coloca as biblioteca da sua escola nesse lugar, faça de tudo para que a biblioteca da escola esteja nesse lugar, né? aceite diferente. Eu contar uma história muito rapidamente, foi até engraçado, uma vez a gente recebeu a visita de uma de uma escola pública aqui eh eh na nossa biblioteca e tinha os professores, tinha os alunos, a gente conversando com ele. Eu perguntei: "Vocês tm biblioteca na escola?" Falam: "Ah, tem, mas fica
muito fechado, não sei o qu". Eu falei: "Ó, faz o seguinte, vocês saírem daqui, forem pra escola, vá na sala do diretor, da diretora e fala: "Eu quero minha biblioteca aberta, quero minha biblioteca funcionando". Aí um aluno olhou para mim, falou assim: "A diretora tá bem aqui". Eu olhei para diretora, poxa, olha aí, né? Então é isso, tem que essa essa biblioteca tem que ocupar um lugar muito especial, né? Eh, dentro da escola e eh é uma é um é um uma ferramenta, é um local, enfim, é que faz parte, é uma parte muito importante
desse processo de formação do aluno. Então, vamos brigar. Primeir essa a briga pra gente colocar a biblioteca nesse lugar que ela merece estar, que deve estar para que faça, né, um um bom trabalho, né, que a partir daí sim a gente, claro, a gente sabe que não é não é assim, que não é fácil, que muitas escolas não não muitas bibliotecas escolares não conseguem, né, e eh esse espaço, quem sabe como funciona, mas eh desistir não, a gente tem que que lutar, tem que correr atrás para colocar a biblioteca nesse lugar. Eu insisto muito nisso.
Vamos colocar a bioteca nesse nesse lugar que ela merece estar, né? Ah, sensacional. José, você eh eu vocês trouxeram eh dois pilares que para mim são muito muito eh queridos, assim, que é tanto a Ctia trouxe a questão da mediação, né, da importância da mediação e o José também trouxe isso, mas também falou muito sobre o espaço, né? E eu, eu, nossa, estamos junto nessa luta assim, porque eu também acredito muito nisso e eu tenho um privilégio porque aqui na escola que eu trabalho, a, a biblioteca realmente é um espaço que a direção valida, que
a direção eh eu participo de de reuniões pedagógicas, então isso ajuda muito muito no nosso trabalho. E também aqui a gente tem o privilégio de estar ocupando o centro do campus, assim, né? Então é um lugar de atravessamento. Isso às vezes pode parecer muito enlouquecedor, né? Porque as pessoas entram, saem e falam, mas é essa vida pulsante que a gente quer para uma biblioteca, né? Então eu queria perguntar aí para vocês, trazer um pouco eh aprofundar um pouco isso que vocês trouxerem. Então, considerando que eh ouvi aí um pouquinho sobre que práticas, né? Porque quando
a gente, quando o José fala sobre a importância do espaço, muitas vezes fica parecendo que é um investimento na reforma, um imobiliário muito muito elaborado. E não é sobre isso, né? É muito mais como a permissão desse espaço, a o atravessamento desse espaço, como você disponibiliza os livros, né? Como você eh torna esse esse acervo acessível. como você também eh instrui, né, eh forma, ensina o a comunidade das escola a ter acesso, a ter um acesso até ao torno e depois eh entender a porque também tem o desafio da biblioteca também de só ser um
lugar organizado, né? Senão também a gente enlouquece. Então, eu queria entender um pouco que práticas que vocês trazem aí para para pro dia a dia de vocês que que possam humanizar esse ambiente, eh, transformando a leitura numa experiência emocionalmente significativa, né? Então, aí eu acho que tem a ver também com espaço, mas também tem a ver com com o vínculo, né? Que pessoas são essas, né? que quem são essas pessoas que tão nesse lugar recebendo esses essas crianças e esses jovens? Eh, queria que vocês trouessem aí alguns exemplos pra gente eh compor ideias aqui e
e colocar a biblioteca como um aeroporto, como disse o Walter. Posso, José? Posso? Eh, gostei. Eh, é lugar de passagem, de trânsito. Eh, eu acho que isso que o José trouxe da questão da infraestrutura é importante, porque a gente tem que se conseguir se articular politicamente dentro da escola, né? Que a biblioteca esteja inserida dentro do currículo, que a biblioteca também não seja apenas apoio, mas que a biblioteca seja promotora, entende? Tem a sua autonomia. né? Eh, a constituição das equipes também, né? bibliotecário como coordenador. Eu tenho essa experiência de coordenar equipes grandes, muito grandes,
assim, de muitas auxiliares, né, dentro do de um sistema maior e também de equipes locais de uma escola que atende o número X de alunos, né, um público que vai, né, hoje até trouxe a questão do ensino médio. A minha experiência vai muito da classe BB até o ensino médio. Então eu sempre brinco assim, que eu tive esse desafio dentro da escola de projetar uma biblioteca de um jeito acolhedor, mas que também para os pequenos, mas também fosse interessante para os jovens, né, do do ano e meio até os 18 anos, né? Então assim, eh
eu ouvi uma vez uma frase que me marcou muito que obviamente biblioteca não é lugar de castigo, né? Biblioteca também não é depósito de livro didático. A gente tem enfrentado uma questão séria das biblioteca. Já fiz visitas assim, né, enquanto eu era presidente da associação de salas inteiras que deveriam ser a biblioteca, que estavam com volume assim lotado de livros didáticos, né? E aí eu os alunos têm que reivindicar e os alunos podem ser esses guardiões da leitura, né? Eles têm que fazer parte do processo. Ah, eu não tenho quem faça contação história, por exemplo,
na hora do conto, que é um clássico das bibliotecas escolares. Ã, então vamos procurar multiplicadores dentro dessa nossa comunidade para que esse esse aluno se sinta parte desse processo. Então, o nosso trabalho muito de bibliotecário, ele é um trabalho que ele é agregador, que ele é político, né? Tem uma frase que eu gosto muito do que é de São Paulo, Carol, sou uma grande fã do Sérgio, que ele diz que briga tem hora para acabar, luta é pra vida toda. E quando bibliotecário escolar, eu me sinto muito assim, é uma luta, é uma militância, é
uma negociação, é um trabalho de formiguinha, né? Ã, silêncio em biblioteca também é serviço. A gente tem aquela coisa da bibliotecária com rock. Hoje eu nem vi pro coque, pensei: "Não, vou fugir do". Pensei, vou fugir do, eu gosto muito, mas vou fugir do estereótipo do coque, ã, né? Fazendo, né? Então, eh, não, a biblioteca tem que ser viva, né? O, o trabalho de silêncio, ele também é um serviço que a biblioteca presta como empréstimo, como uma servo online, né? A gente tem dentro da teoria da biblioteca economia o a educação de usuário, né, José,
que é basicamente preparar esse jovem para a autonomia do seu processo de busca de informação e de leitura. Que que eu já vivenciei assim, alunos que tinham vergonha de chegar no balcão e perguntar sobre uma determinada temática, né, LGBTQ+, eles não queriam procurar, eles queriam ter autonomia deles buscarem os termos do sistema, porque, enfim, é um processo de descoberta, de interesses, de, né, a gente tem um fenômeno hoje em dia, né, Heart Stopper, eu não sei como é que isade, eu brinco que é o novo Harry Potter, né? né? Se há 25 anos o Harry
Potter fez aquela transformação do poôlego leitor, né, de crianças ali de 7, 8, 9 anos, hoje em dia o hard stopper é um sucesso. Assim, eu tive alunos que leram seis vezes os quadrinhos e olha que eu deixava só como consulta local, porque se o livro for não volta, né? Então, justamente para eu como uma estratégia também de ocupação do espaço dessa criança ir no intervalo e no início da aula e depois da aula, né, fazer esse processo de conseguir sair um pouco da tela também e ter aquele momento de abstração dessa leitura e eles
devoravam, né, por aí. Muito bom, muito bom. Eh, é isso. É, eu gostei muito dessa frase do Sérgio assim. É uma luta constante, né? Mas é uma boa luta, né? É o bom combate, né? É um bom combate. É um bom combate. E você? Então, tem tem uma palavrinha que a gente gosta muito de usar aqui, que é pertencimento, né? Aí, você falou de como, né? quem quem é esse nosso, né, nosso público, como é que como é que ele e enfim, como é que a gente acolhe, como é que eles a gente trabalha muito
isso. A gente tem uma reunião sempre que a que a que todo início de ano com a primeira série, né, quando a primeira série chega, tem uma reunião com eles para apresentar a biblioteca, o serviço, falar um pouco do trabalho. Eu digo sempre isso para eles, a gente sempre diz isso para eles, né? Pertencimento. Isso aqui que vocês estão vendo, né, não é meu, é de vocês, é nosso, né? Então, eh, isso aqui só vai ser construído junto. Vocês tem, vocês tem que tá tá aqui dentro, tem que participar, tem que ser a cara de
vocês. Eu até brinco, eu sou muito bonito, mas não botar a biblioteca na minha cara, preciso que ela que ela tenha a cara de vocês, né? Então, preciso que vocês ajudem a gente a fazer esse local aqui ser um local eh é bom para vocês, né? Tem que ser bom para todo mundo, tem que ser bom para vocês, tem que ser acolhedor para vocês, tem que ser na cara de vocês. Vocês cheguem aqui e fiquem à vontade. Ah, esse lugar aqui é um lugar bacana para eu ficar. Então, a gente fala muito nisso. Pertencimento, tem
que se sentir. E a gente faz, vai trabalhando, né, durante o ano, durante a formação dele aqui para que eles se sintam pertencente a esse espaço. Tá dando certo assim, a gente acha muito legal, eles eles voltam, então a gente tá muito protagonismo pros alunos aqui nessa biblioteca. Então, quase todos os projetos que a gente desenvolve aqui, sempre tem aluno participando. A gente faz questão de trazer sempre alunos para desenvolver os projetos junto com a gente. E e isso é uma prática que já existe aqui, que a eles nos procuram também para desenvolver as coisas,
né? Desse trabalho, eles mesmo vão nos procurando, eles pensam em alguma coisa, Maria, a gente pode fazer tal coisa na biblioteca, Maria biblioteca pode nos ajudar com essa coisa. Isso é muito bacana. A gente a gente eh trabalha para que isso aconteça. Isso realmente isso isso volta, isso acontece. bastante. Tem um e não sei se é um concurso eh o que eles fazem aqui todo ano, né, que eles vão escolhendo assim, melhor professor, melhor não sei o quê, melhor não sei o quê. E a biblioteca já é bicampeã no melhor espaço da escola, né? E
eles vão vão e eles vão vão e a biblioteca é um lugar que eles gostam muito de estar nessessa biblioteca especificamente, né? Eh, eh, a gente diz que pares de convivência, não é só uma biblioteca, eh, e que é muito importante. E aí eu acho que isso, essa questão do pertencimento, de se sentir pertencentes eh parte desse espaço, é muito importante porque a gente desenvolva esses projetos e a gente faz questão que dá protagonismos a eles também, né? Então, a gente chama, como eu falei, a gente chama sempre os alunos participarem. A gente tem um
outro projeto aqui que é da escola, né, que é o voluntariado, né, que os alunos que vão ficar nos setores para trabalhar e eh para para enfim para eh eh viver a rotina daquele setor, né? Eh, e a biblioteca tá sempre cheio de de candidatos quando abre as inscrições, a gente tem que vocês querem. Então, agora nós momento nós temos eh 10, porque eu também falei só 10 esse ano, porque senão a gente não vai dar conta. Então, a gente tem 10 alunos voluntários que ficam na biblioteca, então eles estão sempre querendo fazer fazer alguma
coisa aqui na biblioteca, estar juntos, mesmo quem não é voluntário, Maria, eu posso ficar aqui, posso ajudar vocês, não sei o quê. Então, eh, esse é um trabalho que a gente começa desde a primeira série para que eles tendam pertencentes nesse espaço. E esse e esse público da pra gente vai muito mais do que apenas os alunos. a gente tem eh é uma escola de ensino, na verdade é é um polo educacional, não tem só o ensino médio, tem o ensino médio, tem uma escola de artes dramáticas, tem a EJA e tem é a fundamental
que a gente vai iniciar talvez o ano que vem. Eh, mas a gente também atende aos professores, funcionários, terceirizados, né? Tudo isso também é é nosso público aqui e a família. A gente sempre eh faz questão também de dizer para todo o nosso público aqui que a família também faz parte desse público da biblioteca. Eh, e aí por aí um outro detalhe também legal que ano passado a gente sempre faz aquele negócio assim, ah, quem pegou mais livro, né? A gente dá um caderninho assim, mais coisas. Quem pegou mais livro? E ano passado quem pegou
mais livro foi a irmã de uma aluna, né? A Luna é uma menina, eh, ela é, ela é mais novinha, criança, e a irmã sempre leva livro para ela, sempre leva livro para ela. Então ela, essa menininha que nem estuda aqui, é da família de uma aluna, foi a pessoa que mais pegou o livro na nossa biblioteca, né? E esse ano a menina voltou, né? A a aluna falou: "Ah, minha irmã já deu uma lista de livros, falou: "Volta lá, pega livro para mim". Então, isso é muito bacana também a gente envolver a família. A
gente a família pra gente que tem é muito, é muito importante, né? acolher essa família, a família dos funcionários, dos alunos, enfim. Então, a família também faz parte dessa comunidade escolar e e em consequência também faz parte, né, do desses usuários da biblioteca. Isso pra gente também é é fundamental, né? E a partir daí a gente vai começa a desenvolver os projetos, né? Eh, acho que acho que hoje os projetos que a gente desenvolve aqui na biblioteca acho que todos têm participação de alunos, todos, né? Importante também dizer, a Ctia falou, né? Eh, e a
Carol também falou da questão de de a gente não ser só apoio, né, aos professores, né? Eh, tem que tá junto, a gente faz os trabalhos e eh o trabalho é junto, a gente é ser chamado paraas reuniões pedagógicas e fazer os trabalhos juntos com com os professores, sempre juntas também. Isso também é bacana. uma coisa que a gente conseguiu aqui também, a gente hoje eh a gente também acha que é um privilégio, mas é um privilégio a partir de de muito trabalho, né, da biblioteca ter esse destaque, da biblioteca eh dos professores procurarem a
gente, os alunos também procurarem. Então, a gente faz muito trabalho também eh junto com os professores também é fundamental pra gente, importantíssimo para o projeto. A gente faz projetos eh eh a gente tem um projeto hoje aqui que é nosso, a gente chama hoje o nosso carro chefe, que é um café literário, eh, pingado, café literário. Pingado que é a questão do café com leite, porque ele acontece e é muito esse projeto é muito, foi muito curioso, porque ele acontece antes de iniciar as aulas, às 7 da manhã, as aulas iniciam às 8. É. E
aí a gente, quando a gente começou, a gente falou assim: "Pô, isso não vai dar certo." Eu chamei a professora de de português, literatura, falei: "Pô, Liliane, vamos fazer um projeto aí que alguns alunos chegavam e ficavam aguardando porque eles aqui eles têm café da manhã, né? Então eles vão pro restaurante, tomam café da manhã". Eu falei assim: "Pô, vamos aproveitar esses alunos que estão aí, né, até a aula aí, será que vai dar certo?" Vai, a gente a gente leva o café da manhã para pra biblioteca, né? Desse grupo, eles tomam o café da
manhã lá. Aí no início a falou: "Ah, eles vão só por causa do café da manhã, pô, poesia, literatura, 7 da manhã. Vamos lá, vamos, vamos nessa, né?" E aí eh eh foi assim uma uma eh eh o projeto hoje é um sucesso assim na na escola inteira, né? A gente começou acho que e ali uns cinco alunos, seis. Hoje a gente fecha com 35, mas fechando assim, ó, não dá mais. Eh, o pessoal brinca que é tipo eh show de dessas estreas internacionais que a gente abre a inscrição, um minuto depois, um minuto não
tem mais vaga, né? Tanto que o pessoal e assim, a gente fala aí é assim, 7 da manhã antes do início das aulas, os alunos estão aqui, os alunos vêm às vezes e e o café da manhã mesmo ficou secundário, sabe? Mas é um espaço de muito acolhimento, assim, muito acolhimento. Os alunos vêm, isso desenvolveu muito a questão da leitura nos alunos, né, que eles passaram a ler mais para trazer para trazer textos para paraa leitura no nesse encontro, passaram a escrever, e foi uma grande surpresa pra gente, e passaram a escrever para trazer pro
encontro, né? Até que no primeiro ano a gente até eh começou a surgir texto autoral, texto autoral, gente, que é isso, né? E aí a gente faz, não vamos perder esses, não vamos perder esses textos. A gente foi, publicou e botou isso no livro. Hoje nós já estamos no segundo volume e já preparando o terceiro, né, dos textos autorais que foram que foram aparecendo aí também hoje no projeto a gente já faz uma oficina de criação literária para esses alunos que querem escrever mesmo, né, pra gente já dar uma base melhor para eles. Mas e
o projeto foi um sucesso, né, porque assim e eh tem muito da questão da escrita, da literatura, de como a literatura, né, eh eh reúne essas esses alunos, esses jovens, né, e tem uma parte de acolhimento muito grande também. É impressionante que a gente sempre notou no nesses encontros, antes mesmo da lei, né, o celular era permitido, não tinha nenhum problema na escola. Eh, a gente tinha muito problema, inclusive em sala de aula com celulares, mas no pingado naquele momento, eles só pegavam o celular para ler os textos que eles escolheram. Fora isso, era uma
impressionante como eles não pegavam o celular, era uma era uma atenção total de escuta no outro, porque você não precisa vir pro encontro para ler nada, você pode ir só para escutar. Isso também é muito bacana, né? Você exercício essa questão da escuta ativa do outro aluno, do respeito de escutar o outro, né? Isso é muito bacana. E e aí esse projeto hoje já a gente já, enfim, já apresentou esse projeto em muitos lugares. E uma outra coisa, desculpa, fechou aqui. Muito legal que esse projeto trouxe pra gente foi que os alunos, né, os alunos
eles passam a falar dos projetos fora daqui, passam a levar os projetos para lugares fora daqui. a gente teve duas eh eh uma experiência muito bacana com a menina, uma aluna, foi estudar, fazer aqueles cursos eh acho que nos Estados Unidos e ela levou o projeto para pro grupo um dia que tinha que fazer uma apresentação lá o trabalho, ela ela ela escolheu fazer a apresentação do projeto. Aí fizemos uma apresentação, os alunos de lá que estavam lá, que tinha aluno da Índia, da Inglaterra, não sei o quê, os alunos daqui, né, online. Foi um
foi um e e foi muito bacana esse momento. E essa semana um outro ex-aluno, ele faz um curso no Senac e aí tinha no caso do dia dos bibliotecários mesmo, ele ganh ele ele eh tinha que apresentar um trabalho lá e ele escolheu também o pingado para apresentar esse projeto. E aí a gente vê como é legal como esses projetos tocam os alunos e como ele, né, como isso isso vai reverberando, apesar deles terem saído. Eh, e é um projeto assim, parece que é muito, mas é muito simples, né? Eu, eu, eu, eu costumo dizer
também que eu sou muito das pequenas coisas que, que que afetam as pessoas verdadeiramente, né? Esse projeto é simples, é é uma reunião de pessoas, né? Um acolhimento, um café e os textos, né? A leitura dos textos aí a produção de textos, né? e que deu foi muito foi muito bacana paraa gente. Nossa, quanta ideia boa. José, eu acho que eu vou trazer esse pingado para cá também. Achei muito sensacional, muito bom. Eh, e você toca eh na no que você tá trazendo pra gente aqui de inspiração, você toca num num desafio que que eu
acho ele bem importante. Eh, tem aquela história, né, que para criar uma criança você precisa de uma aldeia inteira, né? E então eu eu e e também trazendo aí a temática da Companhia das Letras eh sobre a escola forma leitor, né? Então eu acredito muito nisso também. Para formar um leitor a gente precisa de uma comunidade inteira, né? Porque também ficar só no papel do professor da área ou da biblioteca eh é muito muito difícil. E aí eu fico fico te ouvindo, né? E vendo aí isso que você falou. São coisinhas pequenas, mas são coisinhas
feitas com muito afeto, com muita dedicação. E e aí eu queria trazer para vocês um pouco eh um pouco do que eu senti percebendo que a vida dos professores não é fácil, né? É muita coisa, é muita demanda, é muito estudo, é muita eh o prazo, né? a a aplicação dos conceitos, do conteúdo. E aí eu acho que os próprios professores acabam se afastando da literatura, não porque eles eles não gostam, é porque realmente é muita coisa. E e aí eu também, né, pensando nisso, eu falei assim: "Mas como que eu vou fazer, né? Como
é que eu vou fazer para chegar, né, no nessa não no professor precisando levar o aluno paraa biblioteca? Não é disso, é é desse professor leitor para ele mesmo, né? Qual, onde tá a literatura na vida dessa pessoa com uma vida tão cheia de demandas, né? E e criar essa comunidade, né? Porque aí sim, porque a a o a criança e o jovem eh se elas vê, né, que o professor tá lendo, a família tá lendo, eh tem um valor, tem algo que acontece naquele encontro do leitor com o livro que é verdadeiro e as
crianças e os jovens percebem isso, né? Então aqui a gente também criou clubes de leitura, a gente também tem o o concurso literário, a gente tem um um projeto também de que que mescla muito isso que vocês falaram, né, da importância do espaço, que a gente chama de atelier da linguagem. Então a gente traz pra biblioteca um tanto do nosso do nosso atelier e vamos trazendo esses professores como leitores, não como facilitadores de uma leitura. né? Não como eh as pessoas que vão ler em voz alta ou as pessoas que vão orientar uma escolha, ele
como leitor mesmo, né? Porque aí isso eu quero, eu sempre tento aqui expandir para pra parte administrativa, pra gestão, pra direção, pra gente criar essa essa comunidade, né? Eh, então não sei, assim, queria ouvir vocês também eh sobre esse sobre esse esse desafio, né, de conseguir eh eh ajudar, né, eh com que o o a equipe pedagógica seja leitora, né, que a equipe pedagógica também entenda a literatura como uma nutrição eh da sua subjetividade, né, da sua inspiração. Eh, porque realmente é muita demanda, né? E a literatura acaba entrando ainda mais agora com com a
as questões aí de a gente vai entrar um pouquinho nisso, né, de celular, de telas, mas eh é um sequestro do tempo precioso da leitura, né? Então, queria ouvir vocês assim como que é para para vocês a relação da biblioteca com os professores, mas não no conteúdo pedagógico, nele como leitor, né? Expressor. Como que vocês ajudam esse professor a se tornar um leitor mesmo? Vou vou passar então pra Cíntia. Eu, Parabéns, José. Adorei a ideia do projeto do café do pingado. Trabalha com eles essa questão do pertencimento, do protagonismo. Com relação a ao professor, eu
acho que o bibliotecário a gente faz esse contato muito eh do como a gente diz aqui, do ecossistema do livro, né? é manter ele fluindo, manter eh eh funcionando vivo. Então esse contato com o professor, ele vai ser muito próximo, né? Por muito tempo, assim, no meu começo de carreira, eu achava que sair para tomar um café, eu não tava trabalhando, então não tava dentro da biblioteca na minha mesa, produzindo. E com o tempo a prática, aquele momento da entrada que eu passava lá na sala dos professores, no intervalo, né, das profs, né, na no
nas reuniões pedagógicas noturnas, que também é importante que o bibliotecário, né, esteja situado. bibliotecário, descobrir o que que esse professor gosta e auxiliar ele nos seus interesses, né, de dicas de novidades de leitura. Ah, mas tu tu gosta de desse assunto, o que que tu acha desse livro, né? A gente na biblioteca recebe muito material para avaliação, né? Claro, visando adoção escolar, né? né, que isso é muito forte dentro da da das escolas privadas, mas também ofertar possibilidades formativas também para esse professor. Eu venho de uma dos últimos anos, agora os últimos 4, 5 anos,
muito forte com a questão da ERER, né, dessa dessa educação paraas relações étnico-raciais. Atuei numa escola laica, que isso era muito forte. Então, muito próximos professores nesse nessa ajuda desses conteúdos. Ah, isso não teve na minha, por mais que ela, né, a lei de ensino afro tenha mais de 20 anos, ã, ah, eu não tive isso na graduação, eu não sei como trabalha. E aí a gente vai ofertando para esse professor livros, né, introdutórios, que ele possa fazer o seu letramento, né? Claro, nem sempre são textos literários. né, de literatura, né, de ficção, mas eu
acho que é um jeito bacana de sensibilizar esse professor. Tem um livro que eu gosto muito, que é o Omobá da Kan, né, que foi publicado por outra casa, publicadora e agora tá na na companhia. já tive a oportunidade de levar ela mais de uma vez para falar desse livro, eh, tanto com crianças quanto pros professores. Isso é importante, né, sensibilizar o professor através desse texto literário, né, também. E a questão da formação leitora, né, desse professor, acho que passa muito por isso, né, da gente identificando as brechas e professores que gostam mais de ler
romance, né? Então, eh, encaminham, tem professores que já me pediram, é difícil, vou ser sincera, Carol, é difícil fazer essa separação da questão do currículo dessa formação leitora. É difícil. Professora do ensino médio. Ah, eu preciso de um teatro para eles. Que que tu recomenda, né? Vamos. É, Dias Gomes, que que a gente vai colocar? Eu particularmente gosto muito do auto da compadecida do Sassuna. Adoro. Eu acho engraçado, eu acho fácil de ler. Sou muito apaixonada por esse texto. Então, né? Então, é isso também. Ah, esse é legal. Faz tempo que eu não lido então
também tem isso, esse processo da gente pensar no final do ano, né, que geralmente a gente pensa um ano antes ali, outubro, né, setembro a gente já tá pensando as escolhas do ano seguinte. E aí o professor manda o e-mail, manda mensagem, pega no corredor e a gente separa aquela pilha. Olha, eu acho que esses podem ser legais. E aí também passa, amplia esse conhecimento eh do professor. Mas a gente tem um desafio, isso também a gente tá falando de uma área das humanas, né? Pessoal da história, o pessoal da literatura, da língua portuguesa, da
língua inglesa, né? Bem a parte das linguagens, mas já tive experiências positivas com o pessoal das ciências mais exatas, né? de colocar um livro eh de adoção assim para trabalhar de bioquímica e mangá. Olha que legal, sabe? Então tem possibilidades, mas passa muito por esse conhecimento do bibliotecário para estimular também esse professor. Eh, como diz o o Guimarães, né, a vida esquenta e esfria. O que ela quer da gente é coragem, né? Quem trabalha com biblioteca é um ser muito corajoso. Vai lá, José. Então, a gente eh realmente você falou, os professores trabalham demais, trabalham
mesmo, né? Ficar difícil a gente fazer algum eh algum trabalho mais além do do daquele horário de sala de aula. Mas a gente a gente faz algumas coisas aqui. A gente tenta assim eh a gente tem um um projeto aqui, por exemplo, que a gente chama de arte da palavra, que é conduzido aqui por minha colega Carol, muito bem conduzido, que é um projeto que tem no CESC, no Brasil inteiro e que é com com escritores, inclusive a K esteve aqui eh eh por esse projeto que o S é maravilhosa, né? E um nesses momentos
é um dos momentos que a gente eh tenta eh envolver os professores, que a gente chama professores para ser os mediadores, né? Chama para fazer uma pesquisa com os autores. Eh, isso é bacana porque aí eles eles já já se envolve de alguma maneira e aí não precisa ser professor, como a C falou, não precisa ser professor de literatura ou português, por exemplo, né? A gente teve mediação professora de sociologia, são, a gente tenta identificar esses professores através de conversa no dia a dia. Quem são os professores, o que que eles gostam, né, que o
que bem que a Cíntia falou, eh, se eles gostam de ler, se gostam de leitura, se estão se são leitores ou não. A gente acaba identificando alguns, né, depende da área. A gente sempre tenta fazer esse trabalho fora da sala de aula, né, fora do do currículo, do pedagógico ali. E e a gente, então a gente esse trabalho professores, a gente tenta sempre fazer fora. Então é chamar para fazer uma mediação, chamar para fazer um projeto, como eu falei do do voltando ao pingado, falando do pingado, que foi com uma professora, né, que a gente
fez, tem uns projetos também que a gente que a gente faz na área de de de ciência, inclusive, eh, mas sempre saindo da da sala de aula e convidando esse professor como leitor mesmo, né, como como bem a Carol falou, como leitor, não como um professor de língua portuguesa, um professor, né, de matemática, não, como o professor leitor, a pessoa leitora, né? Então, a gente tenta buscar esse professor, reconhecer esse professor, identificar esse professor aqui na escola e chamá-lo para projeto, chamá-lo para fazer coisas dentro da biblioteca, mas sim como leitor, né, como amante da
literatura. Eh, sempre assim. E e é esse trabalho, além desse trabalho, claro, que a gente faz eh eh pedagogicamente, né, de sala de aula, de currículo, a gente procura identificar esses professores e chamá-lo para fazer esses projetos. Eh, mas sempre sempre às vezes até é às vezes até é eh um eh um trabalho de sala de aula, né? Mas que a gente tenta, a biblioteca quando entra nesses trabalhos, né, de sala de aula, eh, a gente sempre coloca alguma coisa mais, né, tirando da sala de aula, sempre tirando aquela coisa da sala de aula e
trazendo os alunos para para os alunos e o que tá sendo trabalhado ali junto com o professor para fora da da sala. Nesse momento a gente leva o professor junto também, né? Então a gente faz muito isso, tirar o professor, tirarse um professor de sala de aula e trazer ele paraa biblioteca assim como leitor, né? E tem essa questão dos livros também. Hoje mesmo, por coincidência, hoje mesmo a gente recebia os os livros do Prêmio Cés de Literatura e a gente já eh distribuiu pros professores, né? é uma outra forma também que não tem nada
a ver com o currículo da escola, nada a ver com com o trabalho deles, mas que a gente entrega para esses professores, professor, né, professor leitor, pra gente também trabalhar com ele essa questão. Eh, provavelmente no futuro, depois eles fizerem a leitura, a gente vai fazer algum trabalho com com o livro. Mas é isso, sempre eh incentivando que eles que eles de alguma maneira lei que maneira eles façam esse trabalho com a literatura fora de sala de aula. E às vezes, muitas vezes, o trabalho nem tem nada a ver com o aluno, por exemplo, né?
Acaba sendo aluno porque vai ser o público futuramente de alguma coisa que a gente vai fazer, mas a gente eh tá pensando no professor, né, naquele momento, no professor e no professor como leitor, né, independente de que de que área ele esteja, né? Então acho que se dá muito através desse desse eh eh desse trabalho assim de tirar o professor de sala de aula, tirar o professor e trazer e buscá-lo como leitor mesmo, né? Eu acho que a gente faz um pouco desse desse trabalho para tentar eh eh reconhecer, enfim, e e trabalhar com esse
professor dessa maneira. Eh eh se eu tava ouvindo vocês falando e e pensando, né, que eu queria trazer paraa pauta aqui. Eh, vocês, a gente tá aqui falando muito de vínculo, né, de pertencimento, de troca, né? Eh, e eu queria muito trazer paraa pauta, né, a questão aí da da da conectividade, desse excesso de telas, né, e dessa desse dessa questão eh da falta de foco, né, da falta de de de estar presente no que você está fazendo, eh, porque estamos muito muito atravessados, né, pela tecnologia. E e aí som a raça humana, ela não
é ela não é uma nós não somos seres de foco, né? Porque lá atrás quando eh os primórdios ou a gente era caça ou a gente estava caçando, né? Então era sempre um estado de alerta assim, né? Ou eu vou ser devorado ou eu tenho que sair na casa. Então é uma é uma uma visão muito dispersa assim, né? E aí a vida foi acontecendo e depois, né, deberg prensa, o livro se democratizou, aí a gente começou a ler e a humanidade começou a ler. E aí quando a humanidade começa a ler e a estudar,
a pesquisar, que que acontece? As grandes invenções, né? Então, os aviões, os carros, enfim, as sociedades, as cidades e a internet. E aí, justamente agora, a nossa invenção tá nos tirando o foco e voltando a a isso, né? Então, eh, tô falando isso porque fico pensando muito sobre eh eh a literatura como arte, né? Eu sempre defendo essa bandeira e sempre tô nessa causa assim. E e o que que eu quero dizer com isso? Quando a gente está na atitude, no hábito, na leitura, se é aquele momento totalmente do presente, né? A gente não tá,
é impossível você ler pensando no que você vai fazer no jantar, é impossível você ler pensando na planilha ou no boleto que você tem que pagar. Você tá vivendo aquela experiência plena, que é a experiência artística também, né? Então, e e a arte no sentido de nos deslocar, de incomodar, de trazer para uma outra reflexão e de não trazer muitas respostas, né? Eh, a literatura ela eh, o bom livro é aquele que a gente sai com mais perguntas do que com respostas, mas estamos vivendo um mundo que também tudo tem que ter um rótulo, tudo
tem que ter um porquê, tudo tem que ter um uma justificativa. É, então queria ouvir de vocês aí que estão trazendo muito essa questão da mediação e do afeto e do pertencimento, como a gente faz para para através de uma leitura literária como arte eh validar, como a gente faz para validar esse tempo presente, né? esse tempo que não que não vai acontecer alguma coisa e vai me tirar daqui. Como a gente traz isso para dentro da escola? Porque a escola ela também tem o seu ritmo, né? Tem o sinal, tem a hora. Como a
gente faz? Eu sei que é uma pergunta do milhão, eu sei. Mas assim, como o que que a gente faz para para testar a literatura como uma expressão artística? É a pergunta do Milhão. Eu acho que a gente tem muitas estratégias que é a questão do ã enquanto a gente puder contar uma história, a gente tá adiando o fim do mundo do Crenac. Então, eh, eu acho que é isso, assim, a gente tem estratégias deles. Agora é novo essa questão, né, da lei de do uso do celular, mas eu já vivo uma experiência assim porque
assim, a pandemia virtualizou o ensino, então essas crianças, estivemos crianças alfabetizadas por tela e quando elas voltaram presencialmente, a gente teve um problema sério, assim, até essa criança nivelar a questão leitor, a questão da aprendizagem, porque era muita tela. E o livro, essa tanto componente artístico que ele vai te fazer imaginar, né? Não é aquela questão da da imagem, né? A imagem é muito fácil, ela mastiga para ti, né? Um livro que ele seja mais eh descritivo, né? Eu sempre brinco que aí entrou num ambiente que tinha uma penumbra da luz do abajur perto da
cortina. Tu entende? Isso tem que dar um um elemento cognitivo também para essa criança, para esse jovem. Então eu acho que passa por essa possibilidade da gente sentar em roda, né, deles não estarem com celular, do bibliotecário, da equipe da biblioteca, do professor, fazerem essa leitura socializada em voz alta, pedacinho por pedacinho, né? A gente pega um livro, eu já fiz clubes de leitura, sim, e a gente vai ler pedacinho a pedacinho em cada encontro, né? Ou vamos ler o livro e aí a gente debate, né, o livro depois. Eu nunca me esqueço que a
gente, uma vez eu mediei o o ponte para terapita, nunca mais. Eu sempre digo nunca mais, porque eu chorei tanto, tanto que eu não tive maturidade. Eu sempre brinco com eles. Esse vocês me não me pegam mais. esse um um não tenho maturidade. Enfim, isso cria, né, esse carinho. Mas voltando a gênese da pergunta, eh, eu acho que a biblioteca criar esses espaços que também tem que estar a a articulados ao currículo, né? Essas turmas, elas têm um horário de biblioteca, um período de 50 minutos dentro de toda uma grade horária. O que que essas
crianças jovens fazem? nesses 50 minutos. Ah, mas isso é pouco. Sim, sim, mas faz parte de uma formação deles entenderem que aqueles 50 minutos eles vão desligar com o livro. Ah, qual livro? O livro que funcionar. Tem criança que vai gostar, até porque a gente tem hoje em dia desafios de inclusão. Tem criança que vai gostar de menos texto e mais imagem. Tem criança que vai gostar de quadrinho. Quadrinho é um super sucesso pra questão de, né, de visa turma da Mônica. que ajudaram a formar gerações de leitores. Ã, então assim, achar a linguagem que
aquela criança vai conseguir fazer a leitura, né? O jovem que vai ser atrativo, mas é um desafio, entende? Por exemplo, o ensino médio, né? Você sabe isso melhor que eu. Eles não têm às vezes fôlego leitor e aí eles têm um desafio para e nem um desafio para eh vestibular, né? que é uma coisa que, né, força muito esse processo leitor. Então, eu acho que o desafio que a gente tem, né, que eu sempre comento, o maior desafio que a gente tem na escola de formação leitora é a passagem dos anos finais, dos anos iniciais
pros anos finais. O sexto ano, eu sempre brinco, professor que dá aula no sexto ano, dá aula para todo mundo, porque o sexto ano é um desafio, né? Eles não são mais crianças, eles estão no processo públic e aí são muitos estímulos e eles têm aquela questão dos hormônios e aí essa fidelização, geralmente eles deixam de ter hora do conto no sexto ano. Então assim, consegui a melhor experiência que eu tive com essa faixa etária foi eles seguirem tendo o período de biblioteca, entende o espaço que eles dizem isso, né? A gente tem isso fragmentado,
a biblioteca às vezes do bebê, a bibeteca, a biblioteca dos pequenos, depois a biblioteca dos grandes, que tem uma cultura mais juvenil, ter uma outra linguagem às vezes de grafite, né? Trabalhar com outras linguagens e eles sentem: "Ah, mas agora aquela biblioteca não é mais minha, eu não posso mais ler aqueles livros". Mas aí eles adoravam o Diário de Pilar, eles adoravam de Mundo e eles adoravam Capac, né? Agora eu não posso mais. E aí dentro de uma lógica de formação leitora, eles vão passar para adaptações de clássicos, né? Vão ter que ler o estudo
em vermelho, vão ter que ler o Sherlock Holmes, vão ler o Jurn Verne, né? eles vão passando por um processo de adaptação e isso às vezes mata muito leitor. Então, talvez pro sexto, sétimo ano a gente tem que dar um passo atrás, sentar em roda e fazer leitura socializada, contar um mistério, contar um terror, né? Ã, eu não sou uma grande leitora de terror, mas eu me esforço pelos sétimos anos assim de achar livros, porque é isso, cria aquela atenção, mas o que que acontece depois? Ah, só semana que vem agora. Ai, cadê o livro?
Eu quero levar o livro. Quero. Então assim, algumas estratégias. Vai lá, José. É assim, eu concordo plenamente com a Cíntia. Eu acho que e que a questão tá toda na mediação mesmo, né, da gente eh como receber esse aluno, como eh eh porque eu acho que a questão da leitura da da do celular, da internet, da troca, né, desse tempo de leitura literária pela internet, eh às vezes nem é uma coisa assim muito voluntária do da do próprio aluno, né? eh ele simplesmente vai trocando porque tá tá à disposição ali. Então, mas é isso. a
gente, se a gente tem essa, essa mediação bem feita, né, a gente consegue eh trazer esses alunos para leitura, né, de de uma de alguma forma apresentar, né, como a Cíntia falou, né, apresentar essa leitura, essa literatura de uma forma agradável para ele, que ele sinta que ele pode possa tirar dali coisas eh agradáveis para para para aquele momento, né, eu acho que a gente consegue trazê-lo de volta, né, digamos assim, trazê-lo de volta. para para esse para esse para esse tempo da leitura. Eh, porque a gente a gente tá fazendo uma uma pesquisa agora
aqui na na biblioteca, né, junto com professores de língua portuguesa. A gente quer acompanhar essa primeira série que entrou agora em relação à leitura literária até a terceira série. Então, a gente começou a fazer uma pesquisa agora. a pesqu a pesquisa tá tá em curso ainda, mas por exemplo em relação à leitura literária, eh, físico e digital, que a gente percebeu até agora que eles preferem a leitura no no físico e não no digital, leitura literária, né? Os jovens ainda preferem. Então, a gente tá perdendo esses jovens, eh, o tempo desses jovens na internet, né,
nos celulares para outras coisas, né, para um milhão de outras coisas, né, eles não estão substituindo a leitura do físico pela leitura digital, eles estão deixando de fazer a leitura, né, para fazer para buscar um um monte de outras coisas no digital. Eh, então acho que isso parte muito eh de da gente fazer essa mediação com os alunos na escola, né? Eh, importante, como assim falou, que tem esse momento, que tem esse espaço na escola para essa para essa leitura, para essa para espaço da biblioteca, horário da biblioteca, né? Eh, para que a gente consiga
eh trazer esse jovem. Mas eu acho que é muito isso. Eu acho que eh a mediação é é primordial nesse processo, né? A mediação, a mediação bem feita é primordial nesse processo eh de uma luta, de uma luta difícil, né? Não é uma luta fácil contra o digital, contra a internet, contra tudo que que é oferecido lá. Mas eu acho que isso tá muito ligado, eu concordo muito com a Cíntia, né, nessa questão, d muito ligado na mediação de como é trabalhado essa literatura, essa leitura, é trabalhado com esses alunos na escola. Eu acho que
é é um é um dos caminhos, né, eh, pra gente recuperar esse tempo do aluno paraa leitura literária na escola. Eh, acho que a gente tá tá super alinhado aqui. A questão toda é o vínculo, né? A gente tá eh fico pensando, né, que a gente pode criar projetos muito eh bem estruturados e muito eh eh organizados, né? Mas se não tiver verdade, e verdade no sentido da emoção, né, desse pulsar mesmo, né, eh, a gente não engana nem criança e nem jovem, né, a gente tem que tá ali verdadeira, eh, presente naquele momento, né?
E e eu acho que isso que vocês trazem, né, sobre eh todas essas ideias e todos esses encaminhamentos, é porque tem muito afeto, né? Eh, tem muito tem muita entrega, tem muito muita verdade, né? E e aí é isso aí é consequência. A literatura, ela já tem um poder nela mesmo, né? Ela ela ela já é muito soberana, assim. E quando a gente oferece isso com com uma bagagem afetiva, né? Aí é bingo, né? Eh, acho que a gente tá caminhando aí já pro nosso fechamento, mas queria que vocês falassem um pouquinho eh de vocês,
leitores, como que é para vocês esse tempo da literatura, o que é para vocês a leitura para para além da profissão ou também na profissão pra gente eh fechar aí com um pouquinho de nós. Perfeito. Eu sempre digo, eu sou filha da escola pública, né? Estudei ensino educação básica, educação e superior. Então, eu cresci sem livros em casa. E hoje essa minha biblioteca aqui é o meu orgulho, né? que é o meu processo de formação leitoras, leitora, quando eu pude, né, adquirir. Eh, hoje em dia eu leio mais questões voltadas à questão social, né, de
uma economia social, questões de formação leitora, medio clubes de leitura antiracistas. Então, eu tô mais voltada a essas leituras, né? O da de Jamila, eu gosto muito dele, né? Eh, como ser eh pequeno manual, como é, cadê ele? pequeno manual antirracista. Eu brinco, eu já li tantas vezes que eu já daqui a pouco eu decorei o livro, né? Outro que eu gosto muito é o Pacto da Bertitude também da da Cita Bento e outros livros assim. Então, literatura, eu até tenho me cobrado isso de voltar a ler ficção, né? Eu fiz um processo de letramento,
né? Até para poder auxiliar na escola, né? como assim a questão tanto da da literatura afro de da diversidade poros nossos acervos, né? A gente esse assunto renderia muito, né? Eu poderia falar por horas assim, a constituição dos acervos, esse papel bibliotecário dentro dessa bibliodidade, né, de pensar os nossos acervos são magitoriamente homens brancos, né? Cadê as mulheres da nossa literatura? Já fiz projeto assim, quant são as mulheres na literatura? Aí era um desafio, né? Vamos pensar. Mas como leitora, eu sinto assim, eu comecei o a ler eh o primeiro livro que eu li, assim,
que eu me senti leitora, devia ter uns 12 anos, 13, que foi o É tarde para saber, é de um auto um romance assim açucaradinho do José Guimarães, que é um autor gaúcho. Depois eu li o Éco Veríssimo, né, Anater Capitão Rodrigo, que foi uma paixão. li, eu relia aquele capítulo, eu apaixonado. Nunca terminei a trilogia. Tô devendo isso aí para Serra Cambará. Nunca terminei, mas a minha constituição eh passa por essa questão literária sempre que chove e o vento uiva. Eu me lembro de um trecho desse livro, né, do Continente que diz que são
os ventos de Bibiana, que era a matriarca assim dessa casa, né, da do livro do Érico. E isso me lembra, então assim, a minha constituição, enquanto pessoa passa muito pela minha constituição leitora. Na adolescência eu me me apaixonei por Drumon e aí eu lembro que eu brincava que eu ficava obsecado ali muita coisa os poemas do Drumon, né? Agora José e e foi assim o primeiro romance de fôlego que eu lia já tava na faculdade, foi aquele que fez o que foi o ensaio sobre a cegueira que eu lembro que eu acabei o livro tinha
uma uma cadeira de literatura na graduação de livro economia que é um milagre porque tem lugares que não dei nenhuma, né? Me graduei na UGRs e eu lembro que eu cheguei paraa minha professora e disse: "Tá, e agora o que que eu faço com isso? Eu fico me olhando o que que eu faço com esse livro?" Porque ele me desacomodou em lugares que eu eu não tô conseguindo lidar, professora, o que que eu faço? Aí ela me olhou e disse: "Nossa, ninguém nunca me perguntou isso". Entende? A literatura não tem que ter utilidade, né? Mas
esse é um livro que ele me desorganizou muito assim, né? e nunca quis reler, viu o filme, mas né? Enfim, então tem isso, né? Não tenho lido tanta ficção, que é uma coisa que eu gostaria de, apesar que uma das últimas coisas que eu li muito boas é o José Paleiro, é aqui do de Porto Alegre também, Lu Vila Sapo foi outro livro também que tem que é um livro de contos assim super ló que é isso, a gente lê na intencionalidade da mediação, né? Então tem um ponto que eu amo desse livro que é
o Dignidade Relâmpago, que é foi nível assim do Saramag, gente, eu nunca tinha pensado nisso. Então, mas mas é isso, assim, ando muito por esse processo de trabalho, né? Ontem eu tava pesquisando aqui, né? H, Rafael Montes, que eu não li ainda. Aí eu pensei, ai, falha de carro, tá? Tá todo mundo falando desse autônomo aí, tava aqui olhando. Então, passa pelas nossas redes de apoio também. Eu tenho uma amiga, foi minha estagiária, foi minha auxiliária, hoje em dia minha amiga, que me ajudou muito nas minhas lacunas também literárias, né? Eu não sou uma leitora
de mangá, não sei nem Eu sempre brincava, não sei nem por que lado pega, começa pela frente e ela me auxiliou muito. Então tem essas parcerias de me explicar, tipo pegar um cafezinho, tá? Senta aqui, me explica o que eu tenho que ah sentir assim assado. E uns que não tem uma linguagem muito adequada, são mais violentos, tu lê de trás para frente é uma coa me dava toda uma explicação e eu nunca li, mas né, faz isso também disso que a gente faz essa essas parcerias e também compreender as nossas lacunas fazem parte, né?
É tão, é tão bonito ver alguém falando das leituras, porque o seu olho brilha, brilhou com a sua memória afetiva, literária ali. E é porque é uma fala que vem de um outro lugar, né? Eh, eu também não sei ler mangá, Cintia, eu também tenho essa lacuna, mas eu tô me esforçando. Vai lá, José. É o mangá, né? pra gente que trabalha muito com os jovens, né? Esse é é sempre um assunto muito frequente, né? Mas eu também não não sei, a gente até temar aqui, mas eu também nunca peguei para ler assim, não. Mas
e é uma é uma é uma leitura muito muito próxima dos jovens, né? Bom, eu como a CO Cínto, também vem de uma formação em toda de escola pública, né? vezes lá do do da entrada da escola até a universidade. Eh, também não tinha como assim, também não tinha muita leitura em casa, livros, nada disso, né? Eu vim ter um pouco disso na escola e depois mais na adolescência, né? E aí que eu comecei então eh eh a me interessar, começar a ler por causa de de algumas pessoas de amigos, né, que que já faziam
faculdade, que liam e que que foram indicando. E aí eu fui fui eh tomando gosto, né, a literatura me pegou e nunca mais me largou, né? Então, a partir daí, eu me identifiquei muito a a eu trabalho com literatura, projeto de leitura já tem, sei lá, há quase 30 anos, né? E e nesse nesse caminho aí, né, foram muitas leituras, né? Eh, hoje o tempo acaba sendo pouco mesmo, né? a gente por causa do trabalho, a gente faz muita leitura, assim, né, por causa dos projetos, as coisas, a gente faz muita leitura, até literária, né,
mas por conta de uma de uma obrigação do trabalho. Então, se eu se eu tivesse que sol, não era aquele livro que eu queria ler naquele momento, né, seria um outro, né? Então, eh, eh, mas sempre que que eu que eu consigo que a gente sempre tem um sempre tem um livro ali que eu tô tô tentando ler ou que eu tô lendo muito devagarinho. Eu faço questão que sempre ter um livro tá ali lendo, mesmo que que demore, né, que vai num ritmo, que vai num ritmo lento, eh, que não tem nenhuma obrigação com
o trabalho nem nada, seja literatura ou não, né? Às vezes a gente tem também uma, como a Cia falou, às vezes é uma outra um outro tema que não seja literatura, mas que a gente gosta naquele momento ou quer ler naquele momento, né? Mas eh eu trabalho eh eh para mim a questão da do hoje da na leitura hoje é assim, faço questão de ter de ter uma leitura naquele momento, sempre ter uma leitura, né? O ritmo vai ser determinado pela pela vida, né? pelo ritmo da vida, mas nunca abandonar, nunca deixar de lado, nunca
eh eh parar com a literatura, né? Como eu disse, a literatura no B momento que ela me pegou, ela nunca mais me largou, nem eu quero largá-la nunca mais, né? Eh, essa coisa mesmo de de paixão mesmo, de de querer fazer e por isso até o trabalho, né? Acho que que é bacana isso porque porque essa questão da gente não ter tido uma não ter tido livro em casa, não ter tido leitura em casa antes, eh faz com que a gente eh quando vai desenvolver um projeto, a gente acredite naquele naquele garoto que nunca teve
também, né? Ah, eu não leio, né? Em casa não tem livra, pô, bacana. Eu também não tinha, né? Eu também não lia na sua idade, né? Então isso é é eh eh é bacana também para que a gente acredite naqueles naqueles jovens, acredite na no no potencial, acredite no que a a leitura, a literatura pode fazer pode fazer por ele. Então hoje hoje eu eu a literatura para mim tá assim, tá nesse momento, né? Eh sempre, né? Sempre a literatura em ritmos que a vida vai determinando, né? Mas a literatura vai estar vai estar sempre,
né? Za de palavras. Cíntia, vamos lá. Eu acho que você tá com vontade de comentar alguma coisa, porque eu tô vendo seu olhinho brilhando aí. Que eu sempre digo, esse assunto rende, né? É muito. A gente pode passar uma vida falando disso. Falando disso. Eh, ouvindo, né? O José, me lembrei de outras questões assim que eu acho que é sempre importante falar, né, pro público que vai est os bibliotecários, né, porque às vezes assim o pessoal se sente sozinha. A gente falou aqui de uma realidade, né, José e Carol, muito bacana, que a gente tem
uma infraestrutura, investimento de trabalho, mas às vezes o bibliotecário é o KIP. Então, assim, acho que é legal a gente subsidiar e dar ideias, entende? Eh, eu sempre brinco, às vezes eu não conseguia ler, eu ficava indignada. Gente, sim, a leitura é o meu suicídio de trabalho. Eu só consigo pensar projetos a partir do meu processo leitor, né? Então assim, eh, esse processo de mediação é importante que a gente diga que isso tem intencionalidade. A gente não escolhe um livro à toa, né? Eu não sou uma sensora de livros. Eu acho que tem espaço para
tudo, para literatura espírita, para literaturas mais introdutórias. Eu acho que tudo, não sou uma leitora, uma crítica, ah, de clássicos, não, eu acho que tem espaço para tudo, mas tem que ter um intuito, uma intencionalidade nessa escolha. E aí eu fazendo uma crítica aqui da minha fala, eu sei muitos homens autores, mas a gente sempre tem que ter esse olhar intencional das autoras. E aí eu queria só complementar com uma experiência que para mim tem um carinho muito grande, que é teve um processo, uma etapa da minha vida que eu li muita crônica, assim, acho
que foi quando eu comecei a estagiar em bibliotecas e eu tinha aquele tempo ali entre um um atendimento e outro, né? Porque eu brinco que balcão de biblioteca forma caráter, tá? Se não passou pelo balcão, não formou caráter. Eu sempre digo isso e eu tinha um tempinho, eu lia muito Crônicas da Marta Medeiros, que é uma autora também aqui do de de Porto Alegre e depois disso eu passei por um processo que tem também desse desse empoderamento. A gente vai tendo, né, o MA, ele se apropria de de pautas e e de questões que eu
li autoras que eu gosto muito. Uma é a Rupkaur, que escreve uma poesia empoderada feminina, que ela é é de fora, mas uma que eu gosto muito, que é aqui, é a Rian Leão. Adoro ela. E esses poemas assim sobre a condição da mulher, né, os as agruras, as questões sociais, eu fiz algumas vezes já em mais de uma escola um dia dos namorados. Eu não sei como é que é pro José, mas para mim sempre dá torta de de dá um climão assim, ai porque eu não t meninos e meninas, eu não tenho namorado,
não gosto dessa data. Aí que que eu fazia? Um recreio, um intervalo de amor próprio, poemas de amor próprio. Aí eu selecionei dessas autoras poemas que podiam ser recitados ou entregues em papel de amor próprio. Não é porque não tenho amor tem. Sim. Quer ver? Eu tenho um amor para te entregar, que é justamente exercitar essa autoestima. E isso passa pelo meu processo leitor. Eu não teria essa ideia se eu tivesse, se eu não tivesse lido essas autoras, né, para conseguir, enfim, pensar esses projetos e também para me redimir citar autoras que é importante, né?
A nossa Clarisspector e Conceição Evaristo. Acho que esse olhar também é importante, a gente tem que ter nessa crítica. Ah, que lindeza, Cintia. Só fala. Eh, eu eu fiquei com vontade aqui de encerrar o nosso encontro inspirada aí pelo seu brilho nos olhos. Cti, eu queria ler só mais um trechinho aqui do conto do Walter Hugo, eh, que que eu acho que representa aqui a nossa conversa. Essa conversa aqui para mim foi muito inspiradora. Ele diz assim: "Depois da leitura de muitos livros, pode ficar-se com uma inteligência admirável e a cabeça acende como se tivesse
uma lâmpada dentro. É muito engraçado. Às vezes os leitores são tão obstinados com a leitura que nem se lembram de usar candeiros de verdade. Tentam ler só com a própria luz dos olhos. Colocam o livro perto do nariz como se estivessem a cheirar. Os leitores mesmo inteligentes, aprendem a ler tudo, até aquilo que não é livro. Leem claramente o humor dos outros, a ansiedade, conseguem ler as tempestades e o silêncio, mesmo que seja um silêncio muito baixinho. Alguns leitores um dia podem aprender a escrever. Aprendem até a escrever livros. São como pessoas com palavras por
fruto, como as árvores que dão maçãs ou laranjas. são pessoas que dão palavras. E eu queria muito agradecer por essas palavras lindas que a gente compartilhou hoje. Eu tô muito eh honrada de ter de conhecê-las assim. Acho que eu tô aqui já pipocando ideias. Quero muito agradecer também a Companhia das Letras por ter dado voz a a eh a nós que somos eh os guardiões aí das bibliotecas. E que bom que vocês estão ouvindo as nossas palavras. Obrigada. Obrigada, José. Obrigada Cíntia. Um beijo bem profundo em vocês. Obrigada. Agradeço também. Foi um prazer. Obrigado pelo
convite. [Música]