[Voz masculina 1] Uau, já se passaram 80 anos! [Voz masculina 2] Perdoem-me o clichê. .
. [Voz feminina 1] Mas parece que tudo passou num piscar de olhos! [Voz feminina 2] Não se engane, vi um bocado de coisas nesse tempo!
[Voz masculina 3] Desde os horrores da pior guerra que já existiu. . .
[Voz masculina 4] Até ações de pessoas notáveis e não notáveis que me fazem crer na humanidade. [Voz feminina 3] Ah, mas que falta de educação a minha! Sequer me apresentei.
. . [Voz masculina 5] Deixe-me começar dizendo que sou brasileiro!
[Voz masculina 6] Aliás, levo minha nacionalidade no nome. [Voz feminina 1] Tenho também uma vocação para a área de geociências e da estatística. [Voz masculina 1] Mapas, coordenadas.
. . [Voz masculina 2] Números, tabelas, gráficos, sempre fizeram parte de mim.
[Voz feminina 3] Me chamo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [Voz masculina 2] Mas você pode chamar de IBGE! [Voz masculina 6] Fui concebido em 1934, mas minha gestação durou 2 anos.
Assim, meu nascimento data de 1936, durante o governo de Getúlio Vargas. A história é um pouco complicada. Veja bem: no início, me chamavam de Instituto Nacional de Estatística.
Meu núcleo administrativo era chamado de Conselho Nacional de Estatística. A família cresceu, e no ano seguinte, em 37, nasceu o Conselho Brasileiro de Geografia. Em 1938, já sob o Estado Novo, resolvemos que nossos nomes não eram os ideais.
O CBG se tornou o Conselho Nacional de Geografia, e eu finalmente surgi com o nome que vocês me conhecem, tendo o CNE e o CNG como parte de mim. Falei que era complicado! Eu era somente um bebê quando se iniciou o levantamento intensivo das coordenadas geográficas.
Seria o início da estruturação do Sistema Geodésico Brasileiro. [Áudio de propaganda antiga] "Um bom amigo vai bater à sua porta! [som de batida] Quem é?
É o agente do serviço nacional de recenseamento! " [Voz masculina 6] Em 1940, um dos fatos mais marcantes da minha vida: o recenseamento geral. Ah, o recenseamento geral foi minha estreia no mundo dos censos!
Era o quinto do Brasil, mas o primeiro da minha vida! A partir dessa data, os censos demográficos seriam realizados a cada 10 anos. [Áudio antigo] ".
. . e patriotismo.
Para o bem do Brasil, para o seu próprio bem, receba-o cordialmente! " [Voz masculina 6] Sabe como é, a primeira vez a gente nunca esquece! [Áudio antigo] "As perguntas que lhe forem feitas.
. . " [Voz masculina 6] Em 1941, surgiram propostas para que fosse organizada uma única divisão regional do Brasil, o que é essencial para a divulgação das estatísticas.
Em 42, entrava em vigor a nova divisão regional do Brasil, que agregava as unidades federadas em cinco grandes regiões: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. A década de 40 foi também marcada por várias aventuras: as expedições geográficas que realizei contribuíram para que o estado brasileiro e os próprios brasileiros conhecessem mais a fundo o território nacional, auxiliando no processo de integração. Foi nesse contexto que me consolidei como centro produtor de análises voltadas ao planejamento territorial.
53 é um ano pelo qual tenho muito carinho. Foi nesse ano que criei a Escola Brasileira de Estatística, posteriormente chamada de Escola Nacional de Ciências Estatísticas. Foi a primeira faculdade de estatística do Brasil.
[Áudio antigo] ". . .
suas respostas devem ser claras, devem ser sinceras. . .
" [Voz masculina 6] Jamais me esquecerei do ano de 1960. Foi no censo deste ano que, já maior de idade, fui apresentado à amostragem na produção de estatísticas. Ela mudou para sempre minha maneira de ver o mundo.
[Áudio antigo] ". . .
somente poderá ser feita através do recenseamento em curso. . .
" [Voz masculina 6] Para apurar os dados, foi necessário que importávamos o Univac 1105. As crianças de hoje, com seus smartphones e tablets, devem dar risada do trambolho que hoje ele parece ser. Ele era tão "de ponta" que o chamávamos carinhosamente de "cérebro eletrônico".
Em 67, ficou evidente que os dados do censo, coletados apenas de dez em dez anos, eram insuficientes para que o Brasil planejasse e acompanhasse o seu desenvolvimento. Por isso, passei a gerar dados também no período intercensitário, através das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios. Diferentemente dos censos demográficos, as PNADs possibilitavam uma maior frequência na disponibilização dos resultados.
Além da abordagem de outros temas relevantes. A partir da década de 1970, os censos agropecuário, industrial, comercial e dos serviços passaram a ser realizados de 5 em 5 anos, e não apenas juntamente com os recenseamentos gerais. A partir daí, os dados econômicos seriam disponibilizados com uma frequência cada vez maior.
Em 1973, mais da metade dos brasileiros já moravam em áreas urbanas. Para acompanhar a mudança de perfil do país, foram criados novos recortes geográficos, denominados de regiões metropolitanas. Inicialmente, eram apenas 9.
No censo 2010, já eram 36. Diversas pesquisas feitas por mim as usaram e ainda as usam como referência espacial. O tempo passou, mas não me acomodei.
Em 1974, realizei o audacioso Estudo Nacional da Despesa Familiar. Nele, meus pesquisadores visitaram cerca de 50 mil famílias, 2 ou 3 vezes ao dia, por 7 dias. Nesse tempo, o pesquisador pesava os alimentos consumidos pelo domicílio, além de, sempre que possível, registrar os pesos dos alimentos não aproveitados.
Foi um estudo bastante inovador, por associar aspectos qualitativos e quantitativos. O ENDEF seria posteriormente sucedido pela POF, a Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada até hoje. Ah, os anos 80!
Foi nessa década que, além de usar "mullets", comecei a produzir índices de inflação e desemprego, além de novos índices de desenvolvimento e de indicadores sociais. Em 1986, já com alguns fios brancos, assumi as contas nacionais. Elas agregam os dados macroeconômicos do país.
Como consequência disso, em 1990, tornei-me responsável pelo cálculo do famoso Produto Interno Bruto, o PIB. A década de 1990 chegou, e com ela veio a internet. Em 1995, criei o meu portal, hoje o principal meio de divulgação das informações que produzo.
Em 1992, foi o ano em que criei a rede brasileira de monitoramento contínuo, a RBMC, principal estrutura geodésica de referência no país. Nos anos 2000, cada vez mais antenado, inovei ao utilizar os computadores de mão equipados com GPS. Além da possibilidade de investigação de novos temas, houve um ganho na qualidade dos dados coletados e na rapidez da apuração e divulgação dos resultados produzidos.
Os GPSs permitiram ainda o georreferenciamento, o que viria a possibilitar toda uma nova gama de dados. Como podem ver, embora eu tenha 80 anos, não sou antiquado. Muito pelo contrário, continuo ligado nas inovações tecnológicas metodológicas, atualizando-me constantemente com o que há de mais avançado, para oferecer informações com cada vez mais qualidade para os brasileiros.
Tampouco sou antissocial. Estou em várias das mais populares plataformas de redes sociais. Interajo com muitos públicos e participo das mais diversas organizações internacionais, em constante contato com inúmeros países, dando suporte, aprendendo e colaborando.
Inclusive, é com muito orgulho que assumi, neste ano de 2016, a presidência da Comissão de Estatística da ONU. O mandato durará até 2018. [Voz masculina 1] Hoje, estou presente nas 27 Unidades da Federação.
. . [Voz masculina 2] .
. . e em quase 600 agências espalhadas pelos municípios brasileiros.
[Voz feminina 1] Sou amplamente reconhecido pela sociedade brasileira e pelos meios de comunicação como um produtor de dados, informações e conhecimento. . .
[Voz masculina 3] . . .
que gozam de confiabilidade relevância. [Áudios de telejornais] ". .
. do IBGE"; "o IBGE. .
. "; "O IBGE divulgou. .
. "; "Segundo o IBGE. .
. "; "O IBGE. .
. " [Voz feminina 3] Olhando pra trás, devo dizer que sou privilegiado. [Voz masculina 2] Durante esse tempo, pude conhecer cada cantinho desse imenso país.
. . [Voz feminina 2] .
. . e os milhares de rostos e vozes que pintam o seu retrato.
[Voz masculina 2] É, não é pra qualquer um não! [Voz feminina 1] Tudo isso é resultado do esforço, empenho e competência das pessoas cujas histórias ajudaram a escrever a minha história. [Voz masculina 3] Foram necessários 80 anos milhares de mãos para redigir esta biografia.
[Voz masculina 4] E sabe o melhor? [Vozes femininas e masculinas em conjunto] Esses são apenas os capítulos iniciais!