pessoal Nesta aula a gente verá o tema da morte é um tema que provavelmente mexe com todo mundo os mais jovens dirão Ah tá longe não preciso pensar nisso agora os mais velhos já dirão é é bom começar a pensar nesse negócio e o fato é a morte dá um caráter próprio paraas nossas vidas paraas vidas de cada um de nós né né Eh mesmo que a gente empurre isso o mais possível para longe é um tema que eu não quero pensar e é um tema que eu não quero nem enfrentar nem pensar em enfrentar
né Eh mas é um tema Que precisaremos enfrentar não tem jeito lamento mas né Eh o que exatamente nos interessa na morte então só para fazer um breve para nos entendermos aqui né reparem Falei inicialmente do Sagrado no sagrado não mencionei o tema da Morte mas é um tema que está associado eh permanentemente a isso quer dizer o cuidado com os mortos é uma espécie de maneira é uma coisa Universal quer dizer praticamente caracteriza o gênero homo sapiens né E até o gênero não a espécie homo sapiens né e até o homem de neandertal por
exemplo já enterrava os seus mortos há um túmulo descoberto na Sibéria com uma menina né pequena eh e digamos em volta do túmulo dispostos de uma maneira que enfeitava ou tornava mais bonito eh sete seis pares de chifres de e ibex ibex é uma cabra selvagem que tem uma uns chifres muito bonitos muito então em volta desse túmulo como um efeito e uma delimitação né estavam esses chifres eh entre seres humanos já propriamente né homo sapiens eh Com certeza esse tema era absolutamente Central né na imagem vocês podem ver um enterro de um caçador de
mamutes isso é período paleolítico né Eh o o como o morto é enfeitado né com aquela cor vermelha que eu já mencionei Ocre né Eh com os dentes de mamute ao lado do túmulo etc isso aí é uma reconstituição feita por um artista muito famoso aliás stek burian eh e representa justamente o aquilo que se encontrou num túmulo né já muito antigo desfeito mas Isso é uma reconstituição de como teria sido a cena do enterro dessa pessoa eh e o tema da morte em todas as civilizações antigas é um tema absolutamente Central essas civilizações consideravam
o o seu rei o seu Faraó ou seu qualquer que fosse o título né mas o seu cabeça como O sacerdote o sumo sacerdote aquele que representava o povo diante de Deus e Deus Diante do do Povo Portanto ele mesmo tinha caráter divino eh e isso vocês veem em todas as civilizações tirando os gregos em que o sistema ideal era mais ou menos democrático Ou pelo menos via administração por um Senado ou equivalente e entre os romanos que da parte republicana evoluíram para Império com Imperador e logo os imperadores Ass iram esse caráter divino né
tanto assim que na antiguidade eh E durante vários séculos depois do do da vinda de Cristo portanto depois da começo da contagem da nossa história eh os imperadores tinham o assumiam o título de cristos ungido né Eh Ou seja que para nós deu Cristo né Eh e justamente isso indicava que eram ungidos como uma manifestação que os removia da do mero plano dos outros homens e os tornava divinos e se cri e se criou e procurou se digamos introduzir em todas as províncias o império romano digamos abrangia o que se chamaria todo mundo conhecido então
né Eh [Música] esses imperadores digamos procuravam fomentar o culto de Roma e do império E isso tem uma característica é o seguinte o esforço usado para enterrar dignamente os chefes isso é a partir do neolítico é uma coisa absolutamente tremenda túmulos absolutamente enor pra gente que vivia em cabanas feitas de de Ramos e eh cobertas com folhas de Palmeira quer dizer o repouso do rei a morte do Rei tinha que ser cercada por uma coisa muitíssimo mais mais infinitamente mais trabalhosa mais né do que a própria vida das pessoas enquanto estavam eh nesse mundo ou
seja a morte participava do Sagrado não propriamente o ato de morrer mas aquilo que se seguia a morte é uma espécie de eh transição do ser humano do Estado mortal esta vida para um Estado Imortal eterno de participação próxima na divindade né então isso tá completamente vinculado o tema da Morte está desde sempre completamente vinculado ao tema do Sagrado e portanto à religiões eh outra coisa que é importante ter presente no momento em que começa a chamada era axial ISO que já mencionei em outra aula né levanta-se o tema do do que fazer com a
vida se a vida Inexoravelmente termina com a morte em Sócrates Platão e Aristóteles há relativamente pouco tratamento disso mas em geral né se associa esse tema com o gon conhece-te a ti mesmo que é frase cunhada por Sócrates né Ou seja é absolutamente necessário perdão mais do que punhada por Sócrates que Sócrates aproveitou da inscrição que havia sobre o Oráculo de Delfos que era um oráculo em que supostamente o Deus Apolo transmitiria mensagens aos Mortais a morte exige do ser humano o conhecimento próprio conhecimento de si mesmo e o conhecimento de si mesmo não significa
apenas ah eu tô com tanto de caloria ou vou fazer essa atividade que me dá uma liberação de endorfinas ou eu preciso eu estou musculoso ou não estou musculoso ou estou gordo e não estou né Não essas superficialidades mas conhecimento de si significava saber quem eu sou e para onde eu estou destinado né que faço da minha vida se eu não me conheço a mim mesmo não sei para onde estou indo sou Na verdade uma espécie de macaco que simplesmente vai vivendo e um dia morre e tudo aquilo não faz sentido e tudo aquilo não
tem uma razão de ser e tudo aquilo é nada em última análise então a morte põe você diante do tema do nada seri alguém ou serei ninguém Essa é como diia o Ser ou não ser eis a questão Essa é a questão da Morte serei mais uma partícula de poeira que passou no vento do tempo ou serei alguém que deixou uma marca pelo menos neste mundo na vida dos outros seria alguém que ter terá vida eterna poderá enfrentar com confiança O Sagrado a face de Deus muito bem há culturas na antiguidade que são giram totalmente
em torno da Morte já falei disso em termos do túmulo dos Reis mas há culturas que são inteiramente voltadas paraa morte eh os egípcios por exemplo o quantidade de investimento de tempo eh e de trabalho e de esforço em construir as pirâmides como túmulos para os seus faraós eh mais tarde como as pirâmides estavam sendo invadidas por ladrões de túmulos né como se punha muitos objetos de alto valor junto com o cadáver do morto para que Ele pudesse usá-los na própria na próxima vida naturalmente o pessoal é mais de inclinação menos honesta eh e invadia
aqueles túmulos e roubava tudo o que tinha de valioso lá dentro né o único túmulo egípcio que se conseguiu encontrar em estado quase perfeito no original foi o de Tutancamon por isso que ficou tão famoso ao longo da história né Aí se recuperou quase todas as coisas de valor que havia no tbo era uma montoeira de ouro etc e tal muito bem eh mas então os egípcios vivem em função da Morte praticamente né livros dos mortos quer dizer eh recomendações sobre como percorrer o caminho após a morte Como enfrentar o juízo da própria vida né
o coração da pessoa era né assim se pensava né esse é a narrativa simbólica o do do juízo o coração da pessoa era eh pesado em comparação com uma pena da deusa nut a deusa da razão a deusa do do do do bom senso de uma vida bem vivida né que era representada com asas né e uma pena delas tinha que pesar o mesmo que o coração humano ou seja o coração tinha que chegar leve nesse momento de juízo e quem de nós pode dizer que tem o coração leve hoje né Se o Coração pesasse
mais do que a a pena o a alma do morto seria devorada por uma besta composta por pelo por um crocodilo um leão um hipopótamo eh e que mais talvez Ah sim e com pintas de leopardo ainda por cima ou seja uma uma besta que representava o caos portanto se você não passasse no juízo se o seu coração estivesse pesado você mergulharia no caos definitivo uma boa maneira de descrever o inferno né E se a pena fosse mais leve você continuaria e poderia através de um labirinto que no qual você acertaria as os os erros
da sua vida você conseguiria chegar a um estado de felicidade definitiva né muito bem os os maias têm essa mesma ideia do labirinto quer dizer a necessidade de pôr As Memórias da sua vida em ordem As Memórias caóticas da sua interioridade dar-lhes uma ordem uma Harmonia internas etc enfim isso tudo diz respeito ao que as religiões eh o cristianismo tem também o juízo que é um juízo na verdade de correspondência ao amor né Eh Cristo aparece como o juiz nesse juízo Porque sendo Deus encarnado 100% Deus e 100% homem representa o homem na sua perfeição
E aí você chega diante do homem na sua perfeição e você enxerga nele tudo o que você poderia ter sido e diante disso você pode ter duas atitudes ou uma atitude de revolta e dizer eh não eu quero ser como eu sou e e não quero isso de forma alguma ou seja uma rejeição total do Estado de perfeição do ser humano isso é inferno para os cristãos ou você pode dizer isso era o que eu queria ser mas não consegui chegar lá então é que nem o mendigo que chegou numa festa de de alta sociedade
ele entra vê aquele ambiente tal todo mundo bem vestio todo mundo tal aí ele diz ele é sujo nojento em Farrapos ele diz momentinho Deixa eu só tomar um banho dar uma né Já venho já venho né botar um terno botar alguma coisa melhorzinha E aí eu já já volto né Isso é o que os cristãos chamam de purgatório o estado em que a própria pessoa procura se purificar de todo o mal que fez e que mesmo assim quer dizer não foi capaz de afogá-la e de levá-la pro bem n e por último o estado
da pessoa que diz ai era isso que eu queria sei que não consegui chegar lá mas Falta tão pouco né então pode partir pro abraço pode partir para abraço com o Divino pode partir para o abraço com Deus e isso é o céu né bom muito bem mas isso é o que está além da Morte questão é e como é que eu administro minha vida para cá da Morte né Vocês já viram a imagem do do Esqueleto e da frase gnoce aão conhece-te a ti mesmo lá lá antes eh então a filosofia nos dirá isso
sobre a morte você não tem controle sobre a sua vida você tem algum grau de controle Então comece hoje a se preparar para a morte vivendo bem fazendo de você como se diz Hoje em dia a melhor versão de si mesmo né torne-se aquele que você está destinado a ser um poeta grego chamado píndaro que diz torna-te quem és seja aquele cara que você sempre sonhou ser Ah mas é muito difícil sei sei né sei que é difícil mas justamente nessa dificuldade que você supera na medida em que você a supera você se torna até
maior do que aquilo que você pensava que conseguiria ser então isso é em resumo o que a filosofia grega tem a dizer sobre o assunto eh na antiguidade todo o neolítico por exemplo e depois na no cristianismo na Idade Média né onde é que se enterravam os mortos os mortos eram enterrados ou na casa das pessoas na casa dos vivos então a pessoa continuava a conviver com os seus ancestrais né e ao conviver com os seus ancestrais podia digamos assim manter um relacionamento um contato sinal de que se pensava desde sempre que os ancestrais continuavam
a viver na Idade Média concretamente passou-se preferencialmente a enterrar aos mortos dentro das igrejas ou junto das igrejas o que significava eu que vou à igreja regularmente tenho contato com o meu morto com meu pai com a minha mãe com o meu irmão né que já morreram continuo tendo contato com eles frequente mas sobretudo eu tenho a consciência de que eles têm contato próximo com Deus né Eh nos filmes na Inglaterra você passados na Inglaterra por exemplo Vocês verão muitas vezes o cemitério do lado de uma igrejinha né esse é o esquema medieval padrão Isto
é os mortos eram enterrados em tereno sacro em terreno em terreno sagrado por Associação com o divino com o sagrado propriamente dito né Que que aconteceu na modernidade novamente uma ruptura né Eh como Deus é distante não é que o pessoal tivesse perdido o o a fé totalmente numa numa eternidade né algum sim quer dizer a partir da da Revolução Francesa começa uma certa expansão do movimento ateu e pro ateu a morte é o estado em que você definitivamente Deixa de existir aliás recentemente vi um pequeno documentário sobre um ateu de 97 anos que foi
professor universitário professor de Filosofia né e ele diz o seguinte né num num livro que eu escrevi sobre a morte de F de fato escreveu um sobre ele disz não não precisamos ter medo da morte né Afinal de contas uma vez que você morre você não sente nada você não tem dor nenhuma você não tem né Eh tristeza nenhuma você não tem sofrimento mais de forma alguma ou seja tá tudo bem portanto porque você não existe mais para ter essas coisas portanto né não há não há necessidade de ter medo da morte a morte é
o alívio de e ele com 97 anos dizia eu escrevi isto mas continuo tendo medo da morte continuo não querendo ser privado dos dos Prazeres e alegrias que eu tive na terra continuo tendo saudade da minha esposa que morreu bem antes de mim né [Música] Continuo sem saber realmente o que vai acontecer depois da morte né ou seja quer dizer toda a minha vida é um desprovisionamento eh Epicuro um filósofo grego um filósofo que dizia que a finalidade da vida está no Prazer Só que não era um prazer bruto como o pessoal não era prazer
de rave não era prazer de dessas né Eh de drogas não era prazer de né Total alienação nas coisas né mas era um prazer pelo menos sensato né o prazer intelectual é maior do que o prazer físico prazer da bebedeira é um prazer que te estraga então é melhor conduzi-lo com enorme moderação e tal mas o Epicuro dizia no final das contas né a vida acaba na morte e a morte é o seu não existir portanto não precisa ter medo da morte do Epicuro não tem documentário quando ele tinha 90 anos então não sabemos se
ele passou pela mesma experiência desse filósofo Mas é bem provável ou seja essa desculpa nunca funcionou né Eh interessante você observar que logo no período Iluminista Isto é né Eh Existem muitos quadros geralmente de tema basicamente religioso eh que são medievais prém e vão até 1600 mais ou menos em todo esse período a morte era entendida como algo inevitável aquilo que devia orientar a vida a pedra de toque da sua vida e ao mesmo tempo a a a libertação definitiva aquilo que te transmitia passava para o estado Sobrenatural portanto havia esperança de que a minha
vida conseguiria superar a condição humana essa condição de Pecado de pecado que descrevemos na aula passada né para chegar a um estado de felicidade definitiva através do juízo portanto todas as representações medievais da morte São representações que são duras são para chamar atenção e puxar a orelha mas ao mesmo tempo São alegres né Vocês eh vi podem ver aqui ou já viram eh o a imagem da dança macabra né em que o os esqueletos pegam na mão de Reis de rainhas de papas de bispos de todas as pessoas importantes né Para levá-los né para o
seu destino definitivo eh e nesse sentido o a modernidade né tenta varrer isso para debaixo do tapete e tenta tratar a morte com considerações meramente Racionais mas do racionalismo Estreito próprio da modernidade então a morte é tratada sobretudo em questões de saúde pública né Eh então que fazer para ter uma máxima assepsia e mínimo de contato com os mortos por os sentim os os cemitérios fora das cidades longe das cidades nada mais de terreno sacro nada mais de associação com igrejas nada mais de associação com as Casas das pessoas distância entre a morte e nós
queremos não pensar na morte queremos não ter que enfrentar esse tema tão chato então praticamente de 1700 até 1830 não aparece o tema da morte em canto nenhum agora a partir de 1950 com o romantismo né a morte volta porque Claro ela se impõe é o fenômeno da vida do qual não há meios de fugir né Portanto o na era romântica e nos nos pintores modernos etc daqui até eh desde 1800 50 mais ou menos aquilo que se chama era vitoriana de 1850 pra frente né volta a ver uma infinidade de e até uma espécie
de obsessão doentia com a morte reparem quase todas as histórias de fantasmas zumbis mortos vivos Frankenstein cadáver na verdade vários pedaços de um cadáver que são ressuscitados pela ciência né Eh o tema de que a ciência vai poder controlar e eliminar a morte né Eh o histórias de fantasmas toda a literatura imensa os filmes de terror tudo isso mostram como nós temos uma obsessão com a morte mas uma obsessão que não é mais a aquela atitude tranquila e até irônica e até Alegre diante da Morte Como era a dos medievais né mas que nós temos
uma atitude de medo e de obsessão com esse tema porque é o que supremamente não queremos é o tudo o que não queremos e tudo o que é impossível evitar quanto menos procuramos enfrentar na a enfrentar o tema da Morte mas esse tema está presente nas nossas vidas Teoricamente eh digamos exorcizado em filmes de horror ou seja em que a morte é algo para os outros mas na verdade refletindo a nossa angústia A esse respeito duas guerras mundiais eh todos os campos de con centração todos os genocídios que têm ocorrido século X X e e
2 né estamos em meio a dois deles a guerra da Ucrânia e a o o genocídio dos palestinos né e é uma questão difícil mas sim sem sombra de dúvida é um aspecto do que está ocorrendo né todos esses temas mostram que não sabemos mais lidar com a morte ou ela é algo totalmente indiferente desde que se trate da morte dos outros portanto Como dizia o Stalin né a morte de uma pessoa é uma tragédia a morte de 10 pessoas é uma catástrofe e a morte de 1 milhão de pessoas é uma estatística n estatística
vemos né tantos mortos na guerra da Ucrânia tantos mortos tal é beleza né Machado de assist tem um conto sobre isso né Beleza vamos tocar a vida a morte dos outros para nós é nada não queremos pensar nela e a nossa morte é al em que eu tenho que reprimir que eu tenho que tirar do meu horizonte muito bem eh e isso naturalmente é doentio e parte talvez das doenças psíquicas tão comuns da depressão tão comum na nossa era é precisamente este tema que não queremos enfrentar De forma algum né afastamos os mortos da nossa
Vista mandamos para Mais longe possível que fosse de nós não queremos pensar no assunto e no entanto ele continua e por causa disso mesmo parece que ele é mais insistente ele continua nos artesanando muito bem essa era o que eu queria mencionar sobre o assunto Caso vocês tenham interesse Ah eu de falei sobre o tema morte e sentido da vida para uma outra audiência né foi mais eh bem mais longo algo como 3 horas me0 então l de vocês terão uma abundância de imagens e e uma abundância de ideias que retratam Eh toda essa temática
né isso vocês podem encontrar na na no link que está mencionado mais abaixo na no na exposição dessa aula na descrição dessa aula né então muito obrigado pela vossa paciência e até a próxima aula