No vídeo de hoje, eu vou revelar se jogar jogos violentos pode te deixar mais… violento. Mortal Kombat, GTA, Call of Duty, jogos extremamente populares que você facilmente passa horas jogando. Mas que muitos criticam por acreditarem que a violência deles pode te tornar mais agressivo.
Será que um simples jogo é suficiente para afetar tanto assim o comportamento das pessoas? Será que o GTA SAN ANDREAS da sua infância e os fatalities da sua adolescência te tornaram um adulto perigoso? Ou será que tudo isso não passa de exagero?
Vamos usar a ciência para entender a polêmica dos jogos violentos. Você já deve ter se deparado, pelo menos uma vez, com a ligação entre jogos violentos e agressividade… É uma polêmica que deixa qualquer um preocupado, afinal, quem não conhece alguém que fica enfiado no quarto comendo jogo? Todo esse alvoroço começou nos anos 90, com o surgimento do jogo de luta Mortal Kombat.
Pela primeira vez, atores se fantasiaram como personagens e eram filmados fazendo os movimentos de luta, algo que deixou o jogo extremamente realista comparado com o que existia na época. Você sabia que mortal kombat era feito com atores de verdade? O problema… era que o realismo envolvia, digamos, bastante violência Rebatendo as críticas, o criador do Mortal Kombat disse na época que a violência estava num nível tão ridículo que ninguém levaria a sério.
Será mesmo? O tempo passou, surgiram mais jogos violentos. Estamos falando de God of War, GTA, Bully e outros tantos que eu inclusive joguei.
Fato é que em 2022, 85% dos jogos eletrônicos no mercado tinham alguma forma de violência. E 74% dos brasileiros tem o costume de jogar. Ou seja, jogos violentos fazem parte da nossa vida.
O grande receio, pessoal, é que ver e executar atos violentos nos jogos poderia causar uma dessensibilização à violência, ou seja, o jovem poderia entender a violência como algo normal ou até ser estimulado a copiar comportamentos violentos. Mas será que os jogos têm mesmo esse poder? O que acontece no seu cérebro quando você joga?
Será que o jogo só tem efeitos ruins? Olha, uma coisa que só tem efeitos positivos na minha vida foi começar a me vestir com as roupas da Insider. Eu fiquei por anos procurando roupas que combinassem com o meu estilo e que fossem confortáveis e 2 anos atrás eu conheci essa camiseta aqui.
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Será que eles também trazem efeitos benéficos ou são só coisa ruim? Quando se fala em jogos violentos, a primeira coisa que vem à mente de algumas pessoas é um possível malefício. Mas a verdade é que existe um lado bom dos jogos, pessoal.
O ato de jogar é uma atividade prazerosa que ajuda a regular os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Jogar também estimula a liberação de dopamina, que gera a sensação de motivação e busca por recompensas, além de endorfinas, que são os mesmos hormônios liberados quando você faz sexo ou atividade física. Pelo menos do ponto de vista neurobiológico, o ato de jogar gera reações químicas no cérebro que te fazem sentir aliviado e te distraem dos problemas, o que pode ser muito bom em momentos desafiadores da sua vida.
Jogos também servem para desenvolver a suas habilidades motoras, a capacidade de resolver problemas, aprender idiomas, trabalhar em equipe e socializar com os amigos. Poxa, eu me lembro de passar horas e horas aos domingos com meus primos jogando GTA San Andreas, subindo em cima do prédio da prefeitura e destruindo os helicópteros da polícia. Era tão bom que eu mantenho essa lembrança até hoje… como uma coisa dessas pode ter um lado negativo?
Mas isso é só a minha memória. Será que a ciência diz algo diferente do que eu vivi? Bora descobrir se jogos violentos podem nos deixar mais violentos.
Existe uma diferença óbvia no impacto que um jogo pode causar em um adulto, e o que ele pode causar em uma criança e adolescente. Eu vou falar sobre os adultos primeiro e depois a gente fala sobre pessoas mais jovens, tá? Olha só esse estudo: Pesquisadores dividiram 90 adultos em 3 grupos.
Durante meia hora por dia, ao longo de 8 semanas, o primeiro grupo jogaria um jogo violento, GTA V, o segundo, jogaria The Sims 3, um jogo não violento e o terceiro grupo ficaria as 8 semanas sem jogar nada. Que azar. Todos os participantes responderam perguntas para medir agressividade, nível de empatia, sociabilidade, capacidade de avaliação de riscos e de lidar com frustrações.
Tudo isso pra tentar entender se o jogo violento mudaria alguma coisa no comportamento. E olha que curioso, eles não encontraram nenhuma diferença de comportamento nos grupos. O nível de agressividade não mudou depois das 8 semanas jogando GTA, nem The Sims.
Ou seja, pelo menos de acordo com esse estudo, jogar um jogo violento como GTA V não é capaz de tornar um adulto violento. Já um outro estudo chegou a uma conclusão ainda mais interessante: eles compararam adultos universitários que jogaram Marathon 2, um jogo violento de matar monstros e adultos que jogaram Glider Pro 4, um jogo que eu adorava quando era pequeno e que você controla um aviãozinho de papel e desvia dos obstáculos. Obviamente, não violento.
O que os cientistas viram é que, sim, algumas pessoas ficaram mais agressivas logo depois de jogar. Mas não foram aquelas que jogaram o jogo violento, e sim quem tinha dificuldade pra passar das fases nos dois jogos. É exatamente esse aumento de agressividade quando o jogo fica difícil demais que explica o comportamento de rage quit, tipo furar a bola da pelada pra ninguém mais jogar só porque seu time tá perdendo.
O que esses e outros estudos mostram é que é improvável que um jogo violento dispare algum comportamento violento em adultos. Apesar de existirem algumas perguntas em aberto, como por exemplo, se um adulto já com comportamento agressivo vai ser influenciado pelo jogo ou não, nós sabemos que adultos já atingiram a maturidade cerebral. É esperado que ele já tenha desenvolvido a maioria das suas habilidades sociais e emocionais e, saiba, pelo menos, discernir o que é certo e errado.
Pelo menos é isso que é esperado, né? Mas e as crianças e adolescentes? O cérebro deles ainda está formando conexões e desenvolvendo habilidades para lidar com traumas e com a própria violência.
Será que o jogo é capaz de alterar a programação do cérebro e tornar esses jovens mais agressivos? Existem alguns estudos que tentaram entender qual o real impacto dos jogos violentos em adolescentes e crianças. E é aqui que as respostas começam a ficar mais obscuras.
Tem estudo feito com mais de mil adolescentes que mostrou que não existe relação entre jogos violentos e agressividade. Por outro lado tem estudo que também foi feito com mais de mil adolescentes que viu que quem passava mais tempo jogando jogos violentos desenvolviam um pouco mais comportamentos agressivos. Só que não ficou claro se isso era uma mudança duradoura que permaneceria até a vida adulta.
Ou seja, os poucos estudos que foram feitos em adolescentes ainda são inconclusivos. E em crianças, o resultado é mais inconclusivo ainda. Existem estudos mostrando aumento de pensamentos agressivos e diminuição das habilidades sociais de crianças que jogam jogos violentos.
Mas ao mesmo tempo, esses estudos são fortemente criticados pela comunidade científica por, de novo, só mostrarem mudanças no curto prazo e estarem recheados de problemas de análise. Eles não representam o que acontece na vida real, com a criança jogando todos os dias depois da escola. Eles não conseguem reproduzir a infinidade de jogos e também não consideram que é durante o jogo que a criança pode desenvolver relações com os amigos.
Algo tão importante pra essa geração de crianças que já nascem com o celular na mão. Eu gostaria muito de trazer respostas definitivas aqui, mas diante de um resultado tão incerto para crianças e adolescentes, na minha opinião, o melhor é agir com precaução. Já existem aquelas classificações de jogos e não é atoa.
Alguns jogos apresentam violência explícita, sexo e uso de drogas, o que pode disparar traumas e impressionar crianças e adolescentes, sem necessidade. No Brasil, é obrigatório que os jogos físicos sigam a classificação brasileira, enquanto os jogos digitais sigam a classificação europeia ou a Americana, dependendo de onde o jogo foi registrado. Então se você é pai ou mesmo um adolescente, sempre confira a classificação do jogo.
O que posso dizer, é que no fim das contas, qualquer jogo, seja ele violento ou não, pode influenciar no comportamento de alguém que não tem relação equilibrada com os jogos. Mais interessante do que só pensar no que se joga é considerar quem joga, com quem joga e como joga. Agora, se tem uma coisa que provavelmente vai te trazer muito mais prejuízo do que benefícios são os jogos de apostas, que já estão se tornando um problema de saúde pública no Brasil, como eu contei nesse vídeo aqui.
Um grande abraço, não dê rage quit no canal e diga Olá, Ciência! Tchau.