muito boa noite, meus caros! Sejam bem-vindos hoje, ao vivo, no nosso primeiro Lente Católica do ano. É um prazer ter você aqui conosco. Se você já nos acompanhava no ano passado, então sejam bem-vindos de volta, e se você está conhecendo o Lente Católica, aproveite e faça a sua inscrição aqui no nosso canal da Comunidade Pantocrator. Ative as notificações e esteja sempre conosco aqui nas segundas-feiras, às 21:30. Eu sou o professor Rafael Tonon, professor de História e Filosofia, leigo consagrado da Comunidade Católica Pantocrator, e apresento o Lente Católica semanalmente, trazendo sempre temas referentes à nossa
fé, à história e à cultura. A ideia é sempre compartilhar elementos que possam nos robustecer na nossa fé e nos animar nesse caminho para Deus. É um prazer estar aqui na sua companhia. Então, aproveito para acolher todos os que estão chegando hoje. Não tivemos a nossa pré-live, que normalmente acontece às 21:15; por aí a gente já entra aqui para um bate-papo descontraído antes da nossa live. Até me desculpo aqui com vocês que sempre nos acompanham. Hoje, eu estava participando de um podcast no Santuário de Santa Rita de Cássia, aqui em Campinas. O Santuário de Santa
Rita tem também uma iniciativa de evangelização local aqui na cidade de Campinas, e eu estava lá com o reitor do Santuário e alguns leigos que participam dele, divulgando também alguns trabalhos deles. Eu estava lá especificamente falando sobre a devoção de Nossa Senhora das Lágrimas, no dia de hoje. O mês de março já está chegando, e daqui a pouquinho, no dia 8 de março, é o dia de Nossa Senhora das Lágrimas, cuja imagem eu tenho aqui ao meu lado. Então, sejam todos bem-vindos! Sintam-se acolhidos. O nosso tema da noite de hoje é o papado. Vamos falar
a respeito da figura do Papa. O Papa é apenas uma figura institucional ou o papado é uma instituição divina? Afinal de contas, o que há de humano e o que há de divino nisso? É algo puramente humano? Como podemos entender o Papa? Nós veremos ao longo da nossa conversa hoje que existem opiniões conflitantes, mas a verdade é muito simples e clara. Nós trataremos desta verdade da nossa fé, que é a instituição de um chefe visível para a Igreja a partir das Sagradas Escrituras, da Tradição e do Magistério da Igreja. Meus irmãos, aproveitando este nosso momento
de conversa e de partilha, eu gostaria de convidá-los a colocar aí no chat as suas intenções. De que cidade você fala? Qual é a sua paróquia? Deixe aí para nós. Vamos rezar pela sua paróquia, pela sua pastoral, por aquelas pessoas da sua família ou do seu trabalho que necessitam da nossa oração, que precisam dessa intercessão, dessa comunhão dos santos, onde todos ajudam a todos, unidos pela caridade de Cristo. E, juntando essas nossas intenções com as que vocês estão colocando, façamos a nossa oração nesta noite. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de
nossa morte. Amém. Senhor Jesus, acolhei os trabalhos apostólicos que realizaremos neste ano aqui no Lente Católica. Que a luz do vosso evangelho e a verdade da vossa Igreja possam brilhar sobre os corações e as mentes de todas as pessoas que nos acompanham, que nos ouvem e nos assistem de perto e de longe. Que este programa seja um canal da Tua graça para atingir todas as pessoas que a Vossa providência nos confiar. Que o nosso coração esteja também aberto a acolher estas verdades, a vivê-las. E que possamos, pouco a pouco, vos amar mais e vos servir
melhor. Nossa Senhora, nossa Mãe, Sede da Sabedoria, rogai a Jesus por nós, pobres pecadores, para que possamos viver o evangelho do seu Filho e sermos filhos dignos, filhos honrados da Igreja de seu Filho. Mãe Santíssima, intercedei por nós pelas nossas necessidades, pelos nossos parentes, familiares, amigos e especialmente pelas almas dos fiéis que padecem no purgatório. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Muito bem, meus caros! Para quem está chegando agora, o Lente Católica desta noite é sobre o Papa: a figura do Papa, o trabalho do Papa, o ministério do Papa, é
uma instituição divina ou uma instituição humana? E, já entrando aqui no nosso tema, meus caros, nós não temos outro caminho. Se queremos falar do Papa, não há como falar do Papa sem falar da Igreja. Então, quem é o Papa? O que é o papado? O Papa é o chefe visível da Igreja; ele é o Vigário de Cristo. O que significa esse termo que usamos para designar o Papa, o Vigário de Cristo? O Vigário vem da palavra latina "vicarius", que significa aquele que está no lugar de alguém. Ele é o Vigário. Então, o Papa é o
Vigário de Cristo, é aquele que está no lugar de Cristo, presidindo o seu Corpo Místico, presidindo a Igreja. Cristo é a cabeça da Igreja; o Papa é o Vigário de Cristo, ou seja, o Papa é aquele que governa a Igreja não em nome próprio, não fazendo prevalecer sobre ela a sua vontade, mas preservando... Salvard dando e garantindo que a vontade de Cristo seja feita, Ele é o Vigário de Cristo. Ele está no lugar de Cristo. Santa Catarina de Sena chamava o papa de "o doce Cristo na terra". O papa é um ponto de unidade da
Igreja, assim como existe uma única fé, um único batismo, uma só palavra de Deus, um só magistério, uma só tradição. Assim também há uma só Igreja, presidida pelo Papa, em comunhão com os bispos em comunhão com Ele. É claro, Jesus quis a Igreja assim, né? Nós vamos entender já já. Então, o papado existe não para que o Papa governe como um tirano, impondo suas vontades, obrigando as pessoas a fazer o que não. O Papa, Ele é o Vigário de Cristo. Ele está no lugar de Cristo. Ele deve garantir a continuidade da obra de Cristo, guardando
e transmitindo aquilo que Ele recebeu. Então, esta é a função do Papa: o Papa é o Vigário de Cristo, o Papa é o Bispo de Roma, o Papa é o sucessor de Pedro. Então, vamos entender esses títulos todos, né, que nós atribuímos ao Santo Padre. Quando nós olhamos, então, para a Igreja, nós vemos que Jesus constituiu a sua Igreja de forma hierárquica. Jesus não constituiu a sua Igreja de forma anárquica, sem ordem e sem hierarquia interna, né? Pelo contrário, a Igreja possui uma hierarquia simples, mas muito bem definida, e ela possui uma ordem interna, que
foi dada pelo seu Divino Fundador. Como podemos entender isso? Quando olhamos para o Evangelho de São Mateus, capítulo 16, versos 18 em diante, nós vemos ali um diálogo de Jesus com os apóstolos. Jesus pergunta: "Quem estão dizendo que eu sou?" Aí os apóstolos vão respondendo. Bom, tem uns que estão dizendo que você é João Batista que ressuscitou; outros estão dizendo que você é Elias; outros ainda estão dizendo que você é algum dos profetas que voltou. Então, Jesus usa ali uma pedagogia. Primeiro, Ele pergunta o que os outros dizem e, depois, Jesus inverte a pergunta. Ele
diz: "E vós, quem dizeis que eu sou?" E aí é interessante que o Evangelho vai dizer o seguinte: que Pedro tomou a palavra e disse. Nós vamos ouvir essa expressão nos quatro Evangelhos várias vezes: "Pedro tomou a palavra e disse". Tomar a palavra, na cultura judaica daquele tempo, ainda mais num contexto em que uma pergunta é feita para todo mundo, significa que esta pessoa tem uma liderança natural. É o pai da família, então ele fala em nome da família; é uma pessoa que comanda uma tropa de soldados; é um patrão falando no meio dos seus
empregados. Então, veja que Pedro toma a palavra e fala pelos outros. E o que Pedro responde? Ele faz uma profissão de fé e diz: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." E Jesus então faz um elogio a Pedro. Ele diz: "Simão, Simão, filho de Jonas, feliz és tu, porque quem te revelou essas coisas não foi nem a carne nem o sangue." O que Jesus quer dizer, né, para Pedro? "Você não aprendeu isso porque você estudou; você não aprendeu isso porque você é um doutor da lei. Quem te revelou isso não foi a carne
nem o sangue, mas o meu Pai que está nos céus." Por isso, e aqui Jesus fala com autoridade: "Por isso eu te digo: tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja." Tu és Pedro. Jesus muda o nome dele. Primeiro, Jesus o chama de Simão, que era o nome dele, mas Jesus diz: "Tu és Pedro." Na Sagrada Escritura, mudar o nome de alguém significa atribuir uma nova missão a esta pessoa. O que Jesus está fazendo? Está constituindo, está levantando um chefe visível para sua Igreja. "Tu és Pedro." Pedro quer dizer pedra, quefa. "Tu
és Pedro e sobre ti edificarei a minha Igreja." É claro que a Igreja de Cristo é edificada sobre Ele mesmo, mas Jesus constitui Pedro como seu lugartenente. Então, aquilo que é próprio de Cristo, Cristo dá aos homens, através de Pedro: "Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja." Veja que Jesus fala no singular. Jesus não disse "edificarei as minhas Igrejas". Uma só fé, um só batismo, um só Deus. Então, só pode haver uma só Igreja. É uma questão de lógica. Deus age com coerência. Se Deus é único, a fé é única, o batismo é único, a
salvação só nos vem por um único mediador, que é Cristo. Então, a Igreja só pode ser uma: "Minha Igreja". E esta "minha Igreja", dita por Jesus, tem um chefe visível, que é Pedro e, depois de Pedro, os sucessores de Pedro. Então, Jesus diz isso claramente: "A minha Igreja". A palavra Igreja significa assembleia, minha eclesia. Eclesia, o que é? Eclésia, né, no latim, no grego, perdão, né? No latim, fica eclesia, mas eclésia do grego significa assembleia: "a minha assembleia", "a minha família", "a minha Igreja". E Jesus faz uma promessa: "E as portas do inferno não prevalecerão
contra ela. Tudo que ligares na terra será ligado no céu; tudo que desligares na terra será desligado no céu." Jesus fala claramente a Pedro: "Eu te darei as chaves do céu. Tudo que ligares na terra será ligado no céu; tudo que desligares na terra será desligado no céu." Então, veja aqui os elementos: Jesus fala, muda o nome de Pedro, diz que vai edificar a sua Igreja sobre ele, fala que as portas do inferno não prevalecerão contra ela, dá a ele as chaves do céu e diz que o que ele ligar está ligado e o que
ele desligar está desligado. Ou seja, Jesus dá a um homem o poder que é próprio d'Ele, que é Deus, porque este homem é o seu Vigário, é aquele que... Agirá em seu nome se este Vigário vai agir em nome de Cristo. Ele tem que fazer o que Cristo quer que faça, e Cristo não pode abandonar a Igreja que Ele prometeu que o mal não triunfará sobre ela. A própria sorte... O que isso significa? Que Deus é perfeito, que Deus é coerente, e Ele promete. Jesus promete: as portas do inferno não vão poder fazer nada contra
minha Igreja. Para que as portas do inferno não possam prevalecer, é necessário que essa Igreja tenha uma graça especial de preservação da fé, porque senão as portas do inferno triunfam, é ou não é? Basta pensarmos na nossa vida: quantas vezes o mal triunfa na nossa vida? A gente não quer, mas o mal triunfa, e aí a gente tem que começar tudo de novo. Aquilo que às vezes parece que caminhamos, parece que voltamos do zero. Mas Jesus não pode deixar isso acontecer com a Igreja. Então dentro desta promessa de Jesus, de que as portas do inferno
não irão prevalecer, nós temos uma verdade de fé, que é a indefectibilidade da Igreja. A Igreja não irá perecer; ela é indefectível. Os membros da Igreja são pecadores; nós somos pecadores, nós somos pequenos. Mas a Igreja é uma instituição divina, a Igreja é santa, ela é indefectível. Ela é a esposa do Cordeiro, que São João Evangelista viu no Livro do Apocalipse: a esposa do Cordeiro, sem rugas e sem manchas. Quando falamos destas visões de São João, quem é a esposa do Cordeiro? A Igreja. E Jesus prometeu a pessoalmente. Ele pode ser um sujeito cheio de
pecados pessoais, mas quando Ele ensina em matéria de fé e de moral, Ele não erra; Ele é infalível. Ele é falível na sua vida pessoal, Ele peca. Quando a gente diz que o Papa é infalível, eu não estou dizendo que o Papa é impecável. O Papa peca e o Papa também necessita da confissão, inclusive o Papa, mesmo tendo o poder das chaves, o poder de abrir e fechar os céus, ele não pode perdoar os próprios pecados. Ele precisa de um bispo, de um sacerdote que atenda à confissão dele. O Papa tem de se confessar; ele
não perdoa os pecados dele mesmo. Então, o Papa é um pecador, mas, sendo um pecador que foi escolhido por Cristo para ser o sucessor de Pedro, o Papa não erra em matéria de fé e de moral. Na história da Igreja Católica, eu vou dar alguns exemplos; daqui a pouco, nós veremos papas que tinham uma vida cheia de pecados, de confusões, de incoerências, mas que no momento em que era necessário definir algo em termos de fé ou de moral, eles não erravam e não erram e não errarão, porque existe uma assistência divina sobre a pessoa do
Papa, enquanto Vigário de Cristo, para garantir que as portas do inferno não prevaleçam sobre a Igreja. É uma promessa divina. Então, vejam, meus irmãos, a Igreja não está inventando nada em termos de doutrina. A Igreja não está inventando nada; a Igreja está apenas tomando aquilo que já está na revelação, que está contido na Palavra de Deus. Existe uma promessa de Cristo: a Igreja não acabará, as portas do inferno não prevalecerão. Por isso, o argumento protestante de algumas denominações de que "o cristianismo se corrompeu e se perdeu", de que a Igreja fundada por Cristo se perdeu
num dado momento, e que só lá em 1517, quando veio Martinho Lutero, iluminadíssimo por Deus, ele resgatou o cristianismo primitivo... Ora, dizer isso é o mesmo que negar descaradamente a Palavra de Deus, que está dizendo que as portas do inferno não prevalecerão. Então, o sujeito que diz que a Igreja se corrompeu, que a Igreja se perdeu, que a Igreja Católica não é a Igreja fundada por Cristo, está negando a promessa de Cristo, de que as portas do inferno não prevalecerão. E quem não acredita na Palavra de Deus, como pode se dizer cristão se nega a
Palavra do próprio Cristo? Cristo prometeu. Por acaso, Cristo se enganaria? Não! Cristo não pode se enganar; isso é Palavra de Deus. Então, por isso, quando qualquer pessoa, de qualquer denominação, venha a dizer que a Igreja Católica se corrompeu, quem diz isso está dizendo que Cristo não foi capaz de cumprir as promessas que fez. E se Cristo não foi capaz de cumprir as promessas que fez, Ele não é Deus. Então, essas pessoas não notam a incoerência desse tipo de afirmação: a Igreja é santa porque foi fundada por Cristo, que é homem e é Deus verdadeiro, Deus
e verdadeiro homem. Cristo fundou, Cristo estabeleceu Pedro à testa da Igreja, e Cristo prometeu a sua... anos Daniel, historiador católico francês, dizia assim: não existe na história da humanidade nenhuma instituição que tenha durado tanto quanto a Igreja Católica, mesmo sendo tão mal administrada por gente tão pecadora, tão mesquinha e tão ruim. E é verdade! Quando nós olhamos para a história da Igreja, nós vemos grandes santos que brilham como estrelas no firmamento da Igreja, mas também vemos grandes pecadores, inclusive bispos, papas, padres leigos que ocupavam altíssimas posições e deram um mau exemplo terrível. Mas a Igreja
continua, apesar deles, e a Igreja continuará, apesar de você e apesar de mim. Porque, quando falamos dos pecados daqueles que passaram, temos a impressão de que era algo terrível, mas nos esquecemos que nós também somos cheios de pecados e de defeitos, e que, no mínimo, devemos ter a vergonha, a decência de tentar nos tornar católicos melhores, porque a nossa mãe, a Igreja, não merece católicos como nós somos. No mínimo, deveríamos ser muito mais santos, muito melhores, muito mais caridosos. Então, quando nós olhamos... Para a Igreja, nós temos o quê? O Corpo Místico de Cristo. Cristo
é a cabeça. Ele é a cabeça, mas uma cabeça não vive sem corpo, e um corpo não vive sem cabeça. Quem é o corpo de Cristo? A Igreja. Quem é a cabeça? É Cristo. Então, não tem como separar Cristo da Igreja. Cristo e a Igreja são uma e só coisa. Atacar a Igreja é atacar a Cristo; atacar a Cristo é atacar a Igreja. Historicamente, o cristianismo é católico. Não existia outra igreja. Nós vamos ouvir falar de outras igrejas lá pelo século IV, quando começam as heresias e as primeiras divisões do cristianismo, mas eram divisões pequenas.
A primeira grande divisão da Igreja foi no ano de 1054. Até então, todo mundo era católico. Então, do ponto de vista histórico, negar que a Igreja é fundada por Cristo e é católica é um absurdo. É um absurdo! Aí vêm aqueles que dizem assim: "Ah, a Igreja Católica foi fundada por Constantino." Meu Deus do céu! Mas tem que ter mais fé para acreditar que a Igreja Católica foi fundada por Constantino do que acreditar nos milagres. Tem gente que fala: "Ah, eu não acredito em milagre porque não é muito racional", mas acredita que a Igreja foi
fundada por Constantino, o que é um absurdo histórico. Se Constantino fundou a Igreja Católica, como explicar que antes de Constantino existiram 29 Papas? 29 Papas! O que são esses Papas antes de Constantino? Então, qual é a única Igreja que é presidida pelo Papa e por um episcopado em comunhão com o Papa? A Igreja Católica. A Igreja Católica, e isso já existia antes de Constantino. Aliás, se nós olharmos a Didachê, que é um escrito ali do fim do século I, início do século II da era cristã, nós já vemos a hierarquia da Igreja muito bem desenhada,
a liturgia da Igreja, como se celebrava a missa, o sacramento, exatamente tal e qual nós fazemos ainda hoje. A Igreja nasceu católica, porque não existiam denominações cristãs. Existia uma única Igreja. As divisões vieram depois. Do ponto de vista histórico, nós temos sucessores de São Pedro numa linha ininterrupta: Pedro, Lino, Cleto, Clemente, por aí vai. Basta nós olharmos, por exemplo, para as cartas de São Clemente Romano, o quarto Papa. São Clemente Romano foi batizado por São Pedro, conheceu São Paulo e ouviu da boca deles, que foram testemunhas da Ressurreição, a pregação do evangelho. É um santo
católico, é um Papa. São Clemente Romano. Nós, quando lemos os escritos de São Policarpo, que era bispo de Smirna, vemos que São Policarpo foi batizado por São João Evangelista. Santo Inácio de Antioquia era filho de um casal que fazia parte daquele grupo dos 72 discípulos de Jesus. Santo Inácio de Antioquia, bispo da Igreja Primitiva. De modo que, na Igreja Católica, do ponto de vista histórico, nós temos uma linha ininterrupta de sucessores de São Pedro e sucessores dos outros apóstolos que são os bispos, numa linha ininterrupta. Ontem era Pedro, hoje é Francisco. Nós temos o Papa
Francisco que vem nessa mesma linha sucessória, e a Igreja segue, e a Igreja seguirá, porque as chaves dos céus foram dadas nas mãos de Pedro e dos seus sucessores. Jesus ressuscitado, quando aparece para Pedro, aparece para os apóstolos, né? Ele fala com Pedro. Ele não diz para todos os apóstolos. Ele diz a Pedro: "Pedro, eu roguei por ti, eu roguei por ti." Depois, Jesus vai dizer: "Confirma teus irmãos." Quem tem a missão de confirmar os irmãos, os apóstolos, os bispos na fé? É Pedro. Então, quem confirma os bispos na fé é o Papa. Não existe
Igreja Católica sem Papa, não existe Igreja Católica sem os bispos, sem os presbíteros, sem os diáconos e sem nós, os leigos. A Igreja é constituída assim. Ela foi desejada por Deus assim. Não é obra nossa. Nós não podemos fazer com a Igreja e da Igreja aquilo que quisermos. A Igreja é obra de Deus. É aquilo que São Paulo diz no capítulo 15 da carta aos Coríntios, a primeira carta aos Coríntios: "Aquilo que recebi, eu transmiti." São Paulo ele diz isso o tempo todo. Ele não modificou nada. Aquilo que os apóstolos transmitiram a ele, ele transmitiu
às comunidades que ele fundou. O que recebi, transmiti. Nada foi acrescentado. Então, do ponto de vista histórico, essa sucessão é muito clara. Agora, por exemplo, quando vem o protestantismo, o que o protestantismo faz? Nele, Lutero nega até mesmo sacramentos. Quais eram os sacramentos que existiam? O batismo, o matrimônio e a Eucaristia, que era interpretada e entendida de um modo bastante deficitário, porque Lutero entendia a Eucaristia apenas como ceia, mas ele eliminava totalmente o aspecto sacrificial, expiatório, laudatório do sacrifício de Jesus. E o que Lutero fez, na sua fé na Eucaristia? Ele esvaziou a fé na
Eucaristia e requentes que a Igreja Católica já havia condenado lá na Idade Média, quando um herege condenado pela Igreja, chamado Berengário de Tours, criou a heresia da presença. O que é a heresia da presença? Berengário de Tours afirmava que não é a presença de um ministro validamente ordenado, sacerdote ou bispo; a presença da matéria válida, pão e vinho; e o pronunciamento das palavras corretas da liturgia e a intenção de fazer o que a Igreja faz que realiza um sacramento de Eucaristia. Para Berengário de Tours, o que coloca, entre aspas, o que coloca Jesus no pão
é a minha fé. Então, Berengário de Tours defendia que, numa assembleia litúrgica, o padre está lá rezando, o povo está lá também rezando. Se a pessoa acreditar que Jesus está no pão, ele está; se a pessoa não acreditar, ele não está. Ou seja, o poder está na pessoa e não no sacramento da ordem que está no ministro. Então, para Berengário de Tours, não existiria a celebração da Eucaristia, por quê? Porque se uma pessoa pegar a Eucaristia... No chão e pisar é porque ela não acredita que Jesus está lá, então Ele não está. É uma heresia;
a igreja condenou essa visão, que é a heresia da empana, que foi o que Martinho Lutero fez. Ele requentou a visão de Berengário de Tours e jogou na sua doutrina. Então ele dizia que o que existe é o batismo, que existe é o matrimônio, e o que existe é a Eucaristia. Mas a Eucaristia é uma ceia: se você acreditar que Jesus está, Ele está; se acreditar que não está, Ele não está. É o esvaziamento da fé. Então, quer dizer, o protestantismo não só esvaziou a questão dos sacramentos como esvaziou a questão da hierarquia da igreja,
como Deus a quis. É claro que, dentro da igreja, o fato de existir uma hierarquia não significa que “ah, o Papa está acima de mim em termos de santidade”. Não, eu posso ser um simples leigo, mas se eu cumprir bem os meus deveres de estado, se eu rezar, se eu fizer penitência pelos meus pecados, se eu me converter, se eu me oferecer a Deus naquilo que Ele me pede, onde Ele me quer, eu posso me tornar um santo lá na eternidade. Eu posso receber um prêmio muito maior do que um papa. Então, as funções ministeriais,
as funções hierárquicas dentro da igreja servem para o funcionamento, a existência e a continuidade da missão da igreja, mas isso não significa que um é maior ou melhor que o outro. Não, são vocações, são ministérios, são formas diferentes de viver servindo a Deus. Se eu cumprir bem os meus deveres, cuidando da minha esposa e dos meus filhos, eu posso me tornar alguém tão santo quanto um bispo, quanto um papa, quanto uma freira, quanto um frei. Então, o protestantismo, quando vem, entendia a hierarquia como algo que afasta, que divide, que diminui. A igreja nunca ensinou isso;
existem funções diferentes, ministérios diferentes, mas todos fazem parte do mesmo corpo místico de Cristo. Agora, em um corpo, tem uns que vão ser mão, tem outros que vão ser pé; cada um vai ter uma função. Então, meus caros, pensemos nisso: como Cristo quis a igreja, e Cristo não quer a divisão. Na Sagrada Escritura, quem age dividindo é o diabo. A palavra "diávolos" significa o divisor, aquele que divide, agindo não em defesa dos interesses de Deus, mas dos interesses do mal. Toda a divisão que ocorreu na história da igreja não é fruto da vontade de Deus.
Qual é a oração de Jesus ao Pai? "Pai, que todos sejam um". Jesus não diz: "Pai, que todos sejam cada um o que quiser". Não, que todos sejam um: "ut unum sint". Esse é o pedido de Jesus, e essa deve ser a nossa busca. Esse deve ser o nosso desejo. Agora, muita gente, quando olha para a história da igreja católica, vai dizer assim: "Ah, mas a igreja teve muita corrupção, teve muitos pecados". Espera lá! A igreja, querida por Jesus, fundada por Jesus, ela é indefectível. Nós não podemos imputar à igreja como um todo os pecados
de seus filhos, por piores que sejam. Esses pecados dos filhos da igreja são pecados pessoais que, às vezes, afetam muita gente. Esses pecados são sempre um mal, porque o pecado, no fundo, no fundo, é sempre o quê? É um ódio a Deus, é uma desobediência a Deus. Por mais que a pessoa diga que ama a Deus, se ela peca gravemente, ela causa um escândalo, ela está rechaçando Deus, ela está odiando Deus, se afastando d’Ele, e precisa voltar. Precisa voltar, senão ela não será feliz, não cumprirá sua missão, sua vocação. Agora, olhar para os pecados dos
filhos da igreja não nos dá o direito de entender que a igreja toda é o pecado de um filho dela. Se nós queremos entender o que é a igreja, nós temos que olhar para os bons filhos da igreja. Para os bons filhos da igreja, fazendo uma comparação aqui a partir do meu trabalho. Eu dou aula há mais de 20 anos; explico com toda a paciência uma, duas, dez vezes a mesma coisa. Eu explico, pergunto, "entenderam?", e todo mundo aqui diz que sim, sem dúvidas. Ah, eu não entendi o que você quis dizer em tal coisa.
Muito bem, o que eu faço? Eu explico de outro jeito, entendeu? Agora, ah, eu entendi; aí outro: ah, eu ainda não entendi. Então vamos lá, e eu explico ainda de um outro jeito. E assim eu vou indo por vários caminhos até tentar sanar totalmente a dúvida, certo? Então esse é o meu trabalho como professor. O que acontece? Estou dando a mesma aula para todos. Estou oferecendo o mesmo conhecimento, as mesmas informações e a mesma oportunidade de me perguntar, tirar as dúvidas e sair da sala de aula, né, ali com tudo certo, tudo compreendido e organizado
na própria cabeça. Certo? Aí eu aplico a prova. Aí, o que acontece? Às vezes vem lá uma meia dúzia de alunos com nota vermelha e alguns com notas absurdamente ruins. Aí, às vezes, o que acontece? Já aconteceu comigo várias vezes. Às vezes vem os pais, às vezes vem a coordenação da escola: “Professor, mas o que aconteceu?” Ué, o que aconteceu? Vamos entender. Se é uma maioria que atingiu a nota e uma minoria que não atingiu, vamos olhar as estatísticas. Bom, eu dei plantão de dúvidas fora do horário de aula: dos alunos que estão com nota
vermelha, quantos vieram aos plantões de dúvida? Nenhuns! Opa, então estavam achando que estavam sabendo, mas não estavam sabendo. Eu dei a chance, não vieram. Bom, vamos ver na marcação de tarefas não realizadas: tem seis notas. Vermelhas, desses seis, quantas tarefas não realizadas? Opa! Todos eles têm pelo menos uma tarefa não realizada. Estatística! Aí, nós vamos levantando os pontos dos seis que tiraram notas vermelhas. Quantos tiraram dúvidas em sala de aula? Pô, ninguém nunca levantou a mão. Eu pergunto: tá tudo bem? Tudo certo, entendido? E aí, agora vocês estão vindo pedir contas ao professor daquilo que
é culpa única e exclusiva dos alunos. As oportunidades foram dadas. Por que que eu estou dando esse exemplo? Vamos transplantar para a Igreja Católica. A Igreja Católica foi fundada por Jesus. A Igreja Católica tem um líder, um chefe visível, que é o Bispo de Roma, o Vigário de Cristo, o papa. A Igreja tem um chefe, a Igreja tem uma hierarquia, a Igreja tem os sacramentos, que são os meios de salvação. A Igreja tem a palavra de Deus, a tradição, a Igreja tem tudo isso. E aí, com tudo isso que a Igreja tem, esses meios foram
oferecidos a todos. Acontece que alguns corresponderam, mais ou menos, se salvaram, fizeram o que deveriam fazer. Foram aqueles servos da Parábola dos Talentos que não fizeram nada além da obrigação. Bom, mas já tá bom. Mas existe aquele que enterrou o talento e devolveu o que recebeu; esse foi repreendido. Mas existem aqueles que pegaram os talentos e ganharam ainda mais com eles e devolveram mais. Assim, a Igreja, na mesma Igreja onde vivia Martinho Lutero, que tinha lá os sacramentos, que tinha os meios de salvação, a tradição, a escritura, que tinha tudo, na mesma Igreja que tinha
Lutero, que se revoltou e promoveu uma revolução dentro da Igreja, se separando dela, saindo dela, se apartando dela, dentro desta mesma Igreja, tinha um Santo Inácio de Loyola, uma Santa Teresa de Jesus, um São João da Cruz, um São Pedro de Alcântara, um São Felipe Neri, o São Félix de Cantalice, na mesma Igreja, com São Francisco Xavier, na mesma época. O que que aconteceu? Aconteceu que alguns usaram desses meios, corresponderam à graça de Deus de modo heroico, tão heroico que a Igreja propôs suas vidas como modelo. São santos canonizados. Então, se na minha aula de
história eu quero saber da qualidade da minha aula, eu tenho que pegar os bons alunos, aqueles que aproveitaram a minha aula. Esses poderão falar da minha aula. Não, a aula do professor, ela foi boa por isso, por isso, por aquilo e, se não foi boa, eles dirão também porque eles são alunos atentos, estão lá aproveitando. Isso vale pra Igreja. Se eu quero falar da Igreja Católica, eu tenho que falar dos bons exemplos, daqueles que viveram como católicos autênticos e não como traidores do Evangelho. Se eu quero falar que é a Igreja Católica, eu tenho que
olhar pra grandeza de uma Santa Terezinha, de um Padre Pio de Pietrelcina. Eu tenho que olhar pra grandeza de um Santo Afonso de Ligório, de um São João Bosco, de um São Bento. É para esses que eu tenho que olhar. Estes são os exemplos do que é ser católico. Agora, infelizmente, até mesmo na mais alta hierarquia da Igreja, até mesmo entre os Papas, nós teremos maus exemplos. Agora veja bem, mesmo os Papas que tiveram uma vida moral ruim, por exemplo, se a gente pegar um caso que é famosíssimo na história da Igreja, o caso do
Papa Alexandre VI. O caso do Papa Alexandre VI, que foi um papa muito mundano, muito dado a preocupações estranhas à função dele como papa, se olharmos pra vida moral dele, é lamentável. Mas quando olhamos para a questão da fé e da moral, o Papa Alexandre VI, tudo que ele definiu, tudo que ele ensinou em termos de fé e de moral, não contém nenhum erro. Olha que interessante! Os erros estavam nele, mas o ensino dele foi preservado. É a grande prova da infalibilidade papal. Mesmo maus Papas tomaram decisões corretas quando havia necessidade de definir algo em
matéria de fé e de moral. Veja bem, o Papa Alexandre VI teve uma vida deplorável do ponto de vista moral, mas foi ele quem compôs, olha a inspiração que Deus deu a ele, foi ele quem compôs a oração do Ângelos, "O anjo do Senhor anunciou a Maria e ela concebeu do Espírito Santo". Ave Maria, cheia de graça, Senhor. Aquela oração que lembra três vezes ao dia o mistério da Encarnação, às 6 da manhã, a meio-dia, 6 da tarde, foi inspiração do Papa, um dos Papas mais terríveis da história da Igreja. Quando a América foi descoberta,
ele era o papa e os europeus tinham uma dúvida séria: será que os indígenas possuem alma ou será que eles são seres intermediários, meio humano, meio animal? Quem é que vai decidir a questão? O Papa Alexandre VI, na bula papal Inter caetera, onde ele diz claramente que os indígenas não só tinham alma como tinham a imagem e semelhança de Deus, como qualquer europeu, como qualquer ser humano, mereciam um batismo, mereciam os meios de salvação que a Igreja deveria levar até eles. Quem deu grande impulso à evangelização da América foi nada mais, nada menos que o
Papa Alexandre VI, que na sua vida pessoal era confuso, cheio de pecados, cheio de erros, cheio de vícios, mas quando ensinava em matéria de fé e de moral, não errava. E assim é com a Igreja até hoje. Nós tivemos na Igreja Papas Santos como São Pio X, São Pio V, Beato Pio I, São Gregório Magno, Beato Urbano I, tantos e tantos Papas Santos. Mas tivemos também Papas com uma vida que não era tão boa assim e a Igreja seguiu, apesar deles, com eles e, apesar deles, a Igreja seguiu. Essa é a grande prova da origem
divina da Igreja. Essa é a grande prova de que as portas do inferno não prevalecerão. Então, concluímos que o papado é instituído. Divina, meus caros, Estamos chegando ao fim aqui da nossa conversa. Vou dar os recadinhos. Então, gostaria aqui de convidá-los a já enviar as perguntas que vocês têm, né? Eu vou tentar responder algumas e gostaria já de fazer um convite a vocês: se você está procurando uma plataforma católica para se aprofundar na sua fé, nós temos aqui na comunidade Pantocrator algo assim a oferecer para vocês. Trata-se da Academia Católica. A Academia Católica é a
plataforma de estudos da comunidade Pantocrator. Na Academia Católica, o link está aí na tela; vocês encontram diversos cursos sobre Sagrada Escritura, sobre doutrina, sobre oração e sobre formação humana. Fazendo a sua assinatura, você terá acesso durante um ano ao conteúdo básico de três grandes cursos: um sobre doutrina, outro sobre espiritualidade e outro sobre formação humana. Junto a esses três cursos, que são os carros-chefes da Academia Católica, você terá acesso a vários outros conteúdos. Se você não é tão familiarizado assim, né, com o acesso a plataformas digitais, você pode presentear alguém com essa assinatura. Eu faço
um convite fortemente para que as famílias assinem a Academia Católica e possam, então, em família, consumir esses conteúdos. O esposo, a esposa, os filhos: todos poderão, né, compartilhar esses conteúdos e se aprofundar ainda mais na fé. Vocês sabem que todo mês nós temos aqui na comunidade Pantocrator a nossa campanha da evangelização digital. Neste mês, nós já atingimos 38% da nossa meta mensal. Então, eu estendo a mão aqui pedindo que você ajude a comunidade Pantocrator a manter esta obra de evangelização. Aí na tela, você tem os meios para contribuir conosco: a chave Pix, os dados bancários
para fazer transferência ou pode usar o QR Code que está aí na tela também. Então, eu agradeço desde já, né, aqueles que já contribuíram e aqueles que irão contribuir ainda. Se você também ainda não me segue nas minhas redes sociais, fica aqui o meu convite para que você me siga lá: @rafaelponom no Instagram e no canal do YouTube. Eu também tenho um canal pessoal chamado Canal Rafael Tonon. Diariamente, eu faço as meditações diárias. No ano passado, em 2024, eu fiz as meditações diárias a partir dos textos de Santo Afonso de Ligório. Da igreja, nós lemos
textos de Santo Afonso todos os dias do ano: 366 meditações. Se você entrar lá no meu canal, tá tudo lá, né? Você pode, se não acompanhou no passado, ir assistindo aos poucos esse ano. Mas neste ano de 2025, eu já comecei, dia primeiro de janeiro, uma nova meta. Para 2025, eu estou fazendo as meditações diárias a partir dos textos de Santa Teresa de Jesus, Santa Teresa D’Ávila. Então, eu comecei fazendo a leitura do livro "O Caminho de Perfeição". Eu leio um trechinho e comento todos os dias algum ponto ali das reflexões de Santa Teresa. Nós
já estamos no capítulo sete do livro "Caminho de Perfeição". Se você não está acompanhando comigo ainda diariamente essas meditações, então comece a acompanhar. Volta lá no dia primeiro; nós estamos no dia 13, ainda dá tempo de correr, né? São só 13 meditações para assistir, aí não desanima tanto! Tá bom? Então, assista essas meditações e encaminhe para os seus contatos também. A meditação é curtinha: 10 minutinhos, 12 minutinhos, sempre de manhã. Nos dias de semana, eu faço ao vivo às 6 da manhã e nos finais de semana, ao vivo às 7 da manhã. Eu faço ao
vivo, mas quem quiser assistir depois, pode assistir depois à tarde, na hora do almoço. Aí você se organiza da melhor forma possível. Fica aí esse convite, tá bom? E também, em julho deste ano, eu faço uma peregrinação. Nós estamos no ano Santo, ano jubilar. Eu farei uma peregrinação para Portugal, Espanha e França. Nós vamos passar pelos principais santuários marianos. Então, você pode acessar a página da ATM Viagens. ATM Viagens, lá em São Paulo, é a agência que está fazendo essa parceria comigo, né? Também lá no meu Instagram e no canal do YouTube, você vai encontrar
informações a respeito disso. ATM Viagens: é só digitar no Google "ATM Viagens Rafael Tonon" que já vai aparecer o roteiro da viagem que eu irei coordenar. Essa viagem é um roteiro histórico e espiritual. Eu vou fazer o caminho que os portugueses fizeram, saindo de Portugal e vindo para o Brasil. Então, vamos visitar Belmonte, que é a terra natal de Pedro Álvares Cabral. Vamos rezar diante da primeira imagem de Nossa Senhora que veio aqui para o Brasil; está lá em Portugal, atualmente guardada lá em Belmonte. Vamos rezar diante dela, vamos visitar o Museu das Navegações. Enfim,
vamos fazer esse caminho, mas vamos visitar também os grandes santuários portugueses: o Santuário de Santarém, onde está o milagre eucarístico de Portugal, e, obviamente, naturalmente, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário em Fátima. Vamos visitar os locais da aparição de Nossa Senhora em Fátima. Depois, vamos a Montserrat e Barcelona, na Espanha, e depois dali vamos seguir para Lourdes, na França. Então, né, esse roteiro eu vou coordenar. Toda a parte histórica, a gente vai fazer uma imersão mesmo, né? Eu vou dando aula ali nos lugares. Fiquem tranquilos que eu não vou ficar falando o tempo todo;
vai ter tempo livre para vocês rezarem, conseguir passear também um pouco, descansar a cabeça. Né? Mas, nos momentos de visitação, alguns pontos aí eu vou conversando com vocês e falando um pouquinho, né, de tudo aquilo que está envolvido ali naquele local que estaremos visitando, se Deus quiser. É um prazer, viu, receber vocês! Ainda temos vagas disponíveis, né? No fim do ano, eu fiz a propaganda, nós conseguimos mais algumas pessoas, mas ainda tem vaga. Então, né, entra em contato lá com a ATM Viagens, Rafael Tonon, santuários marianos. Você vai falar com a Roseli e aí você
pode negociar. A agência diretamente com a agência: a melhor condição para você poder participar com a gente. Tá bom? Vamos a aqui algumas perguntas. "O Tevis: Boa noite, Professor. Como a Igreja Católica se dividiu em Romana e Ortodoxa? Eh, no ano de 1054, houve um impasse ali entre os latinos e os gregos, né? Os orientais. Esse impasse se deveu a alguns desentendimentos no campo da teologia e outros desentendimentos mais, no campo, a gente pode dizer assim, no campo acidental. Não eram coisas essenciais. Vou dar alguns exemplos: a Igreja lá no Oriente entendia que todos os
sacerdotes e bispos deveriam andar, via de regra, paramentados de preto. Eh, agora, por exemplo, a Igreja Romana já dava autonomia às dioceses para que os bispos definissem como deveria ser a veste talar, né? Os ortodoxos, por exemplo, lá do Oriente, entendiam que o sacerdote devia deixar o cabelo crescer, a barba crescer, cobrir o rosto. Eh, os latinos já entendiam que o sacerdote deveria deixar a barba crescer ou o cabelo crescer se ele quisesse. Se ele não quisesse, ele podia cortar. Então, quer dizer, são coisas acidentais que começaram a virar ponto de disputa. A Igreja Romana
permitiu o uso do órgão como instrumento para a música litúrgica, para sustentar o canto dentro da Assembleia litúrgica. A Igreja Ortodoxa, lá do Oriente, já entendia que o único instrumento que deveria ser usado na liturgia é a voz, porque foi o único instrumento criado pelo próprio Deus. Eh, os orientais entendiam que a representação das imagens deveria se dar em ícones. A Igreja Ocidental já entendia que tanto as imagens tridimensionais quanto os ícones podiam ser formas de representação válidas. Entendeu? Então, começou-se a entrar em um choque que era mais cultural do que teológico. Depois, uma questão
que dividiu bastante foi a questão do "filioque", a questão do Espírito Santo. Foi uma briga antiga que começou já lá no Concílio de Niceia, depois no Concílio de Constantinopla. Porque a Igreja Latina, a Igreja Romana, na falta de um termo, de uma palavra melhor para traduzir o credo que foi escrito em grego, usou a expressão "procede" para falar do Espírito Santo, que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. E aí os orientais entenderam que a Igreja Romana estava professando uma fé estranha ao dizer que o Espírito Santo, que é Deus, procede, que ele
sai de alguém. Isso dá uma ideia de criação, como se ele tivesse sido criado. Mas não é isso; a Igreja Romana nunca acreditou que o Espírito Santo foi criado. O Pai, o Filho, o Espírito Santo, né? Sempre existiram. O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. Nenhum existe antes que o outro; todos existem, sempre existiram e sempre existirão ao mesmo tempo. É um só Deus, mas em três pessoas. É isso que a Igreja acredita. Mas esse termo "procede" deu muita briga, muito desentendimento. Então, foram questões assim que foram levando a
uma situação que, no ano de 1054, culminou na divisão. Foi quando o Papa deu um ultimato ao Patriarca de Constantinopla. O Patriarca de Constantinopla dizia que o Papa era o primeiro entre os iguais, ou seja, ele acreditava que o Papa não tinha o primado, a potestade de dar as ordens e ser obedecido por todo o episcopado. Eles acreditavam que o Papa tinha mais uma figura de honra, né? É o primo inter pares, é o primeiro entre os iguais, e que todos os bispos teriam ali o mesmo peso, né? Seria mais um, o papado. O bispado
de Roma seria algo mais honorífico. Mas acontece que não é isso, né? O que Jesus deixa claro nos Evangelhos é que a autoridade, a potestade, estava nas mãos de Pedro e dos seus sucessores. E aí o Papa ameaça o Patriarca de Constantinopla de comunhão, e o Patriarca de Constantinopla ameaça o Papa de descomunhão. Resultado: como o Patriarca não se submeteu ao Papa, foi depositado sobre o altar da Basílica de Santa Sofia, né? Hoje, Istambul, na Turquia, foi depositada a bula de excomunhão. O Patriarca de Constantinopla queimou a bula papal e excomungou o Papa, então o
Papa excomungou o Patriarca, o Patriarca excomungou o Papa. E aí a Igreja sofreu esta divisão, o chamado cisma do Oriente. Mas acontece que a Igreja Ortodoxa conservou, né? Ah, apostólica eh a forma dos sacramentos. Então, os sacramentos ortodoxos são válidos, a sucessão apostólica é válida, a ordenação sacerdotal deles, diaconal e tudo mais, é tudo válido. É ilícito porque não está em comunhão com Roma. Para nós, católicos, é ilícito, mas é uma igreja que conserva todas as notas da Igreja fundada por Jesus Cristo. Agora, se você perguntar por um ortodoxo o que ele acha da Igreja
Católica, ele vai dizer a mesma coisa: os sacramentos são válidos e a sucessão apostólica foi mantida na Igreja Católica. Mas eles estão numa situação ilícita. E então, para os ortodoxos, nós estamos numa situação ilícita. Mas para nós, que entendemos que o primado, a potestade, o poder de governo está na mão de Pedro e dos seus sucessores, eles é que estão em situação ilícita. Mas não dizemos isso querendo diminuí-los, e nem nada, né? Então, muito pelo contrário. Nós devemos rezar para que eles, de fato, admitam essa questão do primado de Pedro, para que admitam outras questões
teológicas que foram virando ponto de divisão e para que aquilo que Cristo pediu ao Pai se faça: que todos sejam um. E Adriano, Professor, quem listou os Papas nos primeiros séculos? Bom, a própria Igreja. Se nós pegarmos os escritos da Igreja primitiva, chamados Padres Apostólicos, na Editora Paulos vocês encontram o volume dos primeiros escritos. São os escritos cristãos mais antigos da Igreja. Eles já listam os nomes dos Papas." Por ali, né? Em linha ininterrupta, todos os Papas. Vamos ver aí se temos mais alguma questão. Eh, deixa eu ver aqui, hum, vamos ver aqui. Ó, professor,
o senhor falou tanto que Papas, mesmo que cheios de pecados, como o pontífice Alexandre VI, preservaram a fé e a moral. Ok, mas como fica Francisco, que referendou a bênção a Paris Gis? Então, aí entra uma questão: eu, Rafael Tonon, eu sou o quê na Igreja? Eu sou leigo, eu faço parte da Igreja dicente e não da Igreja docente. Mesmo quando eu venho aqui numa função docente, no sentido de me colocar como professor, que ensino e tudo mais, eh, o que eu estou fazendo é repetir aquilo que a Igreja sempre ensinou, aquilo que os santos
sempre ensinaram. Mas eu e nem ninguém que seja leigo, está na posição de julgar o Papa; eu não posso julgar o Papa. Ah, mas e se o Papa ensinar algo contra a fé e a moral? Bom, quem deve então discutir essa questão? Quem deve eh analisar essa questão são os bispos, são os cardeais, etc. e tal. Eh, e eu, Rafael, o que eu devo fazer? Eu devo eh viver bem a minha fé, frequentar os sacramentos, rezar, cuidar da minha esposa, sustentar minha casa, cuidar dos meus filhos, e dentro da minha capacidade como leigo, eu devo
me ater àquilo que é próprio do meu estado de vida. Eu devo procurar ser santo. Então, ah, mas a Igreja tem problemas. Tem! A Igreja tem problemas! A Igreja Católica hoje tem esse, esse e aquele problema. Tem problemas eh na cúria romana, tem problemas nas dioceses, tem, tem mesmo. E detalhe: a Igreja sempre teve problemas. O mistério da iniquidade sempre esteve presente na Igreja e vai estar até o fim. O que eu posso fazer concretamente para corrigir esses problemas? Ser santo! Se eu for santo, eu estarei corrigindo os problemas da Igreja da melhor maneira possível.
Uma comparação que eu sempre gosto de fazer: Martinho Lutero queria reformar a Igreja. São Francisco também queria. Como que São Francisco reformou a Igreja? Sendo santo! Como que Lutero pretendeu reformar a Igreja? Por ele mesmo. O que ele acabou fazendo? Saindo da Igreja, fundando uma outra coisa e não reformou coisa nenhuma. Reformar é você pegar o que existe e torná-lo melhor ainda. O que Lutero fez não foi reformar, foi fundar. Entendeu? Então, eh, essa questão do Papa em relação aos homossexuais. O documento diz lá de bênçãos individuais a pessoas homossexuais, certo? Eh, o que a
Igreja está dizendo lá, né? O Papa, cardeais, bispos, eles eh, na sua função, no exercício da sua função, devem discernir isso. Ah, mas nós, leigos, temos capacidade de analisar, de entender? Sim, mas nós não temos capacidade de julgar o Papa. Nós não temos eh prerrogativa para isso, né? Então, o que devemos fazer nesses casos? Ah, mas eu acho duvidoso esse tipo de doutrina. Bom, você acha duvidoso essa doutrina, por exemplo, dessa bênção aos homossexuais? É uma questão de fé? Não é. É uma questão eh de definição moral? Também não é. É uma questão pastoral e
as questões pastorais elas mudam. As questões pastorais eh podem conter eventualmente alguma falha de análise, entendeu? Então, eh, simplesmente não nos cabe fazer esse juízo. E se nós não concordamos com esse juízo, nós devemos fazer o quê? Oferecer ao Papa o nosso amor como filhos, porque o Papa é o nosso pai na fé. Devemos oferecer o nosso amor, as nossas orações e as nossas penitências, porque a hierarquia da Igreja, eh, assim como nós, também precisa de conversão. Então, nós devemos nos converter e rezar também pela conversão da hierarquia da Igreja, se for o caso. Entendeu?
Então, eh, fica aqui essa questão. Eh, agora, assim, eu vejo hoje em dia no meio católico uma imprudência muito grande de leigos eh, julgando bispos, julgando o Papa, emitindo juízos que às vezes são até temerários. E essas pessoas não percebem que, ao fazer isso, elas colocam em risco a salvação da própria alma. A doutrina da Igreja é muito clara; isso está no catecismo da Igreja. Se um superior nosso, seja ele o Papa, um bispo, um padre, seja lá o que for, se ele nos mandar fazer alguma coisa contra a fé, contra a moral, nós não
somos obrigados a obedecer. Até um pai e uma mãe, se um filho decide ir para a vida religiosa e o pai e a mãe dizem: "Eu te proíbo nesta matéria," o pai e a mãe não podem proibir. E se um filho desobedecer o pai e a mãe e for para a vida consagrada, for para a vida religiosa, este filho não comete pecado mortal, porque ele está agindo de acordo com a sua consciência. Então, em matéria de consciência, em matéria de fé e de moral, um superior não pode ordenar nada de ilícito. E caso ele ordene
e for desobedecido, não há pecado nisso. Então, tenhamos isso em mente, né? E tenhamos muito amor, muito cuidado, muito carinho pelos legítimos pastores da Igreja: os nossos bispos, os nossos padres, pelo Santo Padre, o Papa. Nós nunca veremos na boca de um santo, pode olhar para a história da Igreja, nós não veremos xingamentos, impropérios contra os bispos, contra o Papa. O que nós veremos é sempre um amor muito grande, profundo, o oferecimento de sacrifícios, de penitências, de orações. Então, esse é o caminho da Igreja e não existe Igreja sem Papa, não existe Igreja sem bispos,
não existe Igreja sem padres, sem diáconos. E eu digo assim, sinceramente, do fundo do coração, sobretudo aqui eu me dirijo aos homens solteiros: se você vê que a Igreja tem maus padres, más homilias, falta de zelo, problemas, e problemas, e problemas, então tenha coragem e seja você padre! Entre no seminário, suporte as dificuldades que a formação sacerdotal lhe impõe. Trarão e trabalhe e ame a Cristo e ame a Igreja, sendo padre, porque nós que estamos do lado de cá, nós leigos, precisamos de bons padres. E o que eu mais vejo, sobretudo nesse mundo de internet,
é às vezes muitos jovens, muitos rapazes, né, apontando erros e problemas da Igreja. E aí eu fico pensando, eh, que talvez (talvez não, né, certamente) isso, às vezes, é uma perda de energia com coisas que nós não poderemos mudar. Tem algumas coisas na Igreja que devem ser decididas por concílios, por cardeais, e a gente vê, principalmente na internet, às vezes leigos debatendo os problemas da Igreja como se aquilo ali fosse resolver o problema da Igreja. O que vai resolver o problema da Igreja é a santidade. É isso! O que vai resolver o problema da Igreja
é termos homens e mulheres dispostos a casar, a ter muitos filhos e a educá-los para a fé. O que vai resolver o problema da Igreja é se nós tivermos rapazes que saiam um pouco da internet, das discussões teológicas a respeito dos problemas da Igreja, e se animem a entrar no seminário e estudar para ser padre. É isso que vai mudar realmente a Igreja. Amemos a Igreja! A Igreja é nossa mãe. Há defeitos, há problemas, há pecados, e parte desses problemas está em você e em mim. Chesterton, o grande poeta inglês católico, recebeu uma vez um
convite, né, que fizeram num jornal inglês para várias personalidades daquela época, e era muito interessante. Cada um devia responder a mesma pergunta. Mandaram para Chesterton a pergunta: qual é o grande problema do mundo? Pensaram que Chesterton ia mandar um artigo, né, uma reflexão, e aí ele colocou a resposta àquela pergunta: qual é o grande problema do mundo? Ele colocou lá: Gilbert Keith Chesterton. O grande problema do mundo era ele mesmo. Ele colocou o nome dele. O grande problema do mundo. Sejamos santos, sejamos generosos e respondamos ao chamado de Jesus na nossa vida. E aí essas
questões serão superadas. Elas serão superadas. Aquilo que nós vemos que não é bom será melhorado, e tudo isso a gente pode fazer, né, de onde a gente estiver, no estado de vida em que a gente estiver. Santa Catarina de Sena dizia: "Se fordes aquilo que Deus quer que sejais, colocareis fogo no mundo". Então, procuremos ser aquilo que Deus quer que a gente seja, tá certo? E a respeito disso que eu falei, daquilo que é polêmico, daquilo que às vezes é difícil de entender na vida da Igreja, daquilo que às vezes a gente aprendeu de um
jeito e a gente começa a ver, parece que tá tão diferente, em primeiro lugar, antes de emitir qualquer juízo, que nós procuremos rezar, mas rezar apaixonadamente, pedindo a Deus, com todas as nossas forças, para que Ele nos faça melhores e nos faça capazes de ajudar a Igreja, com pouquinho, um pouquinho que seja, tá certo? Deus abençoe a todos vocês que nos acompanharam nesta noite, e na semana que vem nós estamos aqui novamente. Fiquem com Deus! Tchau, tchau!