[Música] [Aplausos] [Música] expressão poético dramático do livro bom eh antes de passar a palavra ao profor Roberto eu vou fazer um um rápido dar um rápido recadinho aqui pro pessoal que faz o curso com a Maria ch educação e a crítica da modernidade tomando como exemplo um livro do Foucault o primeiro [Música] a história da loucura Qual é a posição filosófica do primeiro fou o fou da década de 60 conhecido como fou arqueólogo dos saberes pretendo portanto mostrar a posição do Foucault arqueólogo em relação à modernidade ou melhor ainda ao humanismo da modernidade explicitando Em
que sentido nietz é o principal filósofo que se encontra subjacente a essa tomada de posição filosófica essa palestra foi intitulada fouc niet e a crítica da modernidade nós poderíamos chamar também Foucault e Nietzsche ou ainda outro título história da loucura e Crítica da Razão eu não ten dúvida de que isso que fou elaborou com o nome de história arqueológica tem quando se trata de pensá-la como método com processo de investigação filosófico tem como referência básica a epistemologia Francesa a chamada história epistemológica como uma história conceitual da ciência Eu tenho como hipótese de que cada livro
Arqueológico do fou se definiu relação para dar conta de um tipo de ciência ou de saber diferente daqueles estudados pelos epistemólogos quer dizer um deslocamento de ciências naturais ou de ciências da vida para o campo específic para essa região tão diferente que foi chamada de ciências do homem ou ciências Human quer dizer cada livro do fouc se redefiniu metodologicamente com relação ao que fazia bachel Kang CAV Aé que em geral foram mestres de fou ISO quando se trata de definir o que fez fou ponto de vista metodológico eu definiria sobretudo por esse deslocamento com relação
ao que faziam ao que fizeram ou fazem os epistemólogos No entanto quando se trata de compreender não propriamente o método mas a temática o conteúdo filosófico de seu pensamento a meu ver as questões que norteiam que motivam as investigações de Foucault são expostas fundamentalmente na filosofia de niet Portanto acho que quando estamos interessados na temática de fouc é a filosofia de nietzche que deve ser privil para explicit melor acredito mesmo que os sucessivos deslocamentos com relação epistemologia que me referir se Dev em grande parte a seu interesse por que como vocês talvez saibam é bem
diferente da problemática filosófica da epistemologia sobretudo No que diz respeito à razão e a modernidade que são os dois temas básicos dessa palestra toda a pesquisa arqueológica deou pretende pensar o que é o moderno vocês vejam estou reduzindo o estudo sobre Foucault nesse momento ao foua arqueólogo o Foucault do momento da história da loucura do nascimento da clínica de as palavras e as coisas e finalmente num livro de explicitação metodológica chamado arqueologia do Saber tô deixando de lado o fouc da década de 60 de 70 e o fouc da da década de 80 até sua
morte em 84 que a meu ver são bastante eh diferentes do que esse FC que eu vou explicitar e que eh já conta com tanta diferença interna que eu preferi privilegiar um livro para dar uma ideia dessa temática filosófica na sua relação com a questão da razão e da modernidade ou para citar um outor na sua relação com a filosofia de niet portanto eu dizia a pesquisa arqueológica de fouc pretende pensar o que é o moderno situando em relação e ao clássico na história da loucura a meu ver isso levou há duas descobertas fundamentais ou
eu diria há uma descoberta que seria a descoberta de uma descontinuidade né o fou nesse momento é um filósofo da descontinuidade que levou a situar uma grande rutura que eu situaria em dois níveis de diferentes o nível das teorias e o nível das práticas o nível das teorias sobre a loucura e das práticas que dizem respeito ao louco nós vamos ver que loucura e louco se situam em níveis diferentes e o fou procurou situar não só situar esses níveis mas inclusive correlacioná-los de uma maneira bastante precisa eh na história da lura primeiro tipo de rutura
nesse nível das teorias eu acredito que fazendo mais ou menos Ao estilo dos epistemólogos uma história dos eles no sentido de uma história que parte do presente numa história que recua no tempo e vai procurando compatibilidades e incompatibilidades entre o que foi dito no presente e o que foi dito eh eh no passado o presente no caso a modernidade e no estudo que o fouc fez da modernidade ele privileg basicamente o século o passado a época clássica que para fou significa séculos 1 e século XV em todos os livros arqueológicos do fou o centro da
pesquisa considerado como época clássica entre o Renascimento e a modernidade tem dois balizamentos filosóficos tem dois barcos filosóficos descart início da época clássica Kant fim da época clássica início da modernidade portanto meados do século X Até final eh do século XVII portanto a rutura no nível da teoria que interessou Foucault foi entre modernidade e eh classicismo pois bem que rutura é essa O que é que Foucault descobriu de tão original e de tão importante a meu ver é o fato de que somente em um momento recente da história Ocidental no momento que tem como marco
filosófico a filosofia de Kant ou como marco político a Revolução Francesa pois bem até esse momento ainda não existia a categoria de doença mental me parece que uma das grandes descobertas desse livro livro que portanto é um livro conceitual que nesse sentido se refere sempre ao que o fazia a que faziam os epistemólogos no sentido de criticar uma história meramente descritiva meramente factual mas procurava dar conta dos conceitos sabendo que muito bem uma palavra é muito diferente de um conceito eh procurando privilegiar portanto As definições foua chegou à conclusão que conceitualmente era impossível falar de
e de doença mental antes do século XIX fundamentalmente antes de Pinel eh e esquirol que são os dois grandes criadores e da psiquiatria quer dizer o fato de que antes de se tornar doença mental com pineu com esquirol e outros psiquiatras do século XVII início do século antes de ser doença mental a loucura era apenas doença a loucura como doença e não doença mental uma doença como as outras estava integrada num tipo específico de racionalidade médica da época clássica vejam portanto uma rutura no nível da teoria mais específicamente no nível das teorias médicas que chegou
à conclusão da não existência de uma medicina especial para dar conta dela e tentou ver comparando tratados sobre loucura do século X e do século X que havia uma portanto descontinuidade uma incompatibilidade entre o que diziam esses médicos psiquiatras de uma medicina espcial e aquilo que era dito sobre a loucura ainda na época clássica eh pelos médicos no momento que não existia propriamente ainda uma diferença entre o físico e o Mental para caracterizar dois tipos de medicina e dois tipos eh específicos de doença pois bem o Foucault aprofundará Esse aspecto da teoria eh da doença
que aparece já na história da loucura em seu livro seguinte é um livro A História da loucura é um livro de 60 61 é a sua tese de doutorado e em 63 fouc me parece um pouco com as sobras daquilo que que foi sua primeira grande pesquisa publicou um outro livro chamado o nascimento da Clínica onde ele justamente mostrará que essa medicina clássica diferente da Medicina moderna de novo a questão da rutura no nível das teorias entre uma medicina clássica e uma medicina moderna ele mostrará que essa medicina clássica é uma medicina que ele chamou
de classificatória quer dizer é uma medicina das espécies é uma medicina das espécies patológicas sim o sonho do grande classificador das doenças voed svag era ser o Lineu das doenças e significa aquilo que Lineu fazia na botânica na zoologia na história natural enfim eh guedo selvagem procurou fazer no campo das doenças ent quer dizer há um privilégio dos sintomas a doença é um conjunto de sintomas e eh eh classificar doenças é estabelecer identidade e diferença entre elas a partir desse aglomerado de sintomas portanto a medicina clássica é uma medicina classific uma medicina das espécies patológicas
que seguindo modelo da história natural tal como ela faz em relação às plantas e aos animais procura estabelecer identidad e diferença entre as doenças organizando um quadro é isso que é classificar organizar um quadro em termos de classes ordens gêneros e espécies primeira conclusão não há na época clássica uma medicina especial como a medicina psiquiátrica que se Funda na distinção entre o físico e o mental as doenças estavam no mesmo nível e era nesse espaço nosográfico elas eram classificadas de acordo com os seus sintomas não há uma natureza específica da doença mental como passará a
existir no momento inclusive que nasce a anátomo clínica como medicina orgânica moderna e a psiquiatria Define um tipo de doença que em princípio eh seria original com relação a essas doenças eh orgânicas e que eram estudadas é pela anatomia a partir da anatomia eh patológico na chamada natom Clínica é revolução de bichad de linec etc que o Foucault justamente estudou nesse livro na insento da clínica que procura contrapor esses dois tipos de racionalidade médica portanto apesar das dificuldades apesar das resistências apesar dos obstáculos que o conhecimento da loucura na época clássica encontra para se integrar
na racionalidade médica da época pode-se dizer que de um modo geral a loucura é uma doença como as outras só que com sintomas diferentes das outras então eu dizia tentativa de dar uma ideia geral desse livro que me parece importante oou no nível da teoria da doença uma rutura entre a racionalidade clássica e a racionalidade moderna em termos de conceito de doença mental e da Doença tal como era entendida na época clássica sem distinguir o físico e o mental segundo tipo de rutura é que a história da loucura estabelece uma rutura ainda mais importante e
cheia de consequências do que essa que eu acabo de assinalar é a seguinte é que antes da revolução francesa antes de pin esol não havia propriamente Hospital Psiquiátrico não havia propriamente uma instituição terapêutica para os loucos para os loucos considerados como doentes mentais portanto no nível não havia doentes mentais por outro lado não existia hospício não existia Hospital Psiquiátrico aquilo que foi chamado Hospital Geral e que foi criado na França por luí XIV em 1656 é um Marco eh político importante de um tipo de lidar não propriamente com a loucura e sim com louco veja
como eu estou estabelecendo dois níveis para para esses termos eh portanto Marco importante daquilo que usando uma terminologia da época é o Foucault se apropriou e chamou de Grande enclausuramento clássico portanto uma rutura entre o Hospital Psiquiátrico moderno e o Grande enclausuramento clássico em meados do século curiosamente a época de descart é a época da grande exclusão da loucura da sociedade esse Grande juramento eh estudado exaustivamente por focou nesse livro não é propriamente uma instituição médica segundo Foucault se trata de uma entidade assistencial uma entidade assistencial original que o Foucault como que situa entre a
polícia e a justiça e com a sua linguagem jocosa o Foucault sugere se tratar do que ele chama de Ordem Terceira da repressão quer dizer é uma entidade coercitiva é uma entidade repressiva que nada tem a ver com as questões da essência da loucura e da recuperação do louco mas que tem tudo a ver com a exclusão de indivíduos consideros perigosos por associais pois bem eu queria chamar atenção Para uma frase que me parece muito importante para entender esse grande livro é uma curta frase que diz o seguinte o século X ou a época clásica
deduz aouca o louco essa frase é muito importante porque ela aponta para uma espécie de dicotomia estrutural constitutiva da questão do louco e da loucura nesses séculos e quando ele diz o século X deduz A Loucura o que que ele tá querendo dizer el tá remetendo o conhecimento da loucura ao conhecimento médico da doença tá chamando de dedução da loucura o estabelecimento dessa classe eh de doença dessa através de uma medicina das espécies de uma medicina classificatória então a loucura fazia parte dessa racionalidade médica e ela era deduzida por essa árvore eh eh eh do
raciocínio do da argumentação do mesmo jeito que as outras mas desfoco ao mesmo tempo que o século X e o século XVI conhecem a loucura elas percebem eles percebem o louco isso quer dizer é como se a percepção do louco como e corporeidade como materialidade fosse independente da teoria da loucura o que é bastante condizente com a teoria médica clássica porque a ideia de que o conhecimento médico parte do exame do corpo para eh conhecer os seus sintomas e mais ainda a partir de bichar do exame do cadáver A partir dessa ideia de que a
noite da morte é como que e como que esclarece o dia eh do corpo sadil né é o grande conselho de bichar se vocês querem ser médicos não adianta passar pela pelo leito dos doentes Anotando os seus sintomas se vocês querem saber o que é a doença abram algust cadadas a partir desse momento é o momento justamente fundador da Medicina moderna é porque anátomo e Patologia e se encontra e na sua base pois bem esse é o momento em que a percepção e o conhecimento se juntam o é a modernidade ora o fouc tenta mostrar
que na época clássica a maneira como se lidava com o louco a maneira como se acionava socialmente como louco não é guiado pelo conhecimento que se tem da loucura quer dizer hoje para alguém ir para um hospício é preciso um atestado médico é preciso que o médico seja capaz de encontrar nele a loucura quer dizer na modernidade é o médico que tem o poder de diagnosticar a loucura nem sempre foi assim e e no século XV e o focou que analisou as cartas régias e na França e esses processos e de internação via muito bem
que não existia esse poder da Medicina sobre a loucura justamente por essa essa independência do louco ou da ação sobre o louco com relação a esse conhecimento teórico médico sobre a loucura portanto eu dizia eh a frase que mais ajuda a compreensão da história da loucura é essa a época clássica deduz A loucura mas percebe o louco de uma maneira independente como ela conhece a loucura pois bem o Fô Então vai evidenciar com a força impressionante de seu estilo como esse chamado Hospital Geral inaugurado por luí x esse Grande enclausuramento clássico constitui como ele produz
uma população que eu poderia dizer que para os nossos olhos modernos para os nossos olhos medicalizados para os nossos olhos humanizados porque Justamente a modernidade a partir da Revolução Francesa é o momento eh eh do humanismo quer dizer uma população que para nossos olhos modernos AP como heterogêna mas que para a percepção da época clássica é perfeitamente coerente Portanto o fato de considerar alguém como louco e eh isolá-lo numa determinada instituição que não é terapêutica mas que é fundamentalmente repressivo está ligado a uma de uma população totalmente diferente do fenômeno da loucura como nós conhecemos
na modernidade como doença mental Mas pensa foc inteiramente perfeitamente coerente com o que pensava moralmente socialmente a época clássica é que ele chamou uma percepção que tudo aquilo como que aparece como outro que aparece como outro da razão que aparece como diferente que aparece como estrangeiro aos olhos tanto da Razão quanto da moral ou de uma razão moral e social e por isso mesmo seria nesse momento classificado como desrazão ou se vocês preferirem como Desatino então o Foucault diz o hóspede desse Hospital Geral desse grande clausuro é mais do que o louco em todo caso
não é o louco individualizado percebido na sua especificidade é o louco como um elemento de uma população mais englobante formado de des RZO formado por desatinados que população é essa o Foucault mostra que é uma população que é um fenômeno que engloba primeiro fenômenos que dizem respeito à sexualidade melhor ainda a transgressão da sexualidade por exemplo foram internados nesse grande internamento nesse grande enclausuramento do entes Venos e alto lá doentes vérios que tinham pego a doença fora da família quer dizer com a prostituição então o próprio doente venério se transformava em caso de polícia e
era caracterizado nesses casos como um Deso ou então a prostituta ou então sodomita para quem já leu Foucault quem já leu Foucault sabe que homossexual é uma criação recente é uma criação do século XIX né se eu não me engano criado por crep não me lembro bem não sou muito bom de dat 1870 e pouco é a data de nascimento do homossexual quer dizer o fcou tenta chamar a atenção para que essa nomenclatura mesmo que pode não ser uma nomenclatura científica é mais do que uma terminologia vaga é uma uma terminologia que tem um sentido
conceitual profundo e que mesmo que não faça parte de nenhuma ciência ou que faça parte ou que não faça parte de nenhuma ciência rigorosa de nenhuma ciência real pode ser estudada conceitualmente porque talvez não diga alguma coisa cientificamente mas diz alguma coisa O que é que diz então foc chamou atenção para isso a homossexualidade eh embora a gente hoje use isso eh corriqueiramente a Sexualidade é é uma terminologia nascida pela medicina nascida na medicina nascida psiquiátrica na Psiquiatria e é alguma coisa que não diz só respeito ao ato é alguma coisa que diz respeito a
um comportamento o eh o psiquiatra vê o homossexual como um bicho estranho como o bicho que tem uma determinada configuração independente daquele ato que seria somente a expressão de um tipo de vida ola o sodomita não isso é que o que iria dizer nessa instituição ao lado de doentes vérios ao lado de prostitutas quando a gente considera essa população que foi internado eh tendo rel Edir a Sexualidade se encontra também essa categoria do sodomita que é uma categoria muito mais legal do que é propriamente médica mas ao lado disso O foua encontrou uma outra categoria
trancafiada eh nessa instituição e que ele usou um termo da época para caracterizá-la que é desordem do coração O que é um desordeiro do do coração simplesmente muita gente hoje seria aqui no Brasil e trancafiado alguém que é acusado de magia alguém que é acusado de feitiçaria alguém que é acusado de Alquimia quer dizer muito best cé brasileiro talvez tivesse um grande internamento claro o que mostra que nós não somos tão modernos assim terceiro tipo de de elementos que constitui essa população a libertinagem o libertino E aí talvez vocês não ignorem que que desculp [Risadas]
faz aa eh kad foi um dos elementos mais célebres é dessa população pois bem a ideia de Foucault é que nesse grande enclausuramento você encontrava trancafiado ao lado dos delitos contra a Sexualidade os delitos contra a ordem do coração e a libertinagem vocês encontravam finalmente o louco era essa a população para nossos olhos heterogênea mas que para a época não deveria ser assim tão heterogênea no sentido que a partir dos mesmos critérios essa população eh foi constituída o louco Portanto digo para concluir esse segundo ponto o louco na época clássica e não panto a loucura
é parte integrante de um perigo que é a razão clássica não como a Razão Pura como a razão científica como a razão médica mas sim como a razão moral como a razão social classifica e ao mesmo tempo desclassifica como di razão como ausência de razão como negatividade da razão e assim exclui da sociedade quer dizer dizer que o racionalismo clássico é puro é dizer que ele se purificou com a exclusão com a recusa com o desprezo de toda uma população que justamente escapava e dos seus limites a portanto como procurei eh evidenciar rutura tô concluindo
os dois primeiros pontos para passar adiante H uma rutura tanto entre as noções de doença mental e do doença e de doença é o nível da dedução da loucura e segundo nível entre o hospício moderno como instituição terapêutica e o grande enclausuramento no que diz respeito às práticas de internamento do Luco mas e eu vou tentar agora ligar esses dois aspectos a meu ver só se poderá seguir o fio da argumentação desse livro complicado talvez erodito demais sofisticado demais na linguagem que muitas vezes dificulta a sua compreensão eu acho que pode conseguir o fio condutor
da argumentação da história da loucura quem se D conta de que essas ruturas entre época clássica e a modernidade não são totais quem se conta de que as teorias e as práticas não são paraou nesse momento Independentes do antes pass portant euo para cont do que oid com emação que entre modidade e época clássica há sempre condições anteriores históricas de possibilidade tomando o exemplo da loucura esse primeiro grande livro do fouc é uma Crítica da Razão é uma análise dos limites da Razão uma análise uma análise das Fronteiras que em épocas diferentes a razão estabelece
desloca excluindo o que ameaça sua ordem Mas além disso esse deslocamento descontínuo é a questão da rutura esse deslocamento descontínuo de fronteiras é para focou um processo e um processo orientado é um processo que tem um determinado sentido que sentido é esse é um processo que se faz no sentido de uma crescente subordinação da loucura à razão crescente subordinação da loucura a razão que tem como última etapa a nossa etapa a etapa moderna a psiquiatria ou aquilo que o Foucault chama várias vezes de psicologização da loucura a psicologização da loucura é uma radicalização de um
processo histórico mas mais ainda de um processo histórico de dominação O que significa dizer que a psiquiatria que a psicologia se constitui sim na época moderna antes não existia segundo fou mas se constitui a partir de condições de possibilidade que são anteriores Mas isso não é tudo eu acho que para entender todo o alcance dessa formulação de condições anteriores históricas de possibilidade né aquilo que ocasionou aquilo que possibilitou o surgimento da modernidade nesse Campo específico é preciso se dar conta que toda a argumentação do Foucault aponta não só para as origens dessa psicologização e sim
para aquilo que eu chamaria de suas baixas origens que seriam origens não propriamente teóricas e sim práticas usando uma terminologia mais recente do Fô origens que se dão em termos de relações de poder ou de relações de forças eu diria no numa terminologia da época da história da loucura essas origens dessa psicologização moderna são as condições históricas de possibilidade mais institucionais do que teóricas que que eu tô querendo dizer com isso é que a psicologização da loucura é fundamentalmente o resultado de um processo de humanização moderna dos regimes punitivos humanização que na época da Revolução
Francesa instaurou sim novas técnicas de controle social quer dizer o foua diria a libertação dos loucos realizada por pin é um simples euo quer dizer quando eu falo de baixas origens ou de origens mais institucionais do que teóricas eu estou querendo assinalar o fato de que foi menos o exame médico que especificou a loucura que examinou o louco que individualizou o louco constituindo como doente mental do que a organização o funcionamento e a transformação de instituições de reclusão quer dizer esse nível da prática ou das instituições para Foucault enquanto análise da Constituição desse saberes da
modernidade é mais importante do que propriamente o nível eh das teorias ou dos conhecimentos em suma concluindo esse ponto a loucura só foi objeto de conhecimento científico na modernidade porque foi primeiro objeto de comunhão comunhão moral comunhão social daí E é uma das frases lapidares e terríveis de fouc daí fou ser tão incisivo ao dizer o seguinte é como que uma provocação como que um desafio que ele coloca para os profissionais da da área pensarem as suas origens ou as suas baixas e origens é o papel do Historiador filósofo dos saberes a frase é essa
que eu digo com minhas palavras mas o sentido é esse a psicologia jamais poderá enunciar a verdade da loucura por porque é a loucura que detém a verdade da Psicologia quer dizer a psicologia é o resultado de um processo é o resultado de um processo onde a loucura foi constituída a partir de relações fundamentalmente de força seriam as baixas origens dos saber soou nega assim que a medicalização que a psicologização da loucura seja o resultado de um progresso vocês vejam que ele faz o contrário do que fazem os epistemólogos o bachel chegava a dizer a
ciência é o único lugar onde nós podemos provar a existência de um progresso não é para o epistemólogo A ciência é o itinerário do entendimento ou da razão para a verdade não é o bachel dizia nunca se viu uma decadência científica numa ciência a ciência sempre progride o que significa dizer a o máximo o ápice da de uma ciência é a última linguagem falada por essa ciência e é por isso que os epistemólogos partem da atualidade quer dier dos conceitos mais bem elaborados num determinada ciência voltam atrás quer dizer rec no tempo e procuro descrever
elucidar a a história racional daquela ciência que é a história de uma descoberta Progress e sempre mais aperfeiçoada da racionalidade é isso que fazem os epistemólogos pois bem o Foucault embora profund marcado pelo método dos seus professores e aí eu faria um parêntese porque no fundo uma palestra os parentes são as coisas mais interessantes e já que estamos na universidade tem muo aluno e muita gente tá fazendo tese há uma coisa que me extasia nesse livro do F porque justamente ele é uma tese e é uma tese de uma liberdade absurdamente grande né É muito
difícil ser livre quando se trata de pensar existe as exões acadêmicas que todos vocês conhecem eh o diretor de tese que interfere eh eh o saber que é vinculado num determinada sociedade a gente sabe que a gente sempre pode falar de determinadas coisas eu me lembro que uma vez fui dar um curso do mestre e no México todo mundo é da situação mas todo mundo é marxista todo mundo é vocês sabem que é o partido revolucionário institucional que é meio uma contradição nos termos e foi uma experiência ao mesmo tempo estranha e terrível porque você
pode dizer o que você quiser com tanto que você Vista numa terminologia marxista entende quer dizer e e uma terminologia de palitó ninguém fala sem palitó quer dizer há uma certa rigidez na maneira de falar e se você ouve aquela terminologia você fica tranquilo porque você sabe que todos nós fazemos parte da mesma família mas você pode dizer o que você quiser pois bem mas todos nós conhecemos isso o que eu dizia me extasia nesse livro é o meu parêntese é que foi uma tese de doutorado do Foucault e foua era filósofo aluno da principal
instituição e francesa do ensino filosófico até hoje que é a Escola Normal eh superior pois bem e e ele foi aluno de merl Ponti ele foi portanto um fenomenólogo grande fenomenólogo francês ele foi aluno de aoser que logo mais na década de 60 se tornava o grande filósofo marxista eh francês quer dizer Aé conseguiu mais ou menos fazer um casamento do Marxismo com a filosofia que a gente sabe que marcou todo uma geração de pensadores franceses né um casamento da epistemologia eh com o Marxismo que no fundo foi muito importante portanto Marxismo fenomenologia eh epistemologia
não é ele foi aluno sei lá do kem não é do bachel e assim por diante e no final não eu tô esquecendo do fundamental que é nit sobre o qual eu vou falar Eh mais profundamente e o que é maravilhoso a meu ver né porque eu falava para os que fazem tese né Por que que nós vimos numa tese geral tese que tem como essa aí análise de conteúdo análise de realidade análise de uma situação concreta é que você sempre tem o primeiro capítulo a primeira parte que a vez se chama de Marco teórico
onde a gente aprofunda a metodologia que vai usar mostra em quem está fundado e quem legitima aquela pesquisa que a gente vai fazer e quando você vê mesmo a pes pesquisa que é feita é muito pobre a pessoa passou muito mais tempo estudando instrumental teórico do que entende utilizando aquilo para conhecer a realidade né me lembra muito daquela metáfora do malsetum hoje não se cita mais esses autores eh eh quer dizer que o revólver n é uma arma não é para ser polida não é mas ela ela serve para atirar né muitas vezes ele tá
muito mais polindo os instrumentos do que preocupado em tirar né e atirar metaforicamente no campo da produção eh de conhecimentos então o eu dizia o que me extasia nesse livro é como Foucault foi capaz de integrar eh influências inspirações tão díspares e fazer uma coisa que é dele que você não pode mais eh classificar sobre nenhuma dessas rubricas embora você analisando pode detectar entende a presença de vários elentos vindo de outras configurações teóricas mas aí é o Primeiro Momento de um método se a gente pode chamar isso de método porque em cada livro ele fez
de uma maneira diferente F é uma pessoa que se interesse muito pela fidelidade ele jamais foi fiel aos seus próprios pensamentos Essa é a minha hipótese e para dizer isso eu já que eu estou nesse parêntese eu acabaria dizendo o seguinte acabaria o parentes dizendo que há uma frase do da do final da introdução se eu não me engano da arqueologia de saber que diz o seguinte não me perguntem quem eu sou É o focou não é um floss da identidade nem me peçam para permanecer o mesmo essa é uma moral de estado civil ela
rege os nossos papéis que ela nos deixe Livres quando se trata de escrever e de pensar então isso eu acho muito importante tanto para esclarecer o pensamento do fouc como eu acho que pode ser uma um lembrete para todos nós que temos sempre que nos deparar com o pensamento dos outros mas com o objetivo me parece fundamental de ousar pensar então eu dizia fouc ao falar de uma psicologização da loucura nega E aí foi por isso que eu fiz esse parêntese para estabelecer que existe uma com a epistemologia mas que não é uma relação de
Servidão entende de que ele não segue cegamente aquilo que fizeram seus seus Mestres ele eh nega que haja eh um progresso que teria levado ao desvelamento progressivo da essência da loucura na modernidade como diria um psquiatra e ou psicólogo ciem que foi o seu orientador de tese chegou a dizer na defesa da tese que um dos pontos autos do livro era o questionamento das origens do estatuto científico da Psicologia Cil tem um texto importante sobre o que é psicologia onde ele tenta mostrar e de que essa psicologia moderna foi fundada Digamos que isso que disse
k é verdade mas digamos iso para imediatamente perguntar é isso que tá me interessando como é possível colocar em questão o estatuto de cientificidade da Psicologia se Diferentemente dos epistemólogos focou não privilegia o progresso de uma ciência e mais ainda não toma a cientificidade ou a racionalidade científica definida pela atualidade de uma ciência como uma Norma para avaliar o passado para avaliar a história da psiquiatrização da psicologização da loucura como faz a eh psicologia como faz a desculpe a epistemologia e com efeito Foucault enuncia explicitamente no prefácio da primeira edição do livro que a gente
não encontra por exemplo na segunda edição que foi essa que eh Serviu de base para a tradução brasileira ele chegou a dizer E aí vocês vejam como ele se distancia do que faz os epistemólogos que sua escolha não foi partir do que ele chamou e eu acho que o termo é maravilhoso na sua ambivalência na sua ambiguidade ele diz ao fazer a história da Loucura eu não quis partir de verdades terminais que são justamente as últimas verdades mas ao mesmo tempo aquelas que estão a ponto de morrer ele quis isso sim se desvencilhar de qualquer
verdade psiquiátrica quis usar uma linguagem que ele chamou de neutra que eu interpretaria como sendo uma linguagem livre da terminologia científica e vejam bem quis fazer tudo isso para ser capaz de se aproximar das palavras da loucura das palavras do louco quer dizer utilizar-se de uma linguagem isso vai interpretar de uma linguagem sem apoio científico para ir até o fundo que seria o lugar da loucura e trazer a superfície da linguagem da Razão as condições de sua separação com relação à loucura quer dizer a linguagem racional a linguagem científica sobre a loucura em vez de
desvelar em vez de revelar em vez de descobrir a essência da loucura para o fou encobrir velou ora portanto seria necessário escapar de uma outra linguagem científico racional para ser acolhedor a essa palavra e eh colocar em questão essa antinomia que é constitutiva do próprio nascimento da Razão clássica e da Razão eh moderna como o fou pode fazer isso é o que eu perguntava como ele pode eh ser crítico à psicologização da loucura se ele não partiu de um discurso da própria razão para eh para mostrar as insuficiências das formulações científicas sobre a razão quer
dizer como Foucault foi capaz de fazer uma crítica se ele não fazia uma Crítica da Razão pela razão eu diria que e é talvez a hipótese mais importante Existe alguma coisa importante nso que eu tô dizendo o que eu direi hoje é que se fou pode não partir do que ele chamou verdades terminais se fou pode usar uma linguagem sem apoio na razão científica por exemplo a psiquiatria a psicanálise sem ao mesmo tempo ter se contentado com uma história meramente factual meramente descritiva ele era discípulo dos epistemólogos que faziam uma história conceitual pois bem se
ele foi capaz disso a meu ver é porque ele partiu aquilo que ele chamou de experiência trágica então eu tô entrando no último ponto mais um ponto dessa exposição ele privilegiou não a verdade a última verdade de uma ciência mas ele privilegiou aquilo que escapava a ciência da loucura que é uma experiência trágica como sendo um valor positivo para avaliar as teorias e as práticas históricas sobre a loucura e o l que é que eu estou querendo dizer com isso est querem dizer que significa que a loucura tal como aparece nesse livro além de figura
histórica figura histórica que se modifica com o tempo no Renascimento de tal modo falar sobre depois na época clássica de um outro modo na modernidade de um outro modo ainda mais diferente quer dizer a loucura além de figura histórica é também e mesmo fundamentalmente uma experiência mais ainda uma experiência trágica no sentido de uma experiência originária de uma realidade essencial poderia dizer mesmo de uma verdade ontológica pois bem essa experiência originária Foi ela que a razão encobriu foi ela que a razão ocultou mascarou dominou embora segundo fouc não tenha destruído totalmente a razão portanto teria
encoberto e não descoberto a essência da loucura e se teria se encobriu a loucura Foi simplesmente Veja a explicação no nível das baixas origens por ela ter se mostrado ameaçadora ter se mostrado perigosa para a ordem da razão a meu ver a ideia de uma experiência trágica da loucura e a função que ela desempenha nesse livro chamada a história da loucura é o que mais a meu ver afasta o livro da epistemologia e mais o aproxima da filosofia de nietz sobretudo do modo como a filosofia de nietz é formulada também no seu primeiro livro que
é o nascimento da tragédia A esse respeito é que a história da loucura apresenta uma homologia estrutural surpreendente com esse primeiro livro de o nascimento da tragédia pois Qual é o objetivo final útimo objetivo obo em última instância do nascimento da tragédia é uma denúncia da modernidade é uma denúncia da modernidade como uma civilização socrática e é super interessante eu tô dizendo o primeiro fou é um fou que estabelece uma rotura entre eh modernidade e época clássica para explicar ou para criticar o humanismo da O que é um crítico do humanismo da modernidade ele fez
uma crítica da modernidade que não estabeleceu uma rura tão curta ele foi muito além ele recuou muito mais no tempo e Ele denunciou a civilização moderna como sendo nista como sendo A negação da própria vida voltando aos próprios gregos a esse momento de Constituição da metafísica clássica que é o momento da instituição da razão e de uma razão dicotômica quer dizer a razão que produz as diferenças entre as dicotomias e as oposições que o n chama de oposição metafísica entre verdade e erro bem e mal eternidade e tempo e assim por diante eu diria o
fouc Segue a meu ver uma aspiração niti e de crítica do nilismo da modernidade no caso do Foucault o que ele chama de humanismo e da modernidade no sentido em que o nascimento da tragédia esse primeiro livro eh procura denunciar essa a modernidade como uma civilização socrática racional por esse desejo ilimitado de verdade como n diz nessa época eh por sua eh por seu espírito científico ilimitado e ao mesmo tempo em que n critica eh a modernidade por sen n ilista ele saluda a o renascimento de uma experiência trágica do mundo renascimento dessa experiência trágica
que ele vê em algumas das realizações filosóficas e artísticas da própria modernidade agora como é que o niet vai relacionar essa essas criações filosóficas e artísticas da modernidade que ele vê como uma positividade é porque ele vai procurar traçar uma continuidade com esse mundo grego que é o mundo da experiência trá existente na tragédia grega quer dizer o nascimento da tragédia tem como qu três partes e estuda o nascimento da tragédia com e sófocles cinco primeiros itens para quem quiser ler o livro desculpe 10 primeiros itens nos cinco seguintes estuda a morte da tragédia a
partir de Sócrates e aquilo que eles cham do socratismo estético e finalmente nos 10 últimos itens estuda o renascimento da tragédia que ele procura situar em algumas filosofias e em algumas obras de arte da modernidade pois bem a base da experiência trágica está nessa tragédia grega que durante determinado momento no máxximo de 100 anos eh possibilitou e é essa é a grande elogio da arte que nietz faz nesse livro tão bonito possibilitou a tragédia que possibilitou pela arte a experiência do lado terrível do lado Tenebroso do lado cruel da vida aquilo que ele que ele
acha que é isso que a razão não pode suportar e por isso estabelece dicotomia de valores para alijar como erro como mal aquilo que é difícil tragar na nossa existência para niet a vida o mundo a existência tem uma ferida que essa ferida é impossível de ser sanada de ser curada como quer o eh otimismo da razão e veja como isso se exacerbou tá se exacerbando na modernidade e que para Crítica da Razão do n tem origem com a metafísica socrático platônica pois bem Me parece que o conceito mais importante do nascimento da tragédia é
esse conceito de experiência trágica que permite pela arte que o homem vivencia esse lado terrível Tenebroso Cruel da vida sem ser destruído por ele quer dizer a arte a arte trágica a arte dionisíaca é uma é uma forma de intensificar a própria alegria de viver mas essa experiência trágica que vigorou nesse momento que o que o niet considera como sendo Ápice eh eh da humanidade ela foi reprimida ela foi sufocada ela foi invalidada pelo eh socratismo pelo platonismo que justamente segundo ele subordina a criação artística a compreensão teórica ou foi reprimida invalidada pela metafísica que
como ele dirá depois em num outro livro além do bem e do mal criará a oposição de valores bem mal verdade ilusão etc oposição metafísica que está na origem da razão e que ele procurou desmistificar sem se situar no próprio nível da Razão veja como é parecido o que fez l com o que fará o jovem Foucault na sua tese de doutorado eu diria isso de uma outra maneira do mesmo modo que para a história do mundo ocidental é a recusa é o esquecimento da tragédia ou dessa experiência trágica da vida que é a única
maneira de da intensidade e alegria à própria vida a história da tal como fouc interpretou é a história do vínculo da racionalidade moderna tal como aparece nas ciências do Homem em um longo processo de dominação que Ao tornar a loucura objeto de ciência a despossuir dos seus antigos poderes são esses poderes de uma verdade de uma trágica eu acho inclusive Que belo Liv chamado o discurso filosófico da modernidade o tem inteira razão quando ele diz a respeito da história da loucura o arqueólogo é o modelo do Historiador da ciência que opera sobre a história da
razão e que aprendeu conit que a razão apenas se constitui ou melhor que a razão apenas constitui a sua estrutura pela via de exclusão dos elementos heterog e da concentração sobre si mesmo no caso concreto que eu estou analisando mas é só um caso concreto de outros que o f na época pretendia analisar entre por exemplo ele pensava no caso da sexualidade já nesse primeiro livro coisa que só na década de 80 interessante né quase 20 anos ou 20 anos depois é que ele foi ou 15 anos depois é que ele foi temz a história
da louca um livro escrito e a palavra é linda é uma citação do Foucault nesse prefácio que não foi retomado na edição ele diz é sob o sol da grande pesquisa niti que está situada está exposto esse livro eu diria se a história da loucura é um livro escrito sobre esse sol da grande pesquisa niti é antes de tudo porque nele a história da relação entre loucura e razão lembra-se que é um dos um dos títulos que eu dei hoje não é isso história da loucura Crítica da Razão é que essa história da relação entre
a razão e a loucura que considerou segundo o fou a loucura como uma negatividade essa história é realizada a a partir daquilo que ele também chamou inspirad Nite das estruturas atemporais do trágico e se a hipótese de uma experiência trágica se ela é decisiva no livro é porque a meu ver apenas essa experiência permite dizer a verdade da psiquiatria vocês estão lembrado a a psiquiatria a psicologia nunca dirá a verdade da loucura porque a loucura como experiência trágica que foi reprimida que detém a verdade da psiquiatria quer dizer se a essa hipótese de uma experiência
trágica da loucura é decisiva no livro é porque é ela que permite dizer a verdade da psquiatria a verdade da psicologização da loucura em outros termos que permitem situar a racionalidade sobre a loucura num processo histórico que é um processo de controle e de controle que tem um sentido de um controle cada vez mais eficaz efetuado pela razão controla que evidencia como uma cultura rejeita eu diria para empregar uma palavra de batalha a sua parte maldita para concluir Eu Vou estabelecer de uma maneira sintética esses três momentos dessa história de um controle que levou a
essa esse humanismo da modernidade no Renascimento Apesar e o primeiro e o primeiro capítulo desse livro é belíssimo né quem quer ção um pouquinho para ter uma ideia eu diria Leia o primeiro capítulo que chama justamente estuera Naves é a nave dos loucos né Eh eh eh é o nome de um poema de um eh de brante é o nome de um belo quadro de Bosch entende então o fouc vai trabalhar muito a partir da iconografia a partir da literatura o que era a experiência renascentista da loucura e entre outras coisas ele descobre uma hospitalidade
para loucura não é Não havia enclausuramento não é não havia reclusão da loucura n é os loucos normalmente eram considerad eram colocados em barcos em navios que navegavam nos rios da Europa que se reuniam em determinados lugares que que faziam seus festivais de loucura havia mesmo eleição para saber quem era o louco mais louco havia mesmo uma literatura da loucura que era lido que era consumido é na época pois bem ficou realmente esse capítulo é de uma beleza extraordinária porque o que é maravilhoso no focou é que a escritura dele eu eu li poucos filósofos
talvez nenhum que escrevesse tão bem quanto ele Talvez Sem dúvida que por um lado ele borda a linguagem não é é um um estilo que a gente poderia chamar de flamboaiã ou talvez e hoje o escrito literário valorizam muito isso um Estilo Barroco mas que por outro lado tem um sentido conceitual preciso uma vez o fou disse Pois é as pessoas dizer o e outros como delese queremos tirar quisemos tirar a filosofia dos muros da Universidade queríamos expandir uma discussão filosófica integrada na sociedade aí escolhemos um estilo uma linguagem filosófica ele diz e hoje muita
gente pensa que acha que Bacha que basta utilizar uma linguagem como essa para dizer alguma coisa quer dizer muita gente esquece que não não basta ter uma linguagem bonita elegante estilo estilo lampeão arn vô É para dizer alguma coisa né e eu uso gosto de usar uma metáfora Porque eu tive a sorte de trabalhar junto com o Foucault eu diria para usar uma figura do século X que eu gosto pensando em bossier o célebre orador que foi um dos né um dos pilares da prosa clássica francesa quer dizer para os eu diria que o Foucault
foi um grande orador fúnebre né tem aquela a pompa aquela elegância do dizer mas não é só isso e quem ficar só nesse nível eh eh eh pode se expor a não entender nada dele eu diria assim usando outra outra metáfora meio terrível que além de orientador de orador fúnebre ele é também rato de biblioteca quer dizer ele roeu muito livro e que eu acho que a grandiosidade justamente puxa eu tô fazendo muito elogia n mas eu devo tanto a ele que não custa nada eh eh né Aprendi tanto com ele Eh que que era
alguém que era capaz de ler 20 livros por dia D numa biblioteca ele uma vez chegou a dizer eu não leio mais eu procuro então ele tava já atrás de coisas que o livro sugeria que relacionava com o outro e eu tive a sorte de seguir os cursos do fou Olha aí o mais interessante aparece são os parentes É por isso que eu tô fazendo e a grande diferença que há entre os livros e os cursos os livros já traz tudo como o quê definidos Então você vai ler o livro como vi punir e você
encontra a grande hipótese a disciplina a normalização e pensa que aquilo veio num sonho b e não ver que aquilo foi fruto de grande trabalho onde mesmo própr palavra disciplina fou encontrou nos psiquiatras do século né ou então por exemplo célebre termo que ele popularizou o panóptico quando falou de panoptismo um termo que ninguém mais usava e que é o nome de um livro de B famoso jurc inglês do século XV pois bem oou eh era rato de biblioteca no sentido de que eu acho que as grandes hipóteses da sua filosofia nascia desse confronto com
os textos nesse confronto com o Real tá entendendo Foucault não partia daquilo que ele achava que já sabia sobre entende sobre eh O que eram as coisas normalmente a gente faz pesquisas para legitimar aquilo que a gente já sabe então é por isso que as pesquisas não tem interesse nenhum porque a gente só quer dizer de uma maneira com aparência de cientificidade maior uma coisa que a gente já aprendeu no primeiro texto que a gente leu então eu aprendi muito com E aí eu ligo isso a ideia de não fidelidade do fouc entende como ele
era capaz de se desdizer e eu acho que cada livro do fouc diz coisas diferentes não tem sentido dizer como eu disse na primeira vez que eu encontrei em tal livro tipo objeção de aluno você diz Tal Coisa e Tal livro e nessa outra você diz tal outro mas a final do conta onde é que tá a verdade o que que você tá querendo dizer que ação chata e ele riu que ele era uma pessoa muito descontar disse não isso tem melor importância aquele testo eu fiz nas costas assim que el piram para fazer uma
palestra eu não queria mas as pessoas insistiram eu fiz daquilo não ten valor nenhum quer dizer isso me fez ficar como é que um teórico desse Porto né que a gente vê assim aquela muralha de livros entre você e ele né masado que é como todos nós estava somente ousando pensar e usando pensar diferente não para criar uma identidade de autor que vocês sabem que isso não era uma coisa muito relevante eh para ele portanto tô chamando atenção eh para isso esses dois aspectos da da pesquisa do Foucault que eu chamei rato biblioteca e de
orador fun e uma vez eu que fiz vários cursos do colégio de Fran com ele eh eu me lembro que um dos anos eu eh descobri o seguinte o Foucault deu um curso de um semestre Tod de um ano todo e ele não conseguiu falar do que ele tava querendo falar só na última aula ele pediu desculpa e disse vocês me desculpem que só agora é que eu descobri o assunto do curso desse que maravilha entendendo Quem de Nós tem essa coragem né A gente parece que já sabe o que vai falar muitos anos antes
de começar a falar né então Justamente eu acho que é isso a grande aventura do fou e a coisa que me seduziu que foi é muito útil essa essa disponibilidade para o novo para o diferente e eh como uma espé de cobra que deixa várias peles entende no meio do caminho porque o importante é ir adiante fazendo novas coisas fim de pares eu dizia que não é Nascimento Apesar desta estranha hospitalidade que o vigora para com a loucura começa o incipiente controlo controle controle que se faz através daquilo que o fouc chama de crítica moral
quer dizer é no Renascimento que a loucura vai ser situada como ilusão filosoficamente é o momento de herasmo é o momento de montanha momento em que essa experiência é trágica essa experiência trágica do homem no mundo que ainda se expressa livremente na iconografia com Bosch com brug mesmo no teatro por exemplo no teatro Barroco de Shakespeare essa experiência trágica vai ser eh julgada por uma insubordinada a uma experiência crítica que vai privilegiar no saber já a verdade e a moral com isso vai colocar a loucura com ilusão na época clássica o controle né a história
pequena história do controle da loucura esse controle se faz através do racionalismo através do racionalismo clssico que não só por ilusão o que ainda integra na obra de arte mas que desclassifica a loucura como erro como o outro da verdade como o outro da razão é o momento talvez vocês todos saibam de descart é o momento em que a loucura é excluída pelo sujeito que duvida e o Foca eh fez uma análise da eh das medita ões metafísica de decart a loucura é excluída pelo sujeito que duvida é o momento em que a loucura se
torna condição de impossibilidade da loucura A ideia é essa se eu penso não posso ser louco e se se eu sou louco não posso pensar Vejam o que diz F para comentar e as meditações de descart se o homem pode sempre ser louco né cada um de nós na época clássica poderíamos enlouquecer se o homem pode sempre ser louco o pensamento veja bem a loucura é o outro do pensamento significa dizer a loucura é delírio do pensamento na modernidade a loucura não diz fundamentalmente respeito mais ao pensamento e respeito à vontade de respeito aos instintos
de respeito ao desejo então a loucura a partir de Pinel de esquirol não será mais fundamentalmente Delírio tanto que pindel ou esquirol descobrirá um conceito que aterrorizou juristas da época é a ideia de Monomania O que é o monomaníaco um maníaco todo mundo sabe né é o delirante O que é um monomaníaco é alguém que é normal em todas aspecto da vida menos um ele tem uma esquisitice Só que essa esquisitice varia pode ser religiosa é Human humania religiosa não tem muito não tem muito né Muito problema Você pode até eh chutar santas na televisão
faz parte de sintoma como outros disseram mas existe um tipo de Monomania que é perigoso que é a Monomania homicida é que você é totalmente normal em todo sentido da vida só que você tem um probleminha é que de vez em quando gosta de Matar Um e os médicos ficaram apavorados os juristas ficaram apavorados também porque se é assim todo mundo vai ser inocentado né Foi necessário esquirol escrever artigos e mostrar não mas a situação não vai ser melhor não porque ele não vai pra cadeia mas vai existe até hoje para o Manic Então mas
o que é interessante é isso quer dizer uma patologização da justiça como essa normalização médica penetrou todos os campos da sociedade quer dizer como se nós tivéssemos cada vez mais exposto ao perito no caso ao perito mico mas não chegamos lá vejam amos fou falando da época de decar se o homem pode sempre ser louco o pensamento como exercício de Soberania de um sujeito de um sujeito que se atribui o dever de conhec o verdadeiro falei o homem pode ser louco mas o pensamento enquanto tal não pode ser insensato não pode ser desrazoável continua fouc
traça-se uma linha divisória que logo tornará impossível as experiência tão familiar renascimento de uma razão desrazoável ou de uma razoável desrazão e o ficou conclui entre monten e descart algo se passou algo que diz respeito ao nascimento de uma rácio ao nascimento da Razão clássica que vigora ainda na modernidade enquanto Montain meditando diante de um poeta italiano tor qu Tao admira o tao perguntando-se se seu estado lastimoso ele estava louco não se deve a uma clareza grande demais que eu teria cegado veja bem uma clareza grande demais o próprio mon pergunta que exti Provavelmente na
loucura que essa sim teria cegado o que agora vigora é uma incompatibilidade absoluta entre o pensamento e a loucura incompatibilidade que tem como consequência a sua redução ao silêncio exclusão do pensamento correlato a uma exclusão da sociedade momento decisivo da história ocidental em que o homem como razão com afirmação da sabedoria do sujeito desse sujeito capaz de conhecer a verdade se torna impossibilidade da loucura finalmente terceiro momento dessa pequena história do controle da loucura na modernidade na modernidade o processo histórico de controle que o Foucault pretende iniciar atinge o máximo atinge o ápice de sua
eficácia através do nascimento das ciências do homem ciências que aceitando a loucura como alienação a patologizar pela primeira vez na história a patologizar criando Olha o início da minha palestra criando a categoria de doença mental e transformando o louco em doente mental que deveria habitar viver numa institução terapêutica eu que trabalhei o uma história da loucura no Brasil né que escrever esse livro que tem um título muito bonito né chamado da Nação da Norma em todas as ambiguidades e e ambivalências que eles sugerem eh fui levado a ler garanto que vocês nenhum de vocês deve
ter lido que ninguém L maiso ler o o livro doença mental do esquirol pois bem O esquirol Ali ensina como construir um ofício eh um hospício e ele diz justamente um um hospício é algo é uma instituição eh importante demais para ser eh entregue aos construtores ele tem que ser construído pelo médico por quê Porque era uma instituição médica e é a própria enquanto construção que o hospício cura imagine no hospício O que cura a a a loucura seria segundo o grande psiquiatra do início do século X o próprio espí quer dizer é uma grande
teoria médica do enclausuramento é o momento que tou sempre tomando parâmetros filosóficos é o momento de Hegel Hegel que no parágrafo 408 da sua enciclopédia onde por sinal Ele faz o elogio de pinu reggel faz defender que o louco olha como muda Veja a diferença entre modernidade e época clássica o louco deixou de regg que é o gênio mau triunfasse dentro dele mas diferente de descart ele diz mas ele não perdeu a razão né Para Para descart a Loucura era outro do pensamento Então nesse sentido o louco fica reduzido ao animalidade Era por isso que
na época ele era acorrentado entende nessas masmorras e assim por diante chega Pinel se eu não me engano em 1794 que e que foi eh eh mandatado pela Revolução Francesa para eh estudar para dirigir essas masmorras como sal Petri como e ele encontra os loucos presos aguilos e muitas vezes a os ratos vinham com as cheias né da do Rio e comia partes do corpo etc isso é contado pelo sobrinho que escreveu um livro elogi sobre o ato de libertação dos loucos pois bem quant Cião pin pinu para olhos apavorados dos membros da revolução que
o acompanhavam se aproximou dessa feras desses animais selvagens em cativeiro e o que que ele fez libertou desacorrentou E como que olha o milagre milagre da ciência como miraculos mente pel aquele ato de libertação Olha a é o nascimento da Liberdade como valou é político ao ao recobrar a liberdade eles recobraram a razão então a loucura não é ausência da razão é é um adormecimento da razão que pode ser sempre eh eh recuperado veja o que diz o reg o louco deixou que eu gênio mal da particularidade triunfasse dentro dele mas não perdeu a razão
continua tendo consciência do bem e do Mal olha como é diferente e o terapeuta Então olha a figura do terapeuta como se torna importante daí eu elogio Pinel e o Terapeuta pode assim apoiar-se no que existe de racional no duente para devolvê-lo ao melhor de si mesmo que é a razão deixando de ser erro deixando de ser falsidade deixando de ser não ser deixando de ser ou melhor eh deixando de ser erro falsidade não ser emo uma desrazão como na época clássica a loucura agora doença mental passa a dizer respeito à alma humana se lembram
o que eu disse na época clássica não existe essa diferença de corpo e alma agora a loucura penetrou na alma a loucura penetrou na interioridade da psicologização e da loucura quer dizer a loucura eh passa a estar sobre a inteira tutela da Razão antes era o outro da Razão agora ela faz parte mesmo do homem de razão só que ela está adormecida encoberta e precisa ser desvelada e precisa ser trazida à tona pelo médico pela figura do terapêutica é que se na loucura o homem pode aparecer alienado quer dizer afastado de si mesmo estrangeiro a
si mesmo a ação do terapeuta que como Foucault estudou muito bem é uma ação eminentemente moral a principal eh categoria terapêutica do início do século XIX era o tratamento moral não é quer dizer o médico clássico achava que podia curar a loucura eh por exemplo dando B duches na ducha ou banho de imersão era utilizado para determinadas doenças é assim que o Foucault abre o primeiro Capítulo do nascimento da clínica então a ducha ou o banho a imersão tem um sentido de uma terapêutica física como outra qualquer que pode ser usada a loucura ou para
outras eh doenças quando o médico moderno humanista eh usa quer dizer portanto um psiquiatra usa uma ducha fra a ducha tem um sentido de punir uma culpa um exemplo muito interessante desse psiquiatra francês chamado lerr é que ele tinha um paciente em Paris que achava que dizia sempre que era inglês e que morava em Londres que que ele faz ele resolve mostrar ao paciente que ele não é ingreja coisa nenhuma que no mar em Londres ele faz uma viagem de carruagem com esse louco e mostra n aqui o Arco do Triunfo nem sei se existia
na época aqui sem dúvida não existia e etc então ele o sujeito disz tá muito bem nós estamos em Paris Estamos em Paris quando ele chega no hospício Ele pergunta Quem é você disse eu sou inglês moro na Inglaterra que que é que ele faz ele diz Ah você é inglês ducha fria N E aí depois da ducha pergunta você ainda é inglês e até o momento que ele não aguenta mais ou então existe um outro tratamento importante também que usa métodos f fos para atingir o moral é o célebre purgante n o laxativo Né
o sujeito e reage à força do médico não é isso então o médico diz lá pro Ciro para enfermeiro e diz dá um purgante para ele no outro dia o tá todo borrado lá todo sujo o médico diz a como mas é você que quer me afrontar e basta eu me aproximar você já tá assim assim por diante quer dizer isso Parece brincadeira mas são considerados como tratamentos Morais e são eh escrito por teóricos grandes teóricos da psiquiatria do século XIX que demonstram que embora o duente mental considerado como alienado esteja afastado de si mesmo
essa ação terapêutica eminentemente moral pode desalienar pode libertá-lo pode trazê-lo de volta a sua essência a sua natureza a sua verdade pode torná-lo novamente apto para exercer a razão eu diria com modernidade se atinge finalmente a antropologa a psicologização a humanização da loucura duas observações terminar Foucault me parece ter tido uma grande ousadia ao utilizar um método Arqueológico método que ele criou em vez tinha falado disso antes criou Inclusive a partir fundamentalmente dos seus mestres epistemólogos que ousadia foi esse a ousadia de negar a a existência de uma verdade psicológica da loucura como pensa ainda
a modernidade mostrando que a história da loucura não é como dizem os epistemólogos com relação a outras ciências no caso da loucura no caso da psiquiatria ou da psicologização da loucura não é o itinerário progressivo da inteligência para a verdade é ao contrário a história de uma grande mentira em vez de descoberta encobrimento mas me parece que ousadia maior foi pensar prolongando a grande suspeita niana com relação à razão foi pensar que a loucura tem uma verdade essencial uma verade fundamental que foi progressivamente integrada à ordem da razão é esse controle progressivo mas que não
tendo sido inteiramente destruída essa loucura essencial vela silenciosa quando não se manifesta na Furação Furação de obras poéticas não científic mas de obras poéticas de obras filosóficas de certos artistas de certos filósofos como como R como Nal como Art como todos que um dia foram considerados loucos obras que para tem essa grandeimportância terem sido capazes de Resistir com sua força desmesurada que conseguiu vencer Essas barreiras esse cerco que a razão fez com relação à loucura silenciando conseguiu resistir com sua força ao gigantesco aprisionamento moral que constitui o monopólio da Razão sobre a loucura retomando em
seu primeiro livro essa experiência trágica do primeiro livro de niet retomando essa ideia de uma tragicidade fundamental da loucura como uma forma de calar a psicologia positivista e de dar uma positividade a uma possível relação não psicolog porque não morvel da Razão com a loucura me parece que oou iniciava um investigação que não era nem fiel a si mesma mas uma investigação que de modos diferentes em cada um de seus livros a meu ver objetivo principal Qual é fazer o homem despertar Dean M eu diria despertar quem sabe transfigurado de seu sonho antropológico que é
esse sonho do Sono da modernidade obrigado a partir do desejo veja bem a palavra desejo é muito grande eloquente sem dúvida o esquirol não utilizava tá entendendo mas vocês podem imaginar o que que tá por trás disso é uma espécie de diálogo mudo do Foucault com a psicanálise tá entendendo quer dizer o Foucault no fundo sempre quis levar em consideração que era feito eh na psicanálise uma das partes do meu da minha palestra aqui mas eu tive medo de cansar vocês eh eu deixei de lado que mas é um é um tema importante eu até
dou uma bibliografia importante existe enfim é curioso eu não ia falar provavelmente só sobre a história da Loucura eu ia fazer uma palestra mais geral sobre história da loucura e as palavras e as coisas eu no fundo eu queria dar conta mais da questão da modernidade e da relação com nides na obra arqueológica do foua mas eu quando eu fui preparar eu me dei conta que era coisa demais tá entendendo que essas análises são tão emcas são tão conceituais que eu tive meso entendendo de popularizada demais se eu fosse dar uma visão e entende geral
demais a eu disse não vou ficar só com a história da loucura o que foi maravilhoso para mim que me deu condições de reler parte desse livro que tem 700 páginas sei lá eh e ler alguns comentários que foram escritos por exemplo comentários logo depois da época exemp de um grande eh teórico da literatura e literato francês chamado eh blanch que foi importantíssimo para fou porque é um dos introdutores de n na França ent que foi um dos primeiros a escreverem eh eh textos sobre sobre eh a história da loucura o texto de Michel ser
que também tinha sido que é um Historiador e filósofo das ciências francês e é um texto mais reco de der ridar que eu aconselho a qu se interessa pela psicanálise que está numa coletânea organizada pela se lá PS analista Historiador da psicanal chamado rines entende que foi publicada pela editora redum relum de mará doará Eh chamada história da loucura esse texto chama fazer justiça a Freud então eu dizia eh quando Foucault sem Tuda falava de desejo ele tava querendo remeter a questão do desejo então era como que se ele quisesse e mostrar que o Freud
a psicanálise tem que ser pensado no contexto histórico que é o contexto da modernidade Olha esse contexto da modernidade é uma passagem de nível como você disse muito bem de um nível que define a loucura a partir da Razão como outro da Razão como a exterioridade absoluta da Razão quer dizer essa incompatibilidade entre loucura e pensamento e essa forma moderna de definir a loucura que diz que a a pessoa pode ser louco e não ter o seu pensamento eh atingido tá entendendo Então não é assim eh não há sinonímia entre loucura e delírio existe uma
mania que é uma loucura delirante Mas a partir de pinu fundamentalmente a partir de esquirol você pode não ter nenhum Delírio e você ser considerado louco o grande exemplo é a pesquisa que o Foucault fez de um caso de monomia homicida que é um dos primeiros casos de 1835 se eu não me engano eh do do pobre rapaz não é isso que matou Pierre rier matou sua mãe e seus irmãos e E aí foi preso que não foi considerado louco quer dizer ainda se tinha uma concepção delirante de loucura e o que interessante nesse caso
é que os psiquiatras franceses de a elite do pensamento francês da de Paris sem analisar o caso escreveu uma perícia sem analisar para mostrar que ele era louco porque ele não era que quem não tinha visto ele como louco tava usando ainda uma concepção defasada de loucura tá entendendo quer dizer por que que ele não seria louco porque depois de cometer o crime ele escreveu o memar uma memória não é isso e explicando por matou a mãe os irmãos etc portanto não é propriamente loucura você viu Muito bem é uma é uma um deslocamento de
nível uma mutação de nível do pensamento para algo que seria mais fundamental que é o extinto à vontade a gente pode daí gente passou de uma disciplinamento da Razão disciplinamento do desejo é quer dizer da Razão clássica pra modernidade nessa rutura passou de um disciplinamento da razão é exatamente quer dizer e veja bem Olha é curioso que você veja como fou muda né como ele aprende eu em nenhum momento falei de disciplina aqui esse conceito é incompatível com a história da loucura o Foucault tá muito marcado pelas ideias de bat na época entende Foucault aprendeu
muito com três pensadores franceses que mais ou menos fizeram filosofia fora da filosofia batai clov e blanchot entend então focou nesse livro Eu Tô interessado porque atualmente eu tô voltando ao foca quer dizer há 15 anos eu não estudava focault muito tempo estô voltando agora porque professas Me cham assim antigamente eu não aceitava mas aí Deixei de ser tão pido porque deixar de conhecer de rever uma cidade tão bonita como Florian que não quero falar do F E aí quando eu comecei a estudar fui de novo pego por aquilo por aquele riso Infernal do fou
por aquele estilo diabólico del E aí tô voltando e meu caminho porque eu justamente como ela falou tô escrevendo sobre osar dústria né e é uma questão parecida quando focou o NS é um filósofo é um crítico da racionalidade só que o grande problema como é que você pode fazer uma crítica da racionalidade fora da própria razão e o niet se colocou essa questão 15 anos depois de da do nascimento da CL já T cansado tudo do nascimento da tragédia ele disse esse livro é péssimo aí falou muito mal do livro dele disse mas não
criticou Fundamental e disse ele é muito mal escrito etc e o que é que ele faz ele faz uma Crítica da Razão ser L que eu disse a vocês sociedade moderna sociedade socrática de um desejo limitado de razão e de verdade ele faz uma crítica da razão em nome da experiência trágica mas como é que ele faz essa crítica num linguagem ainda racional então ele dizia não haverá uma contradição não haverá um círculo não haverá uma petição de princípio como é que eu posso fazer uma crítica da racionalidade nome do trágico se eu estou usando
uma linguagem racional então niet em 1885 portanto 15 anos depois ele diz eu deveria ter cantado pois bem minha hipótese é que o o zarat de é o canto que ele não cantou com primeiro livro quer dizer o zarat é o livro trágico por Excelência de niet porque é o livro que tenta construir um pensamento filosófico de uma maneira não racional até mesmo na sua linguagem é isso é toda a tentativa da filosofia do no zaratustra através de uma linguagem que não é sistemática que não é conceitual Mas é uma linguagem poétic dramática então eu
t tentando escrever ou acabar um livro que eu chamaria assim falou tragédia Nana é o momento que não era nada hum eu sou o primeiro trágico nem os gregos er assim eles er ainda eram ainda eram moralistas demais tá entendendo Então eu acho que esta questão da racionalidade tá presente esse tipo deurs eu já falei tanto né Eu agradeço então a vocês a não ser que vocês queiram falar eu já conhecia Florianópolis já tinha sido se não engo por duas vezes pelos estudantes de filosofia Cheguei já a falar sobre foc aqui e adorei a cidade
pois bem e vim pelo que o n oar professor de Filosofia digamos a caridade de passear comigo assim pela cidade já me mostrou novamente né a beleza que aqui existe então eu queria primeiro manifestar essa alegria de est aqui que eu espero ter passado para vocês mas também veja bem eu quero chamar a atenção para uma coisa que vocês sab certamente mas é sempre bom lembrar eu tô falando do alto eu tô falando com microfone e eu tô falando fazendo um teatro que é o teatro do professor que a gente sabe que é atou como
outro qualquer e tem que ser até melhor porque tá falando de coisas mais espinhas muito mais terríveis do que se eu esse aqui cantar para vocês né eu teria sido eh eh muito mais recompensado pela pelo seu riso pois bem né porque há uma leveza muito maior no canto do que no discurso é teórico não é e é justamente esses filósofos que me interessaram né foram muito marcados Por nietz que que justamente dá ao pensamento filosófico a intensidade que ele via na música vocês sabem que seguindo uma linhagem alemã do Wagner do Bol etc H
como que uma para eles uma uma uma prevalência uma eh e prioridade da da música sobre a palavra teve a música como linguagem Universal assim por diante pois bem então queria dizer o seguinte que tudo isso que eu falei aqui é super provisório tá entendendo provisório tanto pelo focou muito dessas ideias ele reformulou e falou de maneira diferente Ou então deixou de falar porque ele tinha outras coisas sobre os quais ele queria falar portanto não é nada para ser repetido para ser seguido cada um tem que fazer Criar o seu pensamento né Essa Justamente a
lição desses mestes que não querem ter discípulos e não podem ter discípulos porque não acreditam mais uma verdade racional objetiva neutra eh Universal e assim por diante né que acredito que al a a verdade é singular e tá ligada aos afetos e assim por diante mas também queria dizer que há uma provisoriedade no que eu disse tá entendendo Aqui é um esforço meu 15 anos anos depois de ter me calado sobre f porque tinha outras coisas a fazer que com essa oportunidade voltei a e tô usando um pouco isso mas com objetivo preciso que talvez
seja um caminho que eu V seguir Quem sabe se um dia eu falo aqui sobre ele é que seria Foucault e a literatura fouc a arte falar mais sobre Esse aspecto que é o impensado do livro ao qual fouc se refere do qual ele parte com essa ideia de uma experiência trágica de dade essencial da loucura e que ele viu nos grandes artistas e num grande filósofo como MIT pois bem ele fala pouco nesse livro mas agora a gente tem as obras eh dispersas do fouc que estavam publicado em textos eh tipo artigos conferências etc
né nesses ditos e escritos né quatro grandes volumes cada um de 800 páginas Então hoje a gente tem tamb do Corpus a não ser os cursos e o livro que não foi publicado ainda que o focou disse que não se publicasse nada aquilo não tivesse publicado antes mas eu já soube que vão desobedecer a esse Testamento dele Ah éa bem né E vamos publicar os cursos e até esse curso porque não tem sentido privar a gente Dessa possibilidade de conhecer esse lado que só alguns eh tiveram acesso pois bem então esses textos da década de
60 eu fiz uma grande descoberta Já que eu não sabia quando eu comecei a estudar sistematicamente em ordem cronológica Praticamente tudo o que o Foucault escreveu na década de 60 foi sobre arte literativo inspirada nessa questão da linguagem artística literária eu criei até uma hipótese que correlato as pesquisas arqueológicas Foucault pensou da linguagem artística e literária de uma maneira diferente cheguei provisoriamente para para uma pesquisa futura e situar três momentos um correlato é esse em que ele vai desenvolver textto sobre escritores e artistas para pensar a questão da relação entre linguagem e loucura no segundo
momento que é o momento do nascimento da Clínica e é o momento onde Ele publicou um livro sobre um grande escritor que é nerval eh desculpe eh remon O que que ele estudou fundamentalmente nesse livro a relação entre literatura a morte é interessante veja bem a clínica eu cheguei a falar não podia ficar muito tempo nisso eh que a a a ciente médica moderna rompe com a medicina clássica classificatória porque ela abre cadáver quer dizer porque ela é fundada na anátomo patologia quer dizer porque a loucura é aquilo que vai esclarecer a doença e até
o estado saio quer dizer essa coisa aí que na modernidade o normal foi estudado a partir do patológico então é super interessante que o ficou tematiza isso do ponto de vista da literatura procurando uma relação entre a linguagem artística e a morte finalmente momento de as palavras e as coisas em que o fouc vai criar uma expressão que ele vai ver nela a possibilidade de criticar e de encontrar nessa maneira como a linguagem é tematizada artisticamente uma espéci de antídoto ou