Bom, vamos lá, galera. De longe, a pergunta que eu mais recebo aqui nos comentários do YouTube e também na DM do Instagram é: "Como que eu consegui a tão sonhada vaga de programador aqui nos Estados Unidos, né? " Muita gente assiste meus vídeos de rotina aqui, vivendo aqui, trabalhando presencial em um escritório com programação, mostrando minha evolução.
E elas ficam se perguntando como que eu cheguei aqui, porque muita gente tem vontade de fazer igual. E no vídeo de hoje vou contar para vocês um pouquinho da minha história para vocês entenderem melhor. Antes de qualquer coisa, deixa eu me apresentar rapidinho.
Meu nome é Pedro, eu tenho 25 anos e eu já moro aqui nos Estados Unidos há praticamente 10 anos, galera. Vai fazer uma década que eu tô aqui. É até difícil de acreditar, mas eu vim para cá com 15 anos e é lá que começa a minha história.
Quando eu saí com 15 anos do Brasil, eu não falava inglês, eu não conhecia ninguém aqui. Eu era só um moleque que gostava de jogar bola e andar de skate na rua com os meus amigos. Eu não tinha nenhum diferencial.
Eu não era aquele moleque totalmente fora da curva. Eu era uma pessoa totalmente comum. E eu vim para um país novo, com uma cultura nova, aonde eu não conhecia ninguém e eu tinha que desbravar as coisas e conhecer melhor.
E a minha mãe decidiu trazer a gente para cá, especialmente por causa da nossa educação. Ela sempre fez questão que a gente estudasse em colégio particular no Brasil, só que chegou um ponto aonde ela não tinha mais dinheiro para pagar por um colégio particular e ela decidiu que seria melhor a gente tentar uma vida fora do país e a gente estudar aqui e tentar uma oportunidade. Só que, como eu falei para vocês, eu não falava inglês, eu não conhecia ninguém, foi algo totalmente novo para mim.
Bom, vamos lá. A gente chegou aqui nos Estados Unidos no meio de 2016 e desde que a gente chegou aqui, eu já trabalho, né? A gente chegou, era férias da escola, então não tava na escola ainda.
Comecei a trabalhar, trabalhei com pintura, trabalhei em oficina de carro, trabalhei limpando com a minha mãe, então a gente limpava concessionária de carro, sinagoga, igreja. E eu também limpava um banco, que foi algo que me marcou muito, porque eu limpei esse banco por alguns anos e foi algo que ficou muito marcado na minha vida, porque mesmo depois que eu ingressei na escola, no high school, aqui eu tava no primeiro ano do ensino médio, eu ia pra aula, depois eu saía da aula, ia lá limpar o banco e voltava para casa. Tudo isso para poder ajudar nas contas de casa, porque como vocês podem imaginar, não é nada fácil ser imigrante aqui.
E a gente tava precisando de ajuda, então eu tinha que trabalhar. Meu irmão com 13 anos já tava trabalhando também. E nunca foi fácil, mano.
Desde o começo. O que eu quero que vocês entendam aqui é que no começo era tão difícil que eu não tinha nem tempo para focar em faculdade ou escola e pensar no que que me daria mais futuro ali no momento. Até porque eu não sabia tanta coisa.
Eu sabia que eu queria focar, mas eu não tinha tanto tempo para doar para minha educação fora da escola. Então, quando eu tava lá, eu tava focado e depois que eu saía da escola era trabalho, trabalho, trabalho, ir para casa, dormir, acordar e ir pra escola no dia seguinte. Eu não sabia como funcionava o sistema aqui.
Eu não sabia como eu faria um Enem da vida. Eu basicamente não sabia nada. Eu tava em classe de imigrante na high school, que tinha um monte de brasileiro e tinha imigrantes de outros países também.
E você conhece muita gente e tudo, só que é difícil de você entender como o sistema realmente funciona, porque é um bando de imigrante ali e as pessoas não estão muito aí para você não. Eles ligam mais pros americanos que estão nas classes de americanos, que é como que funciona a escola normalmente. E assim, galera, depois de uns anos morando aqui como imigrante, você meio que começa a se aceitar nesse patamar ali.
E aonde eu tava, eu meio que não tinha muita escapatória e eu já aceitei que, tipo, eu ia formar na high school, eu provavelmente ia trabalhar com construção ou limpeza ou algo desse tipo. Até que eu me mudei de cidade. E quando eu me mudei de cidade, eu fui obrigado a mudar de high school.
E nessa high school nova, eu conheci uma pessoa que mudaria toda a minha trajetória. Essa pessoa era minha conselheira na high school. E na RCO todos os alunos têm uma conselheira ou um conselheiro.
E essa moça, ela viu que eu era uma pessoa muito esforçada, que eu queria aprender inglês, que eu queria ir melhor na escola, que eu tirava notas boas e que eu trabalhava muito para ajudar minha família. e ela me indicou para uma bolsa escolar, aonde eu teria que participar contra 2000 outros americanos e conseguir ficar entre os 10 ganhadores. Então, dentro do estado de Massachusetts, aqui onde eu moro, tem essa bolsa aonde 2.
000 pessoas competem por uma bolsa de 250 a 300. 000 para você ir pra faculdade, porque a faculdade é muito caro aqui e eu nunca teria como pagar, a não ser se eu ganhasse uma bolsa. E essa era a minha única oportunidade.
Ela me nomeou para essa bolsa e por alguma ilusão do destino, eu acabei passando entre as 10 pessoas das 2. 000. É loucura de imaginar, mas eu tava entre os 10 e eu consegui uma bolsa milionária, né?
Se você converter para reais para estudar em uma universidade americana, a única coisa que eu tinha que pagar era o preço do meu dormitório, aonde eu ia morar no campus da universidade. Falando assim no vídeo, pode até ter parecido ser mais fácil do que foi, mas galera, foi muito difícil eu conseguir passar entre os 10 finalistas e eu posso fazer um vídeo totalmente dedicado a só como eu ganhei essa bolsa para fazer uma faculdade praticamente de graça aqui nos Estados Unidos, até porque o custo é extremamente alto e se não fosse por essa bolsa, nada disso teria sido possível. Eu nem estaria aqui fazendo esse vídeo para vocês.
E vamos lá, só para eu dar o contexto para vocês aqui, eu comecei na faculdade em 2019 e nessa época aí eu tava cursando engenharia mecânica. Na verdade, eu nem sabia muita coisa sobre programação. Eu não fazia ideia que eu gostava de programação.
Eu escolhi fazer engenharia mecânica, que é algo que eu já queria fazer desde o Brasil, desde antes de eu me mudar para cá. E aí eu comecei cursando engenharia mecânica e eu fiz uma aula de engenharia que todos os alunos de engenharia tinham que fazer, aonde você tem que escolher três seminários de três engenharias diferentes que não é o seu curso, para você aprender mais sobre os outros tipos de engenharia. E um dos seminários que eu escolhi foi engenharia da computação.
Só que assim, cara, totalmente ingênuo. Eu não sabia nada sobre engenharia da computação. Eu escolhi mais para ver e eu acabei gostando muito.
Eu fiz uma aula com Arduino, eu aprendi a programar o Arduíno e, cara, eu achei essa parada a coisa mais maneira do mundo. Assim, eu programei umas luzes lá, criei um sistemazinho de semáforo e eu falei: "Cara, é isso que eu quero fazer. Pronto, eu vou mudar o meu curso.
E aí eu acabei mudando o curso na faculdade de engenharia mecânica para engenharia da computação. Isso no finalzinho de 2019 ali, começo de 2020, eu não lembro, não sei se foi no finalzinho de 2019 ou começo de 2020, mas bem nessa época aí, comecinho de 2020, eu comecei a estudar, a cursar engenharia da computação, só que logo ali bateu o COVID e eu tive que voltar para casa, né? Eu terminei o meu primeiro ano da faculdade de casa à distância, fiz o segundo ano inteiro à distância e como o mundo tava meio parado com as coisas de COVID e tal, eu não consegui em nenhum momento pegar um estágio.
E outra coisa que me prejudicou bastante também foi que o curso de engenharia da computação é muito focado em hardware. Na minha opinião, ele foi muito focado em hardware. Eu tenho um vídeo aqui no canal onde eu falo por que eu me arrependo de cursar engenharia da computação.
Se eu pudesse escolher, eu escolheria outra coisa, talvez ciências da computação. Só que na época eu não sabia, né? Então eu tava em casa ali, eu não tava conseguindo muitas oportunidades, Covid acontecendo e tudo, até que eu voltei pra faculdade em 2021 pro meu terceiro ano.
E aí foi quando tudo mudou, porque nesse semestre eu fiz uma aula de Python, aonde eu comecei a aprender mais sobre estrutura de dados, algoritmos e comecei a entender as coisas um pouco melhor. E aí no semestre seguinte eu também fiz uma aula de Java e fiz uma aula de design ali que, cara, eu mexi com inteligência artificial, eu achei muito maneiro, assim, destravou uma parada na minha mente aonde eu falei: "Eu quero trabalhar com programação, não é engenharia da computação, é ciência da computação, é o que eu quero. " Eu até tentei mudar meu curso de novo, mas não consegui.
E ficou por isso mesmo. Eu fiquei cursando engenharia da computação e me ensinando um monte de coisa por fora para eu tentar alguma oportunidade dentro do mundo de programação. Até que eu apliquei para centenas de oportunidades de estágio e uma me retornou que foi uma usina nuclear, simplesmente a maior usina nuclear dos Estados Unidos.
Eu fiz uma entrevista com eles, não tive entrevista técnica, foi só entrevista comportamental ali e eu passei, eu consegui um estágio remoto para Musina nuclear aqui nos Estados Unidos. Então eu fiz um estágio daqui de Boston trabalhando com programação para a maior e empresa de energia nuclear no país. Loucura total.
Foi uma mudança assim muito grande de uma pessoa que tava totalmente focada em engenharia elétrica, né, através do curso. Comecei a me dedicar ali, apliquei para um monte de estágio e consegui uma oportunidade. Essa oportunidade foi a oportunidade que me abriu muitas portas, porque eu fiquei estagiando aquele verão todinho.
Voltei pra faculdade pro meu último ano com o estágio no meu currículo. E além disso, no meu último ano da faculdade, eu também comecei a trabalhar para uma startup da Califórnia. através da minha aula de design ali, que seria o equivalente ao TCC no Brasil, né?
Aqui não tem TCC, mas você tem que fazer essa aula de design. E no meu caso, eu tinha que ter um trabalho real, trabalhar para uma empresa real e fazer um trabalho para eles que fosse ser utilizado na vida real e tudo. Eu trabalhei com um projeto de cones inteligentes para veículos autônomos, né?
eram cones que você consegue achar a localização dele dentro do planeta Terra com uma margem de erro mínima e aí veículos 100% autônomos conseguem contornar áreas de trabalho numa estrada ou coisa do tipo. E foi um trabalho muito maneiro. Era uma empresa do Vale do Silício lá na Califórnia.
E isso me ajudou muito também porque eu tinha um estágio no meu currículo e esse trabalho aí que também tava no meu currículo e cara. Eu tava me sentindo assim o mai oral. Eu tava fazendo um monte de lit code também, porque eu já tinha pegado a mãe ali que para eu conseguir uma vaga aqui nos Estados Unidos tem que saber lit code, especialmente em 2022 ali, porque tava tudo muito em alta, todas as empresas pedindo lite.
E eu comecei a estudar muito lite. Fui ficando melhor e melhor ali, consegui várias entrevistas. Eu consegui entrevista na Amazon, eu consegui entrevista na Microsoft, eu consegui entrevista na IBM, eu consegui várias.
A IBM, eu quase consegui a oferta. Eu cheguei na entrevista final, não consegui a oferta. Na Amazon eu não consegui passar a entrevista técnica.
Na Microsoft também não. Eu não me lembro exatamente agora. Algumas eu passava uma entrevista técnica, eu tinha uma segunda, não conseguia passar.
Eu tive muita dificuldade porque eu tava gerenciando muitas coisas ao mesmo tempo. Era o trabalho paraa empresa da Califórnia, estudando lit code, fazendo coisa para minhas aulas e além de tudo fazendo entrevista, estudando sobre empresa e coisa do tipo. E assim eu ia aplicando mesmo, aplicando para tudo que é canto até conseguir uma oportunidade.
Foi aí que no comecinho de 2023 eu apliquei para uma pra empresa que eu trabalho hoje na verdade que é uma startup da Berkshire Hataway, né? E eu apliquei lá através de um evento de networking. Eu fui pro evento, conheci o recrutador, ele falou para eu mandar um e-mail com o meu currículo para ele quando eu chegasse em casa.
Eu mandei meu currículo para ele dois dias depois ali, eu já tava fazendo entrevista, se eu não me engano, foi muito rápido assim, consegui a entrevista, depois fui no escritório, entrevistei mais um monte de vezes com um monte de gente. Depois eu tive uma entrevista no estilo Lit Code também e passei e aí consegui minha vaga que foi a vaga na Berkshire Hataway. Aí que comecei a trabalhar no ramo de seguros.
Talvez é um ramo que as pessoas não pensam muito sobre, mas foi a oportunidade que eu tive. Eu decidi aceitar essa oportunidade com eles, porque era uma oportunidade em Boston, aonde minha família morava, apesar de eu estar fazendo faculdade em outro estado. Eu voltei para cá, a Ana, que é minha namorada hoje também, ela morava aqui, então eu estaria mais perto dela, eu trabalharia no escritório no centro da cidade, ia ser um trabalho tranquilo, tudo meio que se alinhou ali para eu aceitar essa proposta e eu acabei aceitando e foi assim que eu consegui a minha oportunidade como programador aqui nos Estados Unidos.
E diferentemente do que muita gente imagina, né? Eu não consegui uma vaga no Brasil, me mudei para cá. Eu consegui a vaga tando aqui.
Então eu tive que passar pelo processo de fazer faculdade, estudar muito lit, passar entrevista com lite. Fiz entrevistas em várias empresas, igual eu falei para vocês, até eu conseguir a minha oportunidade. E se eu tenho algum conselho para vocês, é nunca desista, porque você vai receber muitos Nos nesse processo.
Eu literalmente tinha uma pasta no meu e-mail com todos os Nos que eu recebi, só para me motivar mais. Por algum motivo, eu criei aquele aquela pasta e eu falava para mim mesmo que no dia que eu conseguisse uma oportunidade, toda aquela pasta ali não valeria mais nada, porque nenhum dos nos importa quando você consegue o seu primeiro sim. Então você continua sempre tentando até você conseguir o seu primeiro sim.
E depois que você consegue o primeiro sim, galera, os próximos sim são muito mais fáceis. Depois que a primeira porta se abre, você consegue abrir várias outras com muito mais facilidade. Esse é o meu conselho para você.
Eu espero que você vocês tenham curtido esse vídeo. Se você tiver alguma dúvida para mim, deixa aí nos comentários que eu respondo geral. Fechou?
Tamo junto, rapaziada.