A virtude da fé

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Joel Gracioso
O que é a fé? Por que é necessária? Qual a sua natureza? Que pecados existem contra ela? São esses p...
Video Transcript:
Olá, bem-vindo ao meu canal! Nós estamos aqui hoje para refletir sobre um tema que é muito importante, principalmente para aquelas pessoas que se consideram religiosas, cristãs e católicas, que é a temática da fé. O que é a fé?
Quais são os deveres para com a fé? Quais são os cuidados que devemos tomar? Ou, dentro de uma linguagem cristã, quais são os pecados contra a fé?
Mas, antes de eu tratar desse tema, gostaria de lembrar, como sempre, né? Não deixe de se inscrever no meu canal se você ainda não se inscreveu. Deixe aí a sua curtida, se você gostar do vídeo, compartilhe o vídeo, né?
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Voltando, então, à nossa questão: quando nós falamos de fé, nós estamos falando que, ora, do ponto de vista católico, a fé não é apenas uma questão de crença, de acreditar em algo superior. Não! A fé é compreendida como uma virtude sobrenatural, pela qual nós cremos em Deus, aderimos a Deus e a tudo aquilo que Deus revelou, né?
Cremos como verdadeiro não só que Deus é, que Deus existe, mas também que é verdadeiro tudo aquilo que foi revelado por Ele, presente nas Sagradas Escrituras e na Sagrada Tradição. Ora, levando em consideração essa definição, dizer que a fé é uma virtude quer dizer, justamente, que ela é uma disposição permanente, né, constante, que nos leva realmente a aderir a Deus com a nossa inteligência, a nossa vontade e a tudo aquilo — repito — que Ele revelou. Mas veja que é uma virtude no âmbito sobrenatural.
Por quê? Porque isso, muitas vezes, né, e principalmente quando pensamos em aderir a Deus em todos os sentidos amplos, nós precisamos realmente do auxílio da graça. Então, é por isso que, na tradição, seja Santo Agostinho, Santo Tomás e tantos outros — ou no próprio Catecismo — nós vamos ver essa noção de que a fé, por um lado, é um ato da inteligência humana, é um ato da inteligência movido pela vontade.
Ora, isso mostra, então, que quando nós dizemos "eu creio em Deus", eu estou dando a minha adesão, a minha aceitação, estou aderindo a Deus, me entregando a Ele. Portanto, sim, é um ato de confiança, de abandonar-se, mas não é um sentimento. Não é uma questão apenas de vivência interior onde eu vislumbro a minha pequenez e, ao mesmo tempo, a grandiosidade dessa realidade transcendente que nós chamamos de Deus.
Quando, de fato, eu digo "eu creio", eu estou usando as minhas potências mais elevadas, que são a minha inteligência e a minha vontade. Então, é um ato humano. Por quê?
Porque, de fato, eu estou usando a minha inteligência, ou seja, estou pensando naquilo. Algo está sendo apresentado para mim, né? Então, as verdades de fé, as verdades reveladas, eu estou ali tendo um acesso, né, conhecendo aquilo de alguma forma, e alguém está apresentando essas verdades reveladas, essas verdades de fé, para que eu possa dar ou não a minha adesão.
Então, a minha inteligência está se exercitando nesse momento, ela está acolhendo, analisando e pensando sobre essas verdades de fé, sobre essas verdades reveladas. Então, há toda uma presença e um exercício da inteligência, mas, ao mesmo tempo, também da minha vontade, porque a fé não é só um ato da inteligência. Ela é um ato livre e, se ela é um ato livre, pressupõe, então, a presença da minha vontade, da liberdade, do livre-arbítrio presente nessa vontade.
Então, isso mostra, digamos assim, a participação humana e o elemento humano nesse processo. Porém, ao dizer que é uma virtude sobrenatural, isso já mostra a presença e a necessidade da graça de Deus. Ou seja, quando eu digo "eu creio", eu não creio com o meu pé, com a minha mão, com a minha orelha, com o meu estômago.
Eu creio, né, usando a minha inteligência, pensando naquilo, mas, ao mesmo tempo que eu penso naquilo, evidentemente, eu não entendo totalmente o que está sendo apresentado. Então, por isso, muitos dizem que as verdades da fé são uma mistura de claro e escuro, porque a minha razão, a minha inteligência, analisa e entende até um certo ponto, mas não entende totalmente. Ou seja, a razão fica ali meio que no meio, porque, por um lado, entende algumas coisas, mas, por outro lado, outras não.
Então, é como se fosse uma mistura de claro e escuro. Por quê? Porque não é totalmente evidente, não é totalmente obscuro.
É nesse sentido e nesse aspecto, portanto, essa adesão da inteligência, essa postura e atitude da inteligência se vai aderir ou não, está muito vinculada também ao papel da vontade e ao que a minha vontade vai fazer naquele momento. Então, por isso, sim, a fé é um ato da inteligência, mas também é um ato da vontade. Então, a inteligência é que vai aderir, mas a vontade move a inteligência a dar essa adesão.
Então, veja que aqui, no caso, né, a partir dessa compreensão de que há uma íntima relação entre a inteligência e a vontade, é um ato humano, usando as duas grandes faculdades superiores, que são a inteligência e a vontade. Então, no fundo, a minha inteligência não entende totalmente, mas não é que não entende nada. Então, a partir dali, de fato, a coisa fica meio que na mão da vontade e, dependendo do que estiver influenciando a nossa vontade, ela vai mover a inteligência a aderir ou não.
Então, se for uma vontade escrava de um monte de paixões desordenadas, ela vai levar a inteligência a não aderir. Mas, se for uma vontade com virtudes, né, ela vai ser propensa a mover a inteligência a aderir e, principalmente, se há a presença da graça de Deus. Então, se a graça de Deus toca a nossa vontade, toca a nossa inteligência.
É que nós conseguimos, de fato, fazer a adesão. Então, por isso, do ponto de vista cristão católico, a fé, por um lado, ela é um ato humano, é um ato da nossa inteligência, da nossa vontade; mas, ao mesmo tempo, é um dom de Deus, é uma graça, ou seja, pressupõe toda uma ação de Deus, né? O auxílio divino e uma ação de Deus na inteligência e na vontade.
Então, são as duas coisas. Essa é a natureza da fé, né? Essa disposição, se é uma virtude sobrenatural, quer dizer que essa ação da graça vai me dar a disposição para realizar o ato de fé.
Isso não quer dizer que, se eu não tomar os devidos cuidados, eu não possa vir a me prejudicar; ou seja, uma coisa é ter a virtude da fé, essa disposição para a partir de toda essa ação da graça, e, portanto, da nossa abertura e colaboração com essa graça. Outra coisa é quando, de fato, eu realmente digo: eu creio, quando eu realmente realizo o ato de fé. Então, essa disposição, ela me ajuda, ela me prepara, mas ela não é ainda o ato de fé; ela me prepara para, né?
Então, a fé é esse dom, essa virtude, pelo qual eu realmente dou a minha adesão a Deus, é o que ele revelou, né? E por isso que não é só um ato da inteligência, mas também um ato livre, que vai me possibilitar, me ajudar a realizar o ato de crer, né? Mas eu preciso tomar os devidos cuidados.
Por quê? Porque existem, por um lado, os deveres para com a minha fé. Essa virtude, esse dom precisa crescer e amadurecer na minha vida.
E quais são os meus deveres? Os deveres para com a minha fé, em primeiro lugar, buscar conhecê-la. Eu devo buscar me aprofundar e conhecer, nos mais diversos sentidos, né?
Quais são realmente o credo, né? Os artigos de fé, os dogmas, né? O que realmente é necessário para a minha salvação?
Os mandamentos de Deus, a Palavra de Deus, a vida de oração, o Pai Nosso ensinado por Cristo, né? Os sacramentos. Ou seja, eu preciso buscar conhecer e ser cada vez mais a minha fé, porque também é muito complicado querer amar cada vez mais aquilo que eu ignoro; isso não tem muito sentido.
O problema, muitas vezes, é que as pessoas entram numa crise de fé horrorosa porque elas não têm o mínimo, muitas vezes, de conhecimento. Então, é lógico que nós não estamos aqui falando de conhecimento no sentido de querer racionalizar a questão da fé. Não é isso, é no sentido de buscar aprofundar, mergulhar, e não só no sentido intelectual, mas também vivencial, né?
Eu não posso continuar simplesmente com o nível de conhecimento que eu tinha 7 anos de idade, na minha catequese, etc. Isso precisa crescer. Eu preciso ir amadurecendo, aprofundando, né?
E, enfim, conhecendo cada vez mais, né? Aproveitando todas as oportunidades possíveis para ampliar esse conhecimento; lógico, trazendo sempre para a minha vida. Não é uma questão só de conhecimento teórico, né?
Intelectivo, mas tudo que eu vou conhecendo, eu tenho que estar vinculado à minha vida, à prática, à vivência, né? E, portanto, ir buscando conhecer cada vez mais, das diversas formas, confessar essa fé, professar essa fé. Ou seja, eu tenho que manifestá-la pelas minhas palavras, minhas atitudes, né?
Das minhas obras de vida cristã, da vez à forma de viver um verdadeiro apostolado, né? Todo cristão, todo batizado, tem que ter um coração missionário. Ninguém que encontra um tesouro fica quieto, como diz nosso Senhor.
Então, quem encontrou um tesouro, é natural que queira compartilhar; quem encontrou uma coisa tão bela, tão fascinante, é natural que queira compartilhar, principalmente no primeiro momento, com as pessoas que são mais próximas, e depois, por uma questão de amor, querer compartilhar com os outros. Então, isso é muito, muito importante, né? Então, buscar conhecer, confessar essa fé, testemunhá-la; esses são os deveres.
Por quê? Porque, do ponto de vista cristão, também existem os pecados contra a fé. E o primeiro pecado quanto à fé é, justamente, negar interiormente a Deus e a tudo que ele revelou.
Negar. Lógico que o primeiro ponto disso é, justamente, o quê? O ateísmo, né?
Quando a pessoa tem uma postura de negar totalmente a existência de Deus, de qualquer concepção do divino, do que é transcendente e espiritual, né? E, portanto, o ateísmo é a postura mais, digamos, mais intensa, mais radical; mas também tem aqueles que vivem o ateísmo prático, ou seja, falam de Deus, né? Mas na vida, no dia a dia, vivem como se Deus não existisse.
Então, não existe só o ateísmo teórico, aquele hiper radical que nega que Deus existe, que é um militante que procura divulgar o ateísmo, convencer as pessoas; mas aquela pessoa que fala: "Deus, Deus, Deus, Deus", não sai da boca dela, mas, por outro lado, né? Vive como se Deus não existisse, ou seja, não tem preocupação nenhuma se o que ela faz agrada ou não a Deus, ofende ou não a Deus, né? Mas nós temos outras formas, né?
Além dessa problemática do ateísmo, essa coisa do ateísmo prático, da negação, enfim, parcial, nós temos a apostasia, que é o abandono total da fé cristã, da fé católica. Quando a pessoa realmente é batizada, era católica e vai para outra religião, isso é apostasia. Nós temos a heresia, né?
Que é o erro voluntário e pertinaz contra alguma verdade da fé, né? Ou seja, tem ali 20 verdades, eu aceito 15, mas nego cinco, né? O herege, portanto, ele não abandona totalmente a fé cristã e a fé católica; ele nega algumas verdades.
Ele é exortado, é advertido, orientado, mas ele erra voluntariamente, não ouve ninguém e persiste nesse caminho, né? Então, isso é um grande problema. Da mesma forma que o cisma, né?
Quando a gente rompe a. . .
Comunhão com o Santo Padre Papa, né? Isso do ponto de vista católico, né? Da mesma maneira que nós devemos tomar muito cuidado com a questão das dúvidas contra a fé.
Muitas pessoas me perguntam isso, professor: "Mas é dúvida sobre a fé ou contra a fé? É pecado? " Depende.
No decorrer da nossa vida, na nossa caminhada em direção ao céu, na nossa busca por Deus, me parece que até um certo ponto, é normal ter dúvidas. Nós vamos ter dúvidas, e essas dúvidas são provocadas por várias coisas: nossa fragilidade e limitações em primeiro lugar, né? Mas também pelo contexto, pelos desafios, né?
Pela cultura em que estamos inseridos, sociedade, enfim, tantas coisas podem nos provocar e gerar dúvidas. Então, ter dúvidas sobre a fé pode até ser uma ocasião, uma oportunidade de aprofundar melhor essa fé, né? Então, uma dúvida metódica, né?
Ou seja, tem ali um problema: eu estou com dúvida, então metodicamente eu vou analisar, vou me aprofundar, né? Bom, essa dúvida metódica, analisar, investigar, buscar detalhes, ela não é pecado se ela for feita com cautela e com a devida humildade, né? E a segunda coisa que é muito importante: quando vêm as dúvidas, a gente precisa reforçar a nossa fé.
Então, o problema não é ter dúvida; elas vão acontecer. O problema é quando a gente alimenta essa dúvida, né? Quando a gente fica alimentando, aí realmente isso é um grande problema, né?
Quando a gente gosta, quando a gente acha: "Isso é a nossa melhor coisa, melhor que ter fé, ficar em dúvida". Não, aí realmente isso é um grande problema. Então, repito: ter dúvidas é normal; isso vai nos atingir.
Quando vierem as dúvidas, se forem pertinentes, fortes, rejeitem. Vão rejeitando e vão renovando a sua confiança em Deus, a sua fé em Deus, tá? Esse é o problema, a questão.
O que é importante é não ficar alimentando isso. E a dúvida metódica: sim, investigar, discutir, inquirir, mas com humildade e com a devida prudência, né? E nunca ter realmente vergonha da própria fé, né?
Ou seja, por um lado, sim, nós precisamos respeitar o direito do outro de ser: ele não quer crer, ou o direito do outro de professar uma outra religião, uma outra crença. Mas, se de fato eu escolhi ser cristão católico, né? Escolhi, entre aspas, ou seja, se eu me abri a isso, né?
E, enfim, me abri à graça de Deus, então eu preciso ter a coragem. Porque, muitas vezes, o que gera muitos obstáculos em relação à fé não são simplesmente questões intelectuais. A impressão que eu tenho, pelo menos, de tudo que eu já acompanhei de muitas pessoas na minha própria vida, é que as grandes questões não são simplesmente teóricas ou intelectuais.
O que mais pega muitas vezes e dificulta para muitas pessoas são as consequências, né? Ou seja, muitas vezes a pessoa não está disposta a pagar o preço. Então, as consequências, né?
Os sacrifícios, as renúncias que nós muitas vezes devemos fazer por ter aceitado Cristo na nossa vida, por ter abraçado essa fé. Mas vale a pena, né? Ou seja, é aí que entra a questão realmente da verdadeira liberdade.
Então, se você se abriu a isso, Deus te deu essa graça, continue confiando, continue buscando, mesmo com todas as dificuldades, renúncias, sacrifícios, né? Perdas, mas vale a pena por esse tesouro tão grande. Então, muitas vezes, os grandes obstáculos são interiores, nesse sentido do sacrifício, das renúncias que devemos fazer.
Mas não tenha vergonha na sua fé, com toda humildade, respeitando o direito dos outros. Respeitar o direito não quer dizer concordar, né? Quer dizer, pelo menos, levar em consideração, não impedir que o outro faça a escolha dele.
Quem vai julgar é Deus. Porém, a verdade é uma só, e aí, no fundo, Deus é que vai nos julgar. Muito obrigado.
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