Um bom dia, meus caros. Sejam todos bem-vindos à nossa meditação do dia de hoje, a partir dos textos de Santa Teresa de Jesus. Segundo dia em que faremos esta meditação neste novo modelo, tendo como santo que nos orientará através de seus escritos a doutora da Igreja, Santa Teresa de Jesus.
Ontem, para quem perdeu, fizemos uma breve introdução nesta temática do ano; falamos um pouquinho sobre a biografia de Santa Teresa e hoje já entramos especificamente nos seus escritos. Utilizaremos o livro "O Caminho de Perfeição" como sendo a primeira obra que vai nos orientar. Faremos a leitura pouco a pouco dessa obra; terminando esta, partiremos para outra obra.
Peçamos a Deus a sua bênção sobre nós neste dia, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome.
Venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. O Senhor nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Começamos aqui então a leitura de alguns trechos do "Caminho de Perfeição".
Vamos fazer a leitura do texto todo, integralmente do livro, então começamos aqui pelo prólogo dele. "Caminho de Perfeição", livro chamado "Caminho de Perfeição", composto pela Madre Teresa de Jesus, freira da Ordem de Nossa Senhora do Carmo, vai dirigido às freiras descalças de Nossa Senhora do Carmo da primeira regra. Este livro trata de avisos e conselhos que Madre Teresa de Jesus dá às religiosas e irmãs filhas suas dos mosteiros que, com o favor de nosso Senhor e da gloriosa Virgem Mãe de Deus, Nossa Senhora, têm fundado, da regra primitiva de Nossa Senhora do Carmo.
Dirige-se em especial às irmãs do mosteiro de São José de Ávila, que foi o primeiro em que era priora quando escreveu. Em tudo o que nele disser me sujeito ao que me ensina a Santa Madre Igreja Romana e, se alguma coisa for contrária a isto, é por não o entender. E assim, aos letrados que o hão de ver, peço, por amor de nosso Senhor, que o vejam muito particularmente e o corrijam, se alguma falta nisto houver.
E outras muitas que terá, outras coisas, se nele houver, alguma coisa boa, seja para glória e honra de Deus e o serviço de sua Santíssima Mãe, Padroeira e Senhora Nossa, cujo hábito eu trago, ainda que muito indigna dele. Sabendo as irmãs deste mosteiro de São José que eu tinha licença do padre apresentando, Frei Domingos Banhas, da Ordem do Glorioso São Domingos, que presentemente é meu confessor, para escrever algumas coisas sobre a oração, em que parece que poderei atinar por ter tratado com muitas pessoas, muitas pessoas espirituais e santas, que me importunaram tanto para que lhes diga alguma coisa sobre ela, que me determinei a obedecer-lhe, vendo que o grande amor que me tem pode fazer-lhes mais aceite o mau estilo e imperfeito daquilo que eu puder dizer. Ainda tendo estas limitações, o que eu poderei dizer pode ser, ainda, de alguma ajuda, talvez até mais do que alguns livros muito bem escritos por quem sabia exatamente o que escrevia.
Eu confio nas suas orações, pois poderá ser que, por elas, o Senhor seja servido que eu acerte em dizer alguma coisa mais conveniente ao modo de viver que nesta casa. E, se for pouco acertado, o padre confessor que há de ser o primeiro a ver isto, o remediará ou queimará. E eu nada terei perdido, obedecendo a estas servas de Deus, e elas verão o que eu posso por mim mesma quando Sua Majestade não me ajuda.
Penso dar aqui alguns auxílios para umas pequenas tentações que o demônio nos apresenta, que por serem tão diminutas talvez não se faça caso delas. Direi ainda outras coisas conforme o Senhor me der a entender. E eu me fi lembrando, porque como não sei o que irei dizer, não posso dizê-lo com certo.
Creio mesmo que melhor será não o ter, pois é já coisa bem desconcertada eu mesma escrever isto. O Senhor ponha a sua mão em tudo aquilo que eu fizer, para que vá conforme a sua Santa Vontade. Estes são sempre os meus desejos, ainda que as obras sejam tão falhas como eu sou.
Sei que não me falta amor e desejo de ajudar naquilo que puder, para que as almas das minhas irmãs possam ir muito adiante no serviço do Senhor. Este amor, junto com os anos e as experiências que tenho de alguns conventos, poderá ser que sirva para eu atinar mais do que os letrados em algumas coisas pequenas, por terem eles outras ocupações mais importantes e serem varões fortes; não fazem tanto caso de algumas coisas que em si não parecem nada, mas a nós, mulheres, como somos às vezes muito fracas, tudo nos pode causar dano, porque as sutilezas do demônio são muitas para aquelas que vivem encerradas na clausura. Porque vê que precisa de armas novas para lhes fazer mal.
Eu, como sou ruim, tenho-me sabido defender mal e, assim, quereria que minhas irmãs encarassem em mim, escar em mim, não direi coisa de que não tenha experiência por a ter visto em mim ou em outras. Há poucos dias mandaram-me escrever certa relação da minha vida, onde tratei algumas coisas de oração, mas poderá ser que meu confessor não queira que a vejais. E por isto direi aqui algumas coisas das que disse.
Ali, e outras que também me parecem necessárias, o senhor ponha por sua mão, como lhe tenho suplicado, e o ordene para sua maior Glória. Assim seja. Amém.
Então, aqui nestes escritos, Santa Teresa faz uma referência ao "Livro da Vida", que nós estudaremos depois. Vamos começar com o "Caminho de Perfeição" e, depois, partiremos para o "Livro da Vida", olhando para o "Caminho de Perfeição". Aparentemente, desses primeiros conselhos, nós não tiramos nada de muito extraordinário, mas aí é que nós nos enganamos.
Ela começa escrevendo esta obra, apresentando-se humildemente, e não é uma falsa humildade rebuscada, apenas para abrir um trabalho que ela queria compor, que ela queria escrever. Muito diferente disso, a intenção de Teresa é de realmente colocar-se como alguém fraco, como alguém simples, como alguém não letrado. Ela repete isso várias vezes.
Apesar de Teresa ser bem fora da curva para o padrão das mulheres do seu tempo, já que Teresa, por exemplo, aprendeu a ler ainda criança, sem que ninguém lhe ensinasse. Ela foi aprendendo a ler observando as pessoas que ensinavam seus irmãos homens a aprender a ler e a escrever. No fim, o pai, percebendo essa capacidade que ela tinha de aprender, mesmo sem ser ensinada, permitiu que a ensinassem para corrigir eventuais imperfeições nesse processo de ensino.
E assim ela aprendeu a ler e a escrever, o que não era sequer comum para mulheres da sua época. Mas, ainda assim, ela entende que não era teóloga, não era pregadora, não era uma pessoa de ciência profunda, como poderiam sê-lo outros tantos sacerdotes. Então, este início do "Caminho de Perfeição" nos mostra, em primeiro lugar, o quê?
Uma reta consciência de si. O que é isso? A virtude da humildade.
Em segundo lugar, ela diz que, se aquilo que ela compôs puder servir ao bem da Igreja, que assim seja feito. Mas, se não puder servir ao bem da Igreja, que seja queimado. Que, em tudo, ela se sujeita à Santa Igreja Católica Romana.
Teresa escreve na época da Revolução Protestante, então a sua catolicidade aparece o tempo todo. Ela sempre se coloca como filha da Igreja. Suas últimas palavras na sua vida foram exatamente essa: "Morro como filha da Igreja, filha da Igreja eu sou".
Assim ela viveu, assim ela morreu. Então, que possamos extrair do dia de hoje, deste início da obra "O Caminho de Perfeição": somos filhos da Igreja, ou seja, a Igreja, que é nossa mãe, nos ensinará e nos corrigirá. Estamos começando o ano e, se queremos ter um ano perto de Cristo, nós não podemos querer ter um ano longe da Igreja, porque a Igreja é o Corpo Místico de Cristo.
Se queremos Cristo, queremos a Igreja. Simples assim. Somos filhos da Igreja.
Em segundo lugar, sejamos humildes. Tenhamos a reta consciência de nós mesmos. Não entendamos que somos aquilo que não somos, mas também não busquemos ser ou parecer ser aquilo que não somos.
Entendamos que temos dons que Deus nos deu para o bem dos outros e também para nos ajudar a sermos bons, repartindo estes dons. Mas nada é nosso; o bem que é em nós veio de Deus. Mas, também, sejamos vigilantes para não cair naquela visão negativa e incorreta de que não temos virtude, que não temos bem algum em nós mesmos.
Nós temos que confiar que muitos dons, muitos bens existem em nós, e foi Deus que nos deu. E, por tê-los dado, Ele quer que usemos disto. Então, a humildade passa pelo reconhecimento daquilo que é bom, daquilo que nós sabemos, daquilo que nós somos, daquilo que nós podemos fazer para ajudar os outros.
Isso é muito bom. Agora, não podemos imaginar ter dons que não temos ou também nos gloriar pela bondade que não foi produzida por nós, mas foi dada por Deus. São João Bosco já nos ensinava que aquilo que nós somos é um presente de Deus para nós, ou seja, os nossos dons, as nossas capacidades.
Mas aquilo no que nós nos tornamos é o nosso presente para Deus. Deus nos dá algumas coisas, mas nós podemos trabalhar com isso, fazer com que isso tudo frutifique. Podemos avançar ainda mais.
Que Nossa Senhora nos ajude neste caminho. À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.
Amém. O Senhor Todo-Poderoso nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém. Recadinho importante: para quem quiser acompanhar estas meditações, eu deixei aí na descrição do vídeo o link da livraria Rafael Tonon, a minha livraria. Lá, eu coloquei a edição que estou usando para a nossa meditação diária, tá bom?
Então, é a mesma edição que estou utilizando, aí, para quem quiser acompanhar no mesmo livro. É interessante ter o livro físico. Vocês vão ver que faremos as meditações ao longo do ano, mas certamente alguns textos vocês desejarão revisitar.
Então, é importante ter o livro. E, se você já tiver o livro de outra edição ou outro editor, são pequenas variações, mas também é possível acompanhar. Deus abençoe.
Até a nossa meditação de amanhã, se Deus quiser.