Padre Paulo Ricardo explica o culto aos santos e a suas imagens

No Resposta Católica de hoje, queremos responder a questão do culto dos santos e culto das imagens, que são duas realidades que estão bem ligadas uma a outra. Bom, a pergunta é a seguinte: nós podemos ou não podemos cultuar pessoas e imagens. Aqui, para a gente entender isso, nós precisamos entender desde o início o que é um "ícone" e o que é um "ídolo", todos os dois são imagens, mas são suas coisas completamente diferentes, ou seja, um ídolo é uma criatura que eu pego e coloco no lugar de Deus, então, isso é um ídolo, é uma imagem onde eu tirei o Deus verdadeiro de lá e coloquei um deus falso no seu lugar, isso é evidentemente proibido pelo primeiro Mandamento, somente Deus é Deus, somente Deus é Deus e é por isso que no primeiro Mandamento se proíbe fazer imagens, ou seja, imagem que seja ídolo.

Veja, essa palavra "idolon", em grego, quer dizer exatamente isso: imagem, só que existe uma outra palavra grega para dizer também imagem, que é o ícone, o "eikon", que é uma coisa diferente, ou seja, o ícone é quando eu pego aquela criatura, que foi uma pintura feita por mão humana, uma estátua feita por mão humana, mas eu uso aquela realidade não como um deus no lugar de Deus, mas como uma janela, uma verdadeira janela que me abre para Deus e que me leva a Deus. Então, seu eu tenho diante dos olhos claramente a diferença entre ídolo e ícone, eu vou entender então que uma coisa é proibida e a outra é permitida. Os protestantes radicalizam as coisas dizendo assim: "Ah, mais então vamos cortar o mal pela raiz e vamos parar de fazer qualquer tipo de imagem", só que, deixa eu ajudar você espiritualmente, meu irmão, isso não resolve o problema, não resolve o problema porque você vai continuar, por exemplo, tendo diante dos seus olhos a sua esposa, o seu marido, quando você olha para a sua mulher, e vê a beleza do corpo dela, você tem uma escolha: ou você transforma o que você está vendo em ídolo, colocando sua mulher no lugar de deus, ou você transforma aquilo que você está vendo em ícone, fazendo com que ela seja uma janela transparente que te faz louvar a Deus.

Porque aqui o que está em jogo não é a nossa atitude diante de um bonequinho de gesso, mas é a nossa atitude diante de toda a criação. Aqui que está o problema: você pode acabar com todas as estátuas de gesso, você pode acabar com todos os ícones, você pode acabar com todos os "sinais" feito por mão humana, mesmo assim o problema da idolatria vai continuar existindo, porque o problema da idolatria é mais sério e mais radical, o problema da idolatria é a sua atitude diante das realidades criadas, as realidades criadas te levam para Deus ou te afastam ele, isso depende da sua atitude, isto é, você é quem vai dizer, portanto, diante de uma flor, diante de um por do sol belíssimo, diante de realidades até mais tentadoras como o sexo, o dinheiro, diante de qualquer criatura, você está sempre diante de uma escolha, ali você está encurralado, você tem que escolher, você tem um bívio, uma encruzilhada, ou você faz com que essa criatura seja um ícone, uma janela que te leva para Deus ou você fará dessa criatura um ídolo, ou seja, algo que você coloca no lugar de Deus. Então, é muito fácil a gente acabar com os bonecos de gesso, o difícil é acabar com a idolatria em nosso coração, levando isso em consideração, o que é que nós podemos dizer com relação ao culto dos santos e ao culto das imagens?

Primeiro o culto dos santos, é evidente que eu posso cultua-los. Nós temos, por exemplo, o exemplo bíblico extraordinário da Virgem Santíssima no evangelho de São Lucas, no seu canto do Magnificat, que Maria diz "todas as gerações me chamarão de bem-aventurada" e o próprio Jesus várias vezes refere-se a pessoas como bem-aventurada, felizes, Ele está louvando as pessoas, Ele está dizendo concretamente: "Veja, é isso mesmo" e o que Ele está fazendo? Está dizendo: "Veja a ação de Deus nestas criaturas", criaturas que Deus está usando, onde Deus está agindo, estes são os santos.

Quando nós, católicos, veneramos um santo, nós estamos dizendo o seguinte: "Vejam como Deus é grandioso usando seres humanos", Deus é capaz de usar a frágil criatura humana para realizar a sua obra. Agora, quando eu tenho uma imagem, quando eu tenho um ícone produzido por mão humana que me recorda esta criatura, aqui tem a mesma coisa de uma bela paisagem que eu fotografei, se você vai, passei na natureza bonita, nós aqui em Cuiabá, por exemplo, podemos passear na Chapada dos Guimarães, a gente vê a beleza da criação acha aquilo lindo, você pode ter uma atitude pagã e começar a venerar aquilo como deus, as forças cósmicas, o deus que está ali na natureza, etc, etc. , isso é paganismo, idolatria.

Ou você pode ver a beleza daquela natureza e louvar a Deus, isso então é um ícone, agora, se você vai e tira uma foto para se recordar daquele momento de louvor intenso que você teve lá na Chapada dos Guimarães e todas as vezes que vive vê aquela foto, você vê a beleza da criação e louva a Deus por isso, isto é um ídolo? Não, é uma janela que te conduz para Deus. A mesma coisa quando eu tenho uma imagem de um santo, quando eu recordo a grandeza deste filho de Deus, dessa filha de Deus que deus utilizou de forma extraordinária no heroismo, no martírio, se entregando por amor a Cristo, pois bem, ali eu posso e devo glorificar a Deus através dessas criaturas, portanto, você pode sim venerar imagens e venerar imagens, vamos ser bem concretos, você pode se ajoelhar diante de imagens, você pode falar com os santos diante da imagem, você pode beijar as imagens, acender velas diante delas, colocar flores diante das imagens porque o Segundo Concilio de Niceia nos diz que o culto que é prestado à imagem não se dirige à imagem, mas se dirige ao protótipo, ou seja, Àquele que está lá no céu.

Então, se você venera a Virgem Maria, se ajoelha diante da imagem da Virgem Maria, acende uma vela, reza, se ajoelha, pede a Ela, essa atitude de humildade, "mas, padre, se ajoelhar diante de uma criatura? ", sim, se ajoelhar diante de uma criatura na qual Deus resplandece a sua glória, sim, eu posso e devo fazer isso, para reconhecer a glória de Deus naquilo que Ele criou, eu posso me ajoelhar diante de uma imagem, sabendo que eu estou me ajoelhando diante da Virgem Maria que está junto de Deus no céu, agora, ao me ajoelhar diante da Virgem Maria eu estou cometendo uma idolatria? Depende.

Se você A trata como um ídolo, colocando-A no lugar de Deus, é idolatria, mas se você faz Dela uma janela que te conduz para Deus, então é simplesmente o mistério do ícone, uma janela que nos conduz para o culto e o louvor a Deus numa gloria eterna que a Ele pertence.