k os homens e mulheres pós-modernos padecem de alguns sintomas nas mais variadas dimensões de sua existência neste cenário a obra do sociólogo zm Bauman pode nos fornecer um diagnóstico das inúmeras faces de nossa sociedade paralisada pelo medo a série o diagnóstico de Sigmund Bauman para a pós-modernidade reflete sobre o despertar do Sono da modernidade a crença na razão e na vida administrada discutem a pós-modernidade em seus variados aspectos os filósofos Franklin Leopoldo e Silva e luí Felipe Pondé curador da série A psicanalista e professora Catarina Colt e o Cientista da religião Frank usarski no programa
de hoje o filósofo luí Felipe Pondé Faz um resumo das grandes diferenças entre a modernidade e a pós-modernidade a partir da reflexão sobre a obra do sociólogo polonês Sigmund bman Talvez uma das melhores formas de compreender o ser humano é que é um animal que não tem solução né talvez Essa é uma das uma das intuições fortes do do pensamento do balman é que nós Parecemos estar anos luz da ideia de solução só que a consciência de est anos luz da ideia de solução é já parte da capacidade de você ser um ser inteligente né
é interessante porque ao longo da história se você começa nas religiões depois você vai pra filosofia Você vai pra educação né se a gente pensa no projeto Platônico lá da paideia que origina é o avô da ideia de educação a gente percebe que nós sempre pensamos afinal de contas Por que a gente tá aqui a gente pode até imaginar o nosso ancestral né um macaco uma macaca lá na caverna depois que eles comeram depois que Eles transaram os macaquinhos dormindo a gente pode até imaginar eles olhando para céu do lado de fora vendo a noite
as estrelas vendo a lua e começando a se perguntar não dá Vê se não dá para você se colocar no no lugar desse macaco dessa macaca e você olhando para cima e se perguntando afinal de contas o que que é isso que tá aqui que que eu tô fazendo aqui para onde eu vou por que que eu tô tô aqui Será que alguém mandou eu vim para cá e não tá me contando isso né ou será que eu tô aqui simplesmente por acaso né e ah essas questões provavelmente começaram a povoar a mente dos nossos
ancestrais peludos e uma questão essencial também é Imagine quando o primeiro ou a primeira percebeu que o seu parceiro ou sua parceira foi dormir não acordou mais né ele deve ter batido sacudido tido na parede da caverna assim se perguntado mas o que que aconteceu Por que que ele não acorda por que ela não acorda então assim o ser humano é um ser obsecado por essas questões essas questões elas estão entrelaçadas com o dia a dia você pode ser tomado por um problema desse de manhã quando você acorda você vai tomar café você para na
frente do espelho no banheiro e naquele dia você vai fazer um exame radical que vai dizer se você tem ou não uma doença x E aí você tá no lugar do Macaco e da macaca E aí que que vai acontecer eu tenho uma agenda cheia para esse dia mas às 9 horas eu vou fazer um exame médico esse exame médico pode mudar todo a minha agenda daqui pra frente é esse tipo de questão né tô dando um exemplo bem escatológico assim bem trágico que tá na raiz do que a gente podia poderia dizer que o
ser humano é um ser estruturalmente marcado pela angústia de que parece que tem alguma coisa errada com ele né a começar pelo fato de que a gente devia viver mais do que vive ter mais saúde do que tem dá mais certo nas coisas que a gente faz adiar o que não é bom e por exemplo finalmente encontrar aquela pessoa com quem você pode viver para sempre e eternamente feliz com ela a tal da pós-modernidade que é um pouco o foco do que a gente tá falando eh a pós-modernidade o nome pós-moderno ele começa a circular
mais ou menos no começo da década de 80 né na filosofia ele começa a circular tem um filósofo chamado jean-françois lotar que ele define a ideia de pós-modernidade como a recusa de narrativas longas sobre as coisas teorias longas teorias complexas né a consciência pós-moderna que é um termo que o balman usa muito a consciência pós-moderna ela é antes de tudo a consciência de um fracasso Qual é esse fracasso da modernidade a modernidade fracassou nas utopias que ela nos prometeu só que o problema é o seguinte que não é que a modernidade acabou na terça-feira E
quarta-feira de manhã começou a pós-modernidade não é a ideia não é essa que que é essa consciência pós-moderna que ao mesmo tempo pro Bauman ela é uma espécie de Despertar maldito de um som colorido né de um sonho de que a gente estava construindo um mundo simétrico a nossa capacidade de organização a nossa capacidade racional de determinar causa e efeito e tudo mais então ela é ao mesmo tempo um Despertar de um sonho para uma espécie de pesadelo e ao mesmo tempo ela é o bman vai dizer talvez um momento de esperança porque a modernidade
ela tem uma série de problemas e é interessante porque Qual é o fenômeno social que ele vai pegar para descrever o problema da modernidade ele pega o holocausto então ele tem uma obra chamada modernidade holocausto que é o receito para qualquer um que queira começar a leitura do bman Mas começar pela por um livro difícil né o modernidade holocausto é um livro onde ele discute o fato de que é uma teoria na realidade que já foi avançada pela Hanna arent aquela filósofa né que é um a teoria de que no Holocausto no extermínio trabalharam pessoas
normais não monstros que gozavam com o espancamento dos judeus ou dos homossexuais ou dos ciganos mas pessoas normais que trabalhavam no no extermínio e depois iam para casa rezavam jantavam de repente se fosse hoje viam televisão se emocionavam com uma novela faziam amor contava historinha pro filho perguntava pra mulher ou pro marido como é que foi a criança na escola hoje quer dizer pessoas que você poderia encontrar na rua normalmente o que o balman identifica é que o a a preocupação com administração da vida que caracteriza a modernidade ela parece distanciar o ser humano da
reflexão moral você se preocupa com a ideia de eficácia você tá preocupado em resolver problemas você não pode de repente colocar no meio uma questão moral imagina que você trabalha sei lá num banco E você tem que encolher a folha de pagamento e você começa a se angustiar à noite com todas as famílias que não vão poder mais ter salário você não resolve o problema do banco você vai ficar sem salário provavelmente então assim é esse tipo de problema é que claro o bman vai localizar no Holocausto como o momento o ápice desse tipo de
dinâmica tá como um momento assim uma espécie de laboratório onde a dinâmica e a violência da racionalidade instrumental como vai falar a escola de Frankfurt né ou da racionalidade administrativa ela chega no seu topo E aí a partir desse Liv ele começa a se perguntar se a modernidade na realidade não é melhor mesmo que ela comece a fracassar Então você tem na reflexão dele dois lados da moeda você tem um lado que gera uma razoável angústia na leitura no contato com a obra e do outro lado você por outro lado você tem um olhar que
como ele descreve né agora a gente precisa de uma ética pro inverno O que que significa uma ética pro inverno significa que nós estamos atravessando um deserto não adianta querer achar que a gente tá atravessando a primavera porque as flores são todas de plástico a gente tá atravessando um deserto deserto significa que nós vamos sofrer bastante nessa travessia aí ele ele gosta de uma metáfora que não é dele é de um filósofo americano do século XIX chamado em wald Emerson né que ele o Emerson fala isso e o bman retoma que é o Emerson se
refere à época que ele vivia Olha só século X metade do século X o Emerson diz a época que a gente vive a gente vive como se nós corremos sobre uma fina casca de gelo se você parar ela racha e quando ela rachar você se afoga então o bman retira dessa imagem para dizer o seguinte atravessando o inverno e a casca é fina se você andar devagar o chão racha e aí você morre então além de ser o inverno além de você não ter nenhuma referência Clara diante de você de como resolver as coisas você
não tem tempo isso é uma característica fundamental do do do da do diagnóstico essa palavra que eu tava procurando melhor que radiografia diagnóstico do momento né você tem que correr muito a velocidade cada vez maior na maior parte das vezes você para e diz afinal de contas eu tô correndo para onde mesmo que eu tô correndo você não tá correndo para lugar nenhum você tá correndo simplesmente porque você tem que correr porque se você não correr ah a casca de gelo racha então aí você vai ser afogado né Essa metáfora da água por exemplo é
muito comum na obra dele né ele tem um livro chamado modernidade líquida que é uma entrada mais tranquila na obra dele do que modernidade holocausto e nesse livro Ele trabalha exatamente ele desenvolve aquela metáfora clássica de que no capitalismo tudo que é sólido desmancha no ar e ele aprofunda essa metáfora dizendo que não é não é que é ar é líquido as coisas não tem forma elas se espalham hoje se você tentar pegar na sua mão O que você entende por sua família é líquida porque a sua relação com seus filhos e a sua relação
com o seu marido a sua mulher ou companheiro ou seja lá o que for é uma relação líquida a qualquer momento ela acaba não há nenhuma garantia de que a pessoa que tá do lado de você permanecerá com você inclusive porque ela é alimentada pelo mesmo motor que você é qual seja eu mereço ser feliz no que eu faço quando a pessoa que tiver do meu lado não preencher os requisitos da Felicidade a qual eu tenho direito eu troco a gente deve pensar em pós-modernidade como uma perspectiva diante do mundo diante da vida e no
segundo momento no habitate pós-moderno né a perspectiva de certa forma é um pouco anterior a perspectiva tá na ordem da consciência que eu falava antes o habitat está na ordem de quando essa perspectiva ela Como diz ele deixa de ser alguém que viaja no banco do carona e passa a dirigir o carro então você para de ser só uma perspectiva pós-moderna para se transformar num habitate pós-moderno que que é a modernidade afinal de contas que ele chama de sólida que que é a modernidade a modernidade é um momento grosso modo que começou mais ou menos
em 1500 carregada nos braços né ela foi carregada nos braços pela crença na transformação do mundo através da ciência né na crença da transformação do mundo através da racionalidade então a modernidade situada mais ou menos por volta de 1500 e com isso a gente tenta catar os primeiros trabalho de gente como Copérnico depois Galileu Francis Bacon né esses sujeitos aí e a modernidade Ela atinge a sua maturidade de certa forma no século no Séc 20 ela já começa a viver o seu pesadelo total né aí a coisa já começa a pegar século X é o
século em que você encontra ah intelectuais que acreditam que descobriram a fórmula de como a história anda a partir das relações de troca de mercadoria por exemplo o que sobrou para nós hoje marxistas pós-modernos quando eu me olho no espelho eu vejo uma mercadoria mas não sobrou para mim a ideia de de que eu detenho a fórmula de deixar de ser mercadoria graças a uma classe social que um dia vai quebrar esse jogo né a gente continua a gente percebe que tá no lugar da mercadoria mas o que falta para nós é a fé a
crença de que a fórmula de transformação de sair dessa situação essa fórmula caducou Se você pegar no Freud que é outro cara que ajuda a enterrar a modernidade a razão de certa forma né a ideia de que se você fosse pra análise você ia descobrir jogar luz metáfora que o Freud usava né jogar a luz sobre o inconsciente e de que você ia se tornar um ser consciente robusto que você ia conseguir quer dizer o próprio Freud quando você lê já vê que ele não acredita muito nisso mas assim né lá a partir de de
19 mais ou menos a coisa começa a ficar ruim para esse lado 20 mas assim ele e a gente hoje na realidade a gente sabe que de repente você passa 30 anos fazendo análise identifica um outro problema mas à medida que o tempo passa você vai identificando mais problemas e as fórmulas iniciais começam a se transformar em outros problemas e aí você vai trocando de lugar para lugar eu espero que vai ficando Claro para vocês essa ideia de movimento né Nós temos tantos especialistas em tudo que hoje o nosso problema a gente precisa de especialistas
que nos ajudem a identificar Quais são os especialistas que de fato merecem ser especialistas Mas a quantidade é tão grande que a gente também tem uma divisão entre os especialistas que avaliam os especialistas Então você acaba no mar de especialistas e como diz o nosso autor ele vai dizer ele vai falar assim nosso problema hoje é que o máximo que a gente consegue ter como ideia de identidade é a noção de estilo você é o que você veste você é o restaurante que você frequenta você é o tipo de amigos que você tem você é
o livro que vem você com ele na mão né Isso já é uma identidade mais chique né você é a praia que você frequenta né a praia que você frequenta pode de fato queimar o seu filme em determinados lugares a ponto de você esconder não contar que você vai para ela certo você então essa noção de estilo trabalha a diferença entre uma noção mais profunda pesada que seria personalidade quem quer ter personalidade personalidade é trauma eu não preciso de personalidade eu preciso ser leve sabe aquela frase dos americanos Travel Light eu gosto de viajar leve
né então assim quem quer personalidade trauma memória isso tudo cria problema memórias são as boas né que nos que me ajudem a melhorar a minha autoimagem para mim mesmo para ajudar me ajudar a passar de um dia pro outro a modernidade essa sólida que ele chama de sólida então ela vai desaguar numa crença de um estado racional e capaz de resolver os problemas tem alguns lugares que vivem o desespero com o estado da modernidade sólida hoje né que tinha esperanças que a gente teria encontrado um estado que seria ativo funcional racional e hoje a gente
tem contos burros naágua Mas o que ele tá falando é que a modernidade sólida ela era caracterizada por uma noção de estado organizado um estado que seria a Instância produtora de Justiça no mundo um estado que garantiria a qualidade de vida das pessoas e um um capitalismo civilizado e sob controle do Estado né um capitalismo que trabalhasse ah associado à ideia de que de fato o capital é capaz de produzir riqueza uma hora o capital vai sobrar para todo mundo né Todo mundo vai conseguir se você aprender uma função você vai conseguir entrar no mercado
e tal a diferença se você olha desse lado paraa pós-modernidade o que que é o estado é cada vez menor e quanto maior ele é mais ele atrapalha né então ele vai ficando cada vez mais enxuto porque o estado na realidade acabou se descobrindo uma empresa ineficiente então para ele funcionar ele tem que encolher para ele encolher ele vai soltando aquilo que Teoricamente modernamente deveria servir ele deveria ele deveria cumprir isso vai sendo aberto o espaço paraa iniciativa privada e por sua vez a iniciativa privada tá mergulhada numa coisa chamada Mercado Livre que ele é
o mais líquido de todos e a noção de mercado ela vai eh ela vai tomando conta de todas as relações do mercado de trabalho a educação por exemplo uma das áreas mais devoradas pelo mercado e o amor como ele fala né o balman vai dizer que um dos grandes problemas do do homem e da mulher pós-modernos é que quando você tá num relacionamento você é continuamente atormentado pela qualidade dele isso é consciência você lê livros dizendo que você tem que ter qualidade de consciência Você Faz terapia para aprender que você tem direito a ter qualidade
de amor e quando você vive o amor o que ele chama relacionamento a consciência da qualidade do direito de qualidade da possibilidade de trabalhar a relação com essa ideia né Normalmente quando você tá pensando nisso você já tá no pesadelo da relação né Essa Ideia de que você tem que trabalhar e discutir a [Música] relação a ideia de qualidade da relação ela se torna um uma sombra para você por qu porque você fica observando você dentro da relação o tempo todo para ver se tá funcionando né E é claro qualquer pessoa inteligente sabe que quando
você observa alguma coisa está funcionando você começa a ver que nem tudo tá funcionando direito por uma razão muito óbvia nada funciona direito né então assim mas essa ideia da qualidade da relação ela não é só voltada pra própria relação interna o cidadão contemporâneo ele sabe que quando ele tá dentro de uma relação existem outras oportunidades no mercado né Nós não estamos falando de um nós não estamos falando de alguma coisa como você podia ter uma relação e de repente acontecer acidentes de percurso né Nós estamos falando de uma outra coisa nós nós não estamos
falando de você ter filiais como algumas pessoas falavam antigamente nós estamos falando de você não você não ter um centro uma matriz você só ter franchise na realidade né você tem um escritório muito pequeno enxuto trabalha você o computador e alguém junto com você para te ajudar de repente se você precisar e o resto é franchise e você administra o nome eu acho que uma das coisas que o bman mais nos ajuda e eu tenho tido essa experiência discutindo questões assim é porque às vezes a gente tende para uma ideia que é a seguinte Oba
hoje é tudo muito rápido sabe Oba hoje a gente pode agregar conhecimento de uma forma muito fácil Oba hoje a gente pode aperfeiçoar continuamente as coisas só tem um problema quando você pode aperfeiçoar continuamente você não pode ser aperfeiçoado continuamente e nem para sempre chega uma hora que você dá defeito né E você começa a dar defeito antes do defeito final na realidade o defeito se instala aos poucos né E aí você começa a correr atrás da funcionalidade total e o mercado da vida né demanda de você eficiência em todos os níveis eficácia e rapidez
em todos os níveis Então o que eu acho interessante esse diagnóstico do bman né porque ele nos ajuda a tomar cuidado com um dessa ingenuidade diante de que na realidade hoje você consegue ser você pcom sabe você pcom e que isso de fato é uma fórmula que vai funcionar a todo custo basta pensar na consistência das coisas que tem P do lado elas existem hoje amanhã não né e o próprio sistema que operacionaliza o. com já é o problema Hoje ele existe amanhã não então o a digamos assim a própria o próprio meta paradigma que
tá atrás definindo você também tá em alta velocidade né então assim É nesse sentido que quando você quando você começa a perceber as coisas dessa forma o balman diz a a consciência pós-moderna começa a se instalar em você só que ela começa a se instalar em você antes de tudo como malestar ambivalência ele ele descreve isso num num livro muito interessante chamado modernidade e ambivalência e nesse livro na realidade ele tá discutindo o relativismo né o o o tal do relativismo moral relativismo cultural afinal de contas tudo é relativo até que ponto eu aguento que
tudo é relativo né não posso espancar mulheres nigerianas mas para eu não fazer isso eu preciso ir lá na Nigéria ensinar os caras a se comportar como gente mas para fazer isso eu tenho que levar comigo o meu pacotinho ocidental de valores afinal de contas eu s relativista ou não é muito bonito você falar de relativismo quando você e olha como é fácil falar de relativismo quando nós estamos estudando uma tribo indígena totalmente diferente da gente aí é tranquilo você vai lá coloca na lupa né você olha todos os as crenças tribo x acredita que
quando dança chove você um antropólogo pós-moderno né você que não acredita em Absolut absolutamente nada é um dos dramas do pós-moderno porque o moderno acreditava em alguma coisa na razão Olha aí ele acreditava que o mundo estava caminhando para alguma coisa que o mundo estava andando numa direção o pós-moderno a consciência P pós-moderna quando olha o mundo por isso a metáfora do deserto ou do inverno ele olha é um espaço vazio você pode andar para qualquer lado porque qualquer lado vai dar em algum lugar e nenhum dos lugares é necessariamente melhor do que qualquer outro
então você pode andar para qualquer lado não existe aquela coisa de que você tá andando em direção a alguma coisa se os pré-modernos acreditavam que a sua vida era permeada por uma hierarquia cósmica qualquer no mundo ocidental europeu Deus e seus avatares o moderno ele uma característica dele também ia começar a pensar que esse negócio de Deus religião era tudo superstição né No fundo no fundo você apanhou demais a sua mãe ou você é pobre demais né ou você Como diria o niet na realidade é um covarde que consegue encarar o fato de que você
não tem nenhum sentido para viver Então você fabrica um ente que te ama incondicionalmente na realidade né uma das coisas uma uma das formas de você definir uma consciência pós-moderna bem ajustada É a consciência de que você queria muito ser amado incondicionalmente isso simplesmente não existe tudo na sua vida é condicionado e na medida em que tudo é condicionado parece que alguém tá te roubando no jogo não dá um desespero enorme você imaginar que todo o amor que tem por você é condicionado a razão nesse momento sabe como ela é Ela é mais ou menos
como você se afogando na roveda e tentar você mesmo salvar você puxando você pelos cabelos Imagina a cena não consegue a razão não consegue fazer isso Isso é uma das grandes características do que se constitui a consciência pós-moderna mas ao mesmo tempo pós-moderno não é aquele a consciência pós-moderna não é aquela que consegue simplesmente andar para atrás e dizer eu encontrei Jesus e a partir de hoje a minha vida mudou é claro que isso existe e quem é que pode dizer por aí que Jesus não existe eu digo Jesus como Deus né claro mas assim
porque a religião é uma das coisas é esse é o último tema quente do balman religião né assim por quê Porque uma das crenças da modernidade é que acabava esse negócio Freud chamava religião de ilusão outros chamavam de ópio do Povo outros chamavam de ressentimento outros chamavam de projeção do que há de melhor no homem que acaba paralisando ele e o fato é que muita gente tá ficando relosa de novo é claro que no ambiente nosso ocidental grande parte desse retorno religião se D numa base tipicamente pós-moderna como é que é a base pós-moderna de
religião eu tenho o meu Deus você tem o seu qualquer pessoa sabe que se Deus é meu e outro é seu ele é um desodorante no máximo um sabonete né esse papo de que eu ter o meu Deus você tem o seu é teologia barata né mas funciona em loja funciona em revista funciona quando você tá a fim de ter um Deus um Deus diet que não engorda você né agora tem também aqueles que dentro desse raciocínio da consciência pós-moderna que entraram em Pânico Total ou que o processo de formação pós-moderna não se deu plenamente
Então esse daí pode cair naquilo que a gente chama hoje fundamentalismo clássico né E que é o grande pepino do ocidente Hoje em dia a gente não consegue entender como é que alguém pode acreditar em alguma coisa desse jeito né assim uma consciência pós-moderna ela não consegue acreditar em nada por mais de 2 horas depois de 2 horas já cansou se não cansou é porque apareceu uma coisa melhor entendeu você lêu o livro melhor Alguém te falou uma coisa nova você descobriu uma coisa que você não conhecia E como você não tem tempo porque você
fala no celular ou em dois celulares ao mesmo tempo certo Você dirige você tem que buscar e levar filho na escola você tem que se preocupar com o trabalho que se parar alguém passa por cima de você você tem que estudar além de tudo isso porque não pode parar de estudar nunca porque senão o dia acaba né Graças a Deus para quem trabalha na educação então assim né e além de tudo você ainda tem várias frentes você tem a frente em casa quando você chega como eu dizia você vai trabalhar a relação né e Você
ainda tem que trabalhar você mesmo não dá para fazer isso o tempo todo e acreditar em alguma coisa por mais de 2 horas 2 horas já é muito para você pedir uma pessoa para ter fé em uma coisa especificamente a mulher pós-moderna e o homem pós-moderno descobriram que você tem que se inventar sabe o niet que é um ancestral da pós-modernidade né que ajudou a enterrar a modernidade né o niet que apostava na ideia de que você ia ter o indivíduo que ia ir valor o tal do além do homem que ia o que a
gente descobre que a maior parte dos pós-modernos não aguenta esse negócio de produzir valor E aí ele fica procurando valor mas como ele não consegue acreditar em nada por mais de 2 horas os valores começam a variar na mão dele e qualquer pessoa inteligente sabe que se você inventa valor parece que não funciona que nem amor Observe se você resolver se apaixonar por alguém porque existe uma série de razões que você deveria se apaixonar pel aquela pessoa não funciona para funcionar tem que ser como doença tem que ser uma coisa que se instala em você
toma conta da sua cabeça você começa a babar derrubar as coisas começa a a não fazer as coisas direito como você tinha que fazer valor não é que é exatamente igual mas o valor para funcionar parece que ele tem que ter alguma característica que que para você fique claro que não foi você que inventou porque é como se você soubesse que no fundo no fundo aquilo que você inventa é descartável sabe por quê Porque você tem experiência verdadeira de você você sabe que você por dentro é um abismo muda o tempo todo Experimenta fazer um
acompanhamento do número de emoções e angústias e ideias que você tem ao longo de 24 horas Experimenta acompanhar para ver as decisões que você poderia tomar dentro do dia o número de decisões diferentes que você poderia tomar e com isso fica mais rápido ainda quando você se torna uma pessoa informada consciente esclarecida né porque a modernidade acreditava mais ou menos assim chegava uma hora que a gente ia ficar bem esclarecido bem maior de idade como falava o kante né assim a gente ia conseguir ser autônomo e que aconteceu a gente tá meio autônomo só que
a gente descobriu que aí para onde eu vou mesmo quando eu fico autônomo né Quais são as referências ah precisamos retomar a tradição aí você vai lá retomar a tradição sei lá você resolve virar budista Mas aí você percebe que também o budismo cansa tem um monte de coisa difícil aí você pega um pouco a meditação faz uma meia hora assim a cada três vezes por semana né básica que te dá uma espiritualidade de sobrevivência e que também ajuda você se comportar bem num restaurante de pessoas pós-modernas porque pessoas pós-modernas não são mais materialistas porque
essa coisa de acreditar que a matéria histórica vai mudar o mundo também é coisa de moderno né que o materialismo histórico vai mudar o mundo quer ver como você pode identificar o moderno olha para ele se ele disser coisas do tipo materialismo histórico científico pode carimbar moderno né carimba nele que ele é moderno ele acredita mesmo que a história tá andando para algum lugar né o pós-moderno é quem a história não tá andando para lugar nenhum eu não tenho de coisa nenhuma por isso eu sou livre Isso Daí pode virar um grande [Música] pesadelo no
malestar na pós-modernidade o balman começa a fazer uma comparação entre o que é o mal-estar moderno que é o malestar pós-moderno e ele trabalha lá o livro do Freud que é um clássico né e eh malestar na civilização E aí ele brinca com esse livro tal ele fala o que ele quer aliás como quase quase todo grande autor né pega um autor como referência depois fala tudo diferente então assim aí ele ele pega o Freud ele começa a discutir o conceito de mal-estar E aí ele faz a seguinte diferença é assim o moderno a modernidade
foi caracterizada pela troca de um mundo que o sistema de valor não funcionava mais em nome de um sistema de conhecimento que produzia segurança no mundo você quer ver uma coisa moderna um avião um avião é moderno ele voa cai de vez em quando mas raramente é claro que quando ele cai todo mundo morre mas assim é tão raro que vale a pena investir na ideia né e mais do que isso você acorda em Paris toma café da manhã em Paris né almoça mal porque a comida de avião é ruim mesmo mesmo que você que
a aviação seja muito boa a comida normalmente tem gosto de plástico mas assim depois você janta em casa em São Paulo né E você lembra que você tomou banho no hotel em Paris né o moderno disso é você acreditar que porque você tá fazendo isso você vai conseguir percorrer espaços em alta velocidade avançar a técnica né melhorar a face do mundo pós-moderno é quando você percebe que esse movimento é alguma coisa que você vai ter que fazer o resto da sua vida o tempo tempo todo e se você resolver não fazer isso mais você já
era você vai ter que fazer isso o tempo todo cada vez mais e de repente você vai começar a perceber que ter uma casa só cansa é claro que você pode ter uma casa de campo onde você vai brincar de natureza é claro e brincar sério porque o a a consciência pós-moderna uma das coisas que a caracteriza é a consciência de que você precisa retomar determinadas coisas só que você não consegue retomar daquele jeito entendeu Você tem a casa de Campo mas tem que ter um DVD Porque ninguém aguenta também esse silêncio tem um um
certo cinismo de fundo nisso tudo né que também quando você estuda a filosofia toda aquela coisa lá o asceticismo o o o os a a sofística ela corre sempre o risco de um certo de um certo cinismo então uma das formas de você ver essa passagem do moderno pro pós-moderno da da perspectiva moderna para perspectiva pós-moderna é que a modernidade se caracterizou por um processo social de A racionalidade ganhou corpo social entendeu isso é século XIX Max Feber tá a racionalidade ela ganhou corpo social a racionalidade ela ganhou mecanismos sociais quer ver ó eu tenho
uma certidão de nascimento Eu tenho um número né eu eu sei exatamente quem eu sou tá vendo né eu vou para uma escola lá eu vou adquirir uma uma profissão eu vou exercer tal coisa eu tenho uma função social que é tal e tal entendeu quer dizer a a a a a a modernidade no século X ela acreditava por exemplo que se você se desvencilhar dos problemas da da da superstição totalmente você ia conseguir construir uma sociedade perfeitamente científica hoje a gente sabe que a ciência pode ser um pesadelo né a ciência pode virar um
pesadelo Mas quem tá a fim de abrir mão de um bom transplante de coração quando o seu coração estour quem tá fim de abrir mão da programação de crianças no futuro quando você puder fazer crianças nascer com mais saúde a gente ainda fala que não vai mas vai a gente ainda diz que não Claro a gente não pode fazer mas quando isso for tranquilo for uma questão assim de ó é Bradesco biotecnologia um futuro melhor né quando a coisa tiver nesse nível você vai fazer né você vai fazer simplesmente você tá você vai estar pensando
em felicidade em construir um mundo melhor então a modernidade nesse processo ela mesma é que foi produzindo a consciência pós-moderna entendeu a a não é que a pós-modernidade caiu do céu foi um ET que trouxe a pós-modernidade ela foi um processo que foi fruto dos lugares Nos quais a modernidade se instalou de forma mais plena [Música] o que que define você tudo bem Você tem um DNA lá e olhe lá hein o DNA não tá com essa bola toda hein Você pode ter um DNA Mas você pode viver como outro DNA você simplesmente ignora o
seu DNA ou H alguma coisa em você ignora o seu DNA e você é outra coisa então o DNA não é grande coisa imagina o resto porque saiu da biologia entrou nas ciências humanas é deserto né tudo pode tudo é fluido tudo é líquido tudo se transforma né então assim essa liberdade o mau-estar do do pós-moderno é caracterizado pelo pela pelo seguinte tipo de angústia é o seguinte ó eu sou livre finalmente eu consegui ser livre né eu vivo numa democracia eu sou livre das tradições eu não sou obrigado a obedecer muita coisa a única
coisa que eu tenho que obedecer é a lei do mercado ah essa é tenho que obedecer é a que sobrou se eu não obedecer a lei do mercado eu já era eu posso fazer até terapia graças a Deus tem umas psicólogas hoje especializadas em ajudar a gente aceitar a lei do mercado né e perceber que sem ela a gente não tem salvação então assim a gente tem que aceitar a lei do mercado mas assim fora isso nós somos livres e é essa liberdade exatamente que nos atormenta né a gente não queria ser tão livre assim
então na passagem da modernidade paraa pós-modernidade o balman vai dizer a modernidade era caracterizada por uma situação em que o autoinvestimento humano era na noção de segurança racionalidade segurança e organização né a pós-modernidade vai ser caracterizada por o momento em que o alto investimento humano é na na na Liberdade quando você tá na Liberdade o que caracteriza a liberdade é você perceber que tudo pode não há não precisa responder isso em voz alta mas alguém que já teve a oportunidade de conviver com alguém que é livre é ou não é o inferno não tem pior
pessoa no mundo do que uma pessoa livre do seu lado é um inferno inclusive é uma das razões de grande pesadelo dos homens quando as mulheres ficam livres e a vida se torna um inferno né então assim aí o que que acontece esse caso da relação mulher é um outro cenário porque assim no momento que a a mulher se mexe o homem começa a se mexer e aí ninguém sabe mais quem é o quê né aí o cara começa a se perguntar quem sou eu para onde eu vou começa a chorar começa a ter angústia
quando olha pro lado tá sozinho e aí de novo você tem que aprender você típica coisa do pós-moderno eu tenho que descobrir e aprender a ser quem eu sou Como que você pode aprender quem você é por uma razão muito simples você não é nada tudo é inventado tudo é aprendido tudo é cultura tudo é moda tudo é estudo então você vai assimilando assimilando assimilando esse diagnóstico né assim os valores não são mais exatamente do que pareciam justamente porque a gente entende ou acredita entender o mecanismo de produção de valor valor nada mais é do
que opção obsessão cultural ao longo do tempo você acaba aprendendo essas coisas e é por isso que você tem um comitê de ética em cada esquina porque nós não temos a mínima ideia do que é o bem e o mal nada se eu quisesse roubar no jogo aqui eu ia perguntar para vocês o que é o bem e o mal e a gente ia ficar até meia-noite falando nso Ninguém tem a mínima ideia do que é o bem e o mal a gente descobriu que ser livre é um peso gigantesco a gente gostaria muito de
alguém que dissesse para nós para onde a gente tá indo e principalmente a gente Gostaria de conseguir investir nos afetos e no amor confiando nele ninguém é louco bastante para confiar plenamente no no amor e nem no parceiro né Por quê Porque você sabe a não ser que você comece a tentar tapar o ouvido e não olhar ao redor você começa a perceber que a lei que opera em todo lugar opera dentro de em todos os níveis da sua vida ela não é ela é democrática a consciência pós-moderna o diagnóstico parar de se enganar parar
de achar que de fato alguém vai trazer a fórmula definitiva ou que o mundo não andou certo Talvez seja né nesse cenário aí você perceber que nesse nesse mundo do lado de fora você tem pessoas que estão caindo no abismo tem pessoas que estão paralisadas que estão morrendo de medo que se movimentam com uma enorme força tem pessoas que se movimentam dançando né E aí eu lembro uma ideia que é muito nitia e que serve muito a isso que é o seguinte Talvez uma das melhores metáforas para definir esse homem que o nietz sonhava que
é bem pós-moderno é que era um homem que caía numa Abismo dançando né ao invés de cair no abismo gritando ele caa no abismo dançando e não se trata de carpediem porque esse negócio de carpediem é bobagem o presente ó né se trata simplesmente de você perceber que você tá no mundo no habitate diferente mudou e mudou porque a gente aprendeu a lição não mudou porque a gente é burro mudou porque a gente estudou mudou porque a gente pensou mudou por a gente pode tentar muito parar de pensar mas alguns não conseguem parar de pensar
né e o pensamento tem esse risco ele pode não ter limite mas nós seres humanos estamos aqui exatamente no Business de não saber direito Onde estão os limites porque se você ficar muito preocupado com os limites você acaba ficando parado e se você tá andando numa casca de gelo se você parar você se [Música] afoga [Música] [Música] k [Música] k