tem uma segunda família de respostas meno nessa segunda família é menos conhecida menos valorizada historicamente não foi ela que construiu os manuais de diagnóstico não foi ela que bom o Freud pensou pelo menos em primeira instância eh não é a maneira mais habitual de pensar a origem do nosso sofrimento né essa segunda família ela pode ser nomeada assim nós sofremos também com a falta o déficit com a carência com a ausência de experiências produtivas de indeterminação o ocidente adora pensar que se a gente for mais seguro a gente é mais feliz se a gente não
tiver ameaça Então aí é que a vida boa vida boa é dentro do condomínio eu e meus amigos só bom vira vai para dentro no condomínio você começa a sofrer porque você criou muros regulament um monte de cois enchendo a paciência exatamente por isso que existe uma segunda família que é a falta déficit de experiências produtivas veja só nem toda a indeterminação nem todo dúvida nem todo ignorância falta de saber é ruim a gente precisa diz assim levar uma vida que vale a pena de experiências de indeterminação não é qualquer uma né porque tem experiências
de indeterminação que são simplesmente devastadoras que são traumáticas que não produzem nada interessante mas é como se a gente tivesse posto no pacote né tudo isso junto e dito olha a vida boa é vida em que não tem indeterminação e assim a gente excluiu uma série de coisas que uma vez excluídas começam a ser fonte de Sofrimento né então isso não vai ser tematizado pelos psiquiatras tanto pelos psicanalistas pelos psicólogos mas isso vai aparecer muito na filosofia MIT heidegger Kirk gard toda uma tradição de pensadores né que a gente poderia dizer assim são pensadores que
estão ligados à problemática da existência e que vão dizer olha essa vida que é moderna essa vida da determinação essa vida vamos dizer assim das leis bem feitas né a hora que a gente fizer e terminar de concluir as leis direitinho aí sim a vida vai valer a pena e esse projeto ele tá manco na sua origem ele é problemático de saída se a gente quiser universalizá-lo né Por quê vai di o Heider né porque se dá certo Qual é o afeto que vai nos consumir imagine uma vida onde assim eu construí tão bem as
leis que eu quero os caminhos pro meu desejo que está tudo assim no seu lugar está tudo assim seguro está tudo assim planejado né tá tudo europeu a gente adora dizer puxa lá é assim é que a minha vida ia ser feliz porque lá as coisas estão em ord a gente imagina isso Qual é o sentimento que vem aí grande questão para o Heider diz esse tédio é o esquecimento do ser Gente esse tédio essa apatia n essa falta de sentido esse esgotamento do desejo ve sóa pria realização né daquilo que seria uma condição pro
desejo que é a lei deu certo Deu Tão certo que deu errado então há uma segunda forma de pensar origem do sofrimento que tem que ver com as Tais e agora o problema é saber quais são né as Tais experiências produtivas de indeterminação por exemplo né ninguém gosta da angústia n nós vamos falar um pouco dela daqui a pouco no entanto existem angústias fundamentais se a gente não enfrentá-las não é que a vida vai ficar assim cheia de sintomas mas ela vai ficar mais pobre ela vai ficar mais tediosa ela vai ser uma vida né
caracterizada pela ocupação viam pessoas que olham pra vida como um conjunto de tarefas né agora tem que fazer isso depois eu resolvo aquilo depois resolvo aquilo outro e eu vou me ocupando de coisas para concluir né Como Se a vida fosse um videogame fase um fase dois fase três fase quatro daí chega no final você mata o Bowser e acabou a vida não pode ser só isso tudo bem mas a gente assim se deixa fascinar por essa ideia de que uma boa vida é uma vida que tá ocupada né porque na cabeça como é que
é cabeça vazia é [Aplausos] o casa do diabo vai vir más ideias e o ditado é perfeito só que essas más ideias são boas n uma vida sem más ideias uma vida normal mas pobre no começo lembra a gente não entrou ainda na definição dos termos né mas no começo lembra que ele sentia uma ção o que que tá acontecendo de repente mudou tudo sociólogos chamariam isso de anomia né tinha uma lei tinha uma ordem de repente ponta cabeça né daí para resolver essa malestar ele cria um sintoma Agora eu tenho cavalo né agora o
que aconteceu em vez de eu senti esse não sei agora eu sei problem o cavalo o cavalo tá ali ali se eu ficar aqui cavalo não vem lá cavalo Então pronto resolvido o mal Star ele é uma espécie de empuxo né de convite a nomeação malestar é assim eu não sei dizer qual é o nome disso o sintoma é o nome que eu encontro Ah agora eu sei agora o meu o meu problema é cavalo se não tiver cavalo tá bom entenderam a diferença né Eh aí a gente vai dizer assim mas eh tem uma
angústia que parece assim uma angústia produtiva que a angústia que leva ele a se perguntar né de onde eu vim para onde eu vou do que que eu sou feito e o que eu quero e qual quais são as as leis os caminhos que eu posso dar para o meu desejo essa angústia muito produtiva no entanto até que ele consiga vamos dizer assim resolver essa angústia destinar essa angústia ela vai se tornando um problema na vida da pessoa ela vai se tornando umtimo rumenos é uma palavra nome de um poema doeler em homenagem a um
poeta Latino Terêncio que escreveu uma peça com esse nome n por isso que não dá para traduzir na verdade é uma é um nome cuja tradução seria uma frase que é assim aquele que se compraz atormentando a si mesmo e o faz um poema dizendo Olha nós os modernos nós temos essa mania né de nos eh assim comprazer monnos né de procurar né sarna para se coçar né atormentação para si mesmo uma vida quer dizer a vida modeler né quer dizer se você está em Paris se você está no meio dessa confusão que que é
viver de Fato né que que seria um modelo para enfrentar essa bagunça tona eu Tom te movo menos se você não se atormentar você vai simplesmente se ocupar com as coisas passar pelo mundo ver coisas interessantes ter vivências né vida como umae parque de diversões agora andei no Carrossel depois fui na montanha russa daí eu brinquei de dar uns tiros e Ok mod vai dizer não pera aí isso é uma vida realizada do ponto de vista das experiências improdutivas e determinação se você quer realmente viver uma vida que vale a pena vamos lá pros antigos
e nós temos que nos atormentar porque há algo que se cria nessa atormenta problema né onde vai a Tormenta produtiva necessária e onde começa a Tormenta que vira excesso de experiência improdutiva de determinação vamos falar rapidamente desse poeta Latino Terêncio e da história do dessa dessa uma comédia na verdade né o Tom TIM rumos é um sujeito que é dono de terras né Um nobre que tem um filho daí o filho dele se engraça com uma filha da vizinha e ele acha que aquele casamento não vai dar muit certo né E daí ele briga com
o filho mas na hora de brigar ele perde a mão ele fala mais grosso do que ele devia ele acaba ofendendo o filho e aí o filho sai e vai embora de casa para se casar com a tal moça né e o cara fica que ele não se aguenta ele fica culpado puxa fui estabelecer a lei para o desejo e perdi a mão então como é que eu vou resolver isso e veja que loucura que ele inventa ele disz eu vou me disfarçar de escravo vou me empregar na fazenda do vizinho e vou trabalhar de
sol a sol na plantação para me atormentar e resolver a bobagem que eu fiz com o meu filho né totalmente ah fora de propósito mas então a peça toda vai se desenvolvendo em torno dessas loucuras que a gente inventa né uma conta que não fecha obviamente né Você fez um mal a seu filho tá culpado vai lá e peça desculpas para ele T se reconciliar não ele faz uma coisa que não é com o filho mas que é com ele mesmo ele se martiriza como uma maneira de resolver aquela erro que ele Talvez cometeu tudo
veja o bodeler vai pegar esse poema né ess ess Essa comédia né da antiguidade e dizer nós somos exatamente como esses sujeitos né Nós vamos criar uma lei para nosso desejo Passamos o limite e daí começamos a nos com prazer em em nos atormentar mas até certo ponto nós valorizamos esse atormento se a gente pensar naqueles pessoas que parecem ter uma relação mais densa com a vida né eles não estão assim num parque de diversões né e elas assistem o Jornal Nacional e ficam tomados pela coisa se indignam com as coisas políticas se coloca um
problema sem solução tipicamente os adolescentes e problemas que que você diz para porque não não vai ter saído né mas ao mesmo tempo a gente respeita profundamente essa atitude a pessoa que não passa por isso que não é capaz de enfrentar isso ela ela assim ela tá meio assim limitada na sua experiência na sua existência já falamos do malestar né Eh como uma experiência difusa com uma experiência de empuxo à nomeação né que pede por nomeação né e que agora a gente pode dizer né é a experiência de que a gente está andando na estrada
do nosso desejo né mas que nessa estrada não tem clareira não tem ponto de Detenção não tem ponto de suspensão né que essa estrada que é a estrada que eu levantei para o meu desejo né ela se torna um trilho ela se torna um um uma uma picada que que não sou mais eu que manda nela e ela que manda em mim unen em alemão é o termo que traduz essa expressão né ma estar tem um texto do Freud chamado Cult malestar na civilização em que o Freud narra essa essa nossa relação trágica com existência
el comea texto dizendo assim olha o mundo é um lugar estranho porque nele nós estamos todos juntos o mundo ele ele é nosso nem que eu queira dizer que ele não é ele é ele é meu e ele é seu e ele é seu e ele é seu nós estamos numa experiência que é forçada né O mundo é de todos nós e dela dele nós não podemos cair nós não podemos sair do mundo Já pensaram com essa coisa trágica mas e se eu morrer se você morrer vai ter uma plaquinha lá escrito Cristian dunker está
aqui tem o lugar fica lá né quer dizer eu não saio fora do mundo eu não tenho a possibilidade de não mais existir eu entrei para o mundo né e é um texto que que o Fred diz assim olha a situação é meio dramática porque eh tem um negócio chamado corrupção dos nossos corpos bad news vai indo vai indo vai indo e essa coisa termina mal há algo que a gente pode fazer a respeito zero né então estamos todos juntos no lugar que não podemos sair indo para um lugar que não é muito legal né
ã e daí a gente inventa vamos dizer assim alguns dispositivos para que a viagem fica mais agradável né postos eh e árvores paradas e tal e essas coisas que a gente inventa viram-se contra nós E aí a jornada fica ainda mais difícil complicada perigosa e cheia de obstáculos e terceira situação de vez em quando a gente tem essa experiência de que é uma estrada onde não tem clareira não tem ponto de Detenção não tem ponto em que a gente simplesmente estar pensaram como isso é raro na vida são pequenos momentos em geral a gente fica
sonhando que dia vai se aposentar e vai acontecer isso não acontece ou então um dia os filhos crescem vai acontecer isso não acontece ou que a gente vai crescer se formar e daí vai acontecer isso não acontece quer dizer não tem nada de natural não tem nada de fixo termine que essa experiência vai acontecer essa experiência de ó só estamos não estamos fazendo Estamos indo estamos voltando Estamos nos ocupando a experiência de estar é extremamente Rara ela é quase insuportável porque estar tem que ver com fazer a parada do pequeno runs olhar em volta e
fazer perguntas né Colocar perguntas que provavelmente não vamos responder né que vão encher a nossa paciência mas né se a gente não fizer talvez a coisa Fique pior então malestar tem essa dimensão né de não só ser né mas o fato de que a partir da modernidade nó somos introduzidos a essa ideia de que nós não temos mais lugar natural Já pensaram nessa coisa pro Aristóteles todas as corpos um dos sinônimos de Corpos é indivíduos né todos os corpos têm um lugar que é o lugar daquele corpo dessa cadeira é o lugar natural é essa
aqui dessa água o lugar natural é esse aqui e os corpos essa faz parte da da física dele tendem a voltar pro seu lugar natural né Eh Isso é uma cosmologia um jeito de entender o mundo vem a modernidade depois a psicanálise diz olha nós não temos mais lugar onde a gente está né Nós somos seres caídos né à procura de um lugar que a gente perdeu que a gente não sabe qual é mas que a gente fica tentando voltar tá ficando claro como o mal-estar é uma condição vamos dizer assim inescapável mas uma condição
existencial que que torna a nossa vida tão complicada assim de saída é que ela vem com essa condição de estar mal não tem o seu lugar no mundo é lá o seu lugar no mundo é aqui não tem Senão nós estaríamos na Idade Média ou no no Oriente estemos em outra forma de vida tá bom daí mostrei como a partir do pequeno huns como o sintoma é um tipo de nomeação que a gente encontra para esse estar mal é uma solução ele não é só um problema né Ele é o cavalo ah agora não tenho
mais que fazer Tantas perguntas eu tenho essa resposta que é o cavalo o ponto que eu não me desdobrei mas que no fundo estava em jogo nessas duas grandes famílias famílias e a relação entre o sofrimento e o sintoma e entre o sofrimento e a mal-estar por quê porque H sintomas que fazem a gente sofrer e há sintomas que não fazem a gente sofrer a relação entre sofrimento e sintoma ela é contingente né Por exemplo você acha que intuiu isso né Eu tô aqui com o o meu medo de cavalos só que eu não moro
mais na Viena da Virada do século eu moro em Nova York Nova York é um péssimo exemplo porque lá tem cavalos no Central Parque mas vamos dizer eu moro na Praça da Sé né eh na não tem cavalos Então esse meu medo de cavalos ele ele não me faz sofrer né quer dizer quais seriam as condições então que fazem com que o sofrimento o sintoma faça sofrer mais ou faça sofrer menos mas serum as condições que fazem com que o mal estar se articule com o sofrimento se junte com o sofrimento né como no caso
do Eon rumenos né e quais são as condições nas quais o mal estar se separa dos Sofrimentos o sofrimento vamos dizer assim que não que não dá conta do malestar que não trata o malestar né bom se eu tô dizendo o malestar é um empuxo a nomeação né o sintoma é um nome o nome que a gente se cria né uma lei que a gente se põe o sofrimento comparativamente pode ser eh colocado né quer dizer traduzido na forma de linguagem que a gente chama de uma narrativa sofrer se dá ao modo de uma história
né sofrer sempre é um filme é como a gente diz um drama uma novela para de fazer drama essa pessoa está chamando atenção e ela está enfim tem cheias histórias não sei se tá claro para vocês o quanto é intrínseco né a experiência de sofrimento e a experiência de contar histórias sobre os sofrimento tem pessoas que são enervantes porque você conta que aconteceu uma coisa triste com você e ela ah mas eu eu tenho uma coisa três vezes pior e conta uma história pior ass não mas a minha era mais ou menos assim não mas
a minha você não sabe ou então a que aconteceu com a minha tia ou com minha avó ou com o meu pai há uma espécie de vamos dizer assim de de conversa entre as diferentes formas de Sofrimento né uma conversa que a gente poderia ampliar e dizer assim há uma espécie de política envolvida nas formas como a gente sofre por quê Porque apesar de a gente estar assim livre para escolher os caminhos do nosso desejo parece que há assim e eh proposições tendências fórmulas que dizem pra gente ó sofrer sofrer assim não é sofrer assados
Esse é um sofrimento que vale a pena ser reconhecido esse aqui não o seu mais ou menos o seu não O dela sim que que define isso Por que que por que que a gente sofrer com com um cavalo eh merece tratamento terapia Freud a psicanálise isso precisa est um enfim livra esse sujeito do cavalo né ao passo que por exemplo eu sofro porque eu sou pobre hum Esse esse não tem medicina esse eu sofro porque eu sou corintiano na verdade sou palmerense o meu time sempre perde segunda divisão por que que não posso ter
assim uma uma política pública para que o meu sofrimento seja tratado eu tô sofrendo com isso tô dando exemplos caricatos mas essa conversa ela vai longe porque eu posso chegar em coisas do tipo assim por que que o sofrimento de gênero né sofro por questão b a minha experiência de orientação sexual não é reconhecida pelo outro acha que eu sou um doente eu acho que eu tenho que ser preso ou que eu sou um criminoso esse sofrimento pode ser reconhecido deve ser reconhecido ou não acolher responder eh validar reconhecer as diferentes formas de sofrimento é
uma questão de natureza política tá então com essas três a gente então se coloca de uma forma vamos dizer assim e a repensar o que que seria essa inflação de Diagnósticos né Essa inflação de Diagnósticos é uma uma tendência contemporânea a dizer assim olha vamos esquecer o mal-estar e transformar todo malestar em sintoma né vamos esquecer o sofrimento e vamos transformar todo o sofrimento em sintoma e daí a gente cria especialistas em tratar esses sintomas e tá tudo bem tá não precisa ser assim E esta é uma operação problemática não precisa ser assim a gente
pode pensar o diagnóstico de outra forma Diagnóstico como para cada um como é que essas três coisas se juntam n como é que cada um resolve essa equação entre malestar sofrimento e sintoma sem ter que reduzir todo mal-estar a um sintoma tá no fundo essa operação que criou assim uma uma civilização de deprimidos porque tudo tudo não tem nenhuma inquietação existencial que não seja toma toma a calina que resolve né veja não é que não exista o sintoma da depressão Mas por que que nós não conseguimos mais olhar para as nossas existências e ver que
ela comporta sintoma mas ela Comporta sofrimento e comporta malestar não reduzir um ao outro bem-vindos ao nosso curso sobre a partilha dos afetos e eu gostaria de começar introduzindo eh a escolha desse título tá ele é uma homenagem a uma perspectiva de um filósofo chamado Jacques Hanser que escreveu um livro chamado a partilha do sensível tá E nesse trabalho o rier que é o autor de um outro trabalho muito interessante chamado a estética e o inconsciente estético né E ele fala da partilha como algo que diz respeito à produção de um comum né aquilo que
é partilhado pertence a um determinado grupo ou uma determinada unidade mas também aquilo que é partilhado é dividido em partes cada um tem o seu quinhão cada um tem a sua contribuição para a criação daquele espaço comum nossa ideia é de que existe um processo análogo nas relações intersubjetivas e no que a psicanálise descreveu a partir da sua teoria dos afetos eh Isso quer dizer o seguinte eh antes de tudo eh preciso pensar que os afetos né definem-se pela nossa capacidade de afecção né Eh Ou seja nossa capacidade de receber então vamos começar definindo um
pouco os nossos termos o afeto é uma expressão que remonta né a ideia de ser afetado e portanto implicaria sim numa certa experiência passiva como se fôssemos uma folha em branco e alguém vai lá e imprime algo em nós e deixa uma marca uma impressão que pode ou não permanecer pode ou não ser retida né por essa vamos chamar a superfície da Alma né Eh isso é um modelo interessante eh porque eh diz respeito à capacidade de receber mas na prática ser afetado não é só ser passivo né existe algo no na maneira como a
gente é afetado que mostra uma espécie de expressividade da recepção que mostra para aquele ou para aquilo de onde nós estamos recebendo um determinado estímulo que aquele estímulo Está ok está sendo percebido está sendo bem recebido ou então está sendo defletido bom os afetos então a gente pode dizer eles têm eh na sua origem um certo de eh implicar eh que a gente consiga bem representar aquilo que nos afetou a gente pode dizer essa capacidade sensível ela não é um espelho da linguagem e ela também não é um espelho do mundo né Ela implica um
certo trabalho Ela implica um certo trabalho de reconhecimento que passa no nível vamos dizer assim biológico pelo que a gente pode chamar de própria ção seja como nós sentimos o nosso próprio corpo H síndromes Como por exemplo o pânico que parecem est associadas com uma um curto circuito na maneira como nós percebemos nosso próprio corpo o mesmo acontece na hipocondria onde uma determinada área começa a ficar hipersensível e quanto mais a gente presta atenção nela mas aquele pequena variação assume um volume uma extensão psíquica que passa a ser assim inquietante que passa a demandar algo
do sujeito Então essa é uma segunda característica dos afetos Ou seja a gente a gente precisa e pode reconhecer-lhe back por nomeação Ou eles podem permanecer também ah numa zona de indeterminação entre prazer e desprazer entre entre conforto e desconforto certas síndromes psicossomáticas elas estão associadas a uma dificuldade de nomear aquilo que está nos afetando né e no extremo iso se chama alexitimia né al é um prefixo de negação e timia quer dizer afetos né há pessoas que tem mais dificuldade de nomear o que estão sentindo e outras que conseguem vamos dizer assim manter-se num
certo tempo em que a afetação ela cumpre todo o seu processo e você consegue bem representá-la ou melhor representá-la mas eu falava desse segundo tempo em que aquilo que nos afeta também nos convoca aquilo que nos afeta também demanda aquilo que nos afeta Exige uma espécie assim de de resposta e esta resposta a gente pode chamar então de emoção né emoção né de moto de movimento Ah tem uma dimensão mais fixa do ponto de vista da história da nossa espécie né são seis emoções que a gente pode encontrar transculturalmente eh ao longo do tempo e
que são assim automaticamente percebidas eh na criança pela sua mãe Eh em um estrangeiro mesmo que eu não fale a língua dele né são emoções descritas por Darwin né no seu célebre trabalho sobre expressão das emoções em homens e animais retenham aí a noção de expressão né E que a gente pode dividir entre as emoções baseadas na gramática da fuga ou ataque que é o medo e a raiva né Uma emoção que tem que ver com certos estados e de corpo como a contração de pupilas e vaso compressão aumento da Visão em Foco Ah porque
e trabalho da Inteligência trabalho do julgamento né quer dizer atacar ou fugir a partir de como eu fui afetado eu posso traduzir esse afeto em raiva ou medo mas posso traduzir esse afeto posso convocar né partir desse afeto um outro par de Emoções né vamos dizer a alegria e a tristeza enquanto o medo e a raiva são afetos Eh vamos dizer assim que nos direcionam para a ação seja ação de defesa seja ação de ir em frente a alegria e a tristeza nos Foca no presente nos liga ao ambiente nos faz reverberar né como dizem
os antigos um certo contentamento uma certa satisfação ou uma certa insatisfação que que quer dizer satisfação vem do latim satis quer dizer é o bastante é isso que está em jogo na ideia de contentamento ou bem-aventurança ou temperança né Ou seja a ideia de que você pode estar ali com aquilo que eh os seus afetos se propiciaram e você pode amplificar isso num sentido ou no outro as emoções da Alegria e da tristeza já diria o Espinosa né Elas têm que ver com o encontro bons encontros e maus encontros aumento de potência diminuição de potência
né inclinação para a presença e retirada da presença o terceiro par de emoções né a surpresa e o nojo tem que ver com a nossa eh interpretação né Eh dos sistemas de expectativa como nós estamos no tempo como nós estamos em relação assim uma espécie de previsibilidade ou de controlabilidade que vamos formando na nossa consciência eh a partir da interpretação que fazemos na nossa história né então Eh se surpreender é ter a seu sistema de expectativas violado e isso pode estar ligado por exemplo a nossa maior ou menor curiosidade os curiosos são aqueles que adoram
ser surpreendidos aqueles que têm um certo temor da experiência vão preferir né um recu vão preferir sentir o cheiro vão vão preferir tatear antes de se entregar a uma determinada rede de expectativas bom além dessas emoções que são então básicas a gente teria dois sentimentos dois sentimentos de base dois sentimentos que foram descritos por Freud como sentimentos sociais a culpa e a vergonha Elas seriam traduções de eh Uma afetação que não estaria só baseada no que vem de fora mas também naquilo que vem de dentro como os estímulos externos se conectam com os nossos estímulos
internos né como a nossa percepção se conecta com a nossa memória e nesse circuito a gente forma então uma certa receptividade prosos afetos ou uma certa calosidade pros afetos E aí a gente vai desenvolver e às vezes isso é importante certas desafetações certas inibições o cirurgião quando ela vai praticar a sua arte se ela se emociona com que ele está vendo talvez ela não consegue pensar direito nas suas ações né portanto ela desenvolve isso tá aí disponível para todos nós uma capacidade de desligar a nossa afetação né e concentrar a nossa atenção nos nos atos
né na inteligência dos nossos atos bom então a gente tem afetos a gente tem emoções e a gente tem a tradução dos afetos e Emoções no que a gente pode chamar com o rier de partilha do sensível ou partilha social dos afetos Então vamos imaginar agora que os afetos que já são uma tradução né que não são uma coisa passiva as emoções que já fazem parte da resposta né que é assim o que que você faz com aquilo que te afetou tá você transforma em medo você transforma em raiva você transforma no quê E a
transformação da transformação como você partilha isso com os outros né formando uma espécie assim de paisagem social de de campo de atmosfera na qual as interações vão se dar isso é muito interessante porque os sentimentos no fundo elas eh estão baseados no que o Freud chamava assim de mímica dos afetos né que uma parte de um trabalho dele sobre o xiste sobre o humor sobre o cômico sobre como a gente ri né E ela dizia o o o o riso ele tem duas fontes importantes uma é o riso ã a dois quando eu vejo alguém
escorregar numa casca de banana e reajo aquilo né numa expressão de e e olha como eu sou adaptado e Olha como essa pessoa ela é acabou sendo depositária da minha incoordenação motora dos meus equívocos da minha da minha infantilidade n e El diz esse é um riso de baixo eh valor social porque ela no fundo trabalha apenas a dois né você e aquele de quem você está rindo existe além do do do cômico existe o humor existe o xistoso que envolve três lugares né envolve aquele por exemplo que conta a piada envolve o outro que
recebe essa piada e que se a piada funcionar fecha-se um circuito ou seja aquilo que me fez rir um dia agora faz rir ao outro e na medida que ele ri de novo ou ele ri da piada que eu contei eu capturo eu pego para mim de volta um fragmento de gozo eu rio junto ele vai dizer então essa é uma maneira da gente repetir satisfações né repetir Prazeres que se vividos individualmente seriam assim eh impossíveis ou muito bobos vamos dizer que eu ouvi uma piada legal chego em casa e conto a mesma piada para
mim de novo eu não vou rir direito eu não vou rir tanto quanto eu ri da primeira vez porque me falta o efeito surpresa vejam aí a presença da emoção né porque me falta aquela primeira alegria aquele Marco né que que se impressiona sobre mim com a alegria de rir de uma piada né portanto eu prec priso contar essa piada para um outro para conseguir rir de novo com ela mas quando eu faço isso e eu ponho em marcha o que o Freud chamava de o xiste como processo social e é por isso que as
piadas se espalham um conta pro outro o outro conta para Terceiro o terceiro conta para o quarto o quarto conta para o quinto hoje por exemplo a gente vive toda uma cultura dos memes na internet que são o quê mensagens de riso de alegria que a gente espontaneamente passa à frente por que que tão espontâneo porque a gente é solidário porque a gente quer que os outros Riam é não é também porque quando os R os outros rim a gente recupera um fragmento dessa emoção um fragmento dessa eh desse afeto isso portanto habilita a gente
a falar em eh dominância né em eh aquilo que os gregos chamavam de Patos num certo sentido de Patos que não é o de sofrimento e nem o de paixão né mas que é a impressão do espaço por exemplo o Patos do tédio entre os românticos alemães do século XVII ou o Patos da guerra entre os romanos eh durante a guerra na Gália então a gente pode dizer que eh existem retóricas existem discursos existem dispositivos sociais e culturais que criam paisagens de sentimento essas paisagens Elas têm uma altíssima Valência política se o sentimento geral for
de medo o que que é que eu vou tender a fazer eu vou tender a procurar a segurança eu vou tender a entregar a minha liberdade para quem tem os meios né o de de poder ou de uso da violência para me sentir protegido tá ó lá ataque ou Fuga o que que eu faço eu transfiro para o outro ataque e eu fico na posição de defesa né isso gerado por um determinado estado uma atmosfera de um determinado sentimento mas vamos dizer que o sentimento seja de ódio como a gente viu aí no no Brasil
recentemente isso vai favor certos argumentos isso vai favorecer certas ideias em detrimento de outras né quando a gente é em estado ao ódio que que a gente começa a procurar inimigos culpados pessoas que estariam vamos dizer assim eh causando esse estado em nós e com isso vocês vem né a gente tem um tipo de laço social que é Vamos nos unir para combater esse determinado inimigo isso acontece porque o ódio está dado né como atmosfera de sentimentos e porque esse ódio começa a produzir o mesmo ciclo de realimentação que a gente viu em relação aos
afetos ou seja do sentimento social de ódio eu volto para o afeto individual de ódio né Isso é extremamente perigoso porque assim como os políticos vão procurar inimigos e às vezes países inimigos as pessoas vão procurar adversários que podem ser aquelas com quem eles estão vivendo e estão vamos dizer assim partilhando o seu cotidiano ou pode ser as pessoas com quem você vive na sua escola na sua empresa eh na sua igreja enfim onde você estiver então percebe-se que a temática dos afetos ela tá profundamente atravessada por atos de reconhecimento que são atos políticos né
ou seja qual é o sentimento que a gente junto quer produzir tá pode ser o de alegria pode ser o de medo mas pode ser assim sentimentos mais complexos como o de solidariedade né como ã o de eh estranheza ou de pressa né um sentimento de familiaridade estranha mento se cruza com um sentimento de pressa ou de lentidão né Às vezes a gente está numa atmosfera em que a gente diz assim puxa aqui as coisas tendem a se processar de uma maneira mais lenta isso vai afetar o nosso circuito de afetos isso vai afetar a
produção das nossas emoções isso vai afetar aquilo que Alguns chamam de a gerência das emoções e esse tem sido um grande tema aí para diversas formas de Psicologia nem tanto para a psicanálise Mas como que a gente opera né modulando agindo sobre essa cadeia né como a gente por exemplo pode escolher em parte fazer algo com que os outros fizeram conosco né o outro Ah pode gerar em nós um conjunto de afetos a gente escolhe E aí tem uma escolha que não é exatamente inconsciente mas que uma escolha pré-consciente né a gente escolhe a volumetria
tá a gente escolhe por exemplo inflar um determinado afeto em relação a um determinada emoção em detrimento de outra emoção em relação a um determinado afeto como por exemplo a gente faz isso cadeias de pensamento né ah el disse aquela coisa naquele momento e que isso me decepcionou muito eu chego em casa e começo a repetir cada palavra né cada gesto e daí eu eu concluo essa repetição e e e engraçado quando o circuito se fecha parece que eu sinto de novo aquilo que o outro me fez sentir né e ao sentir de novo aquele
afeto fica mais forte fica mais intenso mas fica também mais Prisioneiro daquele instante Prisioneiro daquele momento E daí Eu repito de novo e ele me disse aquilo depois me disse aquilo depois me disse aquilo depois me disse aquilo e a gente sente de novo aquilo que estava naquela situação até certo ponto essa reconstrução ela é importante porque ela é uma pesquisa que estamos fazendo sobre qual afeto realmente ou quais afetos realmente estavam em jogos em jogo naquele encontro muitas pessoas reduzem essa pesquisa rapidamente a um processo no qual essa reconstrução se fecha num círculo perfeito
e quando ela começa a girar sobre si mesma a gente tem um efeito descrito aí pelo niet como um dos nossos eh diagnósticos de época né um dos nossos diagnósticos de modernidade né que vai dizer assim aquele que começa a se fechar nesses afetos que vão se intensificando Porque estão se aprisionando está sofrendo de ressentimento sentimento de novo sentimento mais uma vez sentimento que não se desdobra numa troca com o outro sentimento que passa a ser então vivido numa espécie de recuo em relação ao outro uma espécie de individualização em relação ao outro a partir
de então o tempo não passa mais novos encontros não mudam aquilo que aconteceu novas palavras não desculpam aquilo que feriu novos eventos simplesmente confirmam aquilo que está sendo então preservado pelo sujeito numa relação que no fundo presume uma espécie de onipotência do campo do outro presume que o outro é quem define os afetos os sentimentos e as emoções e nós apenas sofremos passivamente o que o outro nos propõe e está fechado um circuito que é o mesmo tempo psicológico né Eh psicanalítico né porque envolve eh um uma espécie de tramitação da angústia né que que
seria o que a a indeterminação dos dos afetos a impossibilidade de traduzi-lo traduzi-los em emoções ou traduzir as emoções e sentimentos mas também é um processo que passa pela política que passa pela eh pela nossa experiência social né então nos nossos próximos encontros aqui nós vamos detalhar nós vamos exemplificar o funcionamento dessa partilha né dessa divisão social dos afetos bom então tá apresentado o nosso quadro de referências né eh os afetos as emoções os sentimentos eh passei assim rapidamente por aquele que seria o afeto de base né o afeto mãe o afeto para o qual
todos os outros afetos podem ser reconvertidos que é angústia né quando a gente sente angústia quando a gente é tomado pela angústia é como se a gente estivesse no Grau zero dos afetos né existe um correlato da angústia em termos de partilha social né Eh que é o o que o Fred chamou de sentimento inconsciente de culpa né o sentimento ah de que você eh Mesmo não tendo feito nada de criminoso nada de errado nada de inadequado ainda assim recebe este afeto né a partir do Sentimento do Mundo de volta sobre você né então nos
nossos os próximos encontros nós vamos detalhar o funcionamento desse circuito de afetos em casos específicos vamos falar eh de como esse circuito Pode ser então modulado hoje a gente introduziu essa dimensão mas vamos falar especificamente da modulação pela scut né Vamos falar Eh mais dessa dimensão política né dos afetos e como os afetos podem oferecer resistência se pode então transformar certas modalidades de poder e vamos falar também desse desse sentimento emoção e afeto que é tão procurado pelas pessoas e que o próprio Freud dizia é a maior fonte potencial paraa Nossa transformação e do mundo
que é o amor então ã vamos ver um caso mais complexo como o amor vamos ver um caso mais simples como o medo vamos falar da escuta eh do empática dos afetos e vamos atravessar isso com a discussões sobre a valência política da maneira como a gente lida Gere reconhece e nomeia nossos afetos h