Tantos Tempos - Milly Lacombe e Cortella- Ep 6

Eu sempre gosto de lembrar que a gente desde a escola né a gente lembra nas aulas de biologia que a gente nasce cresce se reproduz e morre só que ninguém avisou pra gente que entre se reproduzir e morrer tem quase que 50 anos vale a frase né do Snoop é é Snoop diz char um dia nós vamos morrer e o Snoop diz é mas todos os outros dias não é a fase que a gente vira bruxa e falaram disso pra gente como se fosse um problema e não é um problema é um uma solução porque

é é o que a gente falava antes a gente a gente se despe dessa objetificação e ali ela Cita uma fala mineira né em que os mineiros dizem que a vida não tem que ser comprida ela tem que ser larga né diz não importa o cumprimento o que importa é a largueza meu corpo que jogava futebol até 10 anos já não consegue mais jogar aqui eu jogo aí a bola chega para mim eu já não faço nada igual entendeu parece que um outro corpo um corpo Alienígena mas é o meu corpo então tem isso também

a cabeça fica mas o corpo ele vai perdendo movimentos né E a gente tem que fazer as pazes com essa Troca esse modo de enfrentar algo que não se sabia é tão bonito né que nos dá até o direito de ir pela vida lamentando sair dela pela impossibilidade de continuar com espanto a consciência quando expande consciência e fogo são as coisas que quando você compartil elas se multiplicam E cada vez que eu fico sabendo que tem muita coisa que eu ainda não sei né isso me dá um uma força uma energia que é maior ainda

pode parecer conversa de filósofo ye é se os tempos são outros É Preciso Viver o tempo de outro jeito porque os 50 São outros 50 os 60 São outros 60 o 70 80 90 seja qual for o número hoje são outros [Música] 500 segundo o economista Eduardo Janete a expectativa de vida nos últimos 40 anos aumentou mais do que nos 4000 anos anteriores e para entender como a gente vai aproveitar esse fato incrível que é poder viver mais estamos trazendo para esse podcast pessoas que olham pro velho de um outro jeito meu nome é Candi

sipom tenho 50 anos e este é mais um episódio do podcast outros tempos hoje recebemos aqui a jornalista e escritora mil Lacombe e o professor e filósofo Mário Sérgio Cortela bem-vindos é um prazer enorme em nome de toda a equipe a gente tá aqui agradecendo né esse finalzinho de ano na presença de vocês e a gente queria começar aqui hoje com a pergunta que a gente adora fazer quando é que a gente fica velho quando a gente desiste desiste de não ficar né todas as vezes que você imagina que já deu não como completude mas

como desistência Aí sim a velice te atinge obviamente que há uma diferença entre ficar idoso e ficar velho o corpo envelhece e não fica idoso as células elas são trocadas elas não ficam idosas no sentido que eu tô usando mas quando se desiste Sem dúvida é claro que a velice ela carrega tudo aquilo que é Inconveniente tal como a infância tal como a adolescência né asos polos se fecham né quando bebê eu tinha que se alimentado higienizado era carregado Talvez isso volte acontecer mas nesse intervalo vale a frase né do Snoop é é Snoop diz

char um dia nós vamos morrer e o Snoop diz é mas todos os outros dias não exatamente nesses outros que não envelhecer nesse sentido né de recusar-se a ficar apenas idoso a escolha e aí mil Então eu gosto do sabe quem é o Evaldo bertazo é um coreógrafo professor de dança né uma vez ele me diz o seguinte o corpo não envelhece o gesto envelhece então se você alongar se você trabalhar o gestual você talvez demore mais para envelhecer e ele é um cara que segue arrisca isso né Acho que sim o o a gente

envelhece no momento talvez que a gente não consiga mais amarrar o sapato a gente começa envelhecer aí mas velice é tanta coisa né A gente pode definir de tantos jeitos porque na sabedoria do Snoop todos os outros dias não morreremos e a gente tá vivendo mais tempo dentro da velice né Nós talvez sejamos a primeira geração a gente vai passar 30 anos dentro da velice é só uma outra fase né que vai carregar muitas coisas da infância talvez a necessidade de cuidados talvez a necessidade de alguém te dar a mão para atravessar a rua né

tantas coisas mas com sabedoria que a gente acumulou durante a vida e eu não existe né Cortela Eu acho que um ser humano que nunca tenha morrido não não não ainda então chegar isso seria insuportável insuportável né a eternidade ela é insuportável porque ela significaria primeiro que você não teria razão para fazer as coisas como se fosse morrer um dia e isso dá uma intensidade forte e segundo que a vivência repetitiva H lá o dia da marmota né o feitiço do tempo ele é muito tedioso é um filme clássico em 1974 chamado zardos que é

um filme do John burman que foi estrelado pelo shan conner e fala exatamente disso né é um filme de ficção zardos é uma brincadeira né com o mágico de oss the Wizard of oss e ele conta de uma humanidade que tá em 2093 não falta tanto quando o filme é feito a quase 50 anos faltava a humanidade metade dela hav vive num local paradisíaco eternamente e a outra metade são servos escravos que criam as coisas para eles um dia esse grupo né de escravos se revolta né E nesse sentido eles acabam atacando esse grupo que

é imortal e o grande sonho do grupo Imortal que está junto há centenas de anos é morrer e por isso eles precisam que o grupo de Mortais destruam o cristal que dá sustentação à eternidade para que eles tenham a felicidade do fim né e o filme trata disso há meio século portanto a ideia não de que a gente deseje né a morte o que a gente não deseja é a ausência de finitude vou fazer 70 anos há uma diferença entre minhas condições né em outro tempo mas também é uma série né de outras vantagens que

eu não carregava né nossa sociedade ela sem dúvida ela estendeu as várias etapas da vida uma uma delas é a nossa possibilidade né de ter um tempo mais longo não necessariamente mais produtivo Terezinha rios que é uma filósofa mineira el eu lançamos um livro chamado vivemos mais vivemos bem né E ali ela Cita uma fala mineira né em que os mineiros dizem que a vida não tem que ser comprida ela tem que ser larga né diz não importa o cumprimento o que importa é a largueza portanto é outra lógica espaço né espaço da experiência Eu

sempre gosto de lembrar que a gente desde a escola né a gente lembra n aulas de biologia que a gente nasce e cresce se reproduz e morre só que ninguém avisou pra gente que entre se reproduzir e morrer tem quase que 50 anos e a gente tá aprendendo isso nessa geração né Eu acho que essa geração tá começando não só a se dar conta de que vai viver mais mas também experimentando novas formas com largueza para viver sem dúvida né A que acompanha várias coisas na literatura no campo do futebol no campo daquilo que é

a arte do inútil que a nossa capacidade humana capacidade humana de criar o que não gera só sobrevivência Como o esporte a arte a literatura sabe o quanto que essas são formas nossas de recusar o fim né Por A grande questão que a filosofia sempre trouxe na história é porque é que existe alguma coisa e não nada uhum Isto é porque que as coisas existem tem no lugar de não existirem ou dizendo de modo mais direto por que que eu existo em vez de não existir Isto é qual é a razão essa razão ela não

é dada a Prior ela tem que ser buscada uma das coisas que a vida mais extensa faz é criar possibilidade de dá tempo de achar a resposta demais isso né essa reflexão a gente a gente é o único ser que tem at onde a gente sabe a consciência de que vai acabar né e isso é perverso né Isso é cruel a gente precisa lid a gente leva uma vida inteira para lidar com isso né Eh eu acho que de tudo isso que a gente vive hoje assim a gente tem tantos problemas sociais a gente tem

tantos problemas políticos econômicos a gente não tem as redes sociais a gente não tem tempo para lidar com as coisas que a gente precisa lidar que é por exemplo fazer as pazes com isso que um dia a gente chama de fim mas que há filósofos quilombolas por exemplo negro Bispo que nos deixou recentemente ele diz a vida é começo meio e começo de novo né porque a gente pode escolher e a gente morre em vida tem as mortes simbólicas né Cortela a gente morre em Vida tantas vezes antes da morte que a gente chama de

derradeira né quantos lutos a gente passa ao longo de uma vida perdas que é uma outra curiosidade Porque além da gente ter noção de que a gente vai acabar a gente perde tem um poema lindo da Elizabeth Bishop a arte de perder não é nenhum mistério né é uma das coisas mais bonitas que já foram escritas a gente perde pessoas que a gente ama a gente perde colágeno a gente perde movimento a gente perde elasticidade meu corpo que jogava futebol até 10 anos já não consegue mais jogar aqui eu jogo aí a bola chega para

mim já não faço nada igual entendeu parece que um outro corpo um corpo Alienígena mas é o meu corpo então tem isso também a cabeça fica mas o corpo ele vai perdendo movimentos né E a gente tem que fazer as pes com essa troca citou elabe bop eu me lembrei Adélia Prado fez 88 anos né 2023 ela tem um texto belíssimo em que ela diz como final né Eu Sempre sonho que uma coisa gera nunca nada está morto o que não parece vivo aduba o que parece estático espera olha que ideia forte eu sempre sonho

que uma coisa gera nunca nada está morto o que não parece vivo aduba o que parece estático espera Isto é isso que a mil lembra lá né de algo que é começo meio e começo começo ou seja você vai conseguindo dar Passos né que fazem com que a vitalidade ela não se encerre ela apenas se transforme né ela muda de local né minha mãe faleceu com 93 anos de idade e uma das coisas que ela dizia sempre de modo humorado era filho cuida do corpo direitinho que o corpo é uma coisa tão boa que você

cuidar dele direitinho dura a vida toda né E essa ide que Don em trazia ela marca um pouco esse campo né de você poder cuidar-se para fruir melhor e não é Portanto o que condenável é que é obstinação em relação a ficar vivo a Qualquer Custo porque H um custo né que não é assimilável mil eu queria voltar num tema você falou que nós somos a mesma a única né espécie que sabe do fim que isso é é perverso você consegue ver além da do perverso disso tem algum ganho em saber que a gente vai

acabar porque por exemplo você fez várias conversas na TPM ultimamente falando sobre envelhecimento sim e muitas mulheres eh a gente percebe que tem uma questão do envelhecimento feminino que acaba pesando um pouco mais né a gente acaba sofrendo um pouco mais as consequências do envelhecer ou talvez a gente tenha mais um olhar H culposo ou um olhar mais pesado para envelhecimento da mulher que que você aprendeu nessas conversas tem algum ganho aí pra gente poder pensar então Eh por nessa sociedade que a gente vive para uma mulher envelhecer é proibido é melhor morrer eh O

que a sociedade diz é isso a partir do o nosso corpo começa sexualizado com se 7 anos né a a a heterossexualidade heteronormativa ela é baseada na cultura da pedofilia a imagem da a colegial de saias que tá no na na construção pornográfica da masculinidade uhum Isso é uma imagem pedófila e a gente aceita isso com naturalidade inverso a gente não vê muito né a gente não vê isso então a a ess a gente nós meninas somos socializadas assim senta com a perninha fechada sim se você sair na na rua tarde da noite se você

sair com a saia muito curta com decote muito longo e acontecer alguma coisa culpa é sua não é uma sociedade que diz pro menino Não abuse de uma mulher é uma sociedade que diz pra mulher não se deixe abusar isso deix de muito cedo então de os nossos corpos são sexualizados com 11 anos eu lembro de eu andar na rua e mexerem comigo a partir de uma 40 45 você entra num numa coisa da invisibilidade você já não é a pessoa que vai ser olhada na rua seu corpo já não está sendo sexualizado você vai

ser abusada de outras formas você vai incômodo nisso não ser mais olhada com desejo ou ou com ofensa ou com atenção não é uma é uma Cortela é uma liberdade liberdade porque é É muito difícil você porque não é um padrão de beleza que faz com que você seja eh mexida alguém mexa com você é o fato de você ser mulher mulher exato Tem uma amiga minha Mara moira é uma mulher trans que ela fez a transição com 29 anos então ela foi ela viveu em corpo masculino por 28 anos com 29 ela fez a

transição e ela falou que a primeira vez que ela saiu de mulher na rua ela falou o que é que está acontecendo o meu corpo passou a ser público é invasivo no metrô as pessoas achavam que elas podiam me Tocar minhas amigas grávidas andam na rua e falam a minha barriga ela é pública as pessoas colocam a mão na minha barriga que a a gente só existe duas chaves para uma mulher nessa sociedade ou ela é ou ela é santa a gente não é nada entre isso e a gente pode ser e pode ser Santa

na hora que a gente quiser eu posso acordar sendo e dormir sendo Santa a questão é quando você passa dos 45 você vira a santa é E você querendo querendo ou não então não são muitas escolhas que não são dadas agora os movimentos feministas estão colocando a gente num outro lugar eu quero ser eu quero ser às 8 da manhã ser santas 9 ser jornalistas 10 Entendeu agora a tirar um sabático depois do almoço exatamente voltar a ser na hora deora a gente tá chamando isso pra gente mas o fato é que uma mulher depois

que ela entra na menopausa que o corpo envelhece que param de nos objetificar a gente entra nesse lugar do ela não existe Uhum Então por um lado é liberdade e porque eu posso fazer coisas que eu não faria antes por outro você você continua sendo naquele a posição do objeto você é uma coisa a coisificação da Mulher em todas as fases da vida então para quem não é mulher como é o meu caso é muito curioso isso que a mil coloca Especialmente quando se faz referência à ou à Santa porque à vezes o outro se

coloca a como uma mulher que é sexualmente livre Uhum E ela é exatamente o inverso né é alguém que tem de fazê-lo é constrangido a fazê-lo mesmo aquela que possa fazê-lo como uma profissão né liberal no sentido Mais amplo do termo ainda assim né quando a mil ou outras mulheres ou outras pessoas dizem eu posso ser o que eu quiser sem dúvida você pode escolher inclusive ser aprisionada né dentro de uma condição né de uma menina né que terá que fazer aquilo que vai fazer e eu acho curioso isso eu não tenho eh opinião direta

sobre isso né mas chama minha atenção né como alguém que não é da área quando que diz não eu posso ser se eu quiser Sim claro que você pode né não te era dado o direito de sê-lo ou não na região da onde eu vim no Norte do Paraná as meninas que eram elas tinham de selo senão elas morreria de fome então não era uma escolha quando a mil diz sim eu posso fazer a escolha Eu acho que o cner o que você tá dizendo que é magnífico é a escolha ex é mas mas é

que você tá coloc sim tá tudo isso que você disse mas é que você tá colocando a no lugar do da da trabalhadora sexual que também é mas o que que é uma na nossa sociedade a mulher que dança fã por exemplo a mãe que acabou de ter um filho deixa o filho com o marido e vai na balada o cara não chega na balada e alguém fala assim com quem você deixou seu filho a mãe que chega na balada a primeira coisa que perguntam é você pariu não faz do anos quem está com seu

filho então é o comportamento que a gente que eu tô chamando de é isso é a mulher que dança o funk é a mulher que beija na boca é a mulher que tá numa relação aberta é a mulher que gosta de transar é a mulher que transa muito não só a trabalhadora sexual Lembrando que uma mulher acima de 40 e 45 continua com desejo continua com trabalho com desejo de novas relações de Novos Sonhos E aí eu acho que vem esse lugar né E quando os filhos saem de casa ou quando você não tem filhos

ou quando você eh se separa que tipo de liberdade é essa que você pode O mais engraçado escolher vocês são jovens de idade ambas isso é concreto eh em São Paulo alguma área de prostituição feminina pois masculina também que é a região do Parque da Luz e chamava a atenção o fato de haver ali uma prostituta que tinha 70 anos de idade que alguém que em tese teria já a degradação né do seu corpo que já não servisse mais aquela profissão Isto é não seria a carne é fraca seria a carne já envelhecida O Curioso

não era a suposição de que ela ainda tinha que estar na profissão era que ela tivesse coragem agora vou usar uma palavra que é ambígua mas tivesse peito né para eh suportar aquela situação e é curioso Porque em relação a homens isso raramente viria à tona né a própria ideia né a ligada a ideia do envelhecimento em relação ao mundo masculino é muito diverso é bastante diverso Você nem tem ela s as mulheres a deusa da Juventude dos gregos era EB né por isso EB latria essa adoração pela ideia jovem né e por isso não

é por acaso que era uma deusa feminina é mas eu acho que essa questão do homem do envelhecimento pro homem e pra mulher não só eu acho que sofrendo com esse aspecto mas eu acho que os próprios homens como o Cortela tava dizendo eles não não percebem a diferença e o benefício que é eles envelhecerem ao passo que as suas esposas ou suas companheiras estão envelhecendo de um outro jeito né com outra é havia dois problemas relacionados ao envelhecimento masculino que o viagra e a os remédios contra calvis resolveram que eram os dois maiores problemas

da humanidade porque é humanidade comandada por homens então esses dois problemas a Indústria Farmacêutica gastou bilhões para resolver tá resolvido não há outro problema Claro AF finitude Óbvio alguém como Cortela que pensa a vida tem né Essa essa e que ainda tem cabelo ainda cab que não é um problema o cabelo e que ter cabelo branco não é um problema né uma um um D um ar respeitoso um ex um crit eu fiquei um tempo de bengala dava um ar mais respeitoso ainda critrio são duas experiências completamente diferentes né Eh um homem ele ele é

o capital erótico dele não tem hora para acabar o da mulher tem por isso que dizem que se a menopausa fosse um problema masculino já teria sido resolvido sim s a menstruação também menstruação Men sem imaginar durante décadas décadas é de novo vocês são jovem o suficiente para não ter vivenciado que eu vou dizer mas Embora tenha notícia disso se falava por exemplo sobre a menstruação feminina como um defeito sim é um ser que vaza né e portanto que tem um tipo de lacuna né que tem que ser lidada quase todos os absorventes durante algumas

décadas trabalhavam com a noção de liberdade sim né permitia que você andasse de bicicleta podesse andar a cavalo roua usar roupa branca né E sempre se falava né com tom de conspiração e ao mesmo tempo de Piedade que eu vou usar agora que era assim quando você estiver naqueles dias que é aquela coisa de pânico em que tua condição feminina ela te aprisiona evidentemente que se diria que uma senhora para usar o temo técnico que entra na menopausa e depois cessa a menstruação que ela se liberta vocês têm dados estatísticos sabem disso né uma mulher

até o século X nove ela não menstruava 50 vezes na vida S Porque como ela tinha gravidezes em sequência desde o primeiro né o momento hoje né Você tem uma expressividade nisso e também uma alteração de toda a condição orgânica né É só vocês olharem não é meu campo mas a epidemiologia se vê muito se há uma relação disso com incidência maior de problemas na tireoide né de problemas de colo de útero Isto é um aumento de uma condição que durante tempo foi tratada como um defeito sim e aí falando como alguém que está vivo

né sem a menstruação Car não estaria eu certo como ninguém mais Portanto o que é uma vantagem competitiva foi transformada né numa lacuna Sim e sem falar no que a gente a gente menstrua né a gente mulheres Sis passam por isso mulheres trans não passam por isso mas homens Sis passam por isso então a gente tá mudando toda essa Matriz porque haverá mulheres que menstruam mulheres que não menstruam mas as o papel das religi tudo isso para dizer o papel das religiões isso porque uma para para muitas religiões transar sem sem eh querer gerar um

filho é pecado ou seja o homem pode continuar transando é quase um convite Adultério a mulher não depois a menopausa mulher não pode transar o recado tá ali para queê examente mas o marido dela pode continuar transando com então é mais sexismo do que itar ismo na verdade são sobrepostos né são sobrep sce uma intercial que a gente percebe que culmina no etarismo mas na verdade vem antecipadamente com vários outros professor falando um pouco de intergeracionalidade e a gente sabe desse dessa nova aventura com Pedro seu filho e nesse podcast que é a fúria do

mundo primeiro lugar por que esse nome a grande fúria do mundo é que quando meus filhos e filh eram crianças nos anos 1980 a Legião Urbana lançou a música Pais e Filhos Renato rus compôs e há um momento na música em que ele canta me explica a grande fúria do mundo e aí um dia o Pedro que é o meu filho mais novo que tem 40 anos nós estávamos conversando de fazer um podcast porque eu já tinha em função de outras atividades de mídia mas eram outras coisas e aí pensamos em fazer uma conversa entre

duas gerações no caso pai e filho e o nome trazido foi a grande fúria do mundo né Por conta dessa do me explica sobre sexualidade sobre uso de drogas Ilegais sobre religião sobre morte né coisas que tenham a ver né com essa nossa convivência E especialmente com algo que é muito forte né que é essa percepção do etarismo olhada apenas no campo da pessoa com mais idade todas vezes que se fala em etarismo se esquece que o conceito é mais amplo uhum Isto é também se diz para um menino de 20 anos já tá querendo

ir na janelinha nem saiu das Fraldas ainda né E você já tá querendo então existe essa questão né de uma avaliação no que se refere à idade ela se dá de vários modos por isso Pedro e eu mergulhamos nisso ele é da área de jornalismo né eu da área de filosofia né E começamos a conversar sobre um mundo que traz novidades entre elas aquela que talvez seja mais geradora né do etarismo em relação ao idoso que é uma tecnologia que dispensa memória porque a grande vantagem da pessoa com mais idade ela era ser Guarda né

da memória da trajetória do costume do da técnica sim tanto que as sociedades que são menos tecnológicas Elas têm um respeito maior a pessoa com mais idade porque ela guarda coisas Talvez o primeiro movimento de destruição né de uma valorização de uma pessoa com mais idade tenha sido a escrita né porque todas as sociedades ágrafas até hoje no Brasil as comunidades originárias todas são ágrafas né Nenhum dos povos que aqui estavam quando da chegada europeia tinha a escrita o respeito a alguém com mais idade ao respeito ao patrimônio há um patrimônio que está guardado por

alguém a escrita vai fazer com que você torne ind dispensável essa escrita mais adiante ao ser colocada como imprensa vai dar mais dispensa ainda e agora o mundo digital significa que você vovó mamãe ou você papai que me ensinar né a dar o cadarço fazer o nó no cadarço do sapato deixa que eu olho né no meu mobile e ali eles não só me ensinam como ter um tutorial aí qual é a minha Vingança entre aspas como mais idoso mas paraa vida não tem tutorial né e ele diz e você sabe viver eu digo não

mas eu sei mais do que você sabe ele disse por qu isso não acontece com o Pedro por exemplo ele diz porque eu tenho mais idade mas ele disse Mas isso não é uma garantia de sabedoria é apenas uma garantia de tempo de vida eu digo é verdade você é mais sábio ou sábia não se você vive mais se você medita sobre a tua vivência aí é que você tem sabedoria mas as gerações elas se distanciaram né em vários movimentos E se aproximaram eu uso barba há 46 anos sem tirar eu estou na moda é

especificamente na moda nesse momento e como que tem sido o dia a dia com ele porque além de ser seu filho tem tem um grande eh espaço de tempo que separa vocês dessa experiência como que é no dia a dia discutir pauta eh decidi o que entra o que não entra eh escolh uma vantagem de ser mais idoso e ser pai né que é o dizer você faça tudo e só me chame né portanto toda a parte de pauta de organização né de estrutura ele que faz com que venha à tona e eu participo com

alegria precisa ter uma ideia eu só sei o assunto na hora e não por preparo ou por recuso ao planejamento mas porque eu quero aquele movimento então ele tem por exemplo um roteiro né mas eu não tenho acesso ao roteira e ele começa cada um dos episódios dizendo muito bem Professor Cortela ele não me chama sempre de professor mas ali nesse primeiro momento sim eh hoje nós vamos falar sobre E aí ele di a morte aí eu preciso ou sobre o uso de droga esta convivência de gerações ela é muito importante mas há uma diferença

o Pedro ten 40 ou tenho 70 São 30 anos né na idade dele eu tinha vivenciado muitas coisas que ele não fez e vice-versa quando a generosidade de permuta de gerações é melhor né Eh brinca-se muito especialmente né quando a gente fala de esporte o fato de eu torcer para o Santos né quando o Santos caiu pela primeira vez né para a Série B o número de memes que apareceu no mundo digital tinha a ver com a idade dos santistas boa parte do meu público hoje que assiste coisas minhas ou que vai em busca de

alguns dos meus livros tem de 12 a 16 anos de idade meu filho tem 17 queria vir hoje de qualquer forma mãe por favor eu queria conhecer e aí eu me lembrei que resguardado a absoluta diferença eu via outro dia um documentário feito pelo scor Cesar sobre o George harison né e eu fui assistir esse ano o show do pul maart n um homem de 81 anos cantando por 2 horas 40 cantava há 60 anos né uma das coisas gostosas é que ele dizia o George Haron nós éramos um conjunto de meninas de 12 anos

as nossas bit maníacas tinham 12 13 anos de idade depois aqu Eles foram ao contrário dos roning Stones que já caíram no mundo adulto como né fanatismo a marca Ali era aquela E por que que eu tô dizendo isso porque uma parte dessa nova geração também olha pessoas com mais idade se tem algum conteúdo que ela acha que é interessante ela presta atenção e a última coisa nessa história depois você corta que o Pedro e eu na organização do podcast ele foi né Por uma grande plataforma mas num primeiro momento ele foi apresentado a uma

das grandes plataformas que disse não disse eh você não tem um irmão mais novo ele falou como assim eu sou o mais novo é que você já tem 8 anos você não tem um irmão mais novo para poder fazer com o teu pai né a conversa el falou mas por qu é que você já tá muito velho duas coisas me passaram pela cabeça enquanto céi ela falava a primeira é do uma coisa que o krenak diz porque essa coisa de da gente querer acelerar a vida desde sempre e depois falar Não isso aí não é

legal a velice não é legal é É perverso também né o krenak diz nunca Pergunte a uma criança o que que ela vai ser quando quando ela crescer o Ailton krenak um Historiador né e filo ele fala a criança já é a criança já é ela já é uma coisa como como quem entra na terceira idade somos né e seremos muito tempo e a outra que é um recorde que é necessário fazer porque a gente tá falando aqui vivemos mais viveremos mais nem todos né porque no Itaim Bibi se vive muito mais do que no

Itaí Paulista por exemplo 30 di 30 anos e a gente volta pro filme né que você citou no começo uma classe de pessoas que pode viver sendo 200 anos e uma classe de pessoas que estará servindo essas outras né isso que você fala é tão forte eu fui secretário de educação na capital e uma das coisas que a gente tinha que fazer era um balanceamento em relação ao fornecimento de merenda e esse balanceamento tinha que ser feito de maneira que por exemplo no Itaí Paulista na segunda-feira tinha que haver uma suplementação de 30 a 40%

causa do final de semana porque o final de semana tinha trazido restrição alimentar para não usar palavra verdadeira que é fome já nós não tínhamos essa questão nas escolas do Itaí Bibi Isto é você tinha uma regularização até ao contrário havia uma certa diminuição do consumo na segunda porque crianças saíam sáb domingo com a família e não tava a fim né é interessante isso as vidas os tempos diferentes né E aí citando você citando o kenac é Fortíssimo porque o que que você vai ser quando você crescer e por uma parte delas o que é

que você não vai ser né bom aproveitando Milly a gente tava falando sobre etarismo muito se fala sobre etarismo com a mulher mas a mulher padrão a mulher né mas a mulher que não teve filhos a mulher que é gay como é que o etarismo se sobrepõe a todos esses preconceitos que já estão aí eu acho que talvez seja um pouco menos difícil tem um capital erótico da lésbica que ele se estende uhum porque é o olhar masculino que objetifica a gente olhar feminino não então uma mulher lésbica que envelhece ela ainda assim é olhada

com um apelo sexual então eu Agradeço todos os dias por ser lésbica gente todos os dias eu levanto e agradeço por ser uma mulher lésbica a escolha de não ter filhos primeiro eu acho que a gente nunca sabe de verdade até que ponto é uma escolha porque ela é quase uma imposição a mulher precisa ter filhos faz parte do do que é ser mulher nesse mundo né E aí mesmo quem como eu decide não ter você fica com aquilo na cabeça A decisão foi correta a decisão não foi correta hoje uma geração inteira tá vindo

aí dizendo não quero ter filhos né mas a para mim na minha geração isso foi mais difícil mas eu acho que talvez seja um facilitador que é esse Capital erótico em relação a filho eu não sei se dá pra gente saber porque assim eu tô vendo minha mãe tá com 86 São quatro filhos a gente tá cuidando dela quem vai cuidar de é uma coisaa pela cabeça ISO e você tem hoje no mundo da indústria candiz tem experiência nesse tipo de reflexão é uma preocupação em relação a uma geração que decidiu por exemplo uma parte

não ter carro a outra ter um imóvel cuja funcionalidade seja restrita apenas para que ele possa ali repousar e tudo aquilo que é de facilidade tem que tá na área comum né Isso muda o modo de consumo e muda a possibilidade de abrigo porque uma mãe idosa um pai idoso hoje até a depender da geração é capaz de ficar na tua casa porque haverá um cômodo em tese mesmo numa casa menor em que haverá O Abrigo não com as novas gerações que chegam que desejam quando tem condições de fazê-lo comprar um apartamento nos anúncios de

27 m né E que ainda diz não é um estúdio é uma suí né 27 M onde não cabe cabe um pet ou cabe em Du as pessoas né então muda o padrão de consumo e o padrão também de uso né do recurso vai marcar como será a guarda a proteção de pessoas com mais idade acho que a gente caminha até para aquilo que tem Especialmente nos países nórdicos que são habitações coletivas para pessoas né com mais idade portanto isso permitirá né um refrigério agora eu gosto Mir de imaginar que eu gostaria bastante de viver

bastante se outros também eu fizessem então exato exatamente o exemplo que eu sempre lembro Oscar niemer né niemer que morreu com 104 anos de idade mas ele perdeu quase todas as pessoas sim ele alguns meses antes de morrer ele sepultou uma filha dele com 80 e tantos anos Isto é o número de cicatrizes que foram se instalando em alguém com bastante idade né e eu mencionava antes Emília minha mãe pelo fato dela ter ido com 93 e o bairro em que ela vivia foi sendo descaracterizado sumiu a padaria sumiu o mercado sumiu Armarinho e de

repente a residência passou a ser o local no contato com os netos e netas Então você conecta a geração desse modo ir à casa da avó né portanto de uma pessoa com mais idade era algo que era bom porque tinha lugar para ficar e eu fico imaginando isso que você levantou agora Isto é quem vai cuidar né de mim no momento eu tô provido porque eu tenho dois netos e duas netas que acaba fazendo com que essa geração de agora também eh Puxe a responsabilidade do envelhecimento e esteja mais consciente nesse sentido né quem vai

cuidar essa pergunta tá sendo feita de maneira eh mais antecipada É mas você sabe que eu acho que é uma pergunta que a gente nem deveria precisar chegar nela pelo seguinte a gente vive nessa sociedade Ultra neoliberal que individualiza todas as coisas então é uma sociedade que fala em atrocidades como liberdades individuais não existe nenhuma liberdade que seja individual o cara comeu uma carne crua do outro lado do mundo e a nossa saúde foi afetada Que liberdade individual é essa que como a gente pode falar em saúde privada que fantasia de individualismo né que não

existe então a a a velice assim como a infância assim como a maturidade é é uma coisa coletiva se houvesse Quem deveria cuidar da gente o estado o estado deveria cuidar da gente a sociedade porque fala estado as pessoas já arrepiam começam a sair correndo e chamam de comunista né então vamos colocar assim a sociedade deveria cuidar da gente os que envelhecem são cuidados pelos que chegaram agora assim deveria ser casas de apoio até porque o a velice da minha mãe por exemplo ela tá cheia de dor ela tá cheia de coisas se ela convivesse

com outras pessoas com as mesmas coisas ela viria que não é um castigo da Vida em relação a ela que quem teve a sorte de ter uma vida longeva tá passando por algumas limitações haveria cuidados haveria cuidados paliativos uma falar da morte a gente não fala da Morte falar da Morte haverá um dia em que ao contrário de todos os outros vai acabar falar de Dores falar de alongamento falar de filosofia como não há esse lugar e como essa sociedade diz pra gente que pensar isso é loucura que quem pensa isso é comunista que quem

pensa isso é um é um pia não pia é quem fala em liberdade individual não existe ninguém é livre sozinho eu não posso ser livre aqui enquanto em guianases tem alguém morrendo com a minha idade de pressão alta porque não comeu direito porque não conseguiu se alimentar ou porque trabalha 15 horas por dia limpando a casa de alguém que não consegue arrumar a própria cama então isso vai me transtornando sabe e quem lembrava isso que você fala com muita clareza o Danilo sanes Miranda que faleceu né esse ano durante todo o tempo que ele ocupou

a direção à superintendência do SESC no Estado de São Paulo ele sempre pensava em coisas que públic sendo tivesse esse cuidado público daí por exemplo dedicação a projetos de terceira idade ao fato de se colocar as pessoas com mais idade né em refeitórios comuns dentro de unidades de convivência com música com dança as próprias universidades que começaram a abrir né a universidade da terceira idade ou da boa idade ou do nome que se tiver mas que fazem com que haja ali uma congregação no lugar de uma segregação né No lugar de um afastamento e acho

que isso que você coloca é especial de bom né quando diz não há possibilidade de uma alternativa individual ou da família reclusa ao contrário né ela tem que ser sim uma política pública a partir de toda a atividade contributiva né que se teve durante a fase anterior né a a velice que pudesse tá sendo recompensada né é um pouco se chamaria de Justiça restaurativa né de fazer que houvesse a o a o retorno né aquilo que pareceria apenas um gasto né E hoje claro isso se torna mais complicado porque esse modelo liberal ele recusa a

ação do poder público como sendo né de assistência social né sugere um vínculo que é incorreto entre assistência e assistencialismo o assistencialismo é um defeito né mas a assistência não ela é uma tarefa coletiva de dignidade então tem até aquele provérbio africano né que fala que é necessário um Vilarejo inteiro para criar uma criança e eu tenho certeza absoluta de que para cuidar de um velho também é necessário um Vilarejo inteiro e de pessoas mais jovens e de todo todas gerações que vieram antes para poder cuidar desse velho mas é isso é o Delírio de

que esse é um problema individual e não coletivo e para quem sobra esse trabalho de cuidado pra mulher pra mulher sempre Então a gente tem agora uma geração que se chama sanduíche que são mães que cuidam dos filhos e dos pais sim e é é delas o trabalho vou te contar tem outra tem a geração panqueca que ela cuida dos filhos e dos netos também e dos Pais e dos pais então são pais filhos e netos há um dado estatístico aí que é forte né que é uma presença na terceira idade o número de mulheres

é o dobro do que o de homens sim né portanto essa ess encargo que você levanta ele acaba sendo por ausência de opção Isto é para cada três pessoas com mais de 70 anos duas são mulheres e se há outras pessoas com mais idade para cuidar essas também seriam mulheres é curioso porque eu sou da área de educação então eu sempre tive professoras diretoras reitoras né e a presença do feminino né no cotidiano no Cuidado na atenção ela se tornou quase óbvia né E essa extensão da tarefa feminina para também o cuidado dos Pais parece

Evidente ela não o é né ela teria que ser objeto de partilha né seja um casal um homem ou mulher dois homens duas mulheres que se possa fazer ali né O que tem que ser feito né que esse cuidado no Brasil as profissões femininas elas quase sempre são marcadas né Por esse caminho é a nutrição é a fonodiologia a psicologia em larga escala ainda né dificilmente você tem na área da Medicina mulheres psiquiátricas menos ainda ortopedistas né então Eh mesmo 2023 para 2024 estamos ainda distanciados nisso e claro se ser mulher é complicado uma mulher

velha mais ainda a e o cuidado da casa o cuidado das roupas e do supermercado e de uma as plantas dos bichos exatamente a a gente é socializada para cuidar como se isso fosse qu a gente nascesse com um chip não existe um chipe se a gente aprende qualquer um pode aprender a cuidar a gente tem que se cuidar uns aos outros né isso acho que é uma lição assim eh sabedoria de vida o que que a gente tá fazendo aqui a gente veio se cuidar uns aos outros não há outra alternativa ninguém vai se

salvar sozinho a gente precisa se cuidar uns aos outros mas não é assim o trabalho de cuidado é da mulher é invisibilizado e não é remunerado Portela sabemos aqui né da Filosofia na sua vida eh você é um pouquinho mais velho que nós aqui é e com toda essa sabedoria que que a trajetória te deu desde o chão vermelho do Paraná até aqui eh que que falta o que que tem pela frente o que que te falta aprender Olha uma das coisas que me anima sempre é o fato de eu compreender com muita clareza o

que escreveu Manuel de Barros quando ele disse Ten o privilégio de não saber quase tudo certo portanto é absolutamente encantador saber que eu não sei bastante coisa e que eu tenho tempo não todo ele como já o Tive mas para continuar sabendo coisas que eu não sabia por isso isso me move claro né A minha atividade a filosofia não é uma ciência ela é um saber um saber especulativo ela não tem intenção prática né ela não tem utilidade imediata ela serve apenas para gente não ser banal fútil inútil e pensar sobre a vida a filosofia

em si ela é Libertadora o nazismo teve e tem seus filósofos o fascismo teve e tem seus filósofos portanto não é automático esse vinculo né filosofia e cabeça aberta e liberdade e igualdade ao contrário até né mas sim para mim esta ideia trazida pelo Manuel de Barros ela ajuda ou para citar uma mulher ucraniana mas que aqui viveu a cleric Spector né aquilo que eu desconheço é minha melhor parte e tem uma listinha de sonhos aí pela frente sim né Por exemplo em 2024 eu quero alternar parte das minhas atividades em São Paulo por atividades

também na cidade do Rio né porque Cláudia com quem eu sou casado que é da área né de teatro ela por muito tempo também teve atividades alternando né e São Paulo tem uma contribuição para minha vivência e convivência e o rio também em relação ao fato de eu ter né possibilidade de acesso a algumas parte da cultura que aqui ela já veem um pouco mais estruturadas e outras coisas sim completar né os livros que eu desejo eu lancei o 5º livro e coloquei como lema para mim lançar 54 que foi o ano que eu nasci

certo né e tô escrevendo o meu último livro que não sei quando será que sairá mas ele está quase pronto com o título que foi a Cláudia que deu chamado um pouco antes do quase muito bom antes do quase por que que eu digo isso porque todos os meus filhos e filha netos e netas eles crescem ouvindo e eu perguntar eles todos os dias né quais são teus planos para o futuro quais são teus planos para o futuro um dos meus netos ele acorda muito cedo como eu e às 5 da manhã ele já começa

a se comunicar comigo né Por mundo digital etc no WhatsApp eu não tenho uso da Cláudia eu vou Pelo modelo mais antigo que é o SM Como faz os norteamericanos que nem 10% US o WhatsApp é o resto do mundo porque nós somos pergun todos os dias eu mando e falo assim e aí quais são teus planos para o futuro essa pergunta que não é uma cobrança ela é um estímulo Eu me faço também né Quais são os meus planos para o futuro uma parte É exatamente esse né persistir nessa trilha do desconhecido com uma

alegria imensa né Cada vez que eu fico sabendo algo que eu não sabia eu eu fico preenchido E cada vez que eu fico sabendo que tem muita coisa que eu ainda não sei né isso me dá um uma força uma energia que é maior ainda pode parecer conversa de filósofo mil eu vou ler um trecho do seu livro aqui eu morri em Nova York numa noite estrelada de primavera de 2015 Foi uma noite na qual tive a impressão de estar Voando para longe de casa sem saber que estava voando para perto de mim claro que

ex a morte derradeira mas antes dela Há muitas outras aos 47 anos morta e sozinha pela primeira vez não tive outra opção além de tentar descobrir quem eu era e o que estava fazendo na vida eu me emociono nessa parte sempre porque nesse parágrafo você deixa muito claro o porquê do título do seu livro né Eh muito se fala de chegar no 50 a mais mas nós mulheres a gente sabe que essa essa virada dos 47 48 você descreve essa virada individual Mas ela é coletiva Sim muitas pacientes muita gente que chega até mim chega

numa Grande Virada dos 47 aos 49 conta um pouco disso foi a minha grande libertação assim na medida em que a gente pode se libertar né Eh eu eu morri realmente eu morri Eu também nessa fase eu morri e renasci e foi a primeira vez que entendi quem eu era e o que eu tava fazendo aqui e que as coisas não TM mesmo sentido é a gente que dá sentido as coisas se você quer que alguma coisa tem algum sentido Você Precisa conferir esse sentido porque senão não tem mesmo é é é a chegada de

um dia a morte virar né E essa perda constante né de vida e de pessoas eh uma ex-mulher minha morreu e foi foi foi desesperador foi um pouco antes disso também aí eu tô especificamente falando de uma traição que foi o que me fez Renascer é a fase que a gente vira bruxa e falaram disso pra gente como se fosse um problema e não é um problema é uma solução porque é é o que a gente falava antes a gente a gente se despe dessa objetificação com a qual a gente lida desde os 10 anos

de idade sabe e a gente vai entender os nós que temos o privilégio de poder parar e pensar na vida porque tem gente trabalhando 17 horas por dia 7 dias por semana não dá para se entregar essas essa meditação a respeito do que somos e do que estamos fazendo mas eu pude e aí eu escrevi esse livro e eu eu eu não sou mais aquela pessoa hoje eu entendo que eu era a a lagarta no casulo me me debatendo e e tem uma coisa que assim a respeito disso né Não adianta alguém vir e cortar

o casulo para você porque a lagarta vai cair no chão precisa Realmente você estourar aquele casulo para poder voar isso não quer dizer que não D outras mortes simbólicas Porque a vida é feita de perdas né tudo dando certo eu vou enterrar minha mãe que é uma coisa muito difícil também né Eh haverá outros momentos em que tudo vai ficar difícil mas ter essa consciência do que da onde a gente tá pisando de quem a gente é de quem a gente veio fazer continuar investigando e mais continuar aprendendo outro dia me colocaram num trabalho que

eu achei que eu não tava preparada para ele mas a quantidade de coisas que eu aprendi fazendo aquele trabalho me deixou tão viva aprender é uma coisa muito boa tem o universo das coisas que a gente sabe que a gente sabe o universo das coisas que a gente sabe que a gente não sabe e o tiktok agora ofereceu pra gente o universo das coisas que a gente não sabe que a gente não sabia que é imenso né então Enquanto houver vida enquanto houver consciência Eu quero aprender esse espanto que o conhecimento traz isso que a

mil fala a filosofia chama de admiração né quando você fica admirada ou admirado e isso te faz até sorrir né de sentir-se Capaz não de descifrar mas de participar das coisas na vida né e eu gosto né A minha atividade que é a docência eu sou 50 anos de trajetória docente portanto é um longo caminho uma das coisas mais expressivas é quando eu vejo o olhar das pessoas ao saberem algo Hum que ela não conhecia esse tipo de partilha olhar uma sala de aula por exemplo né e ver as pessoas se movendo com aquilo que

pode incomodá-los ou que pode atraí-las ou seduzi-los é algo especial tenho uma experiência própria um dos meus netos ele mora numa outra cidade que não São Paulo e um dia eu liguei pra minha filha que é mãe dele e ela não pôde atender porque ela tava dirigindo e ela parou o carro uma hora e disse assim ele tinha 3 anos de idade e disse assim vocês fiquem quietos agora que eu vou ligar pro teu avô no viva voz do carro aí ela ligou e falou assim oi pai e aí eu ouço ele gritar ao fundo

meu avô é teu pai meu avô é at o pai esse modo de enfrentar algo que não se sabia é tão bonito né que nos dá até o direito de ir pela vida lamentando sair dela pela impossibilidade de continuar com o espanto né porque esse espanto no outra pessoa e na gente que é bom né Eu no show do Paul McCartney eu fiquei várias vezes espantado ou quando a gente vê uma imagem da natureza ou quando a gente vê uma cena né de afeto entre pessoas quando a gente vê a mão estendida aquilo espanta dá

gosto né de ficar vivo Ô dá vontade de ficar mais né Tem muita coisa para ser vista eu falo que a vida é longa mas passa rápido né sim então a gente tem que a nossa vida agora é longa né mas vai mas passa rápido é eh Cortela tem um dos vídeos é seus acho que um dos mais vistos na Internet que é aquele Você sabe com quem está falando é aquilo quase antecedeu o YouTube quase antecedeu o Youtube a cena é anterior é uma palestra que eu fiz há 25 anos em Brasília no subsolo

né de uma organização e aí eu inclusive desenhei isso né num flip shart sim e aí Alguém filmou na época quando apareceu o mundo digital com a multiplicação isso fez um sucesso imenso queero sabe com quem você est falando que eu percorro né a trajetória de toda a vida entre aspas usando física e cosmologia para chegar até essa resposta já conhece gente que vira e fala assim sabe com quem que você tá falando Tem gente que inclusive não admite nem ser travado na porta giratória do banco ele acha uma ofensa quase que ele vira pro

guarda e diz assim você não tá vendo p s Brand a ciência acredita que nós estamos num universo que tem provavelmente um formato cilíndrico em função da curvatura do espaço é engraçado que tem gente que acha que só tem vida aqui porque isso aqui é tão pequeno né a ciência calcula que no nosso planetinha haja por volta de 30 milhões de espécies uma delas é a nossa homo sapiens essa espécie em 2007 que é quando nós estamos tem 6 bilhões e 400 milhões de indivíduos um deles é você quem és tu tu és um indivíduo

entre outros 6 bilhões 400 milhões de indivído mas o que a gente queria discutir aqui a arrogância Você acredita que ela esteja presente em todas as idades o tempo todo tempo todo né uma das maneiras Você sabe a tua área mais do que a minha na psicologia né A arrogância é um dos sustentáculos da própria identidade Ela será modulada né Ela será modulada ninguém S consciência apresenta um podcast se não tiver arrogância né Ninguém escreve coluna em jornal faz debates ningém ninguém es Você tem uma dose de algo que você arroga abroga traz para você

né E você diz agora é comigo né Aliás você pode até virar para uma câmera que é o caso de alguns de nós dizer que foca em mim então a arrogância ela é uma das maneiras de sustentação né mesmo que Jung não gostasse dessa ideia né ainda assim ela tem uns um papel fundante o que ela precisa é de modulação a convivência social a sociabilidade a socialização ela vai modulando essa arrogância e é claro que também é a própria vivência uma pessoa com mais idade ela poderá ser mais an se ela perder o tom da

modulação disso E aí ela usará a frase pode deixar eu sei o que eu faço na tua idade eu ainda não sabia essa falta de modulação é uma perda Porque como a arrogância ela só é contributiva para algumas situações em que você tem que firmar né a tua capacidade de ação né naquela direção é claro que ela se perde a modulação se ela fica fora de órbita se você exorbita né a arrogância aí ela é destrutível e não contributiva mas a tua área lida com isso melhor que a minha é eu acho que tá tem

aprendido a lidar né porque a psicologia em si mesmo também carrega uma carga de arrogância bastante quando nós fomos surpreendidos em março de 2020 simal com a pandemia a nossa arrogância era o tamanho que a gente supunha que nada doaria vindo da terra viria do espaço o meteoro né asteroide preparamos até mísseis para destruí-los não imaginávamos que um ser que nem vivo é porque é um vírus né que ele pudesse ser ameaçador sim esquecemos rapidamente quarta ferida narcísica né o sol a terra não é o centro e a gente também pode ser morto por um

vírus né e nós não somos necessários a vida a vida anterior a nós sim e será posterior a nós aliás nós somos até em nível de massa para usar um cálculo da física nós somos mais irrelevant antes se você colocar essa conta já foi feita se você colocar numa balança de um lado todos os seres humanos e no outro Prado da balança todos as bactérias a balança pende pro lado das bactérias até como massa nós somos menos mas essa é a nossa grande vantagem porque nós somos menos nós tivemos que nos tornar mais fortes uhum

nós somos protegidos pela natureza a gente não corre com velocidade não fica muito tempo sem beber sem comer nós temos uma pele frágil né Nós não enxergamos tão bem nosso olfato é limitado perto de outros seres né nesse sentido a gente teve que construir o nosso mundo tem um nome para isso né cultura Isto é o mundo humano né é coletivo que é obra coletiva né como cantou Chico Buarque no saltimbanks um bicho só é só um bicho mil eh é muito engraçado né perceber que no vídeo você tem opiniões muito fortes você não tem

medo de entrar em conflito e se colocar de de se posicionar de maneira muito direta e na escrita você traz uma sensibilidade que toca e tocou todo mundo muito aqui né nos trechos dos livros quando a gente tava eh relendo e agora quase que 10 anos depois desse dessa escrita que que te espera pros próximos 10 eu gostaria muito de continuar aprendendo continuar estupefata sabe continuar me maravilhando com uma frase do Manuel de Barros com um vídeo do c com alguma coisa que eu ainda não li clar afago é exagerado tá se o afago não

é exagerado ele fica limitar Eu Gostaria de continuar me maravilhando sabe com a vida e continuar fazendo esse trabalho que eu faço assim e a consciência quando expande consciência e fogo são as coisas que quando você compartilha elas se multiplicam Não Há outras né quando você divide ela aumenta a consciência e o fogo então quando acia se expande não tem muita Volta E aí a luta passa a ser o único caminho possível eu gosto de escrever é o que eu gosto de fazer eh gostaria muito de continuar a poder fazer isso até o último dia

da minha vida queria falar com vocês dois sobre assim o nosso podcast ele fala muito mais do que idade a gente quer falar aqui sobre como a passagem do tempo ela é subjetiva para cada pessoa né Cada um sente a passagem do tempo de uma forma então também escritor Samuel be escr veu isso sobre Marcel prosto eh não há como fugir das horas e dos dias nem de manhã e nem de ontem que ele fala um pouco disso sobre a relação sobre o PR próprio tempo e o envelhecimento e eu queria que você e o

Cortela falasse um pouco eh sobre essa subjetividade da passagem do tempo tem um aforismo africano diz assim Exu matou um pássaro hoje com a pedra que atirou ontem ou não é assim pera aí gente deixa eu lembrar matou um pássaro ontem com a pedra que atirou hoje eu gosto muito disso porque é o tempo não é linear o tempo é cíclico a gente só consegue falar do tempo se ele for linear mas pro planeta o tempo não existe o que que é o tempo só existe o tempo e espaço Talvez mas uma praia em que

ondas estejam quebrando não tem ninguém lá ela quebra assim há milhões de anos o que que é o tempo que que é esse tempo que a gente vive e de novo quem que que que a gente aqui se a gente for embora hoje o planeta floresce qual a diferença né se os insetos forem embora hoje não dura 50 a gente não dura 50 anos Qual a nossa importância que importância a gente tem a gente é uma infecção para esse planeta nós somos a infecção porque a gente vem destru a gente vem destruindo o que pode

ser destruído né Então eu acho que a ideia de que o tempo não é cíclico e esse esse esse esse ditado aforismo e de Exu me toca muito porque ele lembra que não é começo meio e fim é Como disse nego Bispo começo meio come meio e começo quando o prust vai escrever em busca do tempo perdido que é exatamente sobre isso que ele escreve o Samuel Ele tá lidando com algo que a gente deseja que é não perder tempo por isso que ele vai buscá-lo pela literatura é por isso que ele vai atrás do

Sabor da Madeleine é por isso que ele vai atrás dos aromas dos lugares que frequentou por isso que ele demora sete livros para escrever sobre algo que em princípio não existe mais que é o que já foi você usar sete volumes para escrever sobre uma coisa que não mais existe é genial uhum isso os insetos ainda não fazem a gente pode desaparecer se ele desaparecer mas a gente certo e nesse sentido uma das coisas boas é que essa ideia que a traz do aforismo africano ela foi produzida por um matemático britânico Charles dodson que escrevia

sobre o apelido de lewi scrow no Alice do País das Maravilhas quando a rainha louca ordena uma execução e Alice a pergunta mas o que que ele fez ela disse não sei hoje vai ser execução a amanhã o julgamento depois de amanhã o crime esta lógica ela foi trazida na filosofia né Há grandes pensadores quem trouxe isso à tona de modo mais direto o britânico David H dizia que a gente só estabelece a relação de causa e efeito de modo conveniente você diz que isso veio antes daquilo porque você viu vir antes mas não pode

dizer que isso causou aquilo por exemplo e ele tá falando de algo que tem a ver com física o fato de eu jogar uma pedra pro alto e ela cair de lá eu posso dizer que o que antecedeu a queda foi jogar a pedra pro alto mas eu não posso afirmar que foi isso que causou uhum por isso que o ditado africano usa conceito de física quântica Isto é né em que você não pode estabelecer efeito causal eceto de antecedência por que que eu digo isso porque talvez a noção que eu mais repita nisso que

você perguntou seja a de Agostinho de pona Agostinho tem um livro em que ele reflete sobre o tempo né na própria obra mais forte dele sobre o tempo e especialmente no de Magister né sobre o o mestre o professor ele traz uma noção de tempo que é genial ele diz só existe o presente mas o presente se apresenta de três modos está em nós agora o presente do passado que se apresenta como memória o presente do presente que é a percepção do imediato e o presente do futuro que em nós agora está presente como desejo

e expectativa sonho é você só tem o presente mas ele é tridimensional isto é você o vive de três modos de maneira concomitante está em mim agora meu tempo e esse tempo está como passado momento e futuro aquilo que eu desejo aquilo que eu vivo agora e aquilo que eu já vivi por outro lado né E aí eu concluo há algo que a gente né não pode esquecer meu tempo é minha vida minha vida é meu tempo cessado da minha vida cessou o meu tempo como a gente diz de modo difuso a morte é um

problema dos vivos os mortos não t problema minha vó sempre repetia isso falava o dia que eu me for o problema é de vocês eu não tenho nenhum eu não tenho nada a ver com isso né morte o problema dos vivos e Cortela é lembrando né da saída lá do Paraná da Terra Vermelha é daquele garoto que morou na João Cândido com a Goiás eh vizinho dos meus tios que que mudou de lá para cá ah bastante com alegria eu digo sempre às vezes até isso circula numa Fala minha em redes sociais uma das coisas

que mais me desagrada é se eu encontrar por exemplo você o Amil daqui a do anos você diser nossa quela você não mudou nada isso vai me dar uma sensação de inoperância né de impermeabilidade ao mundo é claro que eu não mudei todos as coisas eu tenho raízes no Paraná em Londrina que foi onde eu nasci mas eu não tenho âncoras lá né ali eu me alimento daquilo que foi a minha trajetória meu caminho há uma frase que eu lembro não é da minha autoria e nem sei quem eu fez mas acho bom digo assim

não me vergonha dos homens que eu fui né há vários momentos em que eu minha rota mas estão em mim e a maneira de em mim estarem são aqueles que eu escolho né para virem a tona Em alguns momentos né Há momentos que vem à tona o Cortela de 11 anos de idade de 16 de 50 e tem aquele de agora né Eu não sou algo que eu vou descartando não fui me deixando pelo caminho eu fui me escolhendo pelo caminho né como é que seria esse modo de ser mas alguém que nasceu numa cidade

peena quando eu nasci Londrina tinha 20 anos toda aquela região do Paraná era muito jovem eu nasci em 1954 e a minha cidade em 1934 né Isso significa que tudo era muito novo eram culturas diversas né um mundo nipônico muito forte uma colonização termo que se usava né de uma comunidade nipônica mineira Paulista capichaba né árabe né Então tinha um movimento que era muito grande de multicultural realidade em que a intenção de todo mundo era ficar vivo portanto a noção de solidariedade ela era mais forte tal como ela o é nas áreas palpérrimo cidade uhum

ou há solidariedade ou há o perecimento né a ideia de uma vida apartada individual ela é mais da classe média que nem sabe o nome do vizinho que mora na porta da frente exceto quando ele morre que vem um aviso no elevador missa de sétimo dia de tal pessoa nesse sentido aqui aqu menino ele existe em mim em alguns momentos e outras coisas eu perdi né a memória o Ivan esquerdo né um dos maiores pensadores na área né da Neurologia e memória um médico argentino que ensinou na Federal do Rio Grande do Sul muitos anos

ele tem um livro e um texto sobre o papel do esquecimento na preservação da saúde mental né a importância tem coisas desse menino que eu esqueci de propósito E outros que eu trago comigo até hoje e às vezes faço uma coisa que ninguém mais entende no planeta que é rir sozinho porque tem coisa que eu tô rindo quieto num canto e que ninguém sabe do que eu tô rindo é meu né não meu como posse mas como merecimento eu vivi aquilo e isso a inteligência artificial não pega não pega mas é incrível o que você

tá dizendo porque o Gil falou agora dias atrás sobre os direitos do envelhecimento o que ele vem adquirindo ao longo dos anos e ele fala que silêncio é um deles né os segredos dele com ele mesmo é outro então esse esses direitos adquiridos com a velice e são coisas a serem celebradas né o riso então é é um dos seus o riso solto riso solto e o riso sem motivo aquela forma de Conduta que vezou outra outros identificam como demência né como eu já sou da área de filosofia que é uma área considerada exótica né

isso não será assim tão identificável porque já se diz isso é coisa de filósofo depois vai se dizer é coisa de velho e um dia junto os dois isso é coisa de filósofo então a gente tá encaminhando pro final mas eu queria muito escutar de vocês o que que vocês encaram como uma vida bem vivida o que que seria para vocês eh me passou pela cabeça dizer que as coisas só TM valor porque a gente sabe que elas estão acabando né Eh porque senão elas não teriam o valor que a gente dá confere a elas

então então a finitude não é tão perversa né não a consciência dela né Eh porque a gente não fala sobre isso mas quando a gente começa a investigar eh essa história começa a ficar bonita porque as coisas só TM valor porque a gente sabe que elas estão acabando uma vida bem vivida né É acho que olhar para trás me encontrar com a criança que eu fui me encontrar com a adolescente que eu fui fazer as pazes com erros fazer as pazes com os meus tropeços entender que eles me formam que eu não estaria aqui hoje

sem nenhum deles eh e ri eu gostaria muito de continuar rindo continuar Eu Gostaria imensamente dessas desses momentos solitários e dos meus segredos e de abrir um livro no fim de tarde com uma taça de vinho e saber que tá tudo bem Tá tudo bem comigo E tá tudo bem com o mundo seria bom acabar assim uma vida que acho que bem vivida É aquela em que eu fique não vivo mas fique nas pessoas é aquela em que se diga quando me for que eu faço falta é quando alguém em algum lugar em algum momento

em alguma situação diga Cortela faz falta se alguém sentir minha falta isto é em que não tenha nenhum tipo de apreciação à minha ausência mas ao contrário não ten apreciação pela minha presença quando eu tiver vivenciado paraas outras pessoas aquilo que é o mais difícil da vida que é a presença da ausência né E que essas pessoas pensem e o Cortela devia estar aqui nesse momento nessa música nessa situação nesse choro né Essa risada aí sim é o Epitáfio do Maro Quintana eu não estou aqui não tá no túmulo dele mas deveria estar Porque ele

queria mas que vale sim então dentro do que você lembra acho que bem vivida é no dia que eu me for e eu pensar por dentro valeu e os outros pensarem por fora valeu muito bom e eu tenho epit vou só contar isso nem precisa entrar mas eu vi outro di o Epitáfio do hipocondríaco eu falei que eu tava doente eu falei eu falei eu isso não vai entrar porque você já fechou eu tenho um livro chamado viver em paz para morrer em paz esse livro tem uma pergunta na capa que é se você não

existisse que falta Faria certo se você não existisse que falta faria porque viver em paz não é viver sem problema dificuldade é viver com a clareza que você não tá sendo inútil nem banal né então nessa hora eu quero é fazer falta né e quero queos meus credores sintam a minha falta meus credores gente muito muito muito obrigada foi um presente maravilhoso de Natal para mim pessoalmente Ach tenho certeza aqui pra equipe também Este foi mais um episódio do podcast outros tempos uma ideia original da Orson podcast com produção do produto b e l libre

áudio gravado no estúdio da rfn aqui em São Paulo muito obrigada e até o próximo