[Música] Olá ouvintes do patapublica Esse é o Episódio 71 eu sou André Deep como sempre dividindo os microfones aqui com a Clarissa Levi Oi Clari para você que tá aí nos ouvindo o dia seguinte é o lançamento desse Episódio no dia 13 de Maio marca o fim da abolição da escravatura para muitos pensadores do movimento negro com tudo a data deve ser vista de maneira crítica já que ainda que tenha sido o resultado da resistência e da luta de pessoas escravizadas e de grupos abolicionistas ao longo de muitos anos quando se concretizou essa abolição da
forma como ela foi feita não garantiu a reparação das pessoas escravizadas e nem se preocupou em inserir pessoas negras de forma igualitária na sociedade para conversar com a gente sobre esse assunto que chega a ser um tabu mais acostumado com o sensacionalismo punitivismo e justiçamento hoje a gente vai conversar com a escritora Juliana Borges A Juliana é antropóloga e pesquisadora da escola de sociologia e política de São Paulo além de ser autora dos livros encarceramento e massa e prisões espelho de nós e as consequências são sentidas até hoje a desigualdade de salários de representação em
espaços de poder e os índices de violência sofrida por pessoas pretas o racismo como coloca o professor e agora também Ministro dos Direitos Humanos Silvia Almeida vai muito além das ofensas raciais é algo que estrutura própria sociedade brasileira estando enraizada nas diversas camadas sociais Hoje a gente vai tratar de uma delas em especial que é muito simbólica nessa ideia de uma abolição incompleta a gente vai falar sobre encarceramento em massa de pessoas pretas ou a gente já vai para essa conversa com a Juliana Borges mas antes eu queria fazer um apelo que vale também como
spoiler durante o gente A Juliana vai citar uma reportagem da Pública de 2017 que mostra que as pessoas negras são mais condenadas por tráfico do que as pessoas brancas mesmo quando estão portando uma quantidade menor de droga é um trabalho que mostra a desigualdade do tratamento da Justiça uma reportagem entre tantas outras que a pública vem fazendo ao longo dos anos e que só foi possível de ser realizada também pelo apoio das nossas aliadas E dos nossos Aliados então o apelo é para se você quiser e puder contribuir com o nosso trabalho acessar aí Aliados
ponto a pública.org e vê lá qual é a melhor forma de contribuir agora se você já faz isso já tá na nossa base de Aliados muito obrigada bom apelo feito vamos para a pauta Juliana então primeiro obrigada por você estar aqui com a gente não falta pública um prazer te ter aqui Juliana a gente sabe que o Brasil é um dos países com maior população carcerária do mundo né E que esse encarceramente em massa como você também traz nos seus livros precisa passar pelo debate racial e pela questão da política de drogas eu queria te
pedir para falar um pouco sobre isso encarceramento a perspectiva que eu defenda uma perspectiva de que de uma leitura do sistema de Justiça Criminal Mais especificamente das prisões né do sistema penitenciário brasileiro como uma ferramenta de controle e extermínio da população negra né então a despeito da gente não ter mais de maneira explícita um projeto político de embranquecimento né como a gente tinha no início do século 20 no Brasil a gente vê que os planos né eugenistas daquele período Eles continuam sendo Eles continuam funcionando né como engrenagens que mantém né aproximar um sistema de desigualdades
baseados em hierarquias raciais né E daí pensando o racismo como essa estrutura né que organiza a sociedade brasileira a gente vai tendo mudanças no curso histórico né de quais vão ser os mecanismos ou as ferramentas que vão sendo articuladas ou re articuladas para manter essas desigualdades né então o que a gente percebe é que quando a gente tem o surgimento né o que hoje virou um sistema de Justiça Criminal brasileiro mas a primeira lei criminal brasileira ela surge em 1830 a gente ainda tinha escravidão no Brasil então a gente tinha assim um sistema de lei
sendo organizados né E a punição sendo organizada sem pensar um contingente da população naquele momento era a maioria da população né que habitava o país e que não era considerada pessoas né então tem inclusive trabalhos historiadores que vão dizer que uma das técnicas de resistência Inclusive das pessoas é escravizadas e comentei pequenos delitos porque você colocava uma discussão na sociedade Quando essas pessoas eram presas porque se elas são presas então elas são cidadãs né Elas são passíveis de penas se é possível de pena quem Atenas é cidadão Então você me manter preso significa que de
alguma maneira você me considera a gente né considera cidadão dessa sociedade né mas o que a gente tem é uma primeira lei criminal que ela vai ela vai surgir já desconsiderando a humanidade de uma parcela importante da população a gente tem por exemplo decreto dos Municípios nesse período né que criminalizavam na cidade de Salvador do Rio de Janeiro a utilização do que tudo pago que é a cannabis né mas Como era chamada naquele naquele período e o que chama atenção é que o que é criminalizado naquele momento é o uso dessa substância não é necessariamente
a venda ela comercialização dessa substância né então você tem ali uma política que é direcionada para criminalizar essa população que era uma população negra que era majoritariamente ao usuária dessa substância né E aí a gente vai vendo no decorrer da história como essa questão da criminalização de determinada substâncias ela vai ela também vai sendo utilizada como essa ferramenta de controle né porque a gente só vai ter criminalização do Comércio de cannabis já no século 20 né com a reforma do Código Penal ali de 1940 até então a criminalização era de usuários né então por isso
que que quando a gente vai pensar em punição sistema conectivos é modelo de guerras drogas e racismo essas coisas elas estão tão interligadas a gente tem por exemplo o Brasil participando de uma reunião da Liga das Nações no início do século 20 em que o Brasil junto com o Egito defende a criminalização da maconha defende a finalização dessa dessa substância era uma vingança de negros escravizados em relação a brancos no Brasil argumento nada científico argumento totalmente político baseado em estereótipos hierarquias raciais aí o que a gente vai ter na metade do século 20 é mesmo
uma política da metade para frente né para cá no século 20 a gente vai tomar política globalizada é dos Estados Unidos de controle e criminalização dessa e de outras substâncias mas sempre porque há uma relação de quem é o usuário dessa substâncias Então se a gente for trazer por exemplo para um exemplo mais contemporâneo a gente pode pensar no tratamento que se dá por exemplo a crise do craque a crise dos opioides nos Estados Unidos e que a gente começa a ver e subindo esse discurso vindo com o Brasil agora principalmente com essa com mais
casos né de apreensões de penta mil por exemplo no Brasil Então qual que é o discurso quando você tem muitos estudos vão chamar de epidemia muito violenta em território Qual que é a resposta do Estado né a resposta do estado é que você precisa reprimir né esses usuários reprimir esse uso e estabelecer uma política pélika pede de enfrentamento ao uso dessa substância do comercialização dessa substância quando a gente tem o que hoje vai descer passando o chamado de epidemia dos opioides né os estudos que a gente tem por exemplo nos Estados Unidos mostram que a
maioria dos usuários dessas substâncias são pessoas brancas né então o discurso ele não é um discurso de repressão ela é um discurso de nós temos uma crise de saúde pública que precisa ser resolvida por quê Porque você vai ver que as apreensões onde essa essa substância mais está chegando não são círculos periféricos a princípio por isso que é fundamental quando a gente vai pensar em política de drogas que a gente traga essa dimensão da questão racial porque historicamente Isso tá muito relacionado a como a gente hierarquiza é grupos sociais e etnias É Juliana eu queria
ouvir também de você se houve alterações significativas no sistema carcerário durante o governo bolsonaro o que a gente tem assim por conta do que foi a pandemia a convite de 2019 muito por uma pressão da sociedade civil dos movimentos de direitos humanos né das organizações de direitos humanas movimentos sociais movimentos de familiares até mesmo associações e organizações de policiais penais né houve uma pressão para que algo fosse feito em relação à pandemia e a situação regional no Brasil a posição inclusive do STF é que a gente tem né Foi balizado por ministro da estética que
é um estado constitucional de coisas do sistema prisional Brasileiro né então hoje o que se tem para fazer por parte desses setores conservadores é dizer olha enquanto no governo Lula você teve um aumento da população prisional no governo bolsonaro teve uma diminuição da população prisional como se isso fosse fruto de uma política desse governo de estudos que estão sendo ainda feitos Então muitos estudiosos dessa área não estão se antecipando para dizer né qual que foi o motivo exatamente que a gente teve uma diminuição de fato da população prisional no último período Mas a gente pode
ter como um dos elementos para pensar isso essa questão da crise sanitária que foi a pandemia porque você tinha uma decisão vinda do Supremo Tribunal Federal né que por um lado proibir ações operações policiais em território dos periféricos né por outro lado você tinha uma série de recomendações do Conselho Nacional de Justiça de que era preciso descarcerar para que as pessoas tivessem condições de fazer distanciamento social né Principalmente ter um tratamento diferenciado que era necessário para grupos com comorbidades que estavam dentro do sistema prisional mas a gente vê que a situação ela se agudizou todo
o ponto de vista das precariedades do sistema prisional da população prisional em relação aos anos anteriores mas não por conta de uma política ou de uma vontade política do governo anterior de desencacerrar as pessoas mas porque você teve uma situação ali conjuntural que não tinha como né Para Além dos movimentos sociais para além da turma do Direitos Humanos você tinha muitos órgãos institucionais também sem alinhando a normativas e a recomendações de organismos internacionais para lidar com essa crise sanitária né O que a gente está pressionando o atual ministro da Justiça é que é para agora
sim exista uma política né intencional de desencarceramento no Brasil e de fortalecimento de alternativas penais né mas isso ainda tá sendo discutido você falou sobre como se hierarquizam né os grupos sociais e as etnias e agora pensando no sistema de Justiça nessa porta de entrada né uma das portas de entrada para marginalização de pessoas eu queria te perguntar de que maneira a Justiça Criminal como se julgam os crimes no Brasil opera reproduzindo igualdades e essa hierarquização que você comentou você pode dar exemplos para gente sobre como esse processo se dá Olha gente eu vou usar
um exemplo da própria da própria agência pública se vocês fizeram um levantamento né que eu acho que é um levantamento incrível vocês fizeram em 2017 Se não me engano sobre as diferenças né de julgamento de crise relacionados à prática e Associação ao tráfico é a partir da cor das pessoas a diferença é muito disso ali né tipo uma pessoa negra ela é condenada né a prisão com 10 vezes menos substâncias do que uma pessoa branca né em relação ao sistema prisional Então o que a gente vê assim é que a gente tem uma super representação
de pessoas negras criminalizadas e uma super representação de pessoas brancas que são esses Agentes do sistema prisional né então 80% acho que agora tá em setembro praticamente 80% do sistema de justiça ele é composto por pessoas brancas né que são juízes que estão julgando né as pessoas que são ali aprendidas né pelo pela polícia pelas corporações policiais para responder por algum crime e grande parte dessas pessoas brancas elas são de ou da classe média ou de em Douglas elites brasileiras além da gente ter um sistema de Justiça Criminal que ele é super hierarquizado que essa
é uma crítica importante de ser feita a gente tem isso quem faz um estudo brilhante para afirmar isso por exemplo tem o Alessandro barata né E tem os meus crítico que eles vão dizer da relação direta que tem de países com histórico de escravização de Servidão esses países em geral hoje eles eles espelham um sistema de justiças criminais altamente hierarquizados então o distanciamento daquele que julga em relação a realidade a circunstâncias daquele que foi aprendido pelas corporações policiais né é muito grande é um desconhecimento muito grande daquelas dinâmicas de vida então você vai ter pessoas
por exemplo que vão ser a gente teve o caso mas eu lembro que na época assim o que foi muito divulgado é que ele era visto por imagens cumprimentando supostos líderes do tráfico da sua comunidade então isso para mim assim foi muito chocante porque eu fiquei pensando antes de conhecimento total de como é a dinâmica de uma periferia brasileira você em geral você você cresceu indo para escola com essas pessoas em algum momento você resolveu seguir na música e aquela pessoa resolveu trabalhar no comércio né na economia das drogas essa pessoa te fala bom dia
você não vai falar bom dia assim você cresceu no mesmo no mesmo território na mesma escola Você conhece a mãe da pessoa isso faz com que você quer seja uma pessoa que está associada ao tráfico né então acho que tem esse descolamento muito grande e por ter esse descolamento você vai ver que essa a maneira de julgar as pessoas ela é muito atravessada por essa subjetividade né Ela é muito atravessada por esses estereótipos que são construídos historicamente por esses grupos né então ainda a gente ainda tem uma ideia de que pessoas negras são potencialmente perigosas
né então se elas são potencialmente perigosas você precisa controlar você precisa manter essas pessoas presas essa questão ela é muito muito cinzenta né tá numa área muito cinzenta no Brasil de diferenciação de quem você vai considerar é traficante de quem vai se você vai considerar o usuário e na maioria das vezes as pessoas negras e periféricas vão ser consideradas traficantes porque um dos artigos da nossa lei de drogas vai falar que o juiz precisa analisar circunstância e território da prisão né então se você tem uma perspectiva de que né os traficantes estão nos territórios periféricos
você vai ter como ponto subjetivo da sua avaliação de aquela pessoa é potencialmente traficante quando a gente sabe que os grandes as grandes plantações né em favelas no Brasil nem tem espaço para ter plantação de maconha né Mas aquelas figuras dos helicópteros digital essas figuras estão respondendo em liberdade são consideradas usuários né então acho que tem todas essas essas problemáticas quando a gente vai pensar em como a política de drogas ela é pensada formulada e executada no Brasil né suas pesquisas você traz também o recorte de gênero né dentro do sistema carcerário e diz que
68% das mulheres encarceradas são negras e três em cada 10 não tiveram julgamento você também aponta que a gente tem a quinta maior população de mulheres encarceradas do mundo aí eu tava lendo uma reflexão sua sobre o quanto a gente precisa trazer para o debate público a violência sofrida por essas mulheres no cárcere né o quanto que esse é um ambiente ainda mais violento e mais abusivo para as mulheres e aí imagino que também a gente esteja falando também de mulheres trans né Você pode falar um pouco sobre isso também Eu acho que um ponto
assim que minha filha é a geladeira eu concordo muito Quer pensar que gênero não é assim como raça né gênero também estrutura quando a gente vai pensar o sistema de Justiça Criminal né então por muito tempo a gente tem uma criminalização de mulheres mais no campo psicossocial né ou religioso né então por um período né as mulheres vão ser preferencialmente enviadas em lugares de correção né dos costumes né das mulheres e tal ou para lugares manicomiais né Depois a gente tem um discurso Se não me engano acho que lá cruzando 60 70 né de como
se fosse uma ideia de humanização né ou de ou de adaptação de espaços prisionais para mulheres né Então você começa a pensar essa estrutura prisional para mulheres mas o fato é que o ambiente prisional na estrutura prisional ela ainda é bastante patriarcal e eu falo isso não pensando de que a saída seja que a gente que a gente transforma esses lugares em melhores para que a gente continue aprendendo mais mulheres né até porque eu não defendo essa estrutura nem nem para os homens atualmente no sistema prisional mas quando a gente vai pensar assim as mulheres
não estão penitenciário Elas têm uma série de questões de gênero que vão ser o que vão atravessar através dessas mulheres né então a gente pode pensar desde a questão do uso de medicamentos né então você tem um uso maior de medicamento para tratar de saúde mental né aquela área psiquiátrica que vai fazer o uso desses medicamentos como controle das mulheres essa ideia de que as mulheres são incontroláveis ela tá muito presente então elas têm uma medicalização muito forte que é baseada nessa ideia de necessidade de controle uma relação muito de histeria das mulheres né então
a gente tá lidando com coisas ainda muito antigas né de como lidar com mulheres né nesse ambiente prisional as mulheres elas não têm acesso a visita íntima Então você tem uma negação do exercício da sexualidade pelas mulheres e aí a gente e esse essa negação obviamente ela é atravessada por valores patriarcais né imorais sobre a Sexualidade das mulheres a gente também tá falando de uma estrutura que hoje a gente pode a gente tem crianças que estão presas hoje então quando a gente pensa em mulheres que foram presas estavam grávidas né As crianças ficam durante um
período com essas mulheres e eu não tô falando isso para defender de que então assim que essa criança nasce aquela seja separada da mãe não pelo contrário né então se essa pessoa se cumpriu de alguma maneira o acordo social ou os contratos sociais que a gente tenha e ela tem que de alguma maneira cumprir naquela que ela tenha condições de cumprir essa pena domiciliar né de modo domiciliar ou em regime de penas alternativas né para que essa maternidade não seja interrompida né Para Além da gente ter 68 60% de mulheres que são negras mais de
50% delas no momento da prisão relação a rima de família né Elas são as responsáveis pelo sustento das suas famílias então quando a gente está falando de penalização criminalização dessas mulheres a gente tá falando que a gente está fazendo com que famílias percam né o principal da sua renda familiar É eu sei que é muito difundido por discurso de que essas mulheres muitas vezes são enganadas para trabalhar como tráfico determinadas pelos seus companheiros e de fato é uma parcela importante dessas mulheres que passam por isso que são enganadas ou que são forçadas a transportar substâncias
né e acabam sendo presas por isso mas a gente pensar também que tem situações de que a precarização de vida das mulheres baixa o salários condições piores de vida principalmente para mulheres que são chefes de família faz com que essas mulheres de alguma maneira para pensar só sobrevivência dos seus filhos tenho que recorrer essa economia eu acho que tem todos esses elementos para a gente pensar nessa criminalização de mulheres né e para a questão de mulheres trans por exemplo a gente tem a gente está ava agora com estudos seja porque Associação de pessoas trans têm
feito esses estudos sejam porque pessoas trans também tem começado a fazer esses estudos a gente não tem assim nesta que escreveu o livro era super difícil de achar dados sobre a população trans no sistema prisional né sobre mulheres trans a gente ainda sabe um pouco mas é sob homens trans assim é como seu amigo estranho não existissem no sistema prisional e a gente sabe que na verdade né a gente sabe que né mas tem uma série de problemáticas por exemplo como elas acabam tendo interrompido o seu processo de hormônioterapia que não é respeitado policiais penais
que não respeito a identidade dessas mulheres trans né então ficam chamando ela pelo nome masculino não respeitam a sua identidade de gênero né então tem todas essas problemáticas mas a gente tem também a gente fala dessa questão do abandono de mulheres físicas a gente tem também um abandono de mulheres trans né de mulheres e homens em geral já não tem o contato com a sua família muito antes de criminalizado criminalizadas e presos né Eu acho que assim não dá para ter uma resposta padronizada de onde a população trans vai estar no sistema prisional né porque
você vai ter por parte de mulheres trans presentes em presídios femininos você tem em muitos casos animosidade né Por não respeitar também identidade de gênero de mulheres trans muitas vezes a maneira delas conseguirem os seus itens básicos de sobrevivência dentro da unidade prisional essa elas ficarem na humanidade prisional masculina elas conseguem né exercer o trabalho sexual para conseguir ter acesso a itens básicos né porque elas não têm uma pessoa que vai levar o Jumbo para elas e tal né pensando também que esse é um ambiente que pode ser perigoso porque obviamente tem muitos casos de
violação de estupro de mulheres trans também no seu apridional masculino o que eu quero dizer com essa situação é que não dá para a gente ter equivocado a gente querer padronizar penitencial hierarquizado é porque ele não dá espaço para a gente pensar situações específicas né então no caso por exemplo de uma mulher trans seria necessário que essa mulher fosse escutada Qual é o melhor lugar primeiro que eu acho assim eu sou adolescência penal né não tinha que ter prisão mas tendo prisão essa pessoa ela deveria ter a oportunidade de ser escutada de onde ela quer
estar e esse lugar que ela deseja que ela deseja estar para cumprir sua pena também precisa ter uma formação né dessa equipe que vai Executar a pena dessa pessoa né e acompanhar o comprimento de pena dessa pessoa para garantir a segurança dessa pessoa nessa unidade prisional né e a gente vê que não tem preparo do sistema não tem preparo de nada né E essas pessoas são tão relegadas a própria sorte e a todo tipo de violação né a gente tá gravando esse programa Juliana na semana que mais um caso de violência contra pessoas pretas aconteceu
dentro de uma das unidades do Carrefour um casal foi torturado após supostamente tá leite em pó para os seus filhos também teve o caso da mulher que atacou o entregador negro no Rio de Janeiro entretanto as outras pessoas que foram pegas por atos racistas que alegaram transtornos pagaram fianças seguem soltas e depois desses casos somem da mídia então eu tô incluindo aqui essa pergunta que foi uma sugestão do nosso produtor Ricardo teto que é nesse caminho assim né o Brasil tem pesos e medidas diferentes de justiça para as pessoas pretas e para as pessoas brancas
e aí pensando nesse novo momento histórico do nosso país agora com o ministério dos Direitos Humanos com civil Almeida com o ministério da Igualdade racial o teto pergunta o que que você acha que precisa ser feito para ser debatido a fundo nesse novo governo a questão desse encarceramento em massa e se já tem trilhas concretas que estão sendo traçadas como é que você vê tudo isso trabalho na iniciativa sobre drogas e lá eu trabalho na área de advocas né então demandade governo e para Brasília é a tarefa do tarefa do período né vou falar assim
do que eu tenho sentido essas visitas assim né Tem uma boa intenção peça Boa intenção ela vai de fato se transformar em Ação política que vai reverter o quadro de encarceramento é uma coisa a se ver né Mas eu vejo algumas mudanças assim que eu ver que eu acho que são sinalizações positivas né então você tem por exemplo uma coisa que a gente nunca imaginou que ia ter que é o posicionamento de um ministro né verbalizando que a criminalização de drogas ela é uma política que leva a um relacionamento a política que traz mais danos
para a sociedade brasileira do Que benefício realizou algumas vezes que ele acha que é preciso repensar a política de drogas no Brasil e pensar um sistema prisional brasileiro seu posicionamento que eu acho que é positivo o que eu fiz vejo de mudança por exemplo no caso do Ministério da Justiça né uma mudança institucional que eu acho que é uma sinalização Então você antes era um departamento de política penitenciária hoje é uma Secretaria de políticas penais né e dentro da estrutura da secretaria de políticas penais foi criado o que era uma coordenação que hoje uma Diretoria
de política de alternativas penais Ela tá no mesmo patamar de igualdade em relação à diretoria penitenciária né e isso me parece ser uma sinalização né ou Participei de uma live com Ministro Flávio Dino pude perguntar sobre essa questão do encarceramento ele falou olha eu já quis deixar no mesmo patamar porque eu acho que o peso da Diretoria de alternativas ter mais tem que ser tão mais importante que o peso de uma diretoria penitenciária né então me pareceu que ela era uma sinalização de que a ideia é fortalecer alternativas penais fortalecer a justiça restaurativa né fortalecer
outras medidas de lidar com conflitos sociais fortalecer a mediação dos conflitos mais do que fortalecer a criminalização e a punição no sistema penitenciário né então acho que esses são alguns sinais que eu acho que são importantes eles vão ter efetividade eu acho que aí parte também da gente da sociedade civil tá é o tempo inteiro cobrando em cima porque né acho que de boa vontade para usar o dito popular para quem acredita em seu inferno de boa vontade inferno tá cheio né então eu acho que a gente precisa fazer muita pressão né porque é um
governo de frente amplício né então se por um lado a gente tem grandes expectativas outro lado também tá fazendo pressão o tempo inteiro né então uma das coisas que por exemplo me chama atenção é que ao mesmo tempo que tem essa finalizações de fortalecimentos alternativas finais quando você tem uma crise de segurança pública no Rio Grande do Norte como a gente ouviu a resposta do Ministério da Justiça foi construção de unidade prisional fortalecer a alternativas aí o argumento é Ah mas o sistema prisional tá inchado então vocês estão precisando não tá inchado que a gente
tem 30% da população prisional presa sem ter tido o julgamento né porque a gente tem uma Justiça um judiciário que altamente punitivo né então acho que o Executivo ainda Precisa é claro que tem toda uma questão né do exemplo que tem que tem assim quem fala muito disso assim é o cara que eu admiro muito que o Gabriel Sampaio né que ele é o coordenador de advoca-se da conecta né que é uma organização de direito humano ele vai falar assim a gente precisa começar a pensar também e provocar Qual que é a responsabilidade o papel
das pessoas progressistas no judiciário porque né porque o judiciário tem papel importante também a gente fala de desencarnar e parece que o Executivo vai resolver né executivo sozinho não vai responder a gente precisa pensar mecanismos para mudar essa dinâmica do sistema judiciário Brasileiro né isso é uma coisa que a gente vai ter que se debruçar mas eu acho que ao mesmo tempo a gente também precisa provocar o executivo e claro que tem uma preocupação de não ter essa de poderes mas de como executivo também pode provocar essas reflexões no sistema judiciário ou como organismos como
Conselho Nacional de Justiça pode levar esse debate para dentro do Judiciário Brasileiro né Tem uma responsabilidade que é fundamental do Judiciário nesse caso né Tem um jurista que eu admiro muito que é o Eugênio Raul da farone que é argentino quando ele diz assim a gente precisa discutir o papel de um juiz porque no final é a palavra dele que vai dizer né se aquela pessoa vai ser penalizada ou se aquela pessoa vai responder em liberdade ou se é aquela pessoa vai ser inocentada né e eu acho que a gente precisa começar a discutir esses
mecanismos com mais profundidade no Brasil eu sou um otimista realista então ao mesmo tempo em que eu vejo sinalização positiva eu acho que a pressão tem que se manter e acho que tem que aumentar da sociedade civil dos movimentos sociais que esperam uma decisão explícita de que a linha é o desencacenamento de que a linha é mudar a atual política de drogas isso com os instrumentos já existentes nas leis né então a gente já tem mecanismos que podem garantir mais mediação de conflito menos aprisionamento a gente não fortalecer comunidade terapêutica né Aí eu usando assim
podcast para mandar recado para o governo federal não dá para a gente ficar fortalecendo uma linha em detrimento do fortalecimento da rede de atenção psicossocial porque uma coisa que aconteceu deliberadamente no governo interior foi a precarização da rede de atenção social a precarização dos Caps né nos territórios e a gente precisa fortalecer esses instrumentos acho que é por aí que a gente vai conseguir pensar assim esse modelo de política de drogas e claro né aí o nosso mundo ideal maravilhoso sem prisão né com a abolição das prisões e de preferência com legalização de todas as
substâncias né e fortalecimento da redução de danos para que cada pessoa saiba o que tá usando e saiba se quando tá fazendo uso de qualquer substância que o ser humano sempre fez e sempre vai fazer a gente sempre usou substâncias e de alguma maneira mudam a nossa percepção da realidade né o ser humano gosta disso é se não me engano os golfinhos também né a fazer isso então se as pessoas elas vão continuar usando essa substâncias como a gente pode garantir que esse uso seja seguro e que as pessoas que buscam tratamento que façam os
abusivos problemático tem um acesso também é Esse instrumento garantido pela nossa rede pública de saúde por aí prazer falar contigo Juliana Eu que agradeço super agradeço muito espaço é uma parceria da agência pública com a rádio guarda-chuva jornalismo para quem gosta de ouvir e o podcast afluente que mergulhem histórias da Amazônia ou a partir dela tá com um episódio novo nos tocadores na Manaus Metrópole do Novo Milênio a violência atribuída às galeras ofuscava a condição de miséria das periferias e virava espetáculo Nos programas policiais mas a luta pela sobrevivência é afirmação em meio ao caos
se encarregou de ressignificar o termo galeroso para quem não sabe é uma palavra que na região é usada para se referir a uma espécie de gangue participam do episódio a jornalista Kátia Brasil o professor poeta e ativista rogeferson Moraes e o fotógrafo e Universitário Alonso Júnior quer descobrir mais sobre essa história que fala muito sobre as periferias de todo o Brasil já bota o afluente na sua playlist para emendar depois do pauta [Música] a gente termina aqui mais um pauta público e se vê na próxima sexta-feira um beijo até lá e olha só que antes
de acabar queria só dar um último recado se você ainda não segue a gente abre aí o seu tocador de Podcast e aperta a seguir isso porque você vai receber uma notificação na sexta-feira que vem bem cedinho quando tiver novo episódio Até lá então gente abraço [Música]