Especial Karl Marx #01 - Alienação

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Tempero Drag
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Video Transcript:
(Rita canta) "When the moon is in the Seventh House/ And Jupiter. . .
" Oi. . .
Que especial de Karl Marx, menino! Era de Aquarius. Sou pós-moderna, amiga da Tina.
(Rita canta) "Magic crystal revelations/ And the dawning of the nation" Bom, como você já deve ter visto, em algum local desta tela, o tema do vídeo de hoje é "Alienação. E, com a licença da piada do início (que não é bem uma piada), mas eu não quero arrumar treta chiques com as minhas amigas pós-modernas. Hoje, a gente começa a série de especial de tributo ao seu Carlinho (05/05, aniversário do véio), e a gente tá, aqui, numa espécie de homenagem, né, de agradecimento à obra do Marx e ao método de análise que ele propôs pra que a gente, não apenas interpretasse, mas mudasse a realidade.
Hoje, a gente começa falando sobre um dos termos que é central pra obra marxiana. Vai estar tudo na descrição do vídeo, como de praxe. .
. bliblibli blublublu. .
. e eu vou usar, aqui, como referência básica, "Marx: uma introdução", do Jorge Grespan. Acabou de ser lançado pela Boitempo, maravilhoso.
O Grespan havia escrito algo parecido com isso, uma vez, pra Folha, numa coleção de primeiros passos, de introdução. E aí ele, depois de 16 anos do lançamento, revisita a obra. Ele reescreveu o livro todo praticamente e publicou, agora, pela Boitempo.
Além do Seu Raimundinho, meu preferido sempre, que vou usar, hoje, o "Palavras-chave: vocabulário de cultura e sociedade" pra mostrar pra vocês que, não existe significado assentado de palavra, né? O que existe é uma disputa pelo significados, pelos sentidos, pelos conteúdos sociais. Além disso, também, vamos falar sobre a Lei da Madeira, né, do Seu Carlinho, que foi publicado, aqui, no Brasil, como "Os despossuídos".
Vamos falar um pouquinho de "A ideologia alemã" e uma "Contribuição à crítica da economia política". Como "quick start", assim, início da nossa reflexão, eu peço que você olhe para a tela fixamente, não pisque. Alienação.
Que que vem na sua cabecinha? Tô esperando pra você pensar. Tudo bem.
Agora, a gente vai tentar desdobrar esse conceito. Tentar pensar o que que significa, num vocabulário comum, o que que significou, ao longo da história, pra cada pensador. E tentar, ao final, chegar no conceito marxista que é importante pra que a gente interprete e mude a realidade.
Bom, Seu Raimundinho nos diz o seguinte: "O uso contemporâneo mais generalizado é derivado, provavelmente, de uma forma de psicologia. Uma perda de conexão com os nossos próprios sentimentos e necessidades mais profundos". A gente já deve ter ouvido como "ai, fulano é um alienado/uma alienada", e seria essa pessoa descolada da realidade, descolada de alguma coisa mais profunda, do seu eu, etc.
Mas vale ler, pra vocês, como o seu Raimundinho começa essa entrada no "Palavras-chave", né? Esse verbete começa da seguinte forma: "Alienação, é, hoje, uma das palavras mais difíceis da língua. Além de seu uso corrente em contextos gerais, carrega significados específicos, porém, controversos em uma série de disciplinas que vão desde a teoria social e econômica à filosofia e à psicologia.
Desde meados do século 20, sobretudo, passou das diferentes áreas desse leque pra novos tipos de uso correntes em que, muitas vezes, provoca confusão por causa da sobreposição e da incerteza em relação tanto aos vários significados específicos quanto aos significados mais gerais e antigos". Bom, esses significados "mais gerais e antigos" é essa trajetória epistemológica da palavra. Então, "alienação" entra na língua inglesa, via francês, e tem suas raízes no latim, em duas palavras que são: "alienare" (que seria "estranhar", "tornar estranho", "tornar outro") e "alienus" (que seria "pertencer a outra pessoa, a outro lugar").
A palavra "alienígena" vem daí, né, "pertencente a uma outra realidade". Se a gente tiver em mente esses dois sentidos, "causar um estranhamento", "transformar em outro" ou alguma coisa como "pertencer a outro", "pertencer a outro lugar", a gente vai buscando e se apoiando nessas ideias de significado. Se a gente pensar cronologicamente, uma pessoa que falou sobre alienação, no seu sentido mais amplo, foi o Jean-Jacques Rousseau, né?
Esse filósofo pré-romântico, Iluminista. . .
tararã. . .
que falava sobre alienação como esse sentimento do ser humano privado da sua "natureza humana", né? Detesto essa ideia de natureza humana, porque nós, seres humanos, somos seres bio-psíquico-histórico-sociais. Então, a ideia de "natureza humana" é perigosíssima porque cai naquelas coisas que eu falei do vídeo "Quem defende a criança queer".
Depois, vai lá e vê se não tiver visto. E aí o Rousseau, ele fala "temos uma natureza. .
. tararã. .
. e a vida na sociedade nos aliena dessa natureza. Nós somos seres bons, sociais.
. . piriri.
. . e a vida na sociedade nos corrompe" tarará tururu.
Então, essa primeira ideia de alienação seria isso, a gente perder a natureza humana via processo civilizatório. Bom, não paramos por aí. Depois do Rousseau eu vou pular pro Hegel, né?
O Seu Hegelzinho, tal, o filósofo, idealista, alemão. O método dialético começa com ele. A dialética hegeliana piriri pururu.
Não teremos tempo de falar disso aqui. Um dia eu falo ou vocês podem fazer o curso do Heribaldo, do Classe Esquerda, né, que ele dá uma introdução ao pensamento do Hegel. O Hegel, ele é o filósofo que pega o bastão do Immanuel Kant.
Então, estamos ali, na Alemanha, nesse período que a gente vai conhecer depois como "o idealismo alemão". E aí temos esses dois grandes filósofos, o Immanuel Kant e a coisa mesmo do Hegel, que, inclusive, escreveu "Fenomenologia do espírito" dando um pau no Kant, mas nunca citou o nome do coitado praticamente. E aí essa tradição vai ser continuada via uma disputa, né?
O Seu Hegelzinho morre. . .
(Rochele, faz ele morrendo. Obrigado) Seu Hegelzinho mesmo a coisa do morre, tava véia, tal, né? E tem uma DISPUTA ideológica.
Então, vão ter os jovens hegelianos de esquerda, os novos hegelianos. Depois, o Marx até escreve um livro brigando com a galera chamado "A sagrada família", né, que é uma galera que falou "Não, a gente que é da família do Hegel que lê o Hegel direito, a gente que entende do velhinho. Vocês tudo não sabem do que estão falando".
E o Marx, no começo da sua vida, né, estudou Hegel, foi aluno piriri pururu. . .
E ele é um jovem hegeliano de esquerda, né, ele também tá disputando a obra hegeliana. Até um ponto de cisão que é quando ele escreve "Crítica à filosofia do direito do Hegel". Existem muitas coisas ali, a gente poderia falar muito sobre esse livro maravilhoso, mas o principal é que tanto o Seu Carlinho, né, o Marx, quanto o Seu Englinho, eles vão fazer uma crítica à essa ideologia alemã (tem até o livro "Ideologia alemã") de pensar, por exemplo, que as formas jurídicas seriam capazes de explicar a sociedade.
E tanto Marx quanto Engels vão falar "Não, meus anjo! Alto lá, né? " A forma jurídica é uma cristalização de ideias de uma classe, né?
A classe de juristas que costuma ser muito próxima ou a classe dominante. Então, as formas do direito são formas burguesas, né? As formas, que eram entendidas na época como "da lei" tararã, são propositoras e mantenedoras de um Estado burguês.
O Engels vai falar muito sobre isso em "Socialismo jurídico", que ele vai falar "Não existe socialismo jurídico, gente. Porque o direito é duma classe, né? Nenhum direito contesta o direito à propriedade privada".
"Ah, perante a lei, todos os homens são iguais". Sei. .
. e aí pra alguns crimes têm fiança e, se você não pode pagar a fiança, você vai preso. Agora, se você pode, você não vai.
Olha como a lei é igual para todo mundo, não faz distinção. Você tem que pagar por um advogado se não Estado te fornece um. Que pode ser bom ou pode ser bem ruim, né?
E quem te julga também. . .
não, o Estado não faz distinção nenhuma. Põe o Sérgio moro na tela. .
. ó, como não faz. .
. Né? Maravilhoso!
E essa distinção é mesmo a coisa do negócio, né? Então, Seu Carlinho vai falar disso, Seu Englinho vai falar disso de que é mentira, né? Todos os homens nascem igual perante a lei.
. . uma patota!
Não é nada disso. Uma estaleca. Aí moçadinha, qual que é a ideia do Hegel, né?
Fiz um preâmbulo histórico pequeno. Qual que é a ideia do Hegel de alienação? Vou, aqui, no Grespanzinho (inclusive, se quiser me ligar).
"Formulado por Hegel, o termo designava o momento em que o 'espírito' se faz outro, distinto de si mesmo, alheio a sua forma inicial, criando uma realidade objetiva na qual se reconhecerá". Então, "alienação", pra Hegel, seria esse momento no qual o espírito humano, né, deixa de se reconhecer. Nesse estranhamento (lembra, do latim).
. . nesse estranhamento, ele parte pra realidade pra criar uma nova forma com a qual ele se reconhecerá.
E aí o Seu Carlinho e o Seu Englinho vão falar: "Sei. . aham.
. . e se você é preto, pobre, **dido, periférico, essa realização nunca acontece, né?
Essa nova forma de vida que você cria pra reconhecer a mudança dos seus". . .
Tá entendendo? Porque que chama "MATERIALISMO histórico dialético" e não apenas "dialética"? E existe uma crítica desse idealismo hegeliano.
Pós Hegel, a gente vai tentar dar um pulo pro conceito de alienação do do Feuerbach. Já falei do Feuerbach aqui no canal (nesse vídeo que aparece em algum desses lado que eu nunca sei) que é "Foco, força, fé e Feuerbach", né? Que eu faço, ali, uma citaçãozinha dele.
E o Feuerbach é um desses jovens, na época, que disputa o legado hegeliano. Para ele, a ideia de alienação está intimamente ligada com uma ideia primeira que tem a ver com Deus. Em algumas culturas, né, (daqui nas culturas ocidentais quase todas) alienado é alguém que tá alheio a Deus, à partícula divina, ao fragmento divino, piriri pururu.
Feuerbach, ele faz uma reversão dessa ideia e ele fala que a alienação é um processo no qual os humanos que criam seus deuses, né, imaginam os seus deuses, "esquecem" disso e começam a se pensar como criados por Ele. Então, seres humanos criam seus deuses, cada lugar, cada tempo histórico inventa um deusinho. E aí eles esquecem disso e começam a imaginar que os deusinho que eles criaram criaram eles.
Essa ideia tá no "A essência do cristianismo" (esse livrinho que tá aqui na tela). Aí, beleza. Saímos, aqui, do Feuerbach, cronologicamente a gente já chegaria na coisa mesmo do Carlinho.
Vou pular porque né, a gente deixa o melhor pro final e eu vou enfiar, aqui, o Freud, que é outra pessoa que falou também sobre alienação. Então, chegando, aqui, no Freud, a gente já dá uma recapitulada básica. Então, estamos falando que alienação tem vários sentidos, que é um termo em disputa.
Que, quando a gente lê teoria, muitas vezes, as palavras que a gente usa recorrente têm outros significados. Que quando a gente lê teoria, a gente tem que ter em mente que tem um debate acontecendo. Um autor do seu tempo escreve pro seu tempo, rebatendo teorias, discutindo com teorias do seu tempo.
Então, tô tentando articular isso aqui. E, também, menina, assiste os outros vídeos do canal que eu tô, né, sempre ele e mais um aqui. Alguma coisa que eu já falei e alguma coisinha nova.
Pro Freud, a ideia de alienação seria esse ser que tá estranhado de uma pulsão primordial, uma pulsão de vida, de sexo, de libido, de desejo. E esse ser estranhado da sua pulsão seria um ser alienado. Conceito freudiano, ele tá, de alguma forma, ligado, né?
Todos esses autores, eles estão, de alguma forma, falando sobre um campo, né, em linhas distintas. Um campo de estranhamento, um campo de afastamento. Desde o Rousseau até o Freud.
Mas como é que é a coisa do Seu Carlinho, gente? É aí que a gente muda um pouco de perspectiva. E eu já falei disso aqui em dois vídeos.
Hoje é específico sobre isso. Eu dou uma pincelada, em "O futuro do trabalho" e "O trabalho de novo", né? Esses dois vídeos eu falo um pouco sobre a dupla alienação do ser parará pururu.
Então, aqui, Seu Carlinho, ele vai pensar como a lógica do trabalho e a "modernidade", né, esse período que começa ali século 15, né, mil quatrocentos e qualquer coisa. . .
a modernidade, ela projeta uma ruptura. Na sociedade inglesa, (sou professora de Literatura Inglesa, por isso que eu dou os exemplo de lá). .
. na sociedade inglesa, existe um processo de cercamento de terras comunais. Então, as camponesada tudo, nós, as pobres fu**da, a gente "eba, eba, vamo lá no bosque", nananã, e caça uma pombinha, "vai ter churrasco lá no meu barraco, cola lá".
Então, tinha terras comunais que era de todo mundo, né? Inclusive, fazíamos muita festa, né? Eu fui acusada de bruxaria ó.
. . né?
Silvia Federici tava lá comigo, ela sabe como que eu me safava. Eu fugia de país. Então, as terras comunais vão sendo cercadas.
Então, a partir de agora, o bosque é dum nobre safado, o rio é dum nobre safado. Então, esse processo de cercamento vai propondo uma novidade na história desta civilização europeia biriri bururu. .
. a distinção de propriedade privada e propriedade pessoal. .
. Então, vamos lá! Glossário marxista.
Propriedade privada, meus amor, é propriedade privada dos meios de produção. Quando a gente fala que tem que acabar, ninguém vai pegar seu livro, seu celular, seu Celtinha, seu Uno. Propriedade privada é deter um meio de produção que produz coisas, ferramentas, mercadorias, tarará.
. . Então, ninguém poderia ser dono duma fábrica, duma empresa, dum rio, duma escola, duma fazenda.
Essas coisas teriam que ser do grupo que trabalha nelas, né? Ultimamente do Estado. Inclusive, o Seu Carlinho, ele faz essa, conta essa história pra gente, do cercamento inglês, sim, mas.
. . e o Engels também a situação da classe operária na Inglaterra.
. . mas, infinitamente mais no livro da "Lei da madeira" que é esse "Os despossuídos" (aqui, no Brasil, pela Boitempo) que ele vai contar pra gente como que era essa história de eu podia ir lá pegar a lenha, de repente virou crime.
Ai, que bonita! Bonita a lei, o direito. Bom, processo primeiro de debate filosófico de apreensão do conceito hegeliano, de uma tradição filosófica que já está pensando a questão.
E esse coiso segundo que é essa nossa estrutura social que, em um momento, começa a propor uma ruptura entre trabalho e apropriação, né? Ficar com a propriedade privada do meio de produção é se apropriar da produção dos outros. Essas duas instâncias instauram um novo fenômeno no mundo que é a alienação que o Marx tá pensando.
E seria uma cisão irreconciliável que é a seguinte: em última análise e instância (e é isso que eu sempre conto aqui pra vocês) o produtor do produto não se reconhece nele, né? Então, você que trabalha em qualquer lugar, imagina o lugar que você trabalha (você que tem seu trabalho). Você não olha pro seu trabalho e fala "tudo isso é meu!
Porque que tem um burguês safado vendendo? E fazendo lucro em cima do que eu faço? " E se você quiser acessar o produto do seu trabalho, você tem que consumir via mercado, né?
Então, existe uma outra instância mediando as relações. E isso é uma novidade no mundo, meus amor. Então, pensa o campesinato feudal.
Então, você plantava lá tua berinjela, teu repolho, blá blá blá, tua cenoura e você tinha que dar uma parte pro burguês safado, né? Mas se você plantou, você fica, você dava uma par. .
. agora, troca. Você produz cadeira, mesa, computador, celular e você não fica com uma coisa.
Você fica com um valor mínimo, né, que a mais valia extrai de você, que o lucro do seu patrão extrai de você. Te paga um mínimo e se você quiser ter acesso ao que você PRO-DU-ZIU, você precisa, via mercado, consumir, né? E aí, na esfera mercadológica, você e seu patrão, seu burguês safado, se confundem porque todos são consumidores, né?
Todos são iguais perante a lei do mercado, a lei do consu. . .
tá bom, né? Por isso que você usa Monange e teu chefe safado usa Victoria Se. .
. Nem sei que que ele usa, gente, não sou burguesa safada, mas deve ter um hidratante de 7 mil conto. Essa é a coisa que eu tô tentando fazer vocês entenderem.
O processo de alienação marxista, ele vai pela teoria do conflito, né, pela teoria da luta de classes, pela teoria da exploração, de que existe uma classe desprovida da sua inteligência de que ela que produziu tudo. Uma classe que vai ser ludibriada, enganada, sobreposta por um véu ideológico pra que não se perceba na sua produção. A especificação da mão de obra, né, e da linha de trabalho em "você, não produz mais a coisa, você só aperta o parafuso".
Também é um aditivo nessa lógica de você olhar o carro pronto falar "fui eu que fiz? Ou será que eu só apertei o parafuso? ", né?
Mas sem o parafuso não tem carro. A ideia central aqui é, via essa "modernidade" (a era moderna), a gente tem esse novo processo, essa nova coisa acontecendo e esse mal estar social de uma classe que passa a se pensar como consumidora, como compra. .
. e não como produtora de tudo. Fecha o olho.
Gente, pelo amor de Deus, respeita meus cabelo branco! Eu tô vendo que tem gente de olho aberto! Pra eu ir aí e esfaquear vocês é 1, 2.
Fecha o olho! Você não tá vendo nada, né? Tá tudo preto?
Beleza. Isso é o que existe sem a classe trabalhadora. Pode abrir.
Sem a classe. . .
não tem mundo, né? "Ai, ai, ai! Pandemia!
Ui, ui, ui! Temos que salvar a economia! Vai tudo falir!
" Porque a classe trabalhadora vai ficar em casa. E se a classe trabalhadora não trabalha, os burguês safado não têm o que circular, né? Se a classe trabalhadora não produz um mundo material, os burguês safado não têm quem chupinhar.
O conceito de alienação é central pra obra marxista porque é a alienação do ser, da sua função de produtor que possibilita essa estrutura, né? Que possibilita a não revolta dessa estrutura. Eu vou ler um fragmento, pra vocês, da coisa mesmo do Seu Jorge Grespan.
Tô na página 25, esse é o capítulo 1. São 6 capítulos de conceitos que o Marx trabalha. Então, esse primeiro é "Alienação".
"Pra Marx, embora alienação diga respeito não aos problemas religiosos (né, do Feuerbach) e sim a situação social do mundo capitalista, ela conserva a forma de autonomização da inversão. Privado da propriedade dos meios de produção, o indivíduo não se reconhece mais plenamente no produto do seu trabalho e tem acesso a ele apenas mais tarde ao comprá-lo no mercado. Ou seja, em vez de se apropriar de imediato do produto resultante do ato do seu trabalho, o trabalhador precisa comprar do mercado aquilo que, muitas vezes, ele mesmo produziu pro seu empregador.
A apropriação só acontece por meio da mediação do mercado que aparece como a instância central da economia. O produtor não se reconhece no produto, não se reconhece como produtor e afirma-se, socialmente, como comprador e consumidor". Bom, também tem, naquela nossa linha histórica, o Durkheim, né?
O francesinho, tal. Não gosto dele não. Só tenho os livros aqui em casa e tal e estudo porque, enfim, tem que.
E o Durkheim, ele tem o conceito de "anomia", né? Mas a gente não vai trabalhar esse conceito não, porque eu acho que confunde, né? O vídeo vai ficar "A epopeia de Rita Von Hunty pela palavra alienação".
E o intuito, aqui, é tentar fazer um vídeo curto que possa te dar esses primeiros passos, né? Falar "olha, meus anjo, tudo bem? Eu sempre falo disso aqui, mas, ó, vamos fazer um vídeo específico pra tratar o tema?
Então, espero que vocês tenham entendido, em especial, saber que o importante não é entender, é entender e, a partir do entendimento, poder mudar. O que que acontece se todo mundo que está alienado se percebe como produtor do mundo, né? Se o mundo é injusto, ele foi produzido.
O Seu Carlinho tem a frase "se o ser humano é feito por suas circunstâncias, teremos de formar suas circunstâncias humanamente. Se o mundo é um lixão, a gente tem que trabalhar sobre ele pra que ele deixe de ser", né? E quem produz o mundo?
A classe trabalhadora, meus anjo. E se a gente decide que não vai mais levar desaforo pra casa, não vai mais tolerar abuso, mando e desmando, acontece um negócio lindo chamado "revolução". É isso, mas também não é.
É importante que vocês saibam que, hoje, arrastada da cama, triste, sôfrega, eu tô gravando esse vídeo porque eu acredito que o artista deve trabalhar nesse tempo. Acredito que o educador deve. .
. mas eu tô destruída. Destruída.
O Brasil passou de 415 mil pessoas assassinadas. Por que que eu digo assassinadas? Porque a CPI da Covid tá mostrando que o Bolsonaro, o ministro da Saúde decid.
. . e o governador do Amazonas decidiram usar Manaus como experiência pra imunidade de rebanho, né?
Falta cilindro de oxigênio. O Paulo Gustavo, que faleceu em decorrência dessa doença (pra qual já existe VACINA! ) doou mais de um milhão em cilindro durante a crise.
E o governo fez o quê? Por isso que eu falo "assassinados". Eu estou dilacerada, destruída em um sinal.
. . o Paulo Gustavo é amigo de todo mundo que eu conheço, de todo mundo que amo.
Não conheci o Paulo Gustavo. Mas todo mundo que eu tenho de amigo, de amiga, teve ele, em algum momento, como amigo, amigo, como amor da vida. Eu estou dilacerada.
Dilacerada. Eu encerro o vídeo de hoje, com essa fala da Regina Casé sobre o Paulo Gustavo e o que a gente está vivendo. Eu vejo vocês na semana que vem.
E. . até lá.
Eu não acho que é só a tristeza. Tem, também, uma violência que não é só contra nós, que estamos perto dele, amigos e amores. É uma violência contra tudo que a gente tem de melhor, tudo que o Brasil tem de melhor.
É muito simbólico ele partir nesse momento. O Paulo Gustavo simboliza o que? O trabalho honesto, a prosperidade pelo trabalho honesto.
Ele simboliza teatros lotados, cinemas abarrotados. Ele simboliza a bondade, a generosidade. O Brasil acha que perdeu um comediante?
O Brasil acha que perdeu um ator sensacional? Não! O Brasil perdeu muito mais do que isso.
O Brasil perdeu a alegria, a honestidade, a generosidade, a prosperidade de um povo bom. E é isso que o Paulo significa.
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