Quando eu vi o Dr Eduardo com aquela ferramenta para fora, fiquei louca de desejo. Não consegui me segurar. Boa tarde a todos.
Meu nome é Marina. Acordo todos os dias às 6:30 da manhã em uma rotina que queria não mudar nunca. O som do despertador a trazia de volta ao mundo real, onde os compromissos do dia a aguardavam impacientes.
Ela olhava para o lado e via Ricardo ainda adormecido, com a expressão tranquila de quem não tinha pressa de enfrentar o dia. Sentia uma mistura de carinho e distância ao observar o marido, como se aquele homem ao seu lado fosse alguém que ela conhecia muito bem, mas, ao mesmo tempo, alguém de quem estava cada vez mais afastada. Enquanto preparava o café da manhã, nas coisas que estavam por fazer — levar o filho Lucas, de 5 anos, à escola, dar aula na escola onde trabalhava e depois passar no supermercado para comprar algo para o jantar — a vida havia se tornado uma sucessão de compromissos que, apesar de necessários, pareciam esvaziar sua alma.
Aos poucos, ela amava Ricardo, claro que amava, mas sentia que algo faltava, como se uma parte dela estivesse adormecida, esperando para ser despertada. No entanto, não era algo de que ela falasse abertamente, não para Ricardo nem para suas amigas mais próximas. Havia uma certa vergonha em admitir que, embora tivesse tudo o que muitas mulheres desejavam — um marido trabalhador, um filho saudável, um lar confortável — ela ainda sentia um vazio crescente.
Então, Marina simplesmente continuava, dia após dia, seguindo a rotina que lhe era tão familiar. A primeira vez que algo diferente aconteceu foi quando Lucas ficou com febre. Ele estava tão debilitado que Marina o levou ao hospital, apenas para garantir que tudo estava bem.
O hospital era um ambiente que a deixava desconfortável, com seus corredores frios e cheios de cheiros esterilizados, mas essa era a vida de uma mãe: colocar os medos de lado para garantir o bem-estar do filho. Foi lá que ela conheceu o Dr Eduardo. Ele era o pediatra de plantão naquele dia, um homem de 38 anos, de aparência serena e gentil.
Ele tinha o cuidado de falar atentamente, e a maneira como ele explicava cada detalhe a fazia sentir que seu filho estava em boas mãos. “Lucas vai ficar bem. É apenas um resfriado”, disse Dr Eduardo com um sorriso.
“Mas entendo sua preocupação, Marina. Eu também sou pai, sei como é. ” De forma conectada, aquele estranho havia despertado algo nela que a fazia se sentir vista, como se ele conseguisse enxergar além da mãe preocupada que ela mostrava.
Nos dias que se seguiram, Marina não conseguia tirar Dr Eduardo da cabeça. Era estranho, quase embaraçoso, mas a verdade era que ele havia despertado algo dentro dela: uma curiosidade, um interesse que ia além do profissional. Não era apenas a competência dele como médico, mas algo mais profundo, mais humano.
Ele parecia genuinamente se importar com as pessoas ao seu redor, e isso era algo que Marina não sentia há muito tempo, talvez desde o começo do seu casamento. Ricardo, por outro lado, estava cada vez mais ausente. O trabalho como engenheiro o consumia de uma forma que deixava pouco espaço para o casal.
Eles quase não conversavam sobre algo que não fossem as obrigações diárias. O casamento que um dia fora vibrante e cheio de vida agora parecia mais um contrato de convivência. Não era que faltasse amor, mas a chama que os unira havia diminuído, quase se apagando.
Marina sentia falta de se sentir desejada, de ser ouvida, de ser alguém mais do que apenas uma mãe. E foi nesse contexto que ela começou a se encontrar mais frequentemente com o Dr Eduardo. Sempre havia um pretexto: uma nova consulta para Lucas, um check-up para ela, uma dúvida sobre algum sintoma.
E cada vez que ela o via, sentia aquele interesse crescer. Eles conversavam sobre assuntos triviais, sobre a vida, sobre os desafios da maternidade, e pouco a pouco, Marina se pegou esperando ansiosamente pelo próximo encontro. Havia uma tensão, um algo mais nas entrelinhas das conversas que ela não podia negar.
O primeiro encontro fora do hospital foi quase acidental. Marina estava na cafeteria do hospital, tomando um café rápido antes de voltar para casa, quando o Dr Eduardo apareceu. “Posso me juntar a você?
” ele perguntou, com aquele sorriso que parecia derreter todas as suas defesas. Marina assentiu, tentando controlar o turbilhão de emoções que se agitava dentro dela. Sentaram-se e começaram a conversar, primeiro sobre Lucas, depois sobre suas vidas.
Eduardo falou sobre como era difícil conciliar a vida pessoal com a rotina agitada de um médico, e Marina se viu abrindo seu coração de uma forma que não fazia há muito tempo. “Às vezes sinto que estou vivendo uma vida que não escolhi”, confessou Marina, surpresa com a própria sinceridade. “Não que eu não ame minha família, mas sinto que me perdi em algum lugar pelo caminho.
” Eduardo a olhou com uma compreensão que fez seu coração bater mais rápido. “Todos nós nos sentimos assim em algum momento”, ele disse suavemente. “A vida é cheia de expectativas que nem sempre correspondem ao que realmente queremos.
” Aquelas palavras ressoaram profundamente em Marina. Era como se Eduardo tivesse colocado em palavras tudo o que ela sentia, mas nunca teve coragem de admitir. A partir daquele momento, a conexão entre os dois se fortaleceu e Marina se viu cada vez mais envolvida naquele relacionamento que inicialmente parecia inocente, mas que começava a tomar um rumo que ela sabia ser perigoso.
Com o tempo, os encontros se tornaram mais frequentes e mais íntimos. Eduardo era um homem de gestos sutis, e Marina começou a perceber as pequenas coisas que ele fazia por ela: um café do jeito que ela gostava, um elogio sobre algo aparentemente insignificante, um toque que durava um pouco mais do que o necessário. Tudo isso fazia com que ela se sentisse especial, desejada, como não se sentia há muito tempo.
Muito tempo, Marina sabia que estava cruzando uma linha perigosa, mas, ao mesmo tempo, sentia que não podia voltar atrás. Era como se cada encontro com Eduardo a puxasse mais fundo para um abismo do qual ela não queria sair. O sentimento de culpa começava a surgir, mas era rapidamente abafado pelo desejo e pela emoção de estar vivendo algo novo, algo que a fazia sentir viva.
Ricardo, por sua vez, parecia alheio ao que estava acontecendo. Ele estava tão envolvido no trabalho que não percebia as mudanças sutis em Marina: o tempo que ela passava se arrumando antes de sair, o brilho nos olhos que há muito havia desaparecido, mas que agora estava de volta. Marina, por outro lado, fazia de tudo para manter as aparências, para que Ricardo não desconfiasse.
Mas, dentro dela, a batalha entre a razão e a emoção era constante. O ponto de ruptura veio em uma noite comum. Quando Ricardo, ao pegar o celular de Marina para fazer uma ligação, encontrou uma mensagem de Eduardo.
Não era nada explícito, mas o tom da mensagem o deixou desconfiado. Ele confrontou Marina imediatamente e, encurralada, ela negou qualquer coisa, dizendo que Eduardo era apenas um amigo, alguém com quem ela conversava para se sentir menos sozinha. Ricardo queria acreditar, mas havia algo na maneira como Marina se comportava que o deixava inseguro.
Nos dias que se seguiram, ele começou a observar mais de perto, notando as pequenas mudanças: os sorrisos furtivos quando ela lia uma mensagem, o tempo que ela passava fora de casa sem uma razão clara. A desconfiança começou a corroer o que restava do casamento deles, criando uma distância ainda maior entre eles. Marina, por outro lado, estava dividida.
Ela sabia que estava destruindo o seu casamento, mas, ao mesmo tempo, não conseguia resistir ao que sentia por Eduardo. Cada vez que ela tentava se afastar, ele a puxava de volta com palavras doces, com promessas de um futuro diferente, mais feliz. Era como se Eduardo fosse o escape perfeito da vida que ela levava.
Mas, no fundo, Marina sabia que estava apenas adiando o inevitável. Ricardo, decidido a descobrir a verdade, seguiu Marina até o hospital em uma tarde chuvosa. Ele a viu entrando no consultório de Eduardo, onde ficou por mais tempo do que seria necessário para uma consulta comum.
Quando ela saiu, algo dentro dele já sabia a verdade, mas ele precisava ver com seus próprios olhos. Com o coração pesado, ele entrou no hospital e, discretamente, aproximou-se da porta entreaberta do consultório de Dr Eduardo. Lá dentro, Marina ainda estava.
O que ele viu então destruiu qualquer esperança de que suas suspeitas estivessem erradas. Dentro do consultório, Marina estava em pé, próxima à mesa de Dr Eduardo. Eles conversavam em tom baixo, as palavras carregadas de tensão.
Marina tentava dizer que aquilo precisava acabar, que ela não podia mais continuar, mas Eduardo a interrompeu, segurando suas mãos. — Você não precisa decidir isso agora — disse ele, aproximando-se. — Eu sei que é difícil, mas também sei o que sentimos um pelo outro.
Marina desviou o olhar, lutando contra o turbilhão de emoções que se agitava dentro dela. Ela sabia que era errado, mas, ao mesmo tempo, não conseguia negar o que sentia. Eduardo, percebendo a hesitação, se aproximou mais, seus olhos encontrando os dela, tão perto que ela podia sentir o calor de sua respiração.
— Eu não consigo parar de pensar em você — ele sussurrou. E antes que Marina pudesse responder, ele inclinou-se e a beijou. Foi um beijo intenso, carregado de desejo e de todas as palavras não ditas entre eles.
Marina, inicialmente hesitante, acabou cedendo, retribuindo o beijo com a mesma intensidade. Era como se, naquele momento, tudo o que ela havia reprimido por tanto tempo viesse à tona. Ela se sentiu viva de uma forma que há muito não sentia.
E, por alguns instantes, tudo o que existia era aquele beijo, aquele momento, aquela fuga da realidade. Eles se afastaram lentamente, ainda ofegantes, como se o mundo ao redor tivesse parado. Eduardo a segurou pelo rosto, olhando-a nos olhos como se tentasse memorizar cada detalhe.
Marina sentiu o peso da culpa, mas também uma tristeza profunda, pois sabia que aquele momento marcava o ponto de não retorno. Enquanto isso, do lado de fora, Ricardo havia visto o suficiente. O beijo entre Marina e Eduardo confirmou tudo o que ele temia.
Sentindo-se traído, magoado e furioso, ele se retirou silenciosamente, sem que nenhum dos dois dentro do consultório o notasse. Ao voltar para casa, Ricardo não conseguia parar de pensar no que havia visto. A imagem de Marina nos braços de outro homem o atormentava e a dor da traição o consumia.
Naquela noite, quando Marina chegou em casa, Ricardo estava esperando por ela. A tensão no ar era palpável. Ela sabia que algo estava errado, mas não imaginava que ele havia descoberto.
Tentou agir normalmente, mas Ricardo não conseguia mais segurar a mágoa. — Marina, nós precisamos conversar — ele disse, a voz carregada de dor. Ela parou, o coração acelerado, sentindo o peso das palavras dele.
Sabia que o momento de confrontar a verdade havia chegado. — O que está acontecendo? — Ricardo perguntou.
Marina tentou manter a calma. Ele olhou para ela, os olhos cheios de mágoa e tristeza. — Eu te vi hoje no hospital — Ricardo disse lentamente.
— Vi você com ele. Marina sentiu o chão desaparecer sob seus pés. A verdade nua e crua estava ali exposta, sem como fugir ou negar.
Marina tentou falar, mas as palavras não saíam. Tudo o que conseguia fazer era encarar Ricardo, sentindo a culpa e a vergonha crescerem dentro dela. — Por que, Marina?
Por que? — Ricardo perguntou, a voz embargada. — O que eu fiz para te afastar assim?
Ela queria explicar, queria dizer que não era culpa dele, que ela mesma estava perdida, mas as palavras eram insuficientes. Em vez disso, tudo o que conseguiu foi sussurrar: — Ricardo, eu não queria. .
. eu não queria. .
. Ricardo fechou os olhos como se tentasse afastar a dor, mas era impossível. Ele amava Marina, mas a traição tinha criado uma ferida que ele não sabia como curar.
"Acho que precisamos de um tempo separados", ele disse finalmente, a voz baixa e carregada de tristeza. "Eu preciso de um tempo para pensar, para entender o que fazer a partir daqui. " Marina assentiu, sabendo que aquele era o início do fim.
Ela havia destruído o que um dia fora um "nós" e agora teria que enfrentar as consequências de suas ações. Nos dias que se seguiram, Marina e Ricardo se distanciaram. Ele foi passar um tempo na casa de um amigo, enquanto ela ficava em casa com Lucas, tentando seguir com a rotina.
Mas tudo parecia vazio e sem propósito. Ela sabia que tinha que lidar com as consequências de suas escolhas e que nada seria como antes. Dr Eduardo tentou entrar em contato com ela, mas Marina decidiu que precisava cortar qualquer laço com ele.
A dor da perda de seu casamento era maior do que qualquer sentimento que ela pudesse ter por ele. Ela sabia que precisava se redescobrir, entender o que realmente queria da vida, e isso exigia que ela enfrentasse seus próprios demônios sozinha. Ricardo, por sua vez, também passou por um período de introspecção.
A dor da traição o fez questionar não só o casamento, mas também sua própria vida e escolhas. Ele ainda amava Marina, mas não sabia se conseguiria perdoá-la ou se eles poderiam reconstruir o que haviam perdido.