Espaço, tempo, mundo virtual | Marilena Chauí

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Café Filosófico CPFL
A palestra propõe uma reflexão sobre as mutações contemporâneas das concepções de espaço e de tempo,...
Video Transcript:
[Música] Quem de nós usuários da internet e de aparelhos eletrônicos cada vez mais interativos se atreveria a negar a existência de um mundo virtual coexistindo em paralelo com o nosso mundo [Música] real embora possa parecer uma contradição em termos a realidade virtual se faz cada vez mais concreta em nosso dia a dia uma presença que ajuda em curtar distâncias acelerar processos facilitar contatos e disseminar informações e conhecimentos de forma inédita na história humana para alguns contudo assim como na trilogia Matrix o mundo virtual também seria motivo de enormes preocupações devendo ser definido muito menos pelo
que revela do que pelo que esconde de nossos sentidos nesse caso o nosso mundo passaria a ser um mero simulacro enquanto a verdadeira realidade permaneceria oculta uma realidade em frangalhos caminhando a Passos largos para dissolver tudo aquilo que fundamenta nossa própria humanidade Mas afinal o mundo virtual é uma coisa positiva ou negativa quais os principais impactos causados por estas novas dimensões da experiência existencial e sensorial humana que parecem se articular fora dos conceitos tradicionais de tempo e de espaço no final da primeira metade do século 20 e no início da segunda Maurice merl Ponti escreveu
uma fenomenologia da percepção contra o subjetivismo filosófico e o objetivismo científico merlon escreveu Nós não somos uma consciência cognitiva pura nós somos uma consciência encarnada num corpo o nosso corpo não é um objeto tal como descrito pelas ciências mas é um corpo humano Isto é habitado e animado por uma consciência Nós não somos pensamento puro porque nós somos um corpo mas nós não somos uma coisa porque nós somos uma consciência o mundo não é um conjunto de coisas e fatos estudados pelas ciências segundo relações causais e funcionais além do mundo como conjunto racional de fatos
científicos existe o mundo como lugar onde vivemos onde vivemos com os outros e ados pelas coisas um mundo qualitativo de cores sons odores pituras figuras fisionomias obstáculos caminhos lembranças um mundo afetivo um mundo de com os outros um mundo de conflito de luta de esperança de paz nós somos diz o merlon seres temporais ou seja nós nascemos e temos consciência do Nascimento e da morte ou seja nós temos a memória do passado a esperança do Futuro nós somos seres que fazem a história sofrem os efeitos da história nós somos tempo o tempo existe porque nós
existimos nós somos seres espaciais para nós o mundo é feito de lugares perto longe o caminho a mata a cidade o campo o mar a montanha o céu a terra esse mundo espacial é feito de dimensões o grande o pequeno o maior menor e ele é feito de qualidades o meu corpo não é uma coisa não é uma máquina ele não é um feixe de ossos músculos e sangue nem uma rede de causas e efeitos ele não é um receptáculo para uma alma ou para uma consciência o meu corpo é um sensível que é sensível
para si mesmo o meu corpo é o meu modo fundamental de ser no mundo é isso ser espacial e ser temporal vocês podem já imaginar que que acontece na hora em que a gente não tem a referência do espaço e do tempo como o centro da nossa experiência porque eu acho que é isso que acontece com a experiência da internet do computador do mundo virtual não é mais essa é uma outra experiência mas Essa não é mais o que se passa quando a espacialidade e a temporalidade do nosso corpo e da nossa experiência se perdem
na atopia ou seja na ausência de lugar ausência de espaço e na acronia is É na ausência do tempo São duas ausências a atopia e a acronia que caracterizam o mundo virtual é isso que é o mundo virtual é o mundo sem espaço e sem tempo David Harvey num livro chamado a condição pós-moderna aponta como consequência da nova forma assumida pelo capitalismo a chamada globalização ele aponta uma transformação sem precedentes na nossa experiência do espaço e do tempo que é designada por ele como a compressão espaço temporal de fato para nós entendermos o que se
passa Harvey faz uma distinção muito importante entre a forma que tinha a organização da produção Econômica até o momento em que se inicia a chamada globalização e o que acontece com ela na chamada globalização então no período que antecede a assim chamada globalização o o que predomina é conhecido com o nome de a organização fordista do trabalho a gente em geral identifica o fordismo com a ideia de linha de montagem mas o fordismo é mais do que isso o fordismo é a uma economia na qual uma empresa e controla a produção desde a ponta Inicial
que é a matéria prima até a ponta final que é a distribuição e o consumo do produto ela é um pequeno planeta passamos a nossa situação Global fim da grande planta industrial acabou tem aqui uma ou outra ali ou cá mas é um é um dinossauro não existe mais a produção está inteirinha fragmentada basta levar em conta o que é para produzir um CD né a o obje tenho CD um pedaço é feito na China outro pedaço é feito na Finlândia outro pedaço é feito na Islândia outro pedaço é feito em Manaus o outro em
Cumbica e e junta tudo e tá aí o objeto ou seja nenhum objeto mais é produzido numa planta que vai da matéria prima à distribuição Final O produto é produzido em escala planetária por uma fragmentação total do processo produtivo como sabemos durante a Primeira e Segunda Revolução industriais o corpo humano estendeu-se no espaço primeiro com o telescópio microscópio a máquina a vapor as máquinas elétricas o telégrafo telefone o rádio o cinema e a televisão agora porém com e a informática é o nosso cérebro ou o nosso sistema nervoso central que se expande Sem Limites diminuindo
distâncias espaciais e intervalos temporais até abolir o espaço e o tempo de fato o universo está online durante 24 horas sem obstáculos de distâncias e de diferenças geográficas de diferenças sociais diferenças políticas nem com a distinção entre o dia e a noite ontem hoje e amanhã tudo se passa aqui e agora como se vê nas chamadas salas de bate-papo em que é possível conversar com pessoas do outro extremo do planeta e cuja presença é instantânea ou como se vê nas grandes op financeiras feitas num piscar de óleo entre empresas e entre bancos situados nos confins
da terra Então muitos dos idealizadores e Defensores do ciberespaço se referem a ele significativamente como espaço desincorporado e espiritual possibilidade segundo alguns de que nós possamos nos transformar em seres de pura luz Livres da prios dos nossos coros livres do espao livres do tempo novos Anjos de um no Paraíso terrestre no qual evidentemente não haverá morte porque podemos fazer o downlo nossas mentes para os computadores e transcendendo a materialidade o espaço e o tempo viver eternamente no Espaço Digital [Música] é interessante observar a oposição entre duas atitudes predominantes no mundo contemporâneo de fato enquanto a
cultura do ciberespaço propõe a desmaterialização do homem a sua transformação num ser de pura luz sem espaço e sem tempo por sua vez a genética a biologia molecular a bioquímica a neurobiologia tomam a direção oposta pois propõe a pura materialidade do Espírito Ou seja a indistinção entre cérebro e Alma cérebro e consciência estas duas atitudes estão presentes quando usamos expressões como Inteligência Artificial armas inteligentes tecidos inteligentes remédios e medicamentos inteligentes edifícios inteligentes semáforos inteligentes sem que nos demos conta do que significa usar a palavra inteligência para objetos técnicos ou seja nós passamos a considerá-los como
coisas habitadas por cons ou al caímos numa concepção animista mas Em contrapartida do lado do ciberespaço nós nos tornamos puras almas Angélicas sem corpo enquanto do lado da ciência nós nos tornamos puros corpos sem alma no Manifesto Comunista a famosa frase tudo que é sólido se desmancha no ar referia-se à radicais transformações que marcavam a transição entre os séculos XIX e XX interessante como esta mesma frase parece se reatualizar e ganhar novo sentido quando aplicada ao século XX num mundo que parece se desmaterializar diante de nós e se processar em nuvens de dados digitais mas
nesse novo mundo virtual globalizado desterritorializado e instantâneo qual seria o lugar do nosso desejo você começou eh mostrando a perda da objetividade do mundo porque uma perda ou uma dissolução da capacidade eh consciente do sujeito então a relação eu e mundo se desmaterializando se atribuindo inteligência ao que é matéria e matéria ao que é inteligência se desfazem o se desfaz o quadro da nossa compreensão do mundo então eu fico pensando o seguinte se para usar usarmos as categorias do deles quer dizer como é que fica o sujeito hoje se eh aquele sujeito neurótico fundado na
proibição no limite da Lei no complexo de Édipo né no conflito foi substituído pelo esquizo quer dizer é um fluxo de intensidades e de de fluídos um sujeito a adaptado a qualquer tipo de trabalho a qualquer época a qualquer lugar e portanto ser uma identidade eh verificável né quer dizer qual qual o impacto disso em termos em termos de de de convivência social sempre se se soube que desde o Weber né que A Ética Protestante foi inseparável do capitalismo porque ela trouxe para o capitalismo aquilo que era indispensável para a exploração do trabalho a ideia
de que o trabalho é a virtude Suprema E a preguiça o pecado Supremo né então Eh e para conseguir que todas as energias dos indivíduos e toda a energia dos trabalhadores fosse exclusivamente dirigida para o trabalho se teve a repressão sexual levada a um a a um nível eh poucas vezes conhecido na história né não não é por acaso que é é do período da moral vitoriana que você tem o nascimento também da psicanálise né que porque você opera com a repressão do desejo como condição do exercício do trabalho bom todo mundo diz que nós
mudamos de de registro porque a nossa sociedade não é mais a sociedade do trabalho de massa é a sociedade do consumo de massa e que para a ver o sucesso do consumo de massa é preciso desre o desejo dar asas soltas ao desejo e sobretudo dar asas soltas à busca do prazer bom bom nós sabemos que qualquer liberação feita sob o modo de produção capitalista não libera coisíssima nenhuma né então o que é essa suposta liberação e do desejo esse esse suposto direito ao prazer né É na verdade a maneira pela qual você passa a
controlar o próprio o próprio desejo não mais através da ética do trabalho mas através da ética do consumo tá ligada portanto a ideia de do indivíduo do indivíduo de sucesso do indivíduo competitivo de sucesso a qualquer preço eternamente jovem eternamente Belo que conduz as mulheres a anorexia das e a bulimia das mod Delos os os rapazes à loucura do tênis e do e da Ferrari toda essa meleca toda essa porcaria que a gente vê incessantemente nesse universo do consumo como se fosse o desejo liberado né então você tem a uma nova forma da repressão que
é a repressão do desejo pelo controle dele né e pela determinação de quais são os objetos válidos de desejo ora o resultado desse processo é muito pior do que o anterior eu diria porque no no processo Anterior havia um esforço enorme de passar dessa repressão a uma simbolização né Eu acho que não é por acaso que que o o o delus diz é a a a paranoia leva mais longe do que do que a esquizofrenia porque a paranoia Vai na direção de um de um da busca de uma saída que na esquizofrenia você não tem
bom ora essa esse processo de simbolização Nós não vemos mais na nossa sociedade que que aconteceu a minha interpretação é que tudo que pertencia a ao universo simbólico caiu pra dimensão do signo virou signo por isso que virou espetáculo né virou signo e como signo é aquilo que você aponta e daquilo de que você se apropria e como como não tem portanto mediação simbólica o que tem é uma luta Mortal pela posse desses signos desses sinais que são sinais de sucesso Juventude poder Rique enfim todos esses sinais e isso engendra uma violência absolutamente Colossal então
eh a a minha questão é quando quando nós passamos para essa acronia para essa opia para essa desmontagem do nosso corpo como ser sensível e como ser simbólico e nos nos reduzimos a sinais virtuais fora do espaço e do tempo qual é o novo ser humano que tá surgindo né porque o que aquele que era né do qual eu sou um um remanescente Ti rass em extinção esse acabou Como será o que virá né porque ele ele vai nascer de um campo sem simbolização só de sinalização sem espaço sem tempo e sem corpo tudo virtual
né como como serão esses seres humanos novos e que nova fenomenologia da percepção vai ser preciso escrever para para dar conta disso né então o que eu quero dizer eu não tenho uma atitude condenatória eh eu tenho uma atitude de incompreensão n é um esse mundo novo esse Admirável Mundo Novo é um mundo incompreensível para mim né E porque as as os elementos com os quais eu sou capaz de de de pensar o mundo e de interagir com o mundo são os que estão em vias de no próximo bloco havia um único poder na tradição
religiosa que era capaz de criar realidade criar mesmo um mundo Eram os deuses Então não é qualquer poder que se esconde sob a noção do mundo virtual dizem que nós vivemos numa nova sociedade chamada a sociedade do conhecimento né então com essa Sociedade do conhecimento pretende-se indicar que a sociedade e a economia contemporâneas se fundam sobre a ciência e a informação graças ao uso competitivo do conhecimento da inovação tecnológica e da informação nos processos produtivos e financeiros bem como nos serviços Como a educação a saúde e o lazer toda a questão que se coloca é
a de saber quem tem a gestão de toda esta massa da informação quem tem o centro coletor e distribuidor dessa gigantesca massa de informação e portanto a pergunta é quem tem o poder há um um um texto do Walter Benjamin que eh me fala muito porque havia toda discussão que o cinema ia destruir o teatro que a a impressão das obras de arte ia destruir A aura e o Benjamin fala na democratização trazida por exemplo pelo cinema que a gente pode dizer pela e ele o que ele dizia É mas não sejamos ingênuos de não
levar em conta o que acontece com esse potencial democrático né da Imprensa aí da televisão nas mãos da empresa capitalista né então o tempo todo nós temos que eu acho que eh pensar que isso acontece e o capitalismo tá aí fazendo também isso acontecer como é que a gente lida como é que a gente fica no meio disso e como é que a gente luta né para que isso sejam conquistas para os seres humanos mesmo em toda parte é suposto que a informação produz uma circulação acelerada de sentido uma mais-valia de sentido homólogo a mais
valia Econômica que provém da rotação acelerada do Capital A informação é dada como criadora de comunicação somos todos cúmplices deste mito pois onde pensamos que a informação produz sentido é o oposto que se verifica assim os meios de comunicação são produtores não da socialização mas do seu contrário da implosão nass se você leva em conta a maneira pela qual a os meios de comunicação constróem a realidade E propõe essa construção como sendo a realidade em si mesma isso dá para você uma uma medida do do poder de que os meios de comunicação dispõem para propor
a você uma realidade que não é e da qual você está inteiramente convencido né não não há não há fresta brecha sombra nada que possa fazer você supor que esse mundo que que vem sobretudo pela televisão ou pela internet não seja o verdadeiro Então já você tem um um o poder exercido Aí caso do virtual no meu entender é ainda maior porque no caso do Virtual você cria uma realidade Aí sim não é que você como nos os meios atuais eles inventam uma outra realidade que oculta a realidade existente você tem um simulacro Você acredita
no simulacro e a a realidade mesmo tá escondido você não enxerga isso é o que faz hoje o meio de comunicação mas não é isso que a cibercultura e o ciberespaço propõe porque na medida em que eles vão eliminar o espaço e o tempo e vão E propõe que existem todas as coisas na simultaneidade espacial e temporal e que tudo isso existe e que pode ser atualizado ininterruptamente por cada um de nós a qualquer momento isso significa que um mundo foi criado não é que o nosso mundo foi substituído foi foi ocultado por um mundo
de imagens Não não um outro mundo não sei se paralelo ou substituto do nosso mas foi criado e isso é isso é o que todas as religiões sempre reservaram a um poder havia um único poder na tradição religiosa que era capaz de criar realidade criar mesmo um mundo Eram os deuses Então não é qualquer poder que se esconde sob a noção do mundo virtual né porque ele parece uma coisa anódina né simples pô as coisas por exemplo num dos num dos textos que eu li sobre o mundo virtual é dito o seguinte todas as palavras
de uma língua são virtuais elas não existem num espaço e num tempo determinado elas elas existem elas fazem parte da língua estão lá no dicionário né e cada um de nós ao falar atualiza então a a o mundo da linguagem é um mundo virtual que cada um de nós atualiza né não é isso quem dera que fosse isso de que as coisas estão existem disponíveis e que o nosso a a a nossa ação é uma ação de atualização apenas o mundo virtual é um mundo ele é quase o nosso mundo virado ao contrário porque ele
é sem espaço sem tempo sem corpo né e é de um poder gigantesco que é o poder de criar [Música] né eu vejo a democracia como uma uma uma contrapoder uma força que é capaz de se opor à banalização e a vulgarização a que nós corremos com a ideia do do ciberespaço como esse mundo tranquilo Angélico e de luz nenhuma das questões colocadas pela cibercultura ou pelo pelo mundo virtual são questões que se referem a aquilo que de interessa uma uma sociedade democrática a sociedade de consumo pensada como operação no interior do inconsciente sobre o
desejo ela é totalitária é isso que é ser totalitário né é isso o Admirável Mundo Novo ocorre entretanto que ininterruptamente surgem questões e brechas e obstculos e confitos que reabrem o problema né ISO não vem tranquilamente por porque um dos elementos vamos dizer se a gente for definir a democracia n e não pensar democracia como um regime político da lei da ordem que opera com partidos políticos e a rotatividade do poder Mas se a gente pensar a democracia como sociedade democrática e a sociedade democrática como a sociedade que cria direitos e institui novos direitos e
assegura novos direitos você pensa Essa sociedade como uma sociedade que está aberta temporalmente porque senão ela não criaria direitos novos ela nem perceberia a exigência e a necessidade de criar direitos quanto mais os direitos novos Ora se eu penso a democracia por esse viés é possível perfeitamente ver os instantes Nos quais a suposta manipulação da satisfação do desejo e do Prazer encontra obstáculos empíricos encontra obstáculos reais encontra encontrar formas de conflito entre entre grupos entre entre pessoas entre classes no interior de um mesmo indivíduo que abre a brecha e faz com que se pergunte se
se esses desejos e esses Prazeres esses conteúdos que me são Dados correspondem ao que ao que nós somos e aquilo a que nós temos direito eu diria que não sou capaz de imaginar formas de luta e de combate de oposição Mas eu sou capaz de imaginar os limites impostos pelo seu próprio objeto a a a a ideia da liberação e da Liberdade do desejo e do Prazer através do consumo né então Eh eu diria o seguinte a realidade é sempre mais contraditória do que do que se espera e ela tá ela tá ali você vai
dobrar a esquina e bate com o nariz nela n então por isso que eu acho que eh eu quando eu digo que gosto por exemplo de da trilogia Matrix É por isso porque não há não haveria a menor chance de sair daquilo e h entre a Utopia e a distopia a minha tendência é pela Utopia nós vivemos num mundo onde prevalecem prevalece a ideia da distopia né de que vai haver você tem a catástrofe planetária né a nós estamos preparados pro pro fim do planeta né e catástrofe de todo tipo né catástrofes biológicas Ener todas
todas as de as as distopias operam com o universo da Catástrofe e do medo né A Utopia ah opera com a percepção da possibilidade da catástrofe do medo e o que fazer contra né e eu acho que a a democracia se insere nesse lugar que faz com que a gente se depare com a real não virtual da maneira Às vezes as mais inesperadas né ter o fato eu outro dia dizia a uma amiga minha viver num mundo em que o Mandela foi possível Obama foi possível outros são possíveis é muito numa geração só E então
Tô satisfeita de ter de viver nesse tempo que acho que acabou mas mas eu acho que há há muita coisa no mundo real que é mais poderosa do que a o mundo virtual Angélico daqui a pouco no Café Filosófico nós vamos ter que como professores inventar caminhos viu porque eh por enquanto tá difícil convencer os nossos jovens alunos de que o pensamento é um trabalho Vimos que as mudanças impostas pela revolução do mundo virtual criaram novas formas de nos relacionar com a vida seja na Esfera social do trabalho Econômica ou cultural é a chamada Sociedade
do conhecimento que dá a todos nós um acesso virtualmente ilimitado à informação mas como garantir que essa quantidade possa gerar qualidade qual é o lugar da educação nesse novo cenário de Goiânia a TT ela se identifica como TT aqui no chat ela diz o seguinte ela é professora ela fala que ela já tem medo dos alunos dela porque eles usam o iPhone para conferir se o que ela fala é cor ou não Ela diz que a escola onde ela trabalha é do tipo cara ela coloca entre aspas entre aspas é wiress na escola toda lousas
virtuais estilo Fantástico a Sabrina Salvador desculpa Sabrina que é de Salvador ela também é professora Ela diz que os alunos hoje vão vão a lan house por ser mais cômodo e fácil copiam e cola infelizmente os meus alunos pelo menos não sentem prazer na descoberta no aprendizado no OC sinar e transformar no analisar e questionar não querem mais construir conhecimentos e dialogar sobre suas ideias eh essa questão da educação foi colocada aqui por por essas duas pessoas e várias pessoas falaram sobre isso eles querem saber de você como será a educação como mundo virtual cada
dia mais presente nas escolas os elementos trazidos pela eletrônica pela informática pela cibernética eh são incríveis né porque eles eles oferecem a você um uma uma percepção alargada em termos de extensão da da produção cultural desde a produção artística produção literária produção científica não é e aquilo pode ajudar né o professor pode ajudar os professores e e os alunos a terem uma visão mais ampliada e mais extensa né dos seus objetos de estudo então Eh eu diria que por um lado eh é benéfica é benéfica a contribuição desses desses aparelhos o problema todo é o
que acontece com o trabalho do pensamento que eu acho que é a questão que as colegas professoras estão colocando para mim né porque o trabalho O trabalho do pensamento pelo menos tal como eu o penso ele tem algumas características importantes a primeira delas é que ele é lento ele é um trabalho de lentidão e paciência essa é a primeira coisa né depois ele é o um trabalho de desvendamento de de perceber o que não se sabia e de apreender e e acrescentar o que já se sabia ele é também um trabalho de desapontamento e de
decepção que é o suportar o instante do da ignorância o instante do não saber e de não descobrir uma resposta ou uma solução então tudo isso é o trabalho do pensamento eu tenho dúvida se no momento com a solução instantânea né de apertar o o o botão de levar o o mouse e e da resposta aparecer e você simplesmente reproduz que que acontece com o trabalho do pensamento né de duas uma ou o trabalho do pensamento vai se realizar em outras coisas que não mais a escola ou durante um longo período até que as contradições
arrebentem isso durante um bom período nós não vamos ter trabalho do pensamento e não vai ser fácil ser professor não vai ser fácil ser professor porque o professor é aquele que trabalha com esse esse jog entre o desejo de saber e o risco do desapontamento e da decepção com a com a própria ignorância que que vai obliterar o desejo de saber dos alunos né é com isso que a gente trabalha n e com com esse despertar do desejo de saber né e e como o Saber aparece como já inteiramente pronto inteiramente armazenado e você clica
e ele vem que vai acontecer conosco nas salas de aula eu não sei agora eu confio em que as as contradições sejam suficientemente fortes para fazer com que cada professor descubra no no trabalho com com a sua classe a brecha contraditória na qual ele pode entrar às vezes serão coisas muito inesperadas nós vamos ter que como professores inventar caminhos viu porque eh por enquanto tá difícil convencer os nossos jovens alunos de que o pensamento é um trabalho e e que ele exige paciência dedicação perseverança suor e sangue mesmo que que a gente Faça uma descrição
eh Apocalíptica do nosso presente né Eh porque um é um instante de mutação e de mutação drástica profunda acho que talvez comparável à passagem da idade média para idade moderna que é é uma é um uma mudança de mundo né então eh a a minha a a minha intenção é de um lado eh não ter uma atitude retrógrada e conservadora no campo do saber e invalidar descobertas inacreditáveis importantíssimas né não fazer isso mas por outro lado levar sempre em conta Em que circunstâncias históricas muito determinadas em que condições muito precisas do do do capitalismo essas
essas descobertas e esses conhecimentos se dão e o que acontece com quando esse poder econômico se apropria de tudo isso e transforma tudo isso no oposto Então era por isso que eu dizia não nós não podemos abrir mão da Democracia Porque é ela o único elemento que pode nos nos nos dar algum alguma pista de como apreender toda todo esse novo que o mundo do conhecimento e das Artes e das técnicas traz e a o horror da do modo da sua apropriação pelo sistema você precisa de um contrapoder que Veja isso e a Democracia faz
isso eu acho que nós estamos num primeiro instante de Fascínio de Fascínio Então as pessoas estão estão fascinadas com o virtual estão com com a com a velocidade da informação com com o espaço e o tempo não serem obstáculos né você poder atravessar o espaço e o tempo sem que haja obstáculos Então tudo isso são conquistas e são fascinantes né mas PR contextualizar também nosso programa fica por aqui até o próximo Café [Música] Filosófico [Música] k [Música] h [Música] di
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