STF decide que portar maconha para uso pessoal não é mais crime no Brasil. No vídeo de hoje, eu vou usar como gancho essa polêmica, para te revelar os verdadeiros efeitos da maconha no organismo, uma planta cercada de preconceitos e controvérsias. Será que a maconha é tão danosa assim ou, na verdade, seu uso pode até trazer benefícios para a saúde e bem-estar?
Assim como qualquer outra planta, a maconha contém centenas de compostos químicos. Mas quando falamos dos efeitos da erva no organismo humano, dá para ignorar quase todos e focar só nesses dois o tetrahidrocanabinol, conhecido como THC, e o canabidiol, conhecido como CBD. Mas antes da gente viajar para dentro do corpo de alguém que acabou de fumar maconha para entender de forma educativa, o que essas moléculas fazem no organismo e seus efeitos na saúde de forma educativa, vamos falar do nosso futuro.
Eu já falei pra vocês em vários vídeos sobre como o ser humano está provocando a crise climática e um dado chocante é que já em 2050 vai ter mais plástico no oceano do que peixe. A gente precisa tomar medidas hoje e uma forma é consumir com consciência né. A nossa parceira Insider já possui 80% dos produtos feitos com fibras de origem natural e renovável, pessoal, que não eliminam microplásticos no meio ambiente.
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Link na descrição ou no QR Code aqui. Agora vamos viajar para o corpo de alguém que acabou de tragar um cigarro de maconha. O que de fato a maconha faz dentro do corpo?
Com um trago do cigarro, uma fumaça cheia de THC e CBD, segue garganta abaixo rumo aos pulmões. Lá, essas substâncias são absorvidas e caem na corrente sanguínea, se espalhando pelo corpo inteiro em questão de segundos. Mas é quando o THC chega no cérebro que aparecem os primeiros sinais do uso da maconha.
O THC é o bagunceiro do plantão. Ele impede a produção de um importante mensageiro do cérebro chamado adenosina monofosfato cíclico ou AMPc, para facilitar. Sem ele, os neurônios não conseguem se comunicar de forma eficiente e isso diminui temporariamente a atividade cerebral.
Isso ajuda a explicar alguns dos efeitos da maconha, incluindo raciocínio mais lento, relaxamento e uma sensação de que as coisas ao redor estão em câmera lenta. Mas olha que curioso, ao mesmo tempo em que age como relaxante, o THC também age como estimulante em algumas regiões do cérebro, incluindo as regiões ligadas aos 5 sentidos: visão, audição, tato, paladar e olfato. Ele aumenta nessas regiões o fluxo sanguíneo e a liberação de dopamina, o neurotransmissor responsável pela sensação de recompensa e por trás do vício.
Com isso, a pessoa pode ver cores brilhantes, ter alucinações, sensação de sentidos aguçados, euforia, e a famosa “larica”, a fome que aparece independente de a pessoa estar de estômago vazio. Esse é o tal “barato”, o efeito característico da maconha no sistema nervoso, que pode durar de 6 a 12 horas. Enquanto o THC gera todos esses efeitos, a outra molécula da maconha que eu mencionei, o CBD, t ambém está lá no cérebro.
Ele não altera o comportamento nem a percepção da realidade. Na verdade, ele diminui os efeitos psicoativos do THC, pode desligar neurônios e impedir que eles liberem moléculas ligadas à dor e à inflamação. Todos esses efeitos da maconha só são possíveis porque, por acaso, o THC e o CBD têm uma estrutura muito parecida com moléculas que o próprio corpo produz chamadas endocanabinoides (mais um nome bonito).
E a verdade é que existem sim muitas promessas medicinais em torno dessa erva polêmica. Eu vou dedicar os próximos minutos para falar sobre essas promessas e se realmente um dia o uso da maconha poderia ser liberado como acontece com medicamentos. O fato do THC e o CBD serem parecidos com moléculas que o corpo produz pode parecer uma coisa boa e muitos defendem que por isso, fumar maconha seria algo natural.
Mas não é. Na verdade, ao entrarem no corpo, THC e CBD geram uma confusão porque o organismo não consegue diferenciar os próprios canabinóides daqueles que vieram da maconha. É como se o corpo recebesse ordens de duas pessoas diferentes.
A gente já vai falar dos problemas disso, mas por incrível que pareça, esse desbalanço pode ser benéfico em algumas situações. Especialmente em doenças em que a comunicação entre os neurônios já está alterada. É o caso da esclerose múltipla, em que os neurônios da dor ficam constantemente ativados, disparando sinais dolorosos para o cérebro.
Outro exemplo é a epilepsia, em que a hiperatividade dos neurônios gera convulsões. O CBD pode ser útil nesses casos, já que um dos seus efeitos é diminuir os sinais elétricos que os neurônios disparam. Ele atua basicamente como um remédio, agindo exatamente onde existe uma alteração.
E o THC segue na mesma linha com a sua ação de relaxamento e de estimular algumas regiões do cérebro. Esse efeito é tão real que algumas pessoas e laboratórios conseguem autorização da Anvisa para produzir e comprar formulações de pomadas, óleos, extratos e medicamentos orais. Um exemplo é o Mevatyl, um spray oral de CBD com THC aprovado pela Anvisa para quem sofre com esclerose múltipla e não teve melhora com os remédios para dor tradicionais.
Um estudo com 1600 pessoas mostrou que esse remédio, o Mevatyl, traz alívio das dores ligadas a espasmos musculares depois de apenas 1 mês de tratamento. E galera, aqui estamos falando do uso dessas substâncias para tratar doenças específicas. Mas hoje, tem cada vez mais gente em busca de produtos naturais à base de maconha para aliviar desde um enjoo e cansaço gerado por uma quimioterapia do câncer até mesmo distúrbios do sono e dores crônicas.
Não é que não possa funcionar. Mas são usos mais informais que não foram comprovados por estudos grandes, feitos com milhares de pessoas e seguindo os métodos científicos mais confiáveis. Sem isso, não dá para saber se substâncias da maconha vão de fato trazer benefício e não risco.
Ou seja, pessoal, assim como o extrato da planta Papoula, também chamada de ópio, contém substâncias usadas como medicamentos, como morfina e codeína, o extrato da planta Cannabis, a maconha, contém substâncias que quando concentradas podem produzir medicamentos. Mas veja, que estamos falando das substâncias concentradas por um processo laboratorial e não o fumo ou consumo da planta maconha. Vamos concordar que a maioria das pessoas que usa a maconha, seja como cigarro ou para ingerir, não vai atrás de extratos ultra puros de CBD e THC.
E nessa esmagadora maioria dos casos, a pessoa usuária de maconha fica exposta não apenas aos efeitos potencialmente benéficos mas também aos perigos da maconha, o outro lado da moeda. Antes de mais nada, você precisa saber que “nenhuma substância terapêutica vai te fazer bem se ela for usada em forma de cigarro”. Apesar de existirem sprays e medicamentos inaláveis, fumar qualquer substância não é um tratamento.
Eu sei que parece extremismo falar isso, mas toda vez que você inala a fumaça quente de qualquer tipo de cigarro, você queima as células da boca, garganta e pulmões. Se você fuma todo dia, você está gerando um dano contínuo a esses órgãos, o que não só pode gerar dor e desconforto, mas aumenta o risco de tosse crônica, bronquite e infecções pulmonares. Todo o dano ao sistema respiratório estimula a multiplicação das células para tentar reparar, o que aumenta as chances de erros na cópia do DNA e eleva o risco de câncer.
Um outro problema é a composição da fumaça que você traga. O preparo da planta até se transformar em cigarro e, depois, a queima dela, gera mais de 100 substâncias perigosas para a saúde. E pasme, a fumaça da maconha tem 69 compostos tóxicos e até cancerígenos que também estão no cigarro comum, como o formaldeído e o acetaldeído.
No fim das contas, aquele argumento de que a maconha é melhor por ser mais natural, não tem fundamento científico. Além do pulmão, quem mais sofre com esses compostos tóxicos da fumaça são os vasos sanguíneos e o coração. Eles aumentam o risco de derrame, infarto e morte súbita.
Falando especificamente da maconha, seus próprios efeitos no cérebro podem prejudicar a capacidade mental a longo prazo. Cientistas fizeram uma série de testes para medir habilidades como memória, atenção e velocidade de raciocínio na infância e, mais tarde, aos 38 anos. O esperado é que essas habilidades mentais aumentem um pouco com o passar dos anos.
Mas não foi isso que aconteceu com quem usou maconha 4 ou mais vezes por semana em algum momento da juventude. Essas pessoas tiveram uma piora das habilidades mentais entre a infância e a vida adulta. Mas o que me deixou preocupado foi quando os participantes do estudo começaram a usar maconha na adolescência e de forma frequente.
Nesses casos, mesmo aqueles que pararam de usar na vida adulta tiveram prejuízo das habilidades mentais. Diferente do que acontece quando o uso da droga começa após os 18 anos. Na infância e adolescência, o cérebro ainda está em desenvolvimento e ter uma substância lá alterando o funcionamento dos neurônios é muito mais perigoso.
Aquela história de que a maconha prejudica a inteligência se usada quando jovem é real. E por falar em riscos, não dá para ignorar que a maconha pode causar vício, assim como o álcool e outras substâncias de uso recreativo. Trata-se de um transtorno psiquiátrico conhecido como Transtorno por uso de Cannabis, que acontece com cerca de 9% das pessoas que usam maconha.
E esse número pode chegar a 50% entre as pessoas que usam diariamente. Mesmo na vida adulta, a maconha danifica regiões do cérebro ligadas à capacidade de julgamento, tomada de decisões e controle de impulsos. São esses danos que geram o vício.
A pessoa não tem mais limites quando o assunto é usar a erva ou ir atrás dela. Ficar sem usar gera um mal físico, com sintomas como irritabilidade, insônia e perda de apetite, a abstinência. Quanto menor a idade e maior a frequência de uso, maior é o risco.
Usar maconha diariamente aumenta em 3 vezes o risco de psicose, que é quando a pessoa não consegue saber o que é real e o que está só na cabeça. Isso é um problema sério que afeta não só a qualidade de vida, pode destruir as relações com pessoas queridas e afetar trabalho e estudos. Em outras palavras, pessoal, do ponto de vista da saúde, por mais que a maconha tenha sim compostos que podem fazer bem ao corpo, a melhor forma de aproveitar os benefícios é usando os componentes mais bem estudados, CBD e THC, separadamente e evitando qualquer tipo de fumo.
Já manda esse vídeo para aquele seu amigo que diz que a maconha é um remédio natural sem riscos para ele ficar atento. Eu sei que esse é um tema bastante polêmico, mas é exatamente por isso que eu estou aqui com as informações completas para você decidir o que vai fazer com elas sabendo que não existe benefício sem risco. Agora se você quer saber mais sobre os cigarro eletrônicos, aproveita para assistir esse vídeo aqui.
Um grande abraço, nem tudo que vem da natureza faz bem e diga Olá, Ciência. Tchau.