fala Juventude tudo certinho só naquela tranquilidade costumeira queridos e queridas você já sabe né Nós estamos aqui hoje para falar sobre obras literárias o livro da vez é a visão das plantas da autora di Jamila Pereira de Almeida um livro bastante curioso eu diria até bem diferentão com uma narrativa nada usual mas que tem pontos bem interessantes e que nos fazem pensarem muitas coisas a respeito da história a respeito da nossa própria Essência a respeito de culpa enfim tem muita coisa pra gente falar aqui hoje então bora dar uma olhada no que a damilia diz
pra gente nesse romance meio novela Enfim vamos falar sobre esse livro aí bom pessoal antes mesmo de nós começarmos a falar aqui efetivamente da narrativa né da história o que acontece o que não acontece é legal destacar que esse livro foi publicado em 2019 Ou seja faz pouquíssimo tempo um livro bastante recente né uma uma narrativa uma literatura que faz parte aí da chamada literatura contemporânea a djamila Pereira de Almeida é uma autora angolano portuguesa então tem essa dupla nacionalidade interessante pensar nisso também não se esqueça de que Angola foi um país colonizado também por
Portugal assim como o Brasil então Angola país de língua portuguesa Tá mas quando a gente fala desse livro sim faz muito sentido nós pensarmos em Literatura portuguesa dada Então essa nacionalidade da autora Como eu disse angolano Portuguesa e pessoal a título de curiosidade barra informação e uma informação bem interessante a djamila é uma autora super premiada escreve demais faz muito sentido ela angariar prêmios reverências citações aí porque realmente ela tem uma escrita bastante interessante uma escrita super provocativa super reflexiva e também uma escrita que passa muito pela crítica social né ela ela também passa por
elementos ligados à história ela tem essa base Histórica de maneira muito aprofundada é bem legal ler essa autora bom e você percebeu que no iniciozinho Desse nosso bate-papo de hoje eu disse que se trata de um romance talvez novela é isso mesmo pessoal é difícil definir esse livro aqui somente como romance ou somente como novela ele tá numa espécie de meio do caminho visto que a extensão do livro está justamente ali No Limiar né entre romance e novela e a gente também tem aqui um núcleo bastante fechado né com pouquíssimos personagens e tudo mais né
esse núcleo não se desenvolve muito do ponto de vista da da presença de muitos e muitos e muitos personagens O que é uma característica muito presente nas novelas né mais um gênero textual aí para você pensar um gênero literário né temos romance temos também a novela Como gênero literário não existe só aquela novela televisiva não muito antes disso a novela foi um gênero literário e segue sendo e Aqui nós temos então um livro que como eu disse e repito está aí no meio do caminho então eu vou chamar de romance Em alguns momentos talvez eu
chame de novela tá tudo certo e ó eu preciso dizer logo de cara que esse livro me pegou fortemente quando eu li É um livro bem diferentão Daqui a pouco vou dizer exatamente o porquê o estilo dele é bem diferentão mas tem um detalhezinho aqui que eu acho genial acho bem interessante não acho fácil né muito pelo contrário acho bem difícil de fazer isso quando os autores autoras conseguem fazer isso É bem interessante Às vezes acontece no cinema também é bem legal que é quando o autor ou autora ou diretor diretora no caso do cinema
quando eles conseguem pessoal criar um personagem pelo qual você tem ali um certo Digamos um certo afeto você cria um certo afeto pelo personagem tá você tende a sentir e pena Em alguns momentos dó Em alguns momentos aind que logo de cara seja apresentada a você como leitor ou espectador alguma informação super tensa super pesada sobre o personagem no caso aqui do livro sobre o passado do personagem então o livro pessoal essa narrativa não esconde do leitor que o personagem Central tem um passado super pesado esse cara não foi coisa boa não foi gente boa
lá no passado dele tá ele teve atitudes ali absolutamente afastas repreensíveis mas no presente da narrativa A autora consegue nos levar a criar certo afeto pelo personagem E aí você fica se perguntando pera aí mas por que que eu tô nutrindo essa essa dó do personagem essa pena por que que por eu estou preocupado com esse personagem se eu sei de tudo que ele fez no passado e aí nós nos pegamos também nessa contradição eu acho muito interessante quando uma obra Traz esse tipo de sensação é exatamente o que você vai encontrar aqui em a
visão das plantas quer ver como isso acontece logo de cara você já sabe de todas as informações a respeito do personagem Central tanto no presente quanto no passado isso nos é apresentado rapidamente pessoal o protagonista aqui do livro né o personagem Central é um Senhorzinho chamado Celestino e esse Senhorzinho vive numa casa em Portugal né numa região ali uma Vilinha Litorânea então ele mora numa Vilinha tem poucos oradores alguns deles são citados imagina aquela Vilinha ali na meio Litorânea próxima então do mar mais pouca gente né morando ali nessa vila e o Celestino então é
esse Senhorzinho que mora nessa Vilinha pessoal e ele mora sozinho um Senhorzinho que vive ali numa absoluta solidão tá ele reflete muito sobre essa solidão nesse momento final da vida dele ele sabe que o fim da vida dele está próximo ele tem essa consciência e pessoal além da Solidão tá ele também reflete muito ele se dedica muito melhor dizendo a um jardim tá ele tem um jardim ali na casa dele e ele cuida desse Jardim assim mas com um esmero absurdo daí o título do livro A visão das plantas fato é que você tem então
um Senhorzinho né esse senhor chamado Celestino sozinho na vida uma solidão absurda alguns vizinhos ali nessa Vilinha Litorânea pequenininha e ele sempre cuidando das plantinhas fala se a princípio não dá vontade de abraçar o Celestino Pois é mas eu te disse então que todas as informações sobre o Celestino nos são dadas logo de cara E aí além de saber todas essas coisas sobre o Celestino as quais eu já te disse essas das quais eu acabei de falar a gente também sabe que no passado lá na juventude na vida adulta o Celestino era um pirata e
não só isso ele também foi Ness a vida é dedicada aos Mares ele foi um Capitão de navio negreiro esse cara pessoal ajudou mas de uma maneira assim absurdamente profunda tá se dedicou muito a isso na vida ele ajudou a traficar escravizados basicamente do continente africano né dos países do continente africano justamente para o Brasil e esse cara fazia isso muito bem quando a gente vai lendo o texto a gente percebe que ele era o o cara nessa função n se alguém sabia fazer isso era o Celestino e agora sim eu já posso chamá-lo aqui
né É como aparece no livro já posso chamá-lo de Capitão Celestino né aparece em alguns momentos essa essa nomenclatura no livro também então pessoal Celestino ou Capitão Celestino no presente é esse Senhorzinho fofinho que tá sozinho cuidando das plantinhas cuidando do Jardim dele mas no passado era um traficante de pessoas escravizadas e o cara não fazia isso com peso nenhum no coração na verdade ele agia de maneira absolutamente nefasta agressiva tá era e as ações dele eram super pesadas algumas delas vão aparecer aqui no tempo presente da narrativa Ou seja no momento em que ele
já está aí na velice e É nesse momento né ou nesses momentos que nós leitores nos sentimos ali digamos numa numa grande contradição Eu sei de tudo isso que ele já fez mas no momento presente ele é um Senhorzinho que está sozinho ali cuidando das plantas o que eu devo sentir por esse personagem é bem ambíguo é bem complexo e na minha humilde visão está aí um dos pontos de genialidade dessa narrativa realmente a djamila conseguiu aqui criar uma narrativa que nos leva para um lugar muito esquisito e olha só que detalhe curioso a visão
das plantas pode ser considerada uma espécie de narrativa derivada quase como um spinoff mesmo mesmo por pessoal a Jamila Pereira de Almeida Nossa autora aqui da vez teve a ideia de escrever sobre o capitão Celestino quando ela leu uma coletânia de crônicas de um autor também português chamado Raul Brandão e que publicou essa coletânia lá no ano de 1923 né uma coletânia chamada os pescadores tá então tem várias crônicas ali em os pescadores em uma dessas crônicas aparece rapidamente um personagem chamado Celestino ou Capitão Celestino que já era lá nessa coletânia um carinha com um
passado super obscuro mas ele é citado assim rapidamente em uma das Crônicas E aí a djamila lendo ali as crônicas Ela bateu o olho nesse personagem e pensou opa pera aí interessante esse personagem aqui hein eu acho que isso aqui rende um livro sozinho um livro por si só e aí é claro que eu fiz questão pessoal de trazer para vocês um trechinho da crônica Foz do douro e nessa crônica então Foz do douro é assim que o capitão Celestino é citado pela primeira vez na história da literatura portuguesa acompanha aí comigo acaba-se aqui o
mundo como uma ceia de peixe e que fez andar num corrupio até a morte a Foz do douro e a Bahia e entre todos eles principalmente o capitão Celestino que tendo começado a vida como pirata a acabou como um santo cultivando com esmero um quintal de que ainda hoje me lembro sem inveja falava pouco sorria sempre numa satisfação interior completa perfeita com uma cara de páscoas Rosada e inocente enquadrada pela barba de passap piolho toda branca e sua vida anterior fora misteriosa e Feroz de uma vez com sacos de cal despejados no porão focara uma
revolta de pretos que ia buscar a costa da África para vender no Brasil outras coisas piores se diziam do Capitão Celestino Mas o que eu sei com exatidão a seu respeito é que para alporques de escravos não havia outro no mundo pois é é nesse texto então nessa crônica que o livro A visão das plantas foi inspirado e aqui a gente já percebe que meu se trata de um cara de novo he com um passado bem pesado Inclusive essa cena pessoal que é citada lá na crônica Foz do douro é também citada aqui no livro
A visão das plantas qual cena sim pessoal essa cena de que em algum momento né na verdade lá na no livro A visão das plantas essa cena aparece num momento de reflexão em que o capitão Celestino está lá pensando no seu passado né nos é revelado então um que um dia né estava rolando ali em um dos navios que ele estava capitaneando né um navio negreiro tava rolando ali uma revolta né de pessoas escravizadas e o que que ele fez pegou ali né alguns sacos de cau e foi jogando foi jogando no porão foi jogando
no porão e pessoal no trechinho lá de avisão das plantas eh nós sabemos que olha que visão pesada pessoal super tensa super pesada né a informação que nós temos é de que as vozes as falas os gritos dos escravizados foram diminuindo aos poucos foram se silenciando Até que em algum momento pairou o silêncio no porão porque todos os escravizados haviam morrido ali asfixiados por todo aquele cal jogado né n toda todos aqueles sacos de cal Então pessoal é uma cena é replicada né que aparece na crônica e é replicada depois no livro A visão das
plantas é bem bem pesado pensar em tudo isso mas não se esqueça de que você sabe de tudo isso e ainda assim você vai criando certo afeto por esse Senhorzinho solitário que cuida das plantas no tempo presente da narrativa cara que livro velho bom e olha só a gente nem tem muito tempo aqui de bate-papo ainda mas eu já vou te dizer que pessoal do ponto de vista da narrativa né da da sequência de eventos que formam o enredo o livro praticamente acabou por quê Porque não é um livro pautado em ações em sequências narrativas
então uma ação a que leva a uma ação B que resulta numa ação C né o personagem faz isso depois faz aquilo outro e aquilo outro não é nesse sentido que eu falei para vocês que aqui pessoal nós temos um livro bem diferentão bem curioso pessoal aqui basicamente o que nós temos é uma sequência de momentos de reflexão e não atitudes tá momentos de reflexão por parte do Capitão Celestino então é um livro pessoal super super poético e super metafórico a gente tem aqui várias metáforas tá tem o tom do livro é muito poético tem
várias reflexões Então o que o Celestino faz é ir lembrando do passado aí ele Cita uma cena ou outra tá Às vezes e na maioria das vezes na verdade é o narrador já vou falar do narrador tá é o narrador que fala pra gente o que aconteceu no passado dele do Celestino mas a gente lendo lendo o livro A gente sabe que o Celestino também está pensando naquilo A então ele tá ali sozinho em casa de repente chega ali um personagem ou outro eu vou falar desses pouquíssimos personagens também dessa dessa pequena Vila né alguns
personagens vão até a casa do Celestino tá e ele também conversa um pouquinho com esses personagens mas na maior parte do tempo ele está o quê sozinho pensando lembrando do passado e é basicamente isso que a gente tem na narrativa agora a grande sacada é no como no modo como ele reflete sobre esse passado Será que tem arrependimento por parte do Celestino já te adianto que tem e não tem como assim pois é meu é um livro complexo já Adiantei antes tá o Celestino pessoal em alguns momentos ele demonstra assim certa tristeza pelo que ele
fez certo certo remorço mesmo por tudo que ele fez no passado mas em outros momentos essa tristeza e esse remorço dão lugar a um certo orgulho então ele lembra com certo orgulho né ele até fala ele verbaliza com certo orgulho depois esse orgulho dá lugar de novo a uma tristeza um remorço e até mesmo uma espécie de vergonha ele sente vergonha pelo que fez depois ele volta e a gente tem a impressão de que não de que não é Vergonha de que ele tem orgulho meu se ele fez Tá feito E aí volta de no
cara ele fica nessa ideia né nesse vai e vem nessa montanha russa de sentimentos faz muito sentido pessoal é bastante verossímel pensar nisso né a gente tá falando de um homem homem que fez tudo que fez ao longo da vida mas agora nesse momento de fim da vida ele entende às vezes pelo menos em alguns momentos ele entende que tudo que ele fez é questionável mas se já tá feito Será que vale a pena questionar o tempo todo Será que não é não é melhor para ele aceitar e se orgulhar disso ele acha que sim
depois acha que não enfim é um carinha solitário e que não sabe exatamente o que sentir o nosso narrador aqui é um clássico narrador em terceira pessoa onisciente então o narrador sabe tudo que o Celestino está fazendo ali no momento em que ele tá ali olhando pras plantinhas e tudo mais ele tá ali andando do quarto pra sala da sala pra cozinha depois pro Jardim p p pá ele sabe tudo isso mas também sabe tudo que o Celestino né Já fez tudo que ele sente tudo que ele sentiu tudo que ele pensou e pensa hoje
então o narrador em terceira pessoa onisciente agora um detalhe curioso é que esse narrador pessoal procura não atribuir nenhum juízo de valor a respeito né nem do passado nem do presente do Celestino Então o que ele faz é narrar é contar né ele não vai atribuir e valor julgamento então ele não ele não não fala mal do Celestino ele não julga o Celestino ele não Condena o Celestino não ele vai contando cabe a nós leitores desenvolvermos quaisquer sentimentos seja a empatia pelo momento presente é bem estranho pensar nisso mas às vezes acontece se seja esse
Horror em relação ao passado dele que vai acontecer também Então olha só nós temos um protagonista que não sabe exatamente o que senti nesse momento de velice e nós leitores também não sabemos exatamente o que senti a respeito desse Senhorzinho aí Tudo por conta também dessa ausência de de julgamento por parte desse narrador em terceira pessoa do ponto de vista do tempo da narrativa nós temos uma mescla entre passado e presente e também uma mescla entre tempo cronológico óg e tempo psicológico passado e presente aí tá fácil né No momento presente nós temos então o
capitão Celestino já na velice lá cuidando das suas plantas do seu jardim Ok no passado nós sabemos que ele foi então esse eh Capitão de de navio negreiro esse ex pirata essa pessoa super nefasta e quando a gente pensa em tempo cronológico e psicológico pessoal temos aqui pitadas de tempo cronológico porque a gente consegue perceber sim que estão se passando ali alguns minutos algumas horas alguns dias né a gente sabe que o Celestino fez alguma coisa hoje depois foi dormir e acordou no dia seguinte para cuidar das plantas então a gente sabe que se passou
um dia se passaram algumas horas passagem de tempo cronológico mas a gente também tem boas pitadas de tempo psicológico por qu lembra é uma narrativa super reflexiva tá então a consciência do Celestino também está passeando pelas páginas né Essa coisa do remorço da reflexão e nós leitores em alguns Breves momentos a gente fica um pouco perdido também Pera aí isso aqui que o Celestino tá pensando se refere ao momento presente ou ele pensou isso quando ele ainda era capitão lá no passado né no passado dele então a gente também fica um pouco perdido porque tem
também essa pitada de tempo psicológico então tem essas mesclas temporais aí ao longo do livro e ainda falando de tempo qual é exatamente o tempo presente da narrativa tem uma marcação pessoal tem não é tão exata Mas tem sim a gente sabe que no momento presente ou seja nesse momento da velice do Senhorzinho cuidando das plantas nós estamos ali no finalzinho do século XIX quase na entrada pro 20 tá e tem um trechinho que marca Então esse Fim de Século tá o trechinho Claro que eu separei para nós lermos aqui é esse aí Acompanha comigo
no cais as fisionomias anunciavam outro século que nunca seria seu como seriam os sobr olhos as pestanas do século XX quem lidera vê-los mas assim como um fantasma que não assustava ninguém e não se interessava por nada num passeio sem cheiro pelo futuro e só com esse trechinho a gente já percebe algumas coisas hein perceba esse tom aí super poético essa coisa de olhar para o próximo século né como seriam as pestanas né a sobrancelha né os sobr olhos ou seja as sobrancelhas do próximo século esse olhar para o sé sécul vindouro então tem todo
esse esse tom poético Ao qual eu me referi agora a pouco a linguagem do livro é bastante poética tá E aqui pessoal Por que que o trechinho diz que ele estava ali no cais né Olha aí a ideia de uma Vilinha Litorânea tá ele estava ali no cais pensando num século que Jamais seria seu pessoal ele tá perto da Morte já ele tá muito velhinho já então ele sabe que não vai viver para ver o século XX esse século que se anunciava pessoal e aqui Aquela nossa pausa r rapidíssima tá se você tá curtindo o
canal Meu deixa um like ativa o Sininho e se inscreve também considera se inscrever aqui para dar uma força e não perder nenhum vídeo né se você curte aí redes sociais e também curte o formato podcast o leio logo escrevo está e também em todas essas redes e plataformas você encontra também o nosso leio logo escrevo por lá né com dicas rápidas formato áudio no podcast enfim tá tudo lá para você e além disso também pessoal se você curte tanto esse conteúdo a ponto de achar que ele merece uma ajuda financeira e uma força financeira
da sua parte existe também a opção do botão Valeu clicando nesse botão você tem várias opções aí para dar uma força financeira pro canal Claro caso você queira tamo junto eu já deixo desde já o meu muito obrigado é nós e bora seguir com a análise e aí pessoal nessa alternância entre o momento presente as lembranças do passado a impressão que a gente fica é que a cada reflexão o Celestino tá tentando encontrar alguma resposta algo que acalme o seu coração seria uma espécie de perdão ele queria que a vida o perdoasse a gente não
tem essa resposta mas faz sentido Será que ele quer ficar em paz consigo mesmo pura e simplesmente ainda que que ele não não exija o perdão de outras pessoas pode ser também a gente não sabe mas a ao nós percebermos que ele está ali o tempo todo se dedicando às plantinhas cuidando das plantinhas o tempo todo a impressão que a gente tem é que ele quer ocupar o tempo dele com alguma ação que seja minimamente Nobre fofinha prazerosa pacífica é por isso que dá para afirmar sim que além do Celestino como personagem as próprias plantas
pessoal são também personagens dentro dessa narrativa aí e aí você pensa né Pera aí fefo as plantas podem ser consideradas Person imens pessoal Claro que sim lembre-se num romance novela conto crônica enfim em textos narrativos de maneira geral não você não precisa ter como personagem seres humanos as plantas aqui ocupam um papel fundamental na narrativa Inclusive eu novamente separei um trechinho para ler com você e um trechinho bem interessante que mostra que olha só o capitão Celestino se relacionava com as plantas mas em certa medida as plantas também se relacionavam com ele e de que
forma exatamente acompanha aí comigo as plantas viam o jardineiro como as plantas vêm não se sentiam agradecidas tratavam o seu regador a semelhança da chuva que caía sobre elas nas noites de outono florescerem não era o seu meio de manterem conversa com o jardineiro mas uma forma de acentuar a Sua Indiferença a declaração de amor que ele cultivava a cada hora tanto l faz iia se eram cuidadas por um assassino se eram sujas as mãos que as amparavam ou o que Viera antes do amor que ele lhes dedicava seguiam no com seu olhar sem julgamento
alheias a que todas as manhãs Celestino acordava por elas pessoal o que a gente tem aqui é digamos uma um um grande soco na cara por parte da nossa autora quando a djamila traz aqui esse narrador que diz que as plantas não julgavam o Celestino porque naquele momento ele tava cuidando delas e meu elas vão seguir crescendo tá eu sei lá o que esse cara fez no passado hoje ele cuida de mim e é do que eu preciso hoje então eu tô aqui seguindo e tá tudo certo eu não paro para agradecer a chuva eu
não paro para agradecer o jardineiro no caso o Celestino eu não paro para agradecer ninguém tá eu simplesmente sigo a vida tá eu recebo aqui um cuidado e eu como planta floreço ponto o que esse cara fez não me interessa eu não julgo que é exatamente o que a própria vida faz com pessoas más pessoal o que esse livro tá dizendo no final das contas é mais ou menos o seguinte acreditar que pessoas más pessoas ruins em algum momento serão efetivamente punidas pela vida Talvez seja uma crença vã uma crença fadada a frustração Porque no
final das contas o Celestino fez tudo o que fez fez e hoje o que aconteceu com ele ele tá lá na casinha dele cuidando das plantinhas e com muitos de nós leitores nutrindo inclusive afeto e compaixão por esse Senhorzinho jardineiro Solitário tá então as plantas são diferentes tal qual ou a vida é indiferente né Será que esse cara vai ser punido aqui não foi as plantas não estão nem aí ou seja independente do de tudo que aconteceu no passado a vida simples mente Segue o seu curso e ainda sobre esse trecho mas agora analisando um
detalhezinho mais técnico percebam que nós temos aqui uma figurinha de linguagem bem curiosa que é a personificação também chamada de prosopopeia que é uma figurinha de linguagem que ocorre quando nós temos carterísticas essencialmente humanas sendo atribuídas a seres não humanos ou a objetos tá no caso aqui pessoal as plantas viam o jardineiro Então olha as plantas realizando a ação de ver né A algo essencialmente humano tá ah mas tem animais outros animais que fazem isso também tem mas como humanos fazem essencialmente a gente pode pensar em personificação tem aqui também pessoal a ideia da indiferença
né o fato das plantas sentirem indiferença então quando elas vem ou sentem diferença que são características muito essencialmente humanas e no caso agora sendo atribuídas a plantas temos então personificação ou prosopopeia nesse trechinho aí inclusive pessoal para cravar essa ideia de que as plantas representam simplesmente a vida que segue e as plantas não dão muita bola pro Celestino tem um trecho pessoal que é justamente o trecho que fala né daquele momento em que o Celestino enquanto Capitão jogava cal ali né em alguns em alguns escravizados num momento ali né de rebelião e tudo mais tem
um momento tem um trecho em que o narrador fala pra gente que as plantas também não davam a mínima pra história desses escravizados as plantas simplesmente se guam tá numa metáfora pra vida tá meu aconteceu tudo que aconteceu foi terrível e depois de tudo isso depois da escravidão como momento histórico O que aconteceu com a vida a vida só seguiu isso traz tristeza e indignação traz traz nós enquanto seres humanos queremos ver justiça em relação a muitas ações mas nem sempre essa Justiça vem às vezes talvez na maioria das vezes a vida só né Dá
uma olhadinha nesse trecho aí que apesar de ser bem pesado pessoal é muito importante pra gente compreender a presença das plantas no livro e essa metáfora em relação à Vida que Segue Separei também pra gente Esse trechinho aí Acompanha comigo nenhuma flor lamentava a morte dos escravos que Celestino sufocar em Mar alto os homens despejaram a Cal no porão saco a saco os negros viram que um pó caía sobre eles mas não entenderam o que se passava os sacos de cal foram vazados no porão e a porta fechada por Celestino ouviram-se gemidos pedidos de Socorro
e passado algum tempo um silêncio que apaziguou os piratas o rapaz que lhes abrira o porão pela calada manteve-se a um canto aturdido e o que você percebe nesse trecho além de toda a maldade né todo o peso da a cena é também a ideia de que no tempo presente as plantas não pensam nisso elas nem sabem não ligam não dão a mínima elas simplesmente ignoram toda essa ideia e seguem vivendo e aí conforme os dias vão passando pessoal durante esses momentos de reflexão alguns pouquíssimos personagens ali que moram nessa vila Litorânea vão lá interagir
com o Celestino tá a gente tem um padre ali da Vila né um padre chamado Alfredo que visita o Celestino de vez quando ele até cuida do Celestino nos dias em que o capitão Celestino não tá muito bem e ele vive tentando fazer com que o capitão Celestino se confesse em relação ao seu passado Olha que interessante Então quer dizer o padre sabe que o passado ali é meio estranho tem coisa aí e o tempo todo ele tá lá tentando tirar nessa confissão fazer com que o Celestino se confesse mas o Celestino resiste Então olha
que interessante o Celestino e tá sempre circulando ali né se aproximando flertando com esse ess arrependimento esse remorço essa tristeza por tudo que fez mas ele resiste muito em se confessar então quer dizer tem remorço mas não tem tem arrependimento mas não tem daí essa confusão na cabeça do Capitão Celestino tem também um outro carinha um mais jovem né chamado Manuel que é um carinha que cuida muito do Celestino tá inclusive numa cena final ele pega o Celestino e ajuda meio que Celestino a ir até até a praia né ali mais Pro litoral e tudo
mais né uma cena uma cena bonita para falar a verdade é uma cena bem bonita é difícil quando a gente sabe do passado dele é difícil atribuir características positivas mas é um fato a cena é linda é belíssima Então esse Manuel também tem uma pequena relação ali de cuidado e carinho com o Celestino também tem também três crianças que de vez em quando visitam o Celestino para trocar uma ideia ali são o Raul o Pedro e a luí E essas três crianças gostam de ouvir as histórias do Celestino tá só que nas histórias o Celestino
se confunde às vezes a gente fica com a impressão de que é um advento associado à idade Ele tá esquecendo das coisas e aí ele mistura algumas narrativas Às vezes a gente fica com a impressão de que não de que ele não tá errando eh por algum Infortúnio né por conta da perda da memória não ele tá errando digamos de propósito por quê Porque ele quer no presente meio que tentar mudar o passado então ele vai contar de uma outra maneira e pessoal tem um TRE aqui em que na verdade dois trechos bem interessantes por
quê Porque tem dois momentos da narrativa né que em que o Celestino conta exatamente a mesma história para as três crianças inclusive né Eh do ponto de vista da escrita a estrutura é exatamente a mesma então a nossa autora aqui a di amilia ela repete a estrutura porém o que muda completamente de uma de um momento pro outro é a carga o jeitão a maneira como ele narra num primeiro momento ele vai narrar de maneira muito orgulhosa do seu passado então Ele conta tudo que conta com um orgulho absurdo na segunda vez ele já ele
enquanto ele tá contando isso pras crianças ele tá se repetindo contando a mesma história que ela lá da inha do que ele fez no passado ele olha pras crianças e percebe que elas estão com uma cara meio de asco meio de nojo ouvindo aquilo né meio estranho e aí ele percebe aquilo e ele continua contando mas agora todo aquele orgulho dá lugar a uma espécie de vergonha mesmo ele se sente extremamente constrangido contando pela segunda vez tá eu separei esse trechinho e eu gostaria que você ouvisse a leitura e acompanhasse comigo imaginando Então essa ideia
uma leituraa né que eh se refere a dois momentos tá então ele Conta isso duas vezes imagina então num primeiro momento um orgulho absurdo e num segundo momento ele já conta com essa vergonha aí Na verdade uma grande vergonha Vinde a mim meninos a mim que degolei gargantas e durmo o sono dos justos querei saber o que matei matei macacos e cavalos serpentes Vespas um elefante um crocodilo do tamanho de uma Jangada cortei em Cinco partes enquanto me ri da Fortuna que o Colosso me renderia matei 10 mulheres a uma 10 cortei os pés matei
um corvo para o comer raposas ratazanas matei centenas de homens com as minhas mãos e eles não me caíram matei os sonhos de um milhar de outros queimei cabanas um dia mordi o pescoço de um homem até lhe arrancar As veias para fora espetei uma lança no peito de um amigo roubei dinheiro rebentei o crânio de um Albino contra uma rocha e a seguir esquarte jeio a hora de adormecer a mão de minha mãe entrava por mim dentro com a xícara de leite morno muito doce e levava-me na mão do Sono Pessoal vocês perceberam aí
o peso desse trecho desse momento tá eu tentei aqui na minha leitura né mesclar os dois sentimentos as duas Sensações então eu tentei aqui né iniciar a leitura e tentando emular aí esse esse orgulho por tudo que havia sido feito e tal e no meio da Leitura Eu já tentei trazer aquele sentimento eh secundário que é foi a ideia que era a ideia do de toda essa vergonha né todo esse esse remorço se é que tem remorço enfim fato é que quando Ele olhou PR as crianças ele começou a contar com essa vergonha então instalada
na sua fala fato é que nós estamos diante de um personagem muito complexo porque ok ele no segundo momento ele tem vergonha mas só o fato de ele ter tido orgulho no primeiro momento diante de crianças contando isso diante de crianças já nos faz pensar que realmente é um cara assim de uma de uma índole absolutamente questionável ou não sei lá cara o sentimentos são confusos ele é só um ser humano mas foi um ser humano nefasto tá contando isso para crianças você já entendeu que há Muita confusão no ar mas eu faço questão de
reforçar toda essa confusão e além dessas personagens o narrador também nos conta sobre outras duas personagens das quais pessoal eu faço questão de falar o narrador fala pra gente que em alguns momentos o Celestino tá ali andando pela própria casa né o Celestino no tempo presente né o Senhorzinho tá andando pela própria casa e de vez em quando ele vê ali uma menina holandesa com os olhos vendados e ele vê também uma mulher adulta uma mulher negra escravizada e ele vê pela casa ali e tudo mais né tal ele de maneira geral vê a mulher
negra adulta mulher escravizada pela casa e ele acha que tá vendo meio que na memória enfim a menina holandesa de olhos vendados pessoal essas duas personagens estão de fato na casa não porque a gente já sabe que o Celestino mora sozinho ele é Solitário Ele só tem as plantas lá de como campania agora quem são Então essas duas personagens pessoal são mulheres que ele matou no passado e a gente percebe então que algumas dessas muitas pessoas que ele matou né a gente já sabe que né lembra ele contou pras crianças sobre várias mortes Então mas
essas duas por algum motivo a gente não sabe exatamente qual é por algum motivo marcaram a história do Celestino então ele fica vendo essas duas personagens o tempo todo tá o tempo todo a menina holandesa com os olhos vendados então provavelmente quando ele fez o que fez com ela ela estava de fato com os olhos vendados tá E essa mulher adulta é uma mulher negra escravizada tá então elas estão o tempo todo ali meio que presentes na na na no no inconsciente na nas lembranças na memória dele seria isso uma espécie de perturbação uma espécie
de de remorço n enfim São Lembranças que o atormentam de fato nem sempre às vezes ele vê essas duas personagens e segue ali andando pela casa às vezes ele se sente um pouco mais incomodado e o que a gente sabe no final das contas então é que essas duas personagens marcaram a história do Celestino E é claro que não marcaram de maneira positiva porque Muito provavelmente o próprio Celestino não passou pela vida dessas personagens de maneira positiva ele deve ter sido assim absolutamente nefasto com essas duas personagens que agora estão no seu pensamento uau hein
livro pesado né mas vai por mim é um mega livro não é das leituras mais fáceis pessoal né dado todo esse caráter de reflexão essa narrativa que tá muito pautada no pensamento na consciência do Celestino e não tanto nas suas ações é um livro diferentão mesmo é é desafiador mas depois que você pega todas essas ideias né se você tiver tempo inclusive de ler uma segunda vez vai por mim que vale a pena é um dos livros mais legais que eu já li tá e eu fecho aqui esse nosso bate-papo agradecendo a você por ter
ficado comigo mais uma vez Valeu queridos e queridas estamos junto nós nos falamos aí numa próxima então forte abraço valeu e tchau