Por que sofremos se fomos criados para ser felizes? Somos todos destinados à felicidade. Mas por que então a dor ainda nos visita com tanta frequência?
Neste vídeo, inspirado nos ensinamentos da doutrina espírita e nas reflexões profundas do orador Raul Teixeira, vamos mergulhar nos verdadeiros requisitos para ser feliz. Não os que o mundo nos vende, mas os que a alma necessita. E é graças a isso que nós queremos iniciar essa nossa fala sobre a a felicidade com uma definição que nós retiramos do dicionário de psicologia para que nós possamos a partir daí trabalharmos a ideia de felicidade.
Diz-nos então Doran que felicidade é um estado subjetivo de satisfação geral, de contentamento, vontade de viver. Então, felicidade para a psicologia será essa felicidade subjetiva, esse estado subjetivo de satisfação geral. Uma onda que nos invade, algo que nos invade, que nos dá essa alegria íntima, uma satisfação, como se nós estivéssemos bem nutridos psiquicamente.
E certo é que propõe-nos ainda a definição, é uma síntese de várias emoções e sentimentos. Daí nós percebemos pela definição psicológica que é muito difícil a gente dizer o que que é felicidade, porque uma satisfação geral, uma um contentamento nos podem adivir determinadas formas, de variadas formas. E certamente cada qual de nós poderá ser feliz por uma razão diferente.
Quando nós encontramos pessoas do mundo, pessoas no mundo, de diferentes estamentos sociais, de diferentes níveis sociais, nós vamos descobrindo como é subjetiva essa questão felicidade. Uma pessoa me dizia há não muito tempo, quando eu posso olhar o relógio no domingo de manhã e saber que eu não terei que levantar para trabalhar e poderei ficar na cama até um pouco mais tarde, eu estou feliz. Mas já ouvi outros que me disseram: "Quando eu acordo de manhã, que eu posso saltar da cama e começar a agir, eu estou feliz".
Olha como já tá diferente. Um é feliz que pode ficar, outro é feliz que pode levantar. E o negócio é que Deus tem que ir entendendo os seus filhos e os diversos níveis de felicidade.
Para uns, a felicidade é poder comer. Comer até revirar os olhos. Para outros, a felicidade é se vestir bem, colocar uma boa grife, né?
e sair como uma lagartixa na pedra quente, no maior requ. Aí dirá a mãe, dirá ao pai: "Minha felicidade ver esses meninos felizes e o menino dirá: "Minha felicidade, meu pai me dá mesada". Daí, então, a felicidade é algo muito fluido e que dependerá sempre, sempre do nosso estado d'alma, do nosso estado interior.
Coisas que no momento nos podem fazer imensamente felizes, porque nós estamos predispostos. em outro momento nos fará imensamente amargos, imensamente tristes, grandemente infelizes. Daí então a felicidade precisa ser uma construção tal que qualquer que seja o movimento de nossa vida, nós sejamos felizes.
Nesse momento que vivemos na terra, nós procuramos ficar felizes, como se a gente alugasse felicidade. Hoje é o casamento, minha filha, tô tão feliz, mas amanhã na hora que as contas chegam, eu já estou desgraçado de novo. Então, eu não era uma pessoa feliz.
Eu fiquei feliz. Eu peguei emprestado no dia do casamento, minha filha, uma felicidade decorrente do tumulto, da agitação, dos presentes, da festa. A gente chora, se emociona, que cerimônia linda.
Mas no dia seguinte nós já estamos aborrecidos, que a gente soube que alguém não gostou da festa, que a gente soube que o bifet não serviu direito, que a gente soube, uai, mas a gente é feliz ou só ficou feliz para inglês ver. No momento do mundo atual são raras as pessoas felizes em qualquer circunstância. A gente vai treinando ser felizes nesses laivos, nesses lances rápidos de felicidades que a gente vai curtindo aqui, curtindo ali, que da felicidade verdadeira não nos dão notícia.
A qualquer de nós, se perguntar o que que é a felicidade, dificilmente a gente saberá. Exatamente. Porque cada um de nós terá uma visão de felicidade.
Cada qual de nós terá uma percepção da felicidade e cada qual de nós encarará essa visão, essa percepção de felicidade com uma reação muito própria. Aí nós partimos para o livro dos espíritos, quando na pergunta 920, Allan Kardec questiona ao mundo invisível se é possível na Terra alguém alcançar a felicidade plena, a felicidade total. Se há essa possibilidade e os espíritos redarguindo que não.
Na terra não se pode conhecer a felicidade perfeita, completa, porque a Terra não é um mundo perfeito, completo. Tudo quanto ocorre dentro das dimensões planetárias tem que estar de acordo com as condições planetárias. É como se eu quisesse colocar dentro de três dimensões algo de cinco dimensões.
Não cabe, só tem três dimensões. Não há espaço pra quarta nem pra quinta. É por isso quando a gente faz desenho, o desenho fica chapado no papel.
Não tem como eu fazer um desenho que se solte do papel. E dessa maneira a nossa felicidade tem que ficar chapada na terra. Ela tem as dimensões terrestres.
Daí quando nós começamos a conhecer as coisas da alma, as coisas espirituais, começamos a trabalhar uma percepção de coisas que a Terra já não comporta. Aí falamos de mundo espiritual, aí falamos de percepção espiritual, aí falamos da gente se desligar das coisas materiais. E isso parece um absurdo, uma incoerência para nós que vivemos, que nascemos, que conhecemos, que sentimos as coisas do mundo material.
Como é que é viver no mundo material captando uma outra dimensão que não sejam as dimensões materiais? Mas isso é possível. Foi isso que Jesus Cristo nos recomendou, viver no mundo sem ser do mundo.
Fazer do mundo nosso material didático para alcançarmos outras dimensões. E são as dimensões que nos dão a subjetividade da felicidade. a subjetividade dessas coisas que não estão nas coisas que nós usamos.
A felicidade que não está na comida que a gente come, na roupa que a gente veste, na posição social que a gente desfruta, nos recursos econômicos financeiros que a gente disponha. Há uma felicidade que não está em nada disso. Chegamos a ouvir muitas vezes pessoas que dizem: "Eu daria tudo que eu tenho, todos os meus averes, meus pertences para ter um momento de felicidade".
Quanta gente que tem recurso, dinheiro, poder, vive as voltas com segurança, com ladrões, com falcatruas, com sequestros. Então, a pessoa daria tudo para não ter que se envolver com isso e poder andar descalça, andar nas ruas. Logo, tudo que o indivíduo tem não corresponde à felicidade que ele busca.
Ele tem tranquilidade econômica, ele tem facilidades sociais, ele tem um monte de coisas que vão ficar aqui. Mas essa felicidade que se busca é algo que nós carregamos conosco onde quer que vamos. Um dia viajando num trem da capital inglesa para Escócia, onde íamos fazer uma conferência, íamos com alguns amigos conversando e havia no trem de pé um grupo de moços.
rapazes e moças. E a companheira que estava conosco me disse assim: "Raul, você é capaz de saber desse grupo quem é inglês e quem é escocês? " Eu não sou capaz.
Todos os rapazes e moças que estão rindo, brincando, conversando são escoceses. E os que estiverem sozinhos na multidão são ingleses. Eles conseguem se embutir de tal maneira que eles estão, mas não são do ambiente.
E os outros conversam, falam, alegram, estão vivendo uma outra dimensão interior. Porque nem sempre a pessoa calada, quieta, é a mais harmônica. Ela pode estar ruminando conflitos que não lhes deixa falar, que não lhes deixa extravazar.
E eu lembrei-me da nossa garotada brasileira, do bulício brasileiro, aliás, do bulício latino, né? Falar só do brasileiro é até injustiça, porque o latino é bulhento. Tirando alguns latinos que já assimilaram o anglossaxonismo, o latino é bulhento.
Basta a gente ir à Itália ou conviver com italianos ou seus descendentes. Eles conversam contentes, a gente tem impressão que é um pugilato, que eles vão se pegar, que eles vão se bater. É a forma.
E aí a gente fica pensando no que que é felicidade. As pessoas estão falando porque estão felizes ou elas estão caladas, sérias, mudas, porque estão felizes? Quem poderá dizer?
Alguém que esteja mudo calado, pode estar numa profunda introspecção, num êxtase, captando as fulgurações das estrelas, mas pode estar carregando muito conflito. A gente não sabe. Quem está falando muito pode estar contente, alegre, jovial ou pode estar pondo para fora as neuroses, as tormentas, a ansiedade.
Quem poderá dizer: "Só quem está vivendo". Há pessoas que a gente nota que elas estão nervosas, estão tensas e elas falam pelos cotovelos. Não é que elas estejam falando as coisas com coerência, que elas não conseguem parar.
É uma ansiedade. E há outras que ficam ansiosas e vão pra geladeira, paraa Bombonier. Cada qual reage de uma maneira, enquanto a gente não aprende a ser feliz, enquanto nós nos fantasiamos de felizes criaturas.
Avançando, nós captamos da obra do grande sociólogo Pedro Demo numa obra que ele publicou em três volumes, Dialética da Felicidade, alguns textos que nos ajudarão nessa reflexão da manhã. E ele nos diz no primeiro texto captado, o ser humano que se diz feliz pode ser efetivamente, mas em termos relativos como regra. A experiência máxima ocorre igualmente, mas não como regra.
Nós podemos conceber que alguém chegue ao máximo de felicidade na Terra, mas não é uma regra. Pode acontecer também que a felicidade expressa pela pessoa seja uma felicidade enganosa. Porque a pessoa se imagina feliz, se quer feliz, se impõe ser feliz, não admite a ideia de não ser feliz, preferindo autoenganar-se.
Então se converte essa questão da pessoa ter que ser feliz a qualquer preço, uma paranoia. E aí a criatura quer mostrar pros outros que ela está feliz, embora não consiga ser feliz por dentro. Então nós encontramos criaturas que elas estão rindo sempre.
Daqui a pouco nós saímos de perto dela e ficamos olhando. A cara vai fechando, ela vai murchando, porque aquilo era só marketing de uma pretensa felicidade. Era só propaganda de uma coisa que ainda não existe de fato.
Quantas vezes a criatura se pinta, se arruma, se ajeita, porque ela tem que mostrar que é feliz. E outras que fazem questão dizer: "Eu sou muito feliz. Eu sou feliz, graças a Deus.
Mas porque ela quer, porque ela diz, mas ela não sente verdadeiramente felicidade na alma. passou na rua ali, essa que é muito feliz, e alguém lhe trancou o carro, lhe fechou e ela destampa um punhado de felicidades íntimas, de chocar qualquer ouvido. A pessoa que está feliz, ela é assim.
Ela destampa o seu compartimento hídico. Ela abre as portas do seu ID, freudianamente considerado, onde estão ali todos os pertences não usados, recalcados, empoeirados e põe aquilo para fora. Cobras e lagartos.
Mas passou aquele surto. Ah, eu sou muito feliz. Eu sou assim, eu sou muito franco, mas eu não guardo raiva de ninguém.
Não guarda, já pôs para fora a raiva toda. E elas vão imaginando que são pessoas felizes, porque realmente a gente não sabe ainda o que é ser feliz. Nós ficamos imaginando poder andar na chuva sem se gripar, correr na chuva numa tarde quente e que dá aquela chuvada de verão e a gente correr na chuva, colocar os pés nas poças d'água como os meninos.
Que coisa mais gostosa. E correr junto com as nossas crianças e rolar no gramado como os enamorados gostam de fazer. Coisas simples não custam nada e que nos dão uma estesia.
Abraçar um amigo, apertá-lo, acarinhar alguém ou receber de alguém uma carcia. Quando se ama não tem preço. Aquela pessoa que se sente assim jogada fora, ninguém me ama, ninguém me quer, e de repente passa na rua e um galã lhe dá aquela piscada, a pessoa indóida, sobe as paredes, né?
Uhu, né? Felicidade não tem preço. Dizia minha velha avó, há sempre um chinelo velho para um pé do aquela criatura que imaginava, não, só na outra encarnação que alguém vai gostar de [Música] mim.
Aí recebe uma carta, um bilhete, a gente pode marcar um jantar. A gente nem marca, a gente vai, que é uma coisa que nos surpreende dizer: "Puxa, tinha alguém me olhando. " Há felicidades tão curiosas, como nos diz o Evangelho Segundo o Espiritismo, há também a felicidade dos brutos, aquele que se sente bem prejudicando alguém.
As vitórias de Pirro, aqueles que mentem, que caluniam e ficam olhando o resultado, a suposta infelicidade da pessoa caluniada, as lágrimas da pessoa agredida e tira aquele prazer mórbido aqui. Cham, agora eu tô feliz, ele pagou o que devia. São vitórias de pirro, como diz a mitologia, são vitórias de um minuto, porque a criatura que não deve pode até sofrer diante de uma calúnia, de uma investida maldosa, mas daqui a pouco se levanta, está bem de novo e o maldoso continua infeliz.
Allan Kardec perguntou aos espíritos, conforme achamos no livro dos espíritos, por é que determinadas entidades procuram nos perturbar, nos induzir ao mal, nos infelicitar? E os espíritos responderam-lhe que é por inveja, por esses espíritos não poderem admitir que haja pessoas mais felizes do que eles. Tal na terra, talém, o sentimento persiste.
Mas o detalhe é que quem sofre resgata o que deve, mas quem faz sofrer continua devendo. Então se pode ser feliz quando se sofre? Sim, isso vamos ver mais à frente.
Avancemos. No próximo texto nós temos: "Felicidade absoluta é pura paranoia ou truque da autoajuda para apanhar os encaltos. " Na realidade histórica, nossos sonhos se realizam historicamente, ou seja, dentro das circunstâncias dadas e dentro de nossa capacidade de intervenção, ambas intrinsecamente limitadas.
Tanto as circunstâncias dadas quanto a nossa capacidade de intervenção tem limites. Saber arrancar da história, tudo que ela pode dar é a experiência máxima, enquanto a cotidiana é saber arrancar o possível. Partindo da constatação primordial da nossa limitação, partindo do fato de que somos limitados, será necessário sempre arquitetar nosso projeto de felicidade em confronto com tais limites.
Ignorá-los, ignorar esses limites é limitarmo-nos ainda mais. Ora, é aquela questão afirmada por Paulo de Tarso. Aprendi a conformar-me com o que tenho, mas não é essa conformação patológica da acomodação do cruzar os braços.
é a conformação de saber que as coisas têm que obedecer a uma temporalidade. Nós vemos às vezes um comerciante que abre uma loja, que abre um comércio qualquer e ele quer recuperar tudo que gastou no primeiro mês de funcionamento da loja. Então ele exorbita, ele cobra alta, aí o público foge da loja e ele fica com a dívida pendente por mais tempo.
Se ele fizesse um planejamento de repor seus gastos, de ter lucros menores, mas permanentes, rápido ele conseguiria o intento, mantendo e aumentando a clientela ou a freguesia. Mas se a pessoa é egoísta, ela quer comprimir o tempo para ter todo o lucro que só se deverá ter ao longo do tempo. Dessa maneira, nós temos que temporalizar nossa felicidade.
Aí no caso que eu estou citando, uma felicidade econômica, financeira, uma tranquilidade econômicofinanceira. Eu não posso querer receber tudo agora quando nós estamos vivenciando. Isso é que é felicidade.
Quando nós estamos vivenciando com uma pessoa que a gente quer conquistar, conquistar como amigo, conquistar como amor conjugal, como afeto passional, que a gente quer conquistar. E isto tem um tempo. Ninguém encontra outra pessoa.
Eu te amo, eu te adoro, tá doida. A gente vai convivendo, a gente vai se acercando, a gente vai conhecendo, a gente vai se aproximando, a gente vai ao cinema junto, a gente vai jantar junto, a gente vai passear junto, a gente bate-papo, a gente conhece as ideias e a construção do bemquer é temporalizada. Ninguém tem um bem querer na fila do banco.
Olhei pro sujeito, olhei: "Ah, eu quero você. Não é um doce na vitrine que eu digo, eu quero aquele ali, aquele maiorzinho ali, aquele pão moreninho ali, não é? As pessoas t seu movimento interno, tem suas expectativas e ao longo de um determinado tempo, nós vamos percebendo se é aquilo que a gente tá buscando, se é aquela criatura que a gente tá buscando e ela com relação a nós.
que nem sempre isso se casa, porque eu posso descobrir que é essa pessoa que eu quero pra minha vida, mas ela convivendo comigo di, mas não é esse que eu quero pra minha, eu posso dizer assim, é uma pessoa assim que eu queria como amiga, mas a pessoa nos olha assim, não, mas não é esse que eu queria como amigo, porque essa construção entre duas pessoas Tem que depender das duas pessoas. Já se foi o tempo que uma gostava, a outra tinha que ceder. Não, minha filha, você é prometida desde que você nasceu.
Você já é prometida. Nós sabemos que historicamente houve esse tempo, mas não é uma realidade paraa felicidade. A gente é feliz.
Quando dá aquele xazan, a garotada tem uma forma de dizer muito bonita, é uma questão de química, é um problema de pele, como isso faz sentido? É uma química, mas é uma psicoquímica. É mais uma alquimia, porque é algo tão inefável.
que não tem explicações verbais, que não tem explicações matemáticas e muitas vezes não tem explicações psicológicas, são coisas subjetivas ao extremo. Aí a gente encontra no campo da afetividade moças lindas, verdadeiras divas. casadas com cada tronco de árvore.
Que a gente diz assim: "Mas o que que aconteceu, gente? Será que a pobrezinha é cega? " Mas achamos verdadeiros adones, deuses casados com cada pé de mesa, cada trem.
Uma amiga me perguntou, ela não é espírita, é minha amiga da universidade, dis assim: "Raul, e fez menção a um casal da mídia que ele é tudo de bom e ela nem tanto. " E a colega me dizia, amiga me dizia: "Raul, você que é espírita, me explica uma coisa. Não foi macumba não?
Como é que eu vou saber? Porque para uma mulher dessa ter conseguido um rapaz desse que tem idade de ser filho dela, deve ter sido macumba. Eu digo: "Dá boa, tá boa, porque há casos e há casos.