Boa noite a todos que não estão me assistindo porque eu não avisei ninguém que eu ia entrar ao vivo nessa segunda-feira mas eu sei que daqui a pouco vão começar a aparecer os curiosos mas para quem for assistir esse comecinho de Live Depois deixa eu me explicar o que que eu tô fazendo aqui nessa noite de segunda-feira dia 26 de Junho eu estava me preparando para gravar agora a noite o primeiro episódio do meu pode cast do Cortiço de aloísa Azevedo que eu anunciei que eu faria mas eu achei que seria interessante fazer essa gravação
ao vivo eu tô Produzindo por isso que tem este essa coisa peludinha aqui mas parece um cachorro peludo na realidade é o microfone que eu uso para gravar o podcast ele tem esses pelinhos que é para evitar ruídos né então eu pensei assim ó Por que que ao invés de eu gravar sozinha eu faço sempre porque não nesse primeiro capítulo nesse primeiro episódio assim do podcast do Cortiço porque não ligar a câmera fazer ao vivo para estimular as pessoas mais pessoas a irem lá escutar o podcast porque embora eu tenha tido boa audiência lá nas
plataformas de áudio eu senti que o vídeo que eu soltei na sexta-feira aqui no YouTube foi muito fraco Então eu não sei muita gente se interessou de saber mas o fato é que eu estou inaugurando a terceira temporada dos meus podcasts de áudio livro que é um projeto assim longo que dá muito trabalho então eu quero fazer todo meu possível para divulgar para o máximo de gente possível por isso resolvi agora de improviso eu ia gravar aqui sozinho mas eu pensei Não vou me maquiar porque eu também não fico assim arrumada em casa à toa
né mas eu resolvi me arrumar né passei um delineadorzinho tal como eu sempre faço que eu gosto de aparecer bonitinha para vocês e pensei em fazer assim de improviso mesmo a então isso aqui vai ser uma um vídeo um pouquinho diferente uma live que eu nunca fiz antes porque eu vou gravar um podcast por isso que eu tô com microfone aqui apóstos tô até com outro fone aqui que eu uso de controle para ver se a qualidade do áudio está saindo boa enquanto eu estou ao vivo por isso não avisei vocês mas eu já tô
vendo Ai que bom sempre bom ver que apesar de não avisar tem gente que vem aparecer por aqui então já são 70 pessoas assistindo e já estão começando a comentar muito muito obrigada por estarem aqui deixa dar aqui o nome das pessoas já me coloquem também como sempre as cidades e os estados de onde vocês estão me assistindo por exemplo Jonas tá me assistindo de Maceió aliás é uma coincidência porque eu assisti hoje o programa Greg News que tá falando sobre aquele problema grave de afundamento né do solo em uns bairros de Maceió e eu
juro para você eu sou uma pessoa bem informada Eu leio jornais e não só no Twitter Eu leio o jornal mesmo de papel eu leio claro eu vejo a internet também eu olho o Twitter e tal me mantém informado aí da maneira que eu consigo mas eu até que sou bem bem informada e essa notícia Não tá repercutindo nada de nada de nada já tem uns anos até né que teve essa tragédia lá para quem não sabe foi Um fundamento de alguns centímetros às vezes até metros no solo várias pessoas foram obrigadas a sair das
suas casas uma tragédia humana e ambiental que aconteceu em Maceió e eu não tava sabendo não repercute é impressionante não chega a notícia para todo mundo que tem que saber eu só soube porque teve um episódio essa semana do Greg News bom eu tô enrolando porque eu tô esperando também chegar um pouquinho mais de pessoas já são já somos noventa deixa eu ver que tem mais de onde mais vocês estão me assistindo olha mas gente aqui do Nordeste temos Bento que está acompanhando de Horizonte no Ceará não confundir com Belo Horizonte Minas Gerais olha mais
uma cearense aqui Alexia acompanhando a gente docrato é o Crato ou Crato só sem sem o artigo o na frente porque você falou decreto eu sempre ouvi falar que é o Crato né Eu queria muito ir para lá inclusive Porque lá é uma cidade com mais fósseis né Tem uma atividade boa lá de paleontologia eu sempre falar dos fósseis encontrados nessa região que mais descendo mais um pouco aqui Goiânia Marília Rio de Janeiro Barueri aqui em São Paulo Mesquita Rio de Janeiro Belford Roxo Rio de Janeiro ivati Paraná não conheço essa cidade ivati Paraná muito
bem Varginha que legal bom deixa eu explicar para vocês que chegaram agora o que que eu tô fazendo aqui eu não avisei a ninguém que eu ia ter uma live nessa segunda-feira a minha previsão não era ter minha previsão era pegar essa noite para gravar o comecinho do meu podcast para quem não sabe eu vou ler o livro O Cortiço integral integral vai ser uma leitura do começo ao fim e dessa vez eu vou publicar esse áudio livro que eu vou gravar só nas plataformas de áudio só nas plataformas de podcast como Spotify Deezer Cash
Box Amazon music Google podcasts tem outras também mas essas são as que eu tô lembrando por que que eu não vou colocar no YouTube dessa vez como eu fiz com a pata da gazela né o último podcast porque a audiência de Podcast e de áudio livro é sempre muito menor que vídeo e isso Acabou bagunçando o meu algoritmo do ano passado eu Ficava publicando os episódios aqui junto com a programação normal do canal e audiência caía muito muito porque o algoritmo entende que o canal não está indo bem e tal e aí ele distribui menos
enfim Infelizmente eu vi que não funciona colocar aqui no YouTube eu vou colocar só nas plataformas de áudio mas eu ia gravar essa noite aqui em casa sozinha o primeiro capítulo que Inclusive acho que eu vou ter que dividir em duas partes porque vai ficar muito longo para eu fazer um episódio só lá no podcast né e eu acabei percebendo que eu podia ligar a câmera fazer um ao vivo e aí vocês iam acompanhar comigo A gravação vai ser diferente porque dessa vez toda vez que eu gaguejar toda vez que eu errar eu vou precisar
voltar porque depois na edição final eu coloco né tudo certinho então vai ter que ser assim tá por isso que eu tô com esse microfone aqui que é o que eu gravo né Eu uso esse microfone ele é profissional e eu uso ele acoplado no meu celular É bem interessante certo vem para cá eu acho que não tem ó mesmo é só Crato Mesmo o Moisés aqui de São Paulo beleza então é isso gente vou começar então a fazer essa leitura se vocês quiserem aproveitar né é a leitura de Um clássico brasileiro que como eu
falei eu lerei integralmente ele vai ser nessa edição aqui que eu gosto muito da editora Panda books porque ela tem vários comentários assim de borda de página que ajudam a contextualizar claro que no meu podcast eu não vou ler essas notas nem nada né nem seria o caso mas eu vou fazer os meus próprios comentários as minhas próprias impressões pessoais dessa obra Essa vai ser a terceira vez que eu vou ler O Cortiço na minha vida a primeira vez foi bem adolescente A segunda foi quando eu criei o meu clube do livro não sei quem
lembra mas eu cheguei a ter um clube de livros que era um clube de assinatura mesmo uma caixinha né que entregava em casa tudo mas com a pandemia o clube acabou sendo fechado né acabou não dando certo mas um dos livros que a gente distribuiu foi o clube do livre né só ocasião foi o cortiço nessa ocasião ali de novo GG tá perguntando se já teve resenha do Ateneu eu pensei muito seriamente em fazer essa terceira temporada de Podcast com O Ateneu do Raul Pompéia Mas eu achei que ia ter muita ai muita barreira a
linguagem é difícil rebuscada e eu achei que a audiência ia ser fraca eu prefiro escolher um livro mais popular um livro que fosse mais unanimidade O Cortiço é um livro muito legal Todo Mundo Quase todo mundo gosta só só não gosta quem foi obrigado a ler na escola né teve aquele trauma tudo mas quem lê por vontade própria sempre gosta muito do Cortiço então eu achei que ia ser mais legal fazer eu curti isso do que O Ateneu mas nada impede que depois eu venha também a fazer uma leitura comentada completa do atender também certo
Beleza seu amigo dizendo isso agrava um vídeo mostrando os bastidores das minhas gravações como ela por trás das câmeras Olha é uma baderna viu ela tinha virado só um pouquinho aqui para vocês verem Olha a baderna aqui do lado tem tudo misturado até o refil de hidratante que eu encomendei chegou e eu deixo tudo jogado aqui em cima é um caso os meus bastidores são um pouco de se orgulhar muito não viu infelizmente e às vezes vocês vem né Um pouquinho da minha bagunça vocês veem um pouco da minha desorganização quando eu deixo cair a
câmera né mas em geral não tem muito como gravar o bastidor porque eu sou sozinha sempre grava sozinha né então não teria aquela Raramente eu tenho alguém para gravar para mim então não teria aquela câmera lá me filmando enquanto eu faço e tudo mais né Beleza gente eu vou começar Então a partir do capítulo 1 então eu quero sempre lembrar vocês que eu curti ser um livro que tá em Domínio Público Então quem quiser acompanhar pela tela do computador ou do celular tem a possibilidade de procurar um PDF eu acho que tá no site do
domínio público que é um site público do governo né brasileiro porque essa obra pertence ao domínio público já passaram mais de 70 anos do falecimento do autor o Luiz Azevedo e quando isso acontece as obras desse autor entram para uso geral e restrito sem necessidade de pagar direitos autorais para família é por isso que eu posso fazer a leitura integral eu não posso fazer esse tipo de leitura de áudio livro de uma obra por exemplo da Clarice porque a Clarice faleceu a menos de 70 anos por tentar obra dela é protegida por direitos autorais E
isso acontece com todos os Escritores mais recentes eu só posso fazer isso com os mais antigos Então vamos lá 150 pessoas que bom eu nem avisei ninguém adorei ver vocês por aqui bom vou começar a gravar Então vou dar o meu play aqui antes eu vou gravar uma pequena introdução tá para o podcast e depois eu vou começar a fazer a leitura do livro Olá eu sou Isabela lubrano e esse é o podcast do canal ler antes de morrer aqui nas plataformas de áudio Essa vai ser a leitura do primeiro capítulo de O Cortiço de
aloísa Azevedo essa é a nossa terceira temporada de áudio livros comentados aqui neste canal e excepcionalmente eu estou gravando esse podcast enquanto estou sendo transmitida ao vivo pelo YouTube porque o meu canal principal está no YouTube ele também se chama ler antes de morrer e dessa vez para ajudar a convidar os meus seguidores a conhecerem aqui as plataformas de áudio esse braço do meu canal que está nas plataformas de áudio eu resolvi me filmar gravando este Episódio tá uma coisa muito louca aqui e é isso eu vou começar a ler e de vez em quando
eu posso fazer um outro comentário alguma explicação de vocabulário ou de contexto histórico Se eu achar necessário e talvez também eu não faça visão perfeita de episódios de podcasts correspondentes aos Capítulos do Cortiço porque esse é um livro que tem capítulos muito longos e se eu os leis se integralmente provavelmente isso ia resultar no mundo Episódio de mais de uma hora de duração então talvez eu tenha que fazer umas pequenas quebras mas eu sempre vou deixar no título bem explicadinho Onde que nós estamos localizados no índice né no sumário do livro Tá bom então aconchegue
se vamos começar a ler O Cortiço Azevedo Capítulo 1 João Romão foi dos 13 aos 25 anos empregado de um vendedor que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura Taverna nos repolhos do bairro de Botafogo e tanto economizou do pouco que ganharam nessa dúzia de anos que ao retirar-se o patrão para a terra ele deixou em pagamento de ordenados vencidos Nem só a venda com o que estava dentro como ainda um conto em 500 em dinheiro já começa aqui fazendo uma pequena interrupção porque eu quero que vocês prestem atenção nessa figura que
será importante personagem de O Cortiço João Romão um comerciante português quando ele fala que que ele era empregado de uma caverna e que o patrão foi para a terra essa terra é a terrinha né É como se referiam sempre a Portugal e a gente tá no final do século XIX o Brasil não era mais uma colônia de Portugal no entanto ainda havia uma ligação muito muito forte entre Portugal e o Brasil e na realidade já desde aquele tempo portugueses eram Muitas vezes os donos dos comércios os donos dos imóveis dos quais se cobravam aluguéis enfim
os portugueses sempre foram Associados aos patrões e dizem até isso é algo que eu precisaria checar mais uma vez eu ouvia a versão de que aquelas piadas de português elas que nós fazemos aqui no Brasil piadas falando portugueses elas teriam origem no fato de que os portugueses eles eram os nossos patrões era muito provável que eles fossem os nossos chefes e sempre dá aquela graça maior fazer uma piada com o nosso patrão né dizem que esse esse essa má vontade que nós temos com os portugueses vem mais do fato de que eles eram patrões e
não de que eles foram os nossos colonizadores mas enfim como eu disse eu só ouvi falar essa versão uma vez Eu precisaria checar se essa origem das piadas de português vamos lá João Romão então herdou com base nos vencimentos vencidos ou seja o patrão dele tinha salários atrasados e quando o patrão voltou para Portugal ele deixou o com João Romão Olha só não só a taverna né o bar a loja Armazém né que era tudo misturado como também um conto e 500 réis de dinheiro que é bastante dinheiro para época vamos prosseguir então proprietário estabelecido
Por sua conta o rapaz atirou-se a labotação ainda com mais ardor possuindo-se de tal Delírio de enriquecer que afrontava resignado as mais duras privações dormir dormia sobre o balcão da própria venda em cima de uma esteira fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha a comida arranjava-lhe a mediante quatro contos de réis por dia perdão vou repetir aqui porque eu errei a comida arranjava ali a mediante 400 Réis por dia uma quitandeira sua vizinha a bertolesa crioula trintona escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com o português que
tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade vou me interromper mais uma vez para falar dessa segunda personagem importante bertoleza ela é descrita como crioula de 30 anos crioula trintona aqui a expressão é no século XIX ela não diz respeito só a cor da pele mas ela dizia respeito ao fato de o escravizado já ter nascido no Brasil ele não era africano mais ele era nascido na América é na verdade essa é a origem da palavra crioula tanto que em outros lugares da América Latina não tem a ver com cor de pele tem
a ver com o fato de que nasceu já na América então existem pessoas existiam né nas colônias espanholas brancos crioulos porque ele já eram nascidos nas colônias na América não eram europeus agora aqui no Brasil essa expressão a gente sabe passou a ser usada somente para falar dos escravizados de pele escura né Depois virou praticamente um sinônimo de uma pessoa negra até virou uma palavra de cunho pejorativo mas aqui não está necessariamente com o Cunha pejorativo tá E essa essa escravizada bertolesa ela pertencia a um velho cego residente e de Juiz de Fora e era
amigada com o português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes amigada que significa que ela era a companheira sem ser casada sem ser legitimada isso sim é uma expressão pejorativa ser amigado significa que você não é a esposa legítima você é só uma amante você é só uma diversão e isso tinha um peso muito grande no século 19 evidentemente uma mulher viver em conjunção carnal com outro homem sem ser ligada né Por matrimônio Ainda mais sendo uma escravizada né certamente essa mulher era tratada com tanto desrespeito quanto outras mulheres escravizadas na sua condição
vamos continuar então bertoleza bertoleza também trabalhava forte a sua Quitanda era mais bem a freguesada do bairro de manhã de manhã eu vendi angu e à noite peixe frito vou repetir aqui que eu engasguei de manhã vendi angu e à noite peixe frito e iscas de fígado pagava de jornal A seu dono 20 mil réis por mês isso é muito importante eu vou ter que me interromper de novo com o tempo eu vou me interromper menos mas no começo é importante a gente contextualizar ela pagava de jornal A seu dono 20 mil reais por mês
o que que isso quer dizer quer dizer que betolés era uma escrava de ganho quando a gente pensa em escravidão a gente sempre imagina que a pessoa escravizada ficava em casa ou ficava trabalhando nas fazendas fazendo trabalho rural mas na cidade grande não havia tanto trabalho doméstico assim para ser ocupado tantos escravos muitas pessoas investiram na compra de escravos para colocá-los na rua para trabalhar às vezes essas pessoas escravizadas tinham barracas de comida às vezes elas faziam serviços públicos às vezes elas puxavam carrinhos como se fosse aqueles mototáxis que são puxados por pessoas sabe faziam
Esses deslocamentos às vezes elas tinham até trabalhava numa Quitanda tinha um comérciozinho e em troca pagava um jornal jornal é o salário era o rendimento que eles pagavam ao seu dono Olha isso umas pessoas que podiam compravam escravos para colocar na rua para trabalhar e pagar para elas uma parte do que elas ganhassem é quase como tem um investimento no banco e receber juros para muita gente olha como é que era economia do Brasil até o final da escravidão né era um jeito de garantir uma aposentadoria ela né as pessoas não tinham né aposentadoria quando
ficavam velhos muita gente pegava todo o dinheiro que tinha juntado na vida comprava medos e de escravos o que conseguia né e botava os na rua para trabalhar né virarem escravos de ganho e assim eles recebiam uma renda mensal então era esse o caso de bertoleza ela era escravizada mas ela não morava junto com o seu dono ela só pagava para o dono 20 mil reais por mês e Podia morar em outro lugar Esse era o acordo entre os dois isso era muito comum vamos lá pagava de jornal A seu dono 20 mil reais por
mês e apesar disso tinha de parte quase E apesar disso tinha de parte Quase que o necessário para alforria um dia porém o seu homem depois de correr meia Légua puxando uma carga superior as suas forças caiu morto na rua ao lado da Carroça estrompado como uma besta João Romão mostrou grande interesse por essa desgraça Face até participante direto do sofrimento da vizinha e com tamanho empenho lamentou que a boa mulher ou escolheu para confidente de suas Desventuras abriu-se com ele contou-lhe sua vida de amor afinações de dificuldades se o senhor comia-lhe a pele do
corpo não era brinquedo para uma pobre não era brinquedo para uma pobre mulher ter descarado por ali todos os meses e 20 mil réis em dinheiro e segredou então o que tinha juntado para sua liberdade e acabou pedindo ao vender que lhe guardasse as economias porque já de certa vez foram roubada por gatunos que lhe Entraram na quitanda pelos fundos vamos explicar mais uma vez para quem não entendeu betoleja já tinha juntado com a diferença do seu trabalho né com a diferença daqueles 20 mil reais que ela pagava mensalmente para o seu dono mesmo pagando
esses 20 mil ela já tinha ganhado o suficiente para economizar e comprar a sua carta de alforria eu li num defeito de cor um cálculo de quanto custaria comprar uma carta de alforria e da maneira como é colocado ali eu calculei assim em valores dos dias atuais completamente da minha cabeça que seria algo em torno de 50 100 mil reais mais ou menos e esse valor podia aumentar ou diminuir se o escravo fosse jovem se fosse saudável se fosse portanto um escravizado que pudesse valer mais né que pudesse ganhar mais dinheiro na rua e tal
então É um bom dinheiro é muito caro muitos desses escravizados de ganho passavam a vida inteira juntando dinheiro para tentar comprar a carta de al forria e bertoleza juntou esse dinheiro só que ela tinha medo de guardar com ela porque ela uma vez tinha sido roubada Então ela pede em grande confiança para João Romão que ele guardasse as economias já começa aí a relação de profunda confiança que betoleza tem com relação ao João romance vai ser muito importante tá vamos continuar daí em diante João Romão tornou-se o caixa o procurador e o conselheiro da Crioula
no fim de pouco tempo era ele quem tomava conta de tudo que ela produzia e era também que empunha e dispunha dos seus pecúlhos recolham as economias né os dinheirinhos e quem se encarregava de remeter ao Senhor os r$ 20.000 mensais abriu-lhe logo uma conta corrente e a quitandeira quando precisava de dinheiro para qualquer coisa dava um pulo até a venda e recebia ou das mãos do vendeiro de seu João como ela dizia veja bem aqui ele fala que o João Romão abriu para ela uma conta corrente não é que ele foi no banco abrir
uma conta no nome dela acho que nem seria possível sendo ela uma mulher escravizada mas ele virou o banco dela ele abriu uma conta corrente informal ele mantinha ali os registros o caderninho do dinheiro que ela tinha quando entrava quando saía enfim Olha o nível de confiança que a bertoleza passou a ter com relação a João Romão seu João debitava metodicamente essas pequenas quantias no caderninho em cuja capa de papel pardo lia-se mal escrito em letras cortadas de jornal ativo e passivo de bertoleza e por tal forma foi o taverneiro ganhando confiança no Espírito da
mulher que esta final mas nada resolvia só por si e aceitava dele cegamente todo e qualquer arbítrio por último se alguém precisava tratar com ela qualquer negócio nem mais se dava ao trabalho de procurá-la e é logo direto a João Romão quando deram fé estavam amigáveis aqui Vocês entenderam pelo contexto né quando deram fé significa dizer que quando eles se deram conta quando se deram por si estavam amigados ou seja tinham virado um casal estavam ali de namorinho basicamente eles se juntaram né viraram Como eu disse um casal que não é reconhecido pela lei e
naquela época é claro não existia Como existe hoje a ideia de união estável de que basta viver junto como um casal montando uma família que os dois passam a ter o status de casados naquela época Claro que não tinha nada disso então a bertileza continuava sendo mulher escravizada e não tinha qualquer direito como se fosse a legítima esposa do João Romão ele propôs-lhe morar em juntos e ela concordou de braços abertos feliz em meter-se de novo com o português porque como toda cafusa bertoleza não queria sujeitar-se a negros e procurava instintivamente o homem numa raça
superior à sua ai meu Deus que suco de Brasil que tem nesse parágrafo né cafusa era condição racial de bertoleza Isso significa que ela era uma mistura de Africanos com indígenas nativos americanos né e havia assim a que a gente não pode nem dizer que é tanto um racismo do autor ou a luz de Azevedo havia assim uma compreensão geral infelizmente mesmo por parte das pessoas negras de que elas pertenciam uma raça inferior e de que era mais vantajoso a elas tentar se ligar formar família ter filhos com pessoas de pele mais clara para sim
eu tô colocando entre aspas aqui limpar a raça filhos mais branquinhos a gente tá falando exatamente do final do século 19 quando esse tipo de mentalidade era muito muito predominante inclusive ele era corroborado até pela ciência pela pseudociência tem uma ciência chamada Eugenia enfim isso é um suco de Brasil porque essa mentalidade sobrevive de alguma maneira até os dias atuais eu já ouvi pessoas falando isso até no meu círculo familiar né de que tem que casar com gente bem branquinha e tal Então imagina é um suco de Brasil mesmo esse parágrafo vamos continuar João Romão
comprou então com as economias da amiga amiga que é a companheira né é a namorada é quase esposa né João Romão comprou veja bem com as economias da amiga alguns palmos de terreno ao lado esquerdo da venda e levantou uma casinha de duas portas dividida ao meio paralelamente a rua sendo a parte da frente destinada a Quitanda e a do fundo para um dormitório que se arranjou com os cacarecos de bertoleza havia além da cama uma cômoda de Jacarandá muito velha com maçanetas de metal Amarelo já variadas um Oratório cheio de Santos e forrados de
papel de cor um baú grande de couro cru cacheado dois banquinhos de pau feitos de uma só peça e um formidável cabide de pregar na parede com a sua competente coberta de retalhos de chita o Venderam nunca tivera tanta mobília agora disse ele é crioula as coisas vão correr melhor para você Você vai ficar eu entro com o que falta vamos ver vamos ver se Vocês entenderam Então o que aconteceu João Romão se amigou com a escravizada bertoleza pegou o dinheirinho dela as economias que ela fez para comprar na própria liberdade e usou esse dinheiro
para comprar um terreno e levantar uma casinha dividindo né o imóvel entre venda na frente e dormitório atrás com alguma mobília e ele prometeu para ela que a diferença agora já que ele tinha gastado o dinheiro dela uma parte ele prometeu para ela que aquela diferença seria compensada por ele ele disse assim eu entro com o que falta para você ficar é liberta né ele prometeu portanto que ele tinha só pegado emprestado o dinheiro da betoleza ele ia completar o resto para ela para ela conseguir comprar sua carta de alforria coisa mais importante na vida
de uma pessoa escravizada naquela época vamos continuar nesses dias ele saiu muito a rua e uma semana depois apareceu com uma folha de papel Toda escrita que leu em voz alta a companheira agora você não tem mais senhor declarou em seguida a leitura que Ela ouviu entre lágrimas agradecidas agora está livre doravante o que você fizer é só seu e de mais seus filhos se estiver acabou-se o cativeiro de pagar os 20 mil réis a peste do cego coitado a gente se queixa era sorte e ele como meu senhor exigia jornal exigiu que era seu
seu ou não seu acabou-se e Vida Nova fazer mais um comentário aqui porque eu não me aguento A pobre da bertoleza ela ainda tem mas tá emocionada porque o João Romão acabou de chegar com um papel dizendo que a carta de alforria dela né ela tá felizíssima mas ainda assim ela não consegue falar mal do seu antigo senhor né ela diz ah ele era ruim né ele me exigia jornal ou seja ele me exigia que eu pagasse para ele aqueles 20 mil reais mensais mas ele tinha esse direito na cabeça dela ele exigia o que
era dele olha só a mentalidade da escravidão completamente completamente inscrita em pedra né na cabeça da bertoleza ela não via aquilo como injustiça ela achava que era assim que as coisas funcionavam no mundo né então ela ainda consegue ver o seu antigo senhor com um certo respeito né mas agora Segundo João Romão ela está livre vamos continuar contra todo o costume abriu-se nesse dia uma garrafa de vinho do Porto e os dois beberam em honra ao grande acontecimento entretanto tal carta de liberdade era obra do próprio João Romão e nem mesmo o selo que ele
entendeu de pesseguer lá em cima para dar a burla maior formalidade representava despesa porque o esperto aproveitar uma estampilha já ser vida o senhor de betoleza não teve sequer conhecimento do fato o que ele conquistou Sim foi que a sua escrava e havia fugido para a Bahia depois da morte do amigo Vocês entenderam o que aconteceu João Romano dribriou todo mundo ele falsificou uma carta de alforria ele teve até a cachorra de colar um selo falso um selo que ele tirou de outro lugar ali uma coisa assim para dar um ar de mais oficialidade documento
ele avisou O antigo dono da bertoleza que ela tinha fugido depois que o primeiro o primeiro amante dela tinha falecido e o velho aceitou a informação e ele enganou a bertoleza dizendo que ela estava livre quando na verdade juridicamente não estava né ele tomou o dinheiro dela sem a intenção de pagar a diferença para comprar a carta de alforria Esse é João Romão acostume-se com esse personagem porque ele vai nos acompanhar esse livro inteiro um cego que vem a buscar aqui Se For Capaz desafiou o vendedor de si para si desafiou vender disse para si
ele que caia nessa e verá se tem ou não tem peras ele que caia nessa e verá se tem ou não tem para peras eu não quero nem saber o que que significa essa expressão se tenho não tem para feiras eu espero que não seja nada muito muito inapropriado muito sexual Mas enfim o que que ele fez ele ele como é que é o nome quando a gente faz isso no poker ele blefou né ele arriscou resolveu mentir para o antigo dono da bertoleza que ela tinha fugido e achando que o homem por ser um
velho cego não ia ter capacidade nenhuma caso descobrisse é mentira de fazer nada contra ele por ele ser jovem forte canalha e por enxergar sabe tinha algumas vantagens então ele vamos ver se ele tem coragem de vir aqui brigar comigo não obstante ficou só não obstante só ficou tranquilo de todo daí há três meses quando ele conquistou a morte do velho a Escrava passara naturalmente em herança a qualquer dos filhos do morto mas por estes nada havia que recear dois pândegos de marca maior que empolgada legítima cuidariam de tudo menos de atirar-se na pista de
uma crioula a quem não viu de muitos anos aquela parte ora bastava já e não era pouco o que ele tinham sugado durante tanto tempo bertoleza representava agora ao lado de João Romão o papel Tríplice de cacheiro de criada e de amante toda vez que a gente lê a expressão caixeiro no romance antigo numa história antiga é uma palavra que significa vendedor de loja não só a pessoa que fica no caixa cobrando mas vendedor né todo mundo que trabalha ali no balcão de loja é chamado de cacheiro Então ela passou a ocupar essas três funções
tripla jornada ela era vendedora na loja ajudava ali ela era empregada doméstica e ela ainda era amante de João Romão morejava a valer mas de cara Alegre as quatro da madrugada estava já na Faina de todos os dias aviando o café para os fregueses e depois preparando o almoço para os trabalhadores de uma Pedreira que havia para além de um grande Capinzal aos fundos da venda varriar a casa cozinhava vendia o balcão na Taverna quando o amigo andava ocupado lá por fora fazia a sua Quitanda durante o dia no intervalo de outros serviços e à
noite passava-se para a porta da venda e defronte de um fogareiro de Barro fritava fígado e frigia sardinhas que Romão ia para amanhã que Romão ia pela manhã e mangas de camisa de tamancos e sem meias comprar a praia do peixe e o demônio da mulher ainda encontrava tempo para lavar e consertar além da sua a roupa do seu homem que esta vale a verdade não era tanta e nunca passava que esta em toda a verdade vou repetir aqui que eu me confundi que esta vale a verdade não era tanta e nunca passava em todo
mês de alguns pares de calças de zuarte e outras tantas camisas de Riscado zuarte aqui é um tipo de tecido João Romão não saía nunca a passeio nem ia a missa aos domingos tudo que rendia a sua venda e mais a Quitanda seguia direitinho para a Caixa Econômica E daí então para o banco tanto assim que um ano após a equipe um ano após a aquisição da Crioula indo em asta pública algumas braças de Terra situadas ao fundo da taverna arrematou as logo arrematou-as logo e tratou sem perda de tempo de construir três casinhas de
porta janela e tratou sem perda de tempo de construir três casinhas de porta e janela o que que aconteceu aqui foi a leilão é isso que eu compreendo aqui um terreno que ficava atrás da loja era umas terrinhas foram arrasta pública provavelmente tinha alguma questão envolvendo o antigo dono ali daquela daquela Terra daquele terreno uma pessoa tava endividada enfim Aquela aquele terreno foi a Leilão e o João Romão Conseguiu comprar com o dinheiro economizado por um ano depois da aquisição porque assim que ele via bertoleza né da aquisição de bertoleza bertoleza você vê na sua
inocência ela acha que se libertou do cativeiro porque não seria mais é uma escrava no papel só que ela continuou agindo e vivendo como se fosse escravo de João Romão ainda uma função muito irônica né na cabeça dela ela é esposa de João Romão ele é o seu homem e ela cuida dele com amor com confiança mas na cabeça de João Romão ela é só uma mulher escravizada quem ele não tem pena nenhuma de explorar inclusive sexualmente o que é pior de tudo né continuando que milagres de esperteza e de Economia não realizou Ele nessa
construção servia de pedreiro amassava e carregava Barro quebrava a pedra pedra que o velhaco fora de horas junto com a amiga pedra que o velhaco fora de horas junto com a amiga furtavam a Pedreira Do Fundo Da mesma forma que subtraíam o material das casas em obra que havia ali por perto Olha Que safado né então fez de tudo para construir essas casinhas no terreno ao lado e ele fez de tudo para economizar o máximo com o material trabalhando ele com pedreiro né para economizar também como mão de obra e roubando também o material de
construção sempre que podia eles confiava alguma coisa ali dos vizinhos continuando estes Furtos eram feitos com todas as cautelas e sempre Coroados do melhor sucesso graças a circunstância de que nesse tempo a polícia não se mostrava muito por aquelas alturas João Romão observava durante o dia Quais as obras que ficava João Romão observava durante o dia Quais as obras em que ficava material para o dia seguinte e à noite lá estava ele rente mais a bertoleza a remover em tábuas tijolos telhas sacos de cal para o meio da rua Com tamanha habilidade que não se
ouvia vislumbre de rumor depois um tomava a carga e partia para casa enquanto o outro ficava de alcateia ao lado do resto pronto para dar sinal em caso de perigo e quando o que tinha ido voltava seguia então o companheiro carregado por sua vez nada eles escapava nem mesmo as escadas dos pedreiros os cavalos de pau o banco ou a ferramenta dos marceneiros e o fato é que aquelas três casinhas tão engenhosamente construídas foram o ponto de partida do grande Cortiço de João hoje Quatro Braços de terra amanhã 6 depois mais outras e eu vendo
conquistando todo o terreno que se estendia pelos fundos da sua bodega e a proporção que o conquistava é produziam-se os quartos e o número de moradores então vocês já entenderam né o João Romão não construiu casinhas por outro motivo que não fosse para ter mais uma fonte de renda ele é um comerciante meio inescrupuloso como a gente viu que só pensa em ganhar dinheiro só pensa em enriquecer ele não tem vaidades pessoais ele não tem problema nenhum de fazer o trabalho sujo com as próprias mãos se for necessário e o que ele quer enriquecer ele
quer lucro lucro lucro então ele fez casinhas para a gente pobre para poder agregar o máximo de gente possível e cobrar aluguel deles e sempre que podia aumentando as casinhas comprando mais Terra dando seu jeito para aumentar e aumentar e aumentar a Vila que ele foi construído ali Essa foi a origem do seu Cortiço continuando sempre mangas de camisa mangas de camisa significa que ele usava a camisa arregaçada né usava aliás sem gravata sem todos aqueles outros acessórios necessários para os homens elegantes do seu tempo ele só usava a camisa meio aberta ali no pescoço
com as mangas dobradas enfim eles estavam sempre vestido informalmente como um homem trabalhador se vestia né ele não tinha vaidades para comprar roupas finas ou para tentar parecer que ele era um uma pessoa rica ou um cavalheiro sempre em mangas de camisa sem Domingo nem de ação não perdendo nunca a ocasião dia sem orar-se do alheio deixando de pagar todas as vezes que podia e nunca deixando de receber enganando os fregueses roubando nos pesos e nas medidas Comprando por 10 réis de mal Coado o que os escravos furtavam na casa de seus senhores apertando cada
vez mais as próprias despesas empilhando privações sobre privações trabalhando a mais a amiga como uma junta de boi trabalhando e mais a amiga como uma junta de bois João Romão veio a final a comprar uma boa parte da Bela Pedreira que ele todos os dias ao cair da tarde assentado um instante a porta da venda contemplava de longe com resignado olhar de cobiça assim já Roman foi aumentando seu enorme patrimônio como vimos sem escrúpulo algum trabalhando muito sim é verdade mas também sem tendo um pingo de hesitação se fosse necessário ser desonesto E no fim
o que ele conseguiu além de construir as casinhas para o seu Cortiço ele conseguiu que era muito mais valioso na verdade a Pedreira Ou pelo menos um pedaço da Pedreira Pedreiras no Rio de Janeiro era uma boa fonte de riqueza né é um recurso natural abundante na Cidade do Rio de Janeiro com Todas aquelas montanhas aqueles morros muitos deles formados por pedras de boas qualidade boa qualidade eu não sei dizer do ponto de vista técnico mas eu sei que o Rio de Janeiro tem na natureza né muitas muitas fontes de pedras pedras boas para construção
para calçamento de ruas e as Pedreiras abundavam naquela época né onde hoje são bairros a gente tá falando daqui de Botafogo né a gente nem pode imaginar mas antigamente era uma periferia longe do centro um pouco longe do centro né para os padrões do século 19 Era longe onde ainda havia Pedreiras para você ficar extraindo da montanha pedras para construção e agora João Romão é dono inclusive de uma dessas Pedreiras pois lá seis homens a quebrarem pedra e outros seis a fazerem lajedos e paralelepípedos E então principiou a ganhar em Grosso tão em Grosso que
dentro de ano e meio arrematava já Todo o espaço compreendido entre suas casinhas e a Pedreira isso é umas 80 braços de fundo sobre 20 de frente em plano enxuto e magnífico para construir justamente por essa ocasião vendeu-se também um sobrado que ficava direito da venda separado desta apenas por separado desta apenas por aquelas 20 braças de sorte que todo o flanco esquerdo do prédio coisa de uns 20 tantos metros despejava para o terreno do vendedor as suas nove janelas de peitoril comprou um tal comprou um tal Miranda negociante português estabelecido na Rua do hospício
com uma loja de fazendas por atacado fazendo são tecidos então tinham sobrado elegante do lado da Pedreira esse não foi comprado por João Romão foi comprado por um conterrâneo de João Romão um português também negociante também comerciante chamado Miranda esse trabalhava no ramo dos tecidos também era uma área um comércio dominado pelos portugueses corrida uma limpeza geral no casarão mudarcia para ele para lá com a família pois que a mulher Dona Estela senhora pretensiosa e com fumaças de nobreza já não podia suportar a residência no centro da cidade como também sua menina Azul Mirinha crescia
muito pálida e precisava da largueza e precisava de largueza para enrijecer e tomar corpo Isso foi o que disso Mirando aos colegas porém a verdade porém a verdadeira causa da mudança estava na necessidade que ele reconhecia urgente de afastar Dona Estela do alcance de seus caixeiros Dona Estela era uma mulherzinha Levada da Breca achava-se casada havia 13 anos durante esse tempo deram ao marido toda sorte de desgostos ainda antes de terminar o segundo ano de matrimônio o Miranda piloa em flagrante delito de adultério ficou furioso e o seu primeiro impulso foi de mandala para o
diabo junto com seu cúmplice mas a sua casa comercial garantia se com o dote que ela trouxera uns 80 contos em prédios e ações da dívida pública que de que se utilizava desgraçado tanto quanto lhe permitia o regime Total vamos explicar aqui caso não tenha entendido Miranda é casada com Dona Estela que é uma adúltera ela nem se esforça para esconder ela enfim já foi flagrada pelo marido ele inclusive saiu de Onde eles moravam no centro da cidade o verdadeiro motivo deles lá para o sobrado em Botafogo é porque ele queria manter Dona Estela afastada
dos seus caixeiros ou seja dos funcionários da loja de tecidos porque ela na certa ficava flertando com todos e na certa tendo casos também com alguns Ele só não mandava a mulher para o diabo junto com o cúmplice ou seja aqui estamos falando de feminicídio né mas ele só aguentava aquela situação eles torcem não se afastava dela e tudo mais porque a Dona Estela era uma mulher que tinha fumaças de nobreza ela tinha mais ou menos algum tipo de relação aí com famílias aristocráticas ricas e quando se casaram ela veio com um Generoso Dote o
dote é uma espécie de adiantamento da herança que as mulheres ricas recebiam quando se casavam era uma boa quantidade de dinheiro 80 contos de Reis isso é um dinheirão em prédios prédios que rendiam aluguel né ações enfim o Miranda não podia abrir mão daquela riqueza então ele suportava as infidelidades da mulher vamos continuar Além de que um rompimento brusco seria a obra para escândalo e segundo a sua opinião qualquer escândalo doméstico Ficava muito mal a um comerciante de certa ordem prezava acima de tudo a sua posição social impremia só com a ideia de ver se
novamente pobre sem recursos e sem coragem para recomeçar a vida depois de haver se habituado a umas tantas regalias a efeito depois de haver se habituado a umas tantas regalias e a feito a hombridade de português rico que já não tem Pátria na Europa acovardado diante desse raciocínios contentou-se com uma simples separação de leitos e os dois passaram a dormir em quartos separados não comiam juntos e mal trocavam de si uma outra palavra constrangida quando qualquer inesperado acaso os reunia a contra gosto odiavam-se cada qual sentia pelo outro profundo desprezo que pouco a pouco se
foi que pouco a pouco se foi transformando em repugnância completa o nascimento de Zulmira veio a gravar ainda mais a situação a Pobre Criança em vez de servir de ela aos dois infelizes foi antes um novo isolador que se estabeleceu entre eles Estela amava menos do que ele pediu um instinto materno por supola filho do marido e este é detestava porque tinha convicção de não ser seu pai Olha que família a tradicional família brasileira aqui meus amigos tudo muito lindo né ninguém gosta de ninguém marido e uma esposa se odeia e os pais também não
gostam da filha olha os motivos né a Estela não gosta da filha porque ela acha que a menina é filha do marido e ela não gosta do marido já o pai não gosta da filha porque ela tem ele tem certeza que ela é filha de alguns dos amantes da Dona Estela uma bela noite porém o Miranda que era homem de sangue esperto e orçava então pelos seus 35 anos sentiu-se insuportável o estado de lubricidade era tarde já e não havia em casa alguma criada que ele pudesse valer Jesus Vocês entenderam isso aqui ai meu Deus
ele acordou eu vou traduzir aqui porque é uma pena que alguém perca esses detalhes sórdidos né mas o cortiça é um livro cheio de detalhes sólidos que às vezes as pessoas não entendem por causa do vocabulário mas é isso Mirando um dia acordou a noite com insuportável estado de lubricidade ele acordou subindo pelas paredes ele acordou enfim e ele percebeu que por ser tarde não tinha nenhuma criada que ele pudesse valer a primeira coisa que ele pensou foi abusar de alguma das suas criadas algo que pelo visto ele faz com frequência né mas era tarde
todas elas estavam dormindo em seus quartos então não deu e vamos lembrar que provavelmente essas criadas que aqui não está não está bem claro mas provavelmente também são mulheres escravizadas né Será que são mulheres assalariadas eu duvido olha só a situação né enfim vamos continuar aqui com a situação do Miranda então ele lembrou-se da mulher mas repelir o logo essa ideia com escrupulosa repunância continuava o diálogo entretanto este mesmo fato da obrigação em que se entretanto esse mesmo fato da obrigação em que ele se colocou de não ser vice dela a responsabilidade de desprezá-la como
que ainda mais lhe assanhava o desejo da carne eu vou repetir como que ainda mais ele assanhava o desejo da carne fazendo da esposa infiel um fruto proibido Afinal coisa singular posto que moralmente nada diminui-se sua repugnância pela perdura foi ter ao quarto dela eu não vou continuar agora por causa do tempo já são 50 minutos mais ou menos de gravação e o capítulo 1 ainda tem algumas páginas Então eu vou deixar a segunda parte para depois tá bom esse portanto foi o comecinho do nosso áudio livro não é o Capítulo 1 completo Mas como
eu falei não vai ser possível fazer a leitura de Capítulos completos e colocar aqui para podcast porque vai ficar muito longo então depois eu volto com o restante desse primeiro capítulo espero que vocês tenham gostado eu vejo vocês no próximo Episódio beleza ó gente com isso eu encerrei aqui com isso eu encerrei aqui a gravação do podcast vai ter que tirar o meu microfone gostaram do cortiço tá dizendo que ali já leu Curti isso mas que ela passava batido por muitos detalhes da história que ela percebe agora pois é esse é um livro que é
cru ele não tem Papas na Língua e não tem medo nenhum de mostrar o lado feio das coisas né não tem idealização nenhuma ninguém aqui tem sentimentos lá muito nobres muito exaltados nem ninguém é perfeito e muitas pessoas são terrivelmente de desprezíveis cruéis violentas esse trabalho com a luzio fez é quase um trabalho jornalístico digamos assim Dizem que ele foi viver em curtiços ele foi ver como é que era o dia a dia nos cortiços e tentou fazer um retrato fiel daquilo que tinha observado em forma de ficção claro que esses personagens são todos fictícios
mas provavelmente são inspirados em pessoas que a Luiza conheceu e ele não quis fazer um retrato perfumada adocicado da realidade ele pelo contrário queria mostrar a podridão que tá por baixo da superfície Por Enquanto estamos só vendo esses as pessoas que não moram no Cortiço né o João Romão e o comerciante vizinho dele que por fora parece M negociantes honrados Mas você vê que dentro de casa nas suas práticas íntimas eles são pessoas desprezíveis por vários motivos né Que bom que vocês gostaram comecei a reler agora acompanhando a sua leitura disse que a Miriam suco
de naturalismo como Jefferson tá falando eu não entendo nessa questão da escola da escola literária né mas essa obra aqui pertence à escola naturalista que é uma escola literária que tentava sabe fazer o quê reproduzir um pouco do cientificismo que tava na moda no final do século XIX é meio que tratando a literatura como experimentos sociais tentando colocar personagens e situações de temperatura e pressão para ver o que acontecia com eles né quando se fala em naturalismo aqui está se falando fazendo uma referência a ciências naturais Então o a Luiza Azevedo meio que se sentia
um cientista das Letras colocando personagens imaginários em situações ele vai criar muitas muitos conflitos muitos empecilhos muitos obstáculos na vida dos seus muitos personagens a gente conheceu só meia dúzia até agora e ele vai tentar ver como eles reagem como se ele fosse um cientista laboratório colocando os seus ratinhos para para se comportar ali diante do ambiente que Ele montou para eles é por isso que quando se fala nessa obra A gente sempre diz que o cortiço é um ambiente que tem tanta podridão tem tanta tanta moralidade nesse gruposa Tem tantas poucas condições de higiene
são é um ambiente tão perverso Não que seja culpa de quem vive nele mas é um ambiente tão perverso que acaba contaminando as pessoas que estão lá dentro né Essa é a tese do Aluísio Azevedo ao escrever esse livro claro que como tese social ela é meio furada né hoje em dia a gente acredita em outras coisas aí no Campo da Ciências Sociais mas naquela época em 1890 Quando Ele publicou esse livro era uma ideia muito avançada né e é isso das aulas de cursinho Eu também me lembro das minhas aulas né Eu Não Sou
professora né mas eu estudei bastante esse livro e eu me lembro muito das minhas aulas certo parabéns pela iniciativa Jennifer disse que o Aloísio trouxe detalhes riquíssimos sobre o Brasil da época trouxe mesmo e acho que essa é a parte mais interessante da obra é bom gente já estamos aqui com uma hora de Live eu vou agradecer todos vocês poderem acompanhar dessa gravação de Podcast e vejam lá se vocês quiserem ouvir né A minha leitura do restante da obra vai ser um negócio que vai demorar muito tempo tá Não fiquem esperando que eu vou ler
esse livro todo em um dois meses que vai ser impossível provavelmente eu vou ficar até o final do ano gravando esses episódios é uma coisa para ir saboreando aos poucos né se vocês quiserem vai estar lá disponível nas plataformas de Podcast eu deixei aqui embaixo na descrição um link um link treina na verdade você clicando lá você abre várias possibilidades de tocadores é Spotify dizer Amazon music Google podcast Apple podcast tem vários abre lá que vai direcionar direto para o meu canal né nesses tocadores tá bom um beijo gente obrigada por terem acompanhado essa gravação
a gente se vê no próximo vídeo tchau