[Música] a aula de hoje é sobre a contribuição da sociologia da educação para a compreensão da educação escolar eu selecionei um vídeo produzido pela Univesp e nele é discutido um texto da professora Maria tozoni Reis esse texto vocês vão encontrar disponível na plataforma boa [Música] aula estamos juntos desta vez para realizar a leitura do texto a contribuição da sociologia da Educação para a compreensão da educação escolar da professora Marília Freitas de Campos tozon Reis a sociologia da educação estuda as relações entre a educação a escola e a sociedade parte do princípio de que o processo
educativo é um processo de formação humana como a autor afirma em seu texto eu vou ler para vocês o processo educativo é um processo que todos os seres humanos que nascem inacabados do ponto de vista de suas características humanas são produzidos construídos como humanos é um processo histórico Cultural de tornar humanos os seres humanos quer dizer embora ao nascer sejamos biologicamente seres humanos ainda somos incapazes de ter o comportamento que se espera de um ser humano em sociedade Somente depois de um longo percurso de aprendizagens é que de fato seremos capazes de viver como humanos
com base em nossa história e nossa cultura Este é o ponto de partida dos estudos da sociologia sobre educação e por isso não custa nada frisar para Sociologia a educação é um longo processo que nos humaniza essa definição nos traz uma questão muito importante afinal Como podemos saber se um ser humano tornou-se humano para a sociologia da educação o ser humano é realmente humano quando se torna consciente da realidade social em que vive e capaz de atuar na construção e na transformação dela no transcorrer da história essa função Educadora foi assumida por diversas instituições como
o clã a tribo a família em diferentes momentos da sociedade Mas a partir do final da Idade Média a escola é que assume essa função em razão das Profundas modificações nas formas de organização da sociedade que marcaram esse período no mundo reinventado pela modernidade surgiram inúmeras novas práticas sociais e claro novos papéis a serem desemp empenhados a formação de novas classes sociais a alteração nos modos de produção a industrialização e o capitalismo ampliaram a necessidade de uma instituição especializada para a educação das crianças e dos jovens e fizeram surgir a escola como a conhecemos hoje
nesse mesmo período o surgimento e o fortalecimento dos estados nacionais reforçaram ainda mais o papel institucional da escola que se tornou um importante local de integração cultural da população fundamental para a manutenção dos estados nacionais Enfim por tudo isso a autor afirma que do ponto de vista social e histórico A escola é uma instituição moderna é muito importante definir a escola como uma instituição moderna porque esse período histórico trouxe mudanças da produção feudal para a produção industrial da vida no campo para a Vida na cidade do poder nas mãos da monarquia para as mãos da
burguesia enfim diversos avanços ruma à democracia nesse sentido a escola como parte desse projeto também está enraizada e comprometida historicamente com a construção da Democracia até aqui o texto que estamos lendo definiu que a educação é o processo de humanizar o ser humano e que a escola é a instituição responsável por esse processo desde o início da modernidade a seguir a professora Marília tozon Reis questiona o papel da escola nos dias de hoje para autora é fundamental reconhecer que a escola dissemina concepções de mundo dos grupos sociais que disputam o poder na hierarquia social e
por isso não é uma instituição neutra significa dizer que a escola promove algumas ideias e valores e não outras Ora se a escola promove algumas ideias e valores então com a ajuda da sociologia da educação poderemos identificar como essas ideias e valores t orado na construção da sociedade nesse sentido a autora destacou três grandes funções da educação escolar A Redentora a reprodutora e a transformadora de modo simplificado a função Redentora é aquela que se manifesta quando a educação escolar pretende corrigir eventuais distorções das sociedades modernas já a função reprodutora se manifesta quando as práticas educativas
da escola reproduzem e legitimam as desigualdades sociais por fim a função transformadora ocorre quando a educação escolar está prioritariamente comprometida com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária para a professora María tozon Reis o problema da função Redentora é que ela considera apenas como distorção o que na verdade é estrutural na sociedade moderna veja o exemplo da desigualdade social para educação Redentora a desigualdade é uma distorção do sistema capitalista e por isto pode ser corrigida quando na verdade a desigualdade é um componente estrutural do capitalismo razão pela qual não pode ser corrigida apenas
por meio do trabalho da escola já em relação à função reprodutora a principal crítica é que além de legitimar as desigualdades sociais ela livra a escola de qualquer responsabilidade sobre o fracasso da criança que é atribuído exclusivamente à própria criança com base nos conceitos de diferenças naturais entre as pessoas como se a aprendizagem da criança dependesse apenas do seu mérito pessoal ou seja se o aluno não vai bem não aprende e não progride como o esperado a culpa só pode ser dele que não deve ter tido o dom necessário para ser um bom aluno nesse
tipo de educação a vítima é a principal culpada segundo a autora a educação transformadora que é resultado de uma teoria crítica de fundo marxista é a única saída pois concebe a educação como um processo de instrumentalização das pessoas para a prática social transformadora isso ocorre por meio da aprendizagem crítica e reflexiva do Saber elaborado pela cultura como diz o texto tornando os alunos conscientes e capazes de perceberem e questionarem os valores que tornam a sociedade menos Justa e igualita para o projeto de construção de uma sociedade mais justa e igualitária não há dúvidas de que
a escola pública é fundamental no Brasil sua importância foi discutida longamente na primeira metade do século XX defendida pelos pioneiros da educação em seu famoso Manifesto mas até o início dos anos 60 a instalação de um sistema escolar público Nacional enfrentou grandes resistências dos setores mais conservadores da sociedade liderados pela igreja católica que defendiam que a família e a igreja tinham prioridade na educação das Crianças essas forças viam na defesa da escola pública tendências comunistas Uma Triste Ladainha finalmente em 1962 a lei de diretrizes e bases da educação definiu um plano nacional de educação que
garantiu a grandeza e relevância da escola pública na educação no país determinando os investimentos que o estado deveria realizar além de algumas metas educacionais como o combate ao analfabetismo a evasão escolar e medidas para a valorização da formação dos professores apesar do avanço alguns grupos defendiam a adoção de uma pedagogia mais ideológica capaz de valorizar a cultura popular e a realidade social da vida da imensa maioria dos alunos e da população um dos principais expoentes dessas ideias foi Paulo Freire que trabalhou temas como a opressão e a libertação em seus textos e práticas pedagógicas mas
o Brasil vivia um momento político conturbado pelo golpe militar de 64 e nos anos seguintes os militares de plantão impuseram uma escola mais técnica e menos política uma pedagogia centrada no desenvolvimentismo nacionalista e esvaziada de uma crítica social mais profunda sob o controle dos governos militares a educação se organizou a partir dos princípios da da racionalidade da eficiência e da produtividade a escola pública se expandiu enormemente amparada pela LDB de 62 e estimulada pelo grande impulso de desenvolvimento econômico que o Brasil viveu no final da década de 60 e início dos anos 70 segundo a
professora Marília tozon Reis o regime militar controlou a pressão exercida por essa expansão da escola pública investindo pouco na qualidade do ensino uma forma indireta de controlar o acesso da população ao ensino universitário que foi naquele período um importante foco de resistência ao regime militar já na década de 80 após a redemocratização a qualidade da educação pública brasileira encontrou um novo desafio a agenda neoliberal dos governos que sucederam a ditadura e que prevaleceram na nova LDB de 96 a política educacional neoliberal foi marcada pela inclusão ex dudente pois se de um lado ampliou radicalmente o
acesso à escola pública de outro permitiu o aprofundamento da crise de qualidade iniciada ainda no período militar a ponto de colocar em risco o papel institucional da escola essa escola dos anos 90 até os dias de hoje é mais voltada para a certificação e para o uso político das estatísticas do que para efetiva formação para o exercício da Cidadania senão como explicar a brutal privatização pela qual passou o sistema de ensino do país desde então os baixos salários a precariedade da formação inicial dos professores a burocratização do trabalho docente para autora são provas incontestáveis da
intenção de sucateamento da educação implantada pela política neoliberal para quem tudo isso gera perdas irreparáveis de dinheiro e oportunidades de um verdadeiro trabalho de formação para a cidadania analisando o histórico a educação pública brasileira esteve a serviço basicamente de três grandes projetos de sociedade a liberal e neoliberal a desenvolvimentista e conservadora e a do desenvolvimento econômico nacional e Popular o projeto liberal e neoliberal prevaleceu sobre o projeto conservador e se consolidou ao longo do século XX o projeto de desenvolvimento econômico nacional e Popular se contrapôs ao modelo liberal defendido pela ditadura militar nos anos 60
e 70 tendo ressurgido como perspectiva com a ascensão do governo Lula já na última década agora em oposição ao modelo neoliberal no entanto na análise da professora Marília tozoni Reis essa perspectiva logo se mostrou frustrada já que o governo Lula nada mais fez na educação do que aprofundar a política neoliberal dos governos anteriores inclusive com a manutenção das privatizações um dos símbolos mais fortes da política neoliberal nestas últimas décadas as responsabilidades do Estado foram sendo flexibilizadas ao mesmo tempo que se consolidou a ideia de que a educação é um serviço e por isso deve ser
prestado e adquirido no mercado é nessa condição que chegamos à atual situação de um lado a educação pública de má qualidade atendendo a imensa maioria da população enquanto de outro a educação privada eventualmente de boa qualidade atendendo apenas uma elite político-econômica se bem como ressalta a autora que a boa qualidade da educação privada não é a mesma que interessa a escola pública pois a escola privada atende aos interesses das elites promovendo uma formação para o consumo a competição e o individualismo ou seja quase 100 anos depois a velha questão da escola pública versus a escola
privada que polarizou os debates no início do século XX ainda permanece muito viva no século XX só que agora aparece revestida da questão da qualidade do ensino a professora Marília tozoni Reis encaminha o encerramento do seu texto no sentido de mostrar que a escola pública ainda tem muitos desafios a vencer até que seja capaz de formar alunos não apenas para que assimilem as estruturas sociais existentes mas também para que se sejam capazes de transformá-las naquilo que apresentam de mais injusto excludente e desigual bem chegamos ao fim e espero que a leitura do texto que acabamos
de fazer tenha ajudado você a entender melhor as relações entre a educação a escola e a sociedade como propõe a sociologia da educação Como o próprio texto alertou não há escola neutra assim como não há texto neutro um e outro carregam defendem concepções de mundo valores e Esperamos que esta leitura tenha colaborado para deixar mais claro os pressupostos do texto da professora María Freitas de Campos tozon [Música] Reis [Música] [Música] C