Sincretismo Religioso: todos os caminhos levam a Deus? | Chave Católica com Luciano Pires #21

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Centro Dom Bosco
Pode haver unidade entre catolicismo e paganismo? A história dos santos mártires é pródiga em demon...
Video Transcript:
Cristianismo, quem crê em Deus, né? Cristão! A gente crê em Cristo, porém chamamos de Oxalá.
Então, eu me considero um cristão por isso. Cristo é Oxalá, sim. Padre, eu prometi levar minha cruz até o altar, mas preciso cumprir minha promessa, a promessa, então, numa igreja e não num terreno de C.
Mas eu já expliquei: não se pode servir a dois senhores, a Deus e ao diabo. [Música] Essa insistência na heresia, eu provo o quanto você está afastado da Igreja. Caros amigos do Centro Dom Bosco, sejam bem-vindos mais uma vez ao Chave Católica.
Eu sou Luciano Pires e hoje os convido a tratarmos do tema sincretismo religioso e catolicismo. Qual a relação entre ambos? Quatro anos atrás, o Centro Dom Bosco se viu no centro de uma polêmica na Igreja Paroquial do Sagrado Coração de Jesus, em frente à Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro.
Por mais um ano, o pároco permitiria a já tradicional missa afro por ocasião do Dia da Consciência Negra - feriado laico instituído no dia 20 de novembro. Evento sacrílego, esperado por uma certa comunidade, todos os anos a tal missa reunia ativismo político, sincretismo religioso e, claro, abusos [Música] litúrgicos. Naquele ano de 2019, porém, nossos membros resolveram agir no sentido de evitar a profanação da igreja, primeiramente pela tentativa filial de dissuadir o padre celebrante a cancelar o evento, atitude suficiente para atrair a animosidade de manifestantes que aguardavam uma celebração.
"É, vamos falar com P, tá bom? " "Não pode, dentro da liturgia, é só isso, não é? Não é?
A gente não tá querendo incomodar vocês, não? " "Então, ornamentação da igreja, ela desrespeita a liturgia. É só a liturgia em si.
" "Liturgia em si, dança, por exemplo, não é próprio. A dança não pode ser feita dentro do rito da missa; o Missal proíbe esse tipo de coisa. " "Padre, um minutinho aqui, por favor.
" "Não tem tempo, a gente falou. " "Eu falei, eles viram imagens de outros cultos afro que teve na missa; é completamente contrário, é completamente tradição da igreja. " Um grupo de ultraconservadores, que é contra o Papa Francisco, tentando fazer uma reprimenda ao padre antes da missa.
"Missa inteira, pese. " "Esse é o grupo que reza ainda por Bento 16 como Papa; rezamos Francisco. " Então, lá, mediante o insucesso daquela tentativa, nossos membros decidiram participar ordeiramente do evento, rezando silenciosamente o Santo Rosário na igreja em ato de desagravo.
Tal atitude, porém, foi recebida como afronta por parte dos ativistas, travestidos de fiéis católicos, de quem nossos membros receberam todo tipo de hostilidade. A ousadia chegou ao ponto de se solicitar que a força policial retirasse da igreja aqueles fiéis que insistiam no crime de praticar em silêncio uma devoção católica em um templo católico. Ao fim do evento, a postura absolutamente pacífica de nossos membros permitiu expor a agressividade gratuita dos ativistas, com abundantes e lamentáveis demonstrações de ódio em xingamentos e até agressões físicas.
"De racismo, um bando de branco, um bando de branco, um bando de branco vem na igreja em uma celebração no Dia da Consciência Negra. Eu sou negro e não defendo isso. " [Música] [Aplausos] [Música] O caso foi parar na polícia e repercutiu na imprensa, com desfecho positivo de uma proibição diocesana para que a tal missa não voltasse a ser celebrada.
As pessoas que protestaram contra a missa na Igreja Sagrado Coração de Jesus, no Rio, são ligadas ao Centro Dom Bosco, uma instituição que promove cursos e edita livros católicos. Nós procuramos o Centro Dom Bosco, mas não conseguimos falar com a direção. Numa rede social, o centro publicou uma nota em que diz que, "abram aspas", católicos do Dom Bosco e de três outros centros foram xingados, caluniados e até agredidos após a missa afro.
Eles estavam lá apenas rezando em silêncio em desagravo ao Sagrado Coração de Jesus, no meio de atabaques e danças não compatíveis com a liturgia "fecha aspas". Infelizmente, parece que a proibição não foi permanente e a mesma indiferença de antes voltou a vigorar. Mais recentemente, testemunhamos o abuso da força contra fiéis católicos que rezavam o Santo Rosário na escadaria de uma igreja de São Jorge, no Rio Grande do Sul, na tentativa legítima de defender o templo contra uma profanação pagã, infelizmente bem acolhida pelas autoridades eclesiásticas locais.
Neste caso, tratava-se de um ritual em homenagem a algum orixá associado ao santo católico no Candeal. Absurdos como este, que se multiplicaram nas últimas décadas em nome de uma deturpada e modernista concepção de tolerância, demonstram ao menos a ignorância de um fato fundamental: São Jorge foi um militar romano do século III, que, tendo-se convertido ao cristianismo, foi condenado à morte justamente por não sincretizar a verdadeira e única fé com o paganismo politeísta de seu tempo. Ou seja, São Jorge foi martirizado por recusar o que o padre daquela igreja no Rio Grande do Sul permitiu, de modo que o próprio santo padroeiro da paróquia jamais aceitaria tamanho exemplo de apostasia.
Ao contrário, se São Jorge não estivesse de espada em punho, certamente estaria de joelhos ao lado daqueles jovens, implorando a intercessão de Nossa Senhora contra a traição ao santo nome de seu Divino Filho. Entende-se como sincretismo religioso a fusão de diferentes cultos religiosos, em que se acomodam os seus diferentes elementos sem prejuízo de suas interpretações próprias. A Umbanda.
. . Eu costumo dizer que a Umbanda, ela passeia em todas as demais religiões.
Ah, é 100% brasileira, né? Então, por exemplo, a doutrina da minha casa, a gente tem um pouquinho do cristianismo, né? Ah, mas como?
Porque sim, cristianismo quem crê em Deus, né? Cristão! A gente crê em Cristo, porém chamamos de.
. . Então eu me considero um cristão por isso.
Cristo é Oxalá, sim, né? E tem alguns outros nomes, né? O baturo, milá, etc.
, e aí vai dentro de uma outra questão. E como que eu posso dizer de. .
. Qualidades, né? Como, por exemplo, Xangô.
Xangô, para dentro da Umbanda, são São Sebastião, São Jerônimo, São Pedro, São João, né? E, dentro do candomblé, são São. .
. qualidades Xangô, Agodô, Aganju, Hairá, Hairá. .
. e assim vai, né? Neste caso específico, trata-se da fusão do catolicismo com o paganismo de raiz africana, como se tal harmonização fosse possível, a despeito de suas contradições evidentes.
A esse respeito, vejamos o que nos ensina São Pio X em seu Catecismo da Doutrina Cristã, de 1912, editado em versão ilustrada e comentada pelo Centro Dom Bosco e baseado no catecismo da Igreja, conhecido como Catecismo Romano ou Catecismo de Trento, também lançado em novíssima edição pelo Centro Dom Bosco recentemente. Qual é a igreja de Jesus Cristo? A Igreja de Jesus Cristo é a Igreja Católica Romana, porque só ela é Una, Santa, Católica e Apostólica, como Ele a quis.
Quem está fora da comunhão dos Santos está fora da comunhão dos Santos; os que estão fora da Igreja, ou seja, os condenados, os infiéis, os hereges, os apóstatas, os cismáticos e os excomungados. 125. Quem são os infiéis?
Os infiéis são os não batizados que não creem de modo algum no Salvador prometido, isto é, no Messias ou Cristo, como os idólatras e os maometanos. Por idólatras, o Santo Padre se referia aos politeístas, animistas, etc. Isto é, a todos os que cultuam falsas divindades, de modo que, estando estes claramente fora da Igreja, com ela não podem harmonizar-se a não ser pela conversão sincera à fé de Cristo.
Logo, em respeito mesmo ao uso da razão, não há conciliação possível entre catolicismo e cultos de raiz africana, como já não havia entre o catolicismo e os paganismos grego e romano. E se a caridade cristã nos exorta a tolerar a existência de tais crenças, não é de modo algum para que seus adeptos se sintam confirmados em sua condição, mas apenas para que não se percam as condições de convertê-los ao caminho único da salvação. De modo que o primeiro gesto de verdadeira caridade seria proibi-los de transbordarem indevidamente o seu erro para os ambientes católicos, exortando-os a restringir suas práticas a seus próprios ambientes.
Infelizmente, porém, na história recente da Igreja, impregnada de modernismo após o Concílio Vaticano II, encontramos antecedentes para tais ocorrências na mais alta hierarquia. Por exemplo, em 1986, o Papa João Paulo I reunia em Assis, na Itália, representantes de inúmeras confissões religiosas para rezarem juntas pela paz, submetendo o próprio Cristo, presente no Santíssimo Sacramento, em várias igrejas ao lamentável espetáculo em que sua Igreja, única, verdadeira e fora da qual não há salvação, nivela-se às falsas religiões em nome de uma paz meramente terrena. Exemplos similares viriam a se repetir ainda em décadas posteriores.
Também no entretenimento de massa encontramos o reforço cultural de certa confusão entre religiões, como na obra "O Pagador de Promessas", peça teatral do dramaturgo Dias Gomes, que viria a se tornar filme premiado em 1962 e série televisiva na Rede Globo em 1988. Que parece: milagre? Milagre sim, mas.
. . milagre de Santa Bárbara!
Foi ela! Outro no candomblé, fiz a promessa e ela me atendeu. Santa!
Meu F. . .
mesma coisa! Don. .
. A esse respeito, recomendamos uma aula dada em nossa sede, alguns anos atrás, sobre o papel das telenovelas na Revolução Cultural Brasileira, cujo link pode ser acessado aqui embaixo na descrição. "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes, é um humilde lavrador do interior da Bahia, conhecido como Zé do Burro.
Desesperado diante da morte provável de seu animal, acidentado durante uma tempestade, o pobre homem fez a promessa de carregar uma cruz tão pesada como a de Cristo até o altar da Igreja de Santa Bárbara mais próxima, caso Nicolau, o burro, se recuperasse do acidente. Mas sem se dar conta de que teria de caminhar mais de 300 km até a cidade de Salvador! "Padre, padre, bom dia!
Bom dia! A ressa de Deus te abençoe! Tô vindo de Monte Santo, padre!
" "Monte Santo? Quantos quilômetros? " "350, menino!
" "Cala a boca! 350 km com essa cruz das costas! " Acontece, porém, que a promessa foi feita num terreiro de candomblé, sobre uma certa Mãe Maria de Yanan, sendo Yanan a orixá associada pelo sincretismo a Santa Bárbara.
Baiano, nascido em 1922, Dias Gomes teve uma infância católica, em um tempo em que não era necessário acrescentar o termo "tradicional" à sua formação. Rompido com o catolicismo na vida adulta, impregnado de espírito revolucionário, empregou seu talento em desconstruir o quanto pôde a religião e a moral católicas. Aos olhos do público, manipulando a imaginação com falseamento e caricaturas, "O Pagador de Promessas" é um exemplo notável de como a beleza salvífica da verdade doutrinal pode ser habilmente transfigurada em objeto de repulsa, como se vê no modo de exibir a justificada proibição do padre: "Azé do burro pagasse num templo católico uma obrigação oferecida a uma suposta divindade pagã.
" "Foi por ele, por um burro que você fez essa promessa? " "Padre, quando eu vi que nem as rezas de comadre miúda davam jeito. .
. reza que reza! " "Seu vigar.
. . Me desculpe, mas eu tentei de tudo.
" "Comadre miúda é rezadeira afamada na minha zona, é feiticeira! " "Eu já tava começando a perder a esperança, padre! Quando naquela noite, no candomblé de Maria.
. . olha, eu sei que o seu vig vai ralhar comigo.
Eu também nunca fui muito de frequentar terreiro de candomblé, padre, mas o pobre do Nicolau tava morrendo! " Então, o senhor fez essa promessa para Santa Bárbara? "PR!
Aançã, que é Santa Bárbara? " "Não é Santa Bárbara! Santa Bárbara é uma santa católica, assim como no caso de São Jorge!
Santa Bárbara foi uma virgem dos primeiros séculos que preferiu o martírio à traição de sua fé cristã, que preferiu antes ter os seios arrancados e ser degolada pelo próprio pai do que renegar o cristianismo em favor da condescendência interreligiosa com o paganismo de seu tempo, tendo assim derramado o seu sangue por amor e fidelidade. " Absolutos a nosso Senhor Jesus Cristo e sua Igreja, é manifesta ignorância e falta de fé considerar que a verdadeira Santa Bárbara aceitaria que uma obrigação feita a um orixá fosse paga em um templo católico. O testemunho dos Mártires está amplamente documentado em obra publicada recentemente por nós e reflete as palavras solenes do Papa Bonifácio VIII na bula Unam Sanctam, do ano de 1302: “Uma Santa, católica e Apostólica”.
Esta é a Igreja que devemos crer e professar, já que é isso o que a ensina a fé. Fora dela, não há salvação nem remissão dos pecados; ela representa o único Corpo Místico, cuja Cabeça é Cristo, e Deus é a Cabeça de Cristo. Nela existe um só Senhor, uma só fé e um só batismo.
De fato, apenas uma foi a Arca de Noé na época do dilúvio; ela foi a figura antecipada da única Igreja, teve um único piloto e um único chefe: Noé. Como lemos, tudo o que existia fora dela, sobre a terra, foi destruído. Por isso, declaramos, dizemos, definimos e pronunciamos que é absolutamente necessário, para a salvação de toda a criatura humana, estar sujeita ao Romano Pontífice.
Esse incentivo generalizado ao dissolvente sincretismo religioso ilustra a instrumentalização cultural de uma questão eminentemente espiritual. É comum, por exemplo, valorizar o relativismo das crenças como antídoto revolucionário a uma visão imperialista, colonialista e eurocêntrica da história, como se não devêssemos a Portugal o que o Brasil tem de melhor. Acontece que a Europa, que de todos nós atrai a admiração e o desejo de visitar, cuja beleza civilizatória se deve inegavelmente ao cristianismo, não foi católica desde o princípio.
Ao contrário, como na Ásia e na África, também no continente europeu pululavam paganismos de todo tipo. Foi a superação do paganismo, pela progressiva adesão à fé de Cristo e sua Igreja, que atenuou os efeitos do pecado original nos diferentes povos e os unificou na mesma dignidade essencial conferida por Deus a todo o gênero humano. Foi sob a cristandade medieval que o homem, tocado sistematicamente pela graça, através da única religião revelada pelo próprio Deus, começou a tomar consciência da indignidade dos morticínios, da escravidão e da desmedida sujeição da mulher ao homem no casamento pagão, por exemplo.
Enfim, o brilho espiritual e civilizacional da Europa cristã não decorre de mera mecânica histórica, como poderiam afirmar materialistas e naturalistas; antes, remonta à ação divina na convergência preparatória entre a fé revelada pelo povo hebreu, a filosofia grega e a extensão territorial do Império Romano. Assim, na plenitude dos tempos, o Filho de Deus se fez carne e habitou entre nós, comprando-nos do pecado ao preço de seu preciosíssimo sangue, derramado na paixão e na cruz, para então nos reabrir as portas do Paraíso. Ressuscitado e já subido ao céu, enviou, com o Pai, o Espírito Santo sobre os Apóstolos, para que sua Igreja universal – por isso mesmo católica – se espalhasse por toda a terra, e onde quer que se derramasse o sangue de Mártires, como São Jorge e Santa Bárbara, fecundasse a terra com a semente de novos cristãos.
No dizer de Tertuliano, curiosamente, o catolicismo africano contemporâneo parece reverberar aquela mesma superação europeia. Se, no Brasil, testemunhamos a pressão cultural pelo retorno ao paganismo, como resgate identitário da população negra, inclusive nos abusos litúrgicos da dita missa afro, com que abrimos este vídeo, o que se percebe hoje no continente africano, ao contrário, é um catolicismo romano mais robusto contra o retrocesso aos antigos sistemas de crenças. Exemplo disso foi a resistência em bloco das Conferências Episcopais Africanas à controversa bênção a casais irregulares e pares homossexuais, anunciada na declaração “Fiducia Sulic”, emitida ao fim de 2023 pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, com aprovação do Papa Francisco.
Vale notar que Dom Marcel Lefebvre, futuro fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio X e valente defensor da tradição católica contra a avalanche modernista pós-conciliar, foi nomeado delegado apostólico para toda a África Francesa pelo Papa Pio XII em 1948, função que ocupou por mais de 10 anos, com notáveis realizações missionárias, fundando novas dioceses, escolas, seminários e conventos, numa jurisdição que abrangia 18 países. Parece-nos forçoso não ver na referida reação africana de hoje os frutos das boas sementes lançadas por Dom Lefebvre naqueles anos. Portanto, a dita missa afro é uma invencionice modernista brasileira que não reflete a catolicidade genuinamente africana e ainda atenta contra a fé verdadeira, por seu caráter de paganização.
Os sistemas de crenças da história humana resultam da absorção e síntese das manifestações pagãs de algumas das culturas que o antecederam. A esse respeito, contrapomos as palavras de Monsenhor de Ségur, clérigo francês do século XIX, em sua obra “A Fé perante a Ciência Moderna”, de 1872. Monsenhor de Ségur apoia-se na tradição católica para esclarecer que o cristianismo não é a derivação ou aperfeiçoamento das velhas religiões semíticas; assim como a moeda verdadeira não é, de modo algum, a derivação ou o aperfeiçoamento da falsa moeda.
É de fato possível identificar certa unidade de crenças comuns ao fundo de todas as manifestações religiosas naturais, como os antigos mistérios de Osíris e Ísis no Egito, os de Brahma, Vichnu e outras divindades da Índia, os de Odin na Escandinávia, os mistérios da mitologia grega e romana e mesmo os das ditas religiões de matriz africana. Tal unidade, porém, está em plena conformidade com a universalidade anterior daquela fé primeira dada por Deus ao primeiro homem, Adão. Deus se revelou sobrenaturalmente ao homem, acrescentando, assim, às luzes e conhecimentos da razão natural de Adão, outras luzes e outros conhecimentos de ordem superior, revelando-se ao homem no meio dos tempos para ser o Senhor, o pontífice visível da criação, que todas as criaturas, para serem salvas, deviam crer nesta revelação e serem fiéis ao Cristo anunciado, servi-lo e amá-lo, que o fogo eterno do inferno seria a punição dos prevaricadores e a bem-aventurança divina do Paraíso, a recompensa dos fiéis.
Nas palavras de Monsenhor. De seguir esta religião era a mesma que a de Moisés, a mesma que a nossa quanto à substância; era cristã naquilo em que se referia inteiramente ao Cristo e era católica, porque era universal e feita para todos os homens, sem exceção alguma. Noé, depositário desta religião santa e segundo o pai do gênero humano, a transmitiu a seus filhos; porém, o orgulho do espírito, ligado à corrupção dos costumes, alterou pouco a pouco, na maior parte dos povos, as verdades primitivas da religião do verdadeiro Deus.
Cada povo, debaixo da influência do seu clima e segundo suas inclinações particulares, as alterou insensivelmente e, assim, o erro nasceu ou saiu, por assim dizer, da Verdade, conservando os traços evidentes da origem no meio das depravações exteriores e interiores. Aqui está a explicação única, verdadeira, única científica da estranha semelhança que se observa nos fundamentos de todas as religiões, bem como de todas as línguas; a alteração da religião primitiva é a alteração da língua primitiva. Abraão, depois Moisés, foram os escolhidos de Deus para conservarem intacto, no meio da depravação universal, o depósito da Revelação e da Verdade cristãs, pois a verdadeira religião foi sempre cristã, sendo Cristo o centro luminoso ao qual tudo se referia.
Ou seja, o cristianismo é o arremate da Revelação primitiva, é o desenvolvimento não das fábulas pagãs, mas das verdades religiosas conservadas entre os hebreus, herdeiros dos patriarcas. Isto é, o cristianismo deriva do céu e não da terra; portanto, os traços de semelhança que realmente se manifestam nas antigas seitas religiosas da Ásia, longe de provarem a tese dos modernos racionalistas, provam ao contrário a realidade de uma revelação primitiva. Por fim, contra o discurso identitário que busca estabelecer uma conexão invencível entre cultura negra e paganismo, convém assinalar, para surpresa de muitos, que o primeiro e maior movimento negro do Brasil era católico, tradicionalista e monarquista.
Fundada por Arlindo Veiga dos Santos no início do século XX, a Frente Negra Brasileira buscava oferecer à população negra os meios de enfrentar a estigmatização social, o racismo e a precariedade reais que a oprimiam após a abolição da escravatura e a proclamação da república. Espera-se que um conservador lide com circunstâncias reais; então, a nova direita não está trabalhando com as circunstâncias reais ao falar que racismo é "mimimi". Está falando, fazendo outra coisa, e eu destaco que isso é uma questão da nova direita, porque a direita no começo do século XX não era assim aqui no Brasil.
O primeiro movimento negro de brasileiros era de direita, que é a Frente Negra Brasileira. Arlindo Veiga dos Santos, que foi o presidente da Frente Negra Brasileira, fundada aqui em São Paulo, era monarquista, católico e tradicionalista. A Frente Negra foi o primeiro momento institucional negro e ele era de direita.
Pode perguntar a qualquer pesquisador, inclusive os de esquerda, que vão falar isso. Não existiu até hoje nenhuma organização negra maior que a Frente Negra Brasileira. Ele falou isso; não existe nem o Movimento Negro Unificado que existe hoje, que foi criado na década de 70, que chega perto.
Ele falou que não chega nem perto do que foi a Frente Negra, porque a Frente Negra Brasileira foi popular, entendeu? Foi do povo, formada em filosofia e integrada à elite intelectual de São Paulo. Arlindo Veiga dos Santos tinha a consciência de que, assim como se dera na Europa e na Ásia com povos de todas as raças, a verdadeira defesa e elevação de sua gente só se poderia dar pela adesão ao tesouro revelado da fé católica e à síntese filosófico-teológica de Santo Tomás de Aquino.
Assim, rezemos pelo aumento e santificação do clero, para que seus membros exerçam seu ministério com absoluta fidelidade à fé católica na condução de suas ovelhas ao céu. Rezemos também em desagravo de todos os ultrajes cometidos contra Nosso Senhor Jesus Cristo nos templos que lhe são consagrados. Rezemos ainda pela fortificação na graça de sacerdotes e leigos, para que não temam os martírios contemporâneos na defesa impassível da fé que receberam no batismo, contra o sincretismo religioso, bem como que sejam enriquecidos na prudência e na caridade para a conversão dos que ainda se veem retidos.
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Viva Cristo! [Música] Rei.
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