Todo ser humano tem salvação? Mario Sergio Cortella e Monja Coen

o lobo e o cordeiro dormirão juntos mas o cordeiro vai dormir com olho aberto [Música] e você sabe que a tradição Hebraica depois Cristã e depois islâmica ela coloca a vida como criação é importante né como o objeto de uma vontade e portanto com um começo né e ao trabalhar a noção de vida como criação né Ela é algo diferente dos gregos e romanos que não tinham a existência do mundo né como objeto de uma criação mas como o processo de uma eternidade que os deuses ordenaram como é né quando você trabalha com a noção

da vida como criação é da vida e tudo que nela contém tem uma encrenca teológica por trás se a divindade criau tudo criou o mal também E por que eu fiz isto é se a maldade ela é resultante da criação da divindade boa que bondade é essa né que coloca essa condição e Agostinho vai se deparar no século quinto em que o cristianismo começa a se estruturar enquanto prática religiosa né Ele é exatamente o momento em que ganha até já no século anterior ar de religião oficial do mundo Romano que é a origem do Mal

Isto é o vício como por exemplo se a gente tá falando que a virtude ela é uma potência nós temos que entender ela como escolha de fazer-lo ou não mas se eu olho o vício ele também escolha e se ele é escolha porque ele existe porque que um Deus de bondade ou uma divindade fez com que isso fosse existente ora Agostinho vai dar uma resposta para isso que até hoje eu não achei uma melhor e ela tem a ver com o vício Agostinho dizia que o mal não existe por si mesmo o mal é a

privação do bem Isto é a nossa inclinação é para elevar a vida cada vez que eu me recuso me furto me ausenta de fazer isso eu vou para a privação do bem por isso a maldade isso é o vício ele não tem uma presença ética comumente ele não é obrigado a uma criação é a escolha humana que decidiu privar-se do bem e aí o mal vem agora volto isso em relação a virtude o vício ele é uma privação uma do que da nossa inclinação para cuidar da vida e partilhá-la em vez de apenas é agredi

lá ofendê-la é uma visão bonita né porque ela marca a ideia do humano como sendo um ser de bondade no ponto de partida não sei se ela tem toda a verificabilidade mas ela tem uma presença bonita é interessante porque o budismo não fala de origem do que seria a criação de onde veio tem até uma analogia bem interessante que se você leva uma flechada é melhor que você tire a flecha e Cure o buraco do que perguntar de que madeira veio quem fez e de onde está então não existe essa noção de Deus não existe

a noção de um criador E que esteja criando separado da criatura para nós tudo que existe é um processo incessante de causas condições e efeitos e não se fala da causa primeira não é importante saber qual seria a causa primeira essa discussão que no budismo não entra Então nós não temos a ideia de uma criação mas de alguma coisa que é cocriada que é uma frase que eu gosto muito de tudo que existe é o corgir interdependentes simultâneo não tem nada sozinho não tem nada que precedeu Porque existe um processo que está se mantendo e

se transformando que nasce desaparece e torna nascer tem um momento de permanência mas nada disso é fixo e não é um personagem ou uma entidade ou uma energia separada daquilo que é como é então uma das expressões muito do zenso assim é como é as coisas são como são em japonês falando mioseniose percebe que é como é e agora sim as nossas tendências e as nossas Treinamentos e não é só como é que eu escolho Aí vem uma coisa difícil porque a minha escolha vai depender muito do local onde eu nasci vai depender muito também

eu nasço com tendências não é só dizer que eu nas completamente bom e puro cada um de nós vai ter tendências hereditárias genéticas que tem muito a ver com a nossa ancestralidade e com essa caminhada que os nossos DNA tem feito teve um fotógrafo de inglês que é uns dois anos atrás fotografou o DNA brasileiro eu fui uma das pessoas e ele tirou um pouquinho de DNA esqueci 5 6 mil anos atrás nós todos estávamos no norte da Ásia da África somos africanos somos muçulmanos somos de todas as etnias possíveis isso está circulando em nós

essa caminhada que tendências foi dar esse Meu DNA ele foi se modificando e se adaptando Então eu tenho algumas tendências que são um pouquinho diferente de outras pessoas tem outras também do ter uma perna na maneira que eu fui gerada que eu fui amada ou não fui amada daquilo que foi colocado em mim vai fazer o que eu faço a escolhas Então não é que eu sou o livre arbítrio eu questiono um pouco Será que eu tenho essa liberdade alguns neurocientistas dizem que é 5%. livre arbítrio é cinco porcento 95% é quase que pré-determinado parte

pela genética não como Lombroso de assassino com cara de acessou que todo mundo é bom porque nascemos a gente vê tem o cachorros por exemplo uma criança uns cachorrinhos que nascem um é bravinho briguento o outro é mansinho outro come muito outro come pouco cada um tem uma característica no momento do Nascimento já vem com uma característica agora o que que vai ser treinado tive uma vez um cachorro muito bravo briguento Queria morder tudo eu dei muito carinho dei muito amor ficava dentro de casa comigo amansou não como aquele lembra um poema de São Francisco

do Lobo não é uma maravilha isso o diálogo dizia o lobo e o cordeiro dominar juntos mas o cordeiro vai dormir com o olho aberto essa é uma possibilidade é quando você fala da noção de uma não criação né que é uma coisa muito forte na concepção oriental especialmente é interessante porque o mundo ocidental onde a filosofia se constitui vai fazer uma distinção entre o aquele conhecimento que quer saber dos comos e o conhecimento que vai em busca dos porquês a filosofia só é possível né no ocidente porque não se Procure os combos mas os

porquês né porque se você vai atrás dos comos é uma outra dimensão dá um exemplo concreto então nós dois conversando aqui agora dialogando e de repente eu tenho um infarto Caio duro aqui só dá mesmo do nosso diálogo a gente ama imediatamente um médico a primeira situação que vai acontecer aqui é perplexidade há uma perplexidade um susto que aconteceu a segunda coisa é vida até mim né e tentar ver se eu volto e a pergunta porque ele esse fato eu falei isso pergunta é volto de onde né as pessoas me balançam vocês deveriam me balançar

e dizer assim volta volta da onde aí eu volto porque eu não fui para lugar nenhum em tese para alguns eu fui por outros não a vida se organiza um pouco assim eu tô deitado Vocês chamam o médico esse prédio que nós estamos tem vários médicos e diz assim olha por que que o Cortella morreu o médium assim sabe o que que é ele teve um infarto o coração um músculo Aí ele teve um sobre esforço isso pode ser sinal de algum entupimento venoso E aí houve um esgotamento né do músculo cardíaco ele fibrilou errado

aí você fala assim nossa senhora não entendeu a pergunta eu perguntei porque que ele morreu ele disse então o coração é um músculo né ele não pode fibrilar porque se eu ver ali algum tipo aonde esgotamento falei não eu quero saber porque ele morreu você tá me respondendo como ora essa distinção entre como e o porquê no ocidente não necessariamente dentro do budismo mas no ocidente é a marca daquilo que será o campo da ciências e o campo da filosofia né a filosofia Vai em Busca porque quando você me diz e eu até entendo que

ao receber uma flechada pouco importa né como chegou em mim para a ciência importa para a filosofia não o que importa é porque Ora por que que isso tem a ver com virtude de vícios porque em última instância quando você afirma né de maneira bem decisiva e incisiva que nosso livre arbítrio ele é limitado a um percentual bastante reduzido ainda assim que seja 5%. Mas é ele que decide tudo certo porque toda a nossa escolha toda a nossa vida existencia uma das situações mais difíceis que é viver um dia foi coordenando uma conversa entre Drauzio

Varella e Newton Bonder sobre a maldade eram duas horas de uma conversa Drauzio Varela um dos nossos maiores médicos uma inteligência especial e Newton border é um grande rabino né do Rio de Janeiro que aliás é engenheiro civil de Formação escreveu né um livro clássico chamado Alma Imoral ele ficou mais de 20 anos dentro da penitenciária trabalhando como médico voluntário e claro cabe ao Rabino lhe dá no dia a dia com a elevação do que há de bondoso no mundo e no meio dessa conversa eu fiz uma pergunta que me perturba até hoje a resposta

porque eu perguntei ambos vocês acham que todo ser humano tem salvação Isto é todo ser humano pode ser recuperado Ou seja a virtude triunfa ao final para qualquer pessoa ou haverá pessoas que não tem saída E é claro que o Rabino na hora tal como talvez você e eu fizesse isso mas eu com certeza e o Rabino também claro que a razão e a virtude triunfará todo mundo tem Alternativa de melhorar Afinal eu não seria educador se eu não acreditasse nisso e o Dr Drauzio disse não eu não acho eu acho que a pessoa que

não tem alternativa eu acho que a maldade é tão presente nela que não há alternativa e eu disse mas ia a tua postura como claro uma pessoa boa um médico ele dizia eu acho que a gente pode ajudar como medicina cuidado do corpo mas algumas situações dentro das decisões das pessoas que são imutáveis Isto é nem todo mundo tem salvação e eu não tô falando só você sido religioso é nem todo mundo pode ir para o caminho do bem alguns dele Nunca deixarão de estar eu queria ver disso porque isso me perturba 20 anos eu

tive eu tive um trabalho no Carandiru uma época um monge quis muito levar uma meditação para o carandir eu fui lá algumas vezes nas aula masculina e de repente havia alguém de um dos pavilhões eu não lembro qual era o Pavilhão 6 Não lembro qual era mas era o pavilhão de nós não íamos porque eles eram muito perigosos e eu nunca recebi um olhar tão maldoso em toda minha vida é alguma coisa que eu desconhecia e eu acho que é isso que Drauzio viu é alguma coisa que parece que não tem nenhuma perspectiva de nenhuma

bondade naquele horário era uma coisa que cortava assim ele estava muito longe esse homem eu tava noutra área mas aquele olhar que veio que atravessou eu falei nossa isso eu nunca vi antes e Drauzio conviveu muito com isso provavelmente duas histórias budistas que eu gosto muito uma delas é do budismo da terra pura e que diz assim que até os maus entram até os bons entram no reino dos céus até os bons entram na terra pura quer dizer a terra pura esse lugar de Plenitude está aberto a todos e até aqueles que se desenvolveram então

ou seja não existe maldade que não chegue lá que se transforma e outra história é de um homem que era muito mal daquele que talvez fosse olhar desse menino do Carandiru né que pisava em todo destruía tudo e um dia estava andando de uma aranha no chão ele não pisou na Aranha primeira vez é a única na vida morreu vai para o inferno budismo também tem céu e febre purgatório chegando no inferno tá lá sofrendo muito quando ele vem um fiozinho de aranha puxando e chama você mesmo você fez uma boa ação você não me

matou aquele dia então eu te dou você pode subir você sai do inferno mas o seu fiozinho é tão fino não mas uma boa ação tem muito poder e ele começa a subir no fiozinho e os outros lá de baixo vem e começa a querer subir no fio também mas aí o que ele faz ele começa a chutar as pessoas e o fio arrebenta então ele tem uma condição aquele que é muito mal vamos dizer assim que foi treinado na maldade que foi educado a ser violento e grosseiro a destruir a vida porque eu odeio

a vida em todas as suas formas ele é muito treinado para isto ele pode ter um momento por descuido não fez uma maldade e esse momento de descuido aquela possibilidade dele sair desse universo e de ser como nós gostaríamos que todos fossem que se transformasse e que se tornasse um homem de bem uma pessoa que vai ser cuidadosa e não destrutiva [Música]