Imagine que você é um político muito poderoso, que manda em uma cidade inteira. Aí, um belo dia, você recebe uma carta de um rapaz implorando por emprego. Nessa carta, o sujeito fala que sabe projetar pontes, canais, edifícios e até mesmo canhões e veículos blindados. E lá no final da carta, ele ainda diz: "Ah, eu também sei pintar." "Consigo pintar praticamente qualquer coisa." Espera aí! Será que alguém sabe fazer tudo isso? Bem, esse rapaz que escreveu a carta sabia! Ele foi engenheiro, inventor, arquiteto, produtor teatral e também foi cientista, estudando anatomia, geologia, botânica e tudo o
que você puder imaginar. E como ele mesmo disse, também sabia pintar. Olha só! Você conhece esses quadros, né? Agora é hora de conhecer o gênio que existe por trás deles. Um rapaz que atendia pelo nome de Leonardo da Vinci. Neste vídeo você vai descobrir porquê esses quadros são geniais e também vai conhecer os projetos científicos do Leonardo Da Vinci, desde as investigações que ele fez sobre o corpo humano até as armas fantásticas que ele criou. Isso, claro, sem falar na vida pessoal dele, que é cheia de viagens, aventuras e até mesmo brigas históricas com outro
artista muito famoso. Será que vocês conseguem adivinhar quem seria o grande rival do Leonardo? Então assista esse víde oaté o final, porque, confie em mim, a história do Leonardo Da Vinci é fascinante do começo ao fim. Olá, meus queridos amigos, tudo bem com vocês? Meu nome é Felipe Castanhari e estou aqui nesse novo cenário fantástico para contar a história de Leonardo da Vinci, uma história que vocês pedem aqui no canal faz muito tempo. E eu já queria pedir para você deixar o 'like' aqui embaixo, porque isso ajuda demais a divulgar o vídeo e se eu
peço no final, vocês se esquecem. Também queria pedir para você clicar no botão de se inscrever, é um botão vermelhinho que tem aqui embaixo. Clica lá, se inscreve, assim você saberá sempre que lançarmos um vídeo novo e poderá assistir junto conosco a estréia aqui no canal, tá bom? E um agradecimento super especial aos membros Super Saiyajin III do Clube Nostálgico, que ajudam a fazer esse vídeo acontecer. Se tornandoum membro aqui do canal, você me ajuda a continuar produzindo esses vídeos que vocês tanto gostam. Além, é claro, de receber vários benefícios. Para se tornar um membro
e me ajudar é só clicar no link que eu vou deixar aqui na descrição. Mas agora vamos para o nosso vídeo! Você consegue acreditar que na época em que os europeus estavam começando a colocar os pés na América, uma pessoa já estava imaginando como seriam os futuros tanques de guerra ou as cidades modernas? Essa pessoa também gastava boa parte do seu tempo imaginando como os músculos do nosso corpo funcionam. Sim, esse era Leonardo da Vinci, Um dos maiores pintores que já viveu e também um dos cientistas e inventores mais importantes da história. E como vocês
vão ver aqui, tudo isso se misturava de forma harmônica em sua cabeça. A ciência ajudava a deixar seus quadros perfeitos. E a arte transformava seus estudos científicos em trabalhos belíssimos. Essa capacidade do Leonardo da Vinci, de pensar sobre tudo ao mesmo tempo, é justamente o grande desafio na hora de contar a história dele. Muitos quadros e estudos do Leonardo demoraram anos para serem produzidos e, enquanto isso, ele ia tocando outros projetos. Ou seja, tudo ia se misturando. E justamente por isso, eu me arrisco a dizer que esse é um dos vídeos mais ricos que já
fizemos aqui no canal. A gente vai passar por história, por ciência, engenharia e por arte. "Mas isso não vai virar bagunça?" Não! Porque na vida do Leonardo tudo isso se encaixa perfeitamente o tempo todo. E sabe o que é mais curioso? É saber que toda essa história começa com um garoto que sequer foi para a escola. Nossa história começa no pequeno vilarejo italiano de Anchiano. Foi neste lugar que fica na província de Florença e hoje tem 15.000 habitantes, que no dia 15 de abril de 1452 nasceu um menino chamado Leonardo da Vinci. E algo muito
importante sobre o Leonardo, é que seus pais nunca foram casados. Ele foi fruto de um namorico, então era um filho ilegítimo de seu pai, inclusive ele nem sobrenome tinha. Da Vinci, do nome dele, é só uma referência ao município de Vinci, que era a cidade do pai. Isso afetou até mesmo sua educação. O pai de Leonardo era tabelião, que era como um funcionário de cartório. Mas como Leonardo não era um filho legítimo, não foi obrigado a seguir a profissão do pai. Com isso, ele acabou nem mesmo frequentando a escola. Aprendeu a ler, a escrever um
pouquinho de matemática e só. Mas como esse garoto se transformou em um gênio da arte da ciência? Bem, a resposta está em duas palavras. A primeira é curiosidade. Leonardo era daquelas pessoas que passavam o tempo inteiro criando perguntas dentro da sua cabeça. Aí, quando ele encontrava resposta, inventava perguntas novas. Ele não queria saber só como as coisas funcionavam, e sim, porque elas funcionavam daquele jeito. A segunda a palavra é "observação". Ele ficava o tempo todo analisando como os pássaros batem as asas ou como o rosto de uma pessoa se move de acordo com a emoção
que ela sente. O passatempo preferido dele era passear pela região onde morava. Aliás, um desses rolês rendeu uma história muito legal: Um dia que o Leonardo descobriu uma caverna perto da sua casa. Aí ele decidiu explorar a caverna e sabe o que ele encontrou lá dentro? Acredite se quiser, ele encontrou o fóssil de uma baleia. Muita gente acha que isso é uma fantasia que Leonardo criou. Mas, em defesa do Leonardo, vale dizer que outros fósseis de baleia foram encontrados na região onde ele morava. Então, a história não é tão absurda quanto parece. Enfim, essa vida
de passeios durou até ele ter doze anos. Aí, seu pai decidiu que era hora do filho escolher uma profissão e levou Leonardo para Florença, a grande cidade da região. Vamos falar agora de Idade Média. Para quem não se lembra, ela começou no ano 476, com a queda do Império Romano, e terminou com a tomada de Constantinopla pelos otomanos em 1453. Então, na época do Leonardo, a Idade Média tinha acabado de terminar. Mas isso não significa que a Europa não era mais um mundo medieval. Os reis, os proprietários de terra e a Igreja ainda falavam o
que as pessoas precisavam ser, pensar e fazer. Ou seja, a vida ainda era muito parecida com as dos séculos anteriores. Mas em Florença as coisas eram diferentes. Se você jogou a saga do Ezio no Assassin's Creed, sabe do que estou falando, não é verdade? Aliás, muita gente que apareceu nesses jogos vai dar as caras por aqui hoje. Florença era muito rica por causa do comércio de tecidos. E esses comerciantes, todos muito bem sucedidos valorizavam bastante a arte e inovações tecnológicas. O resultado é que a cidade era repleta de artistas e pensadores. Por cima de tudo
isso estavam os Médici, uma das dinastias políticas mais poderosas da época. E foi sob o comando dessa família que Florença entrou para a história como um dos pontos cardeais do Renascimento, um movimento cultural que surgiu na Itália e aos poucos foi varrendo o continente europeu. O Renascimento criou uma nova forma de pensar em diversos aspectos, incluindo a arte. Os artistas renascentistas adoravam o conhecimento e as ideias gregas e romanas da Antiguidade, que tinham sido deixadas de lado na Idade Média. Então, eles misturavam essas estéticas clássicas com técnicas novas de pintura e arquitetura, o que mudou
completamente a arte europeia. A arte renascentista é repleta de obras primas que são muito influentes até hoje. E é impossível falar dessa arte sem mencionar o Leonardo que é um dos maiores nomes do período, junto com Michelangelo, Donatello e Rafael. Sim, nossas queridas Tartarugas Ninja. Acho que todo mundo aqui sabia que as Tartarugas Ninja têm nome de pintores renascentistas, não é verdade? Agora vem cá... Cadê o mestre Splinter? Onde ele entra nessa história? Bom, o Leonardo realmente teve um mestre, mas ele não era um rato, e sim um artista chamado Andrea del Verrocchio, que era
dono de um dos ateliês mais famosos de Florença. Na verdade, ele ter um ateliê era perfeito para o Leonardo, que desde criança mostrava talento para as artes plásticas. Naquela época, se um jovem tivesse doze ou catorze anos e se tivesse interesse em se tornar um artista, então ele iria frequentar uma academia de arte. O que fazia era entrar no estúdio ou na oficina de um pintor ja apadrinhado ou de um escultor de ouro e prata, e se tornava um aprendiz. Aliás, tem uma história famosa e bem legal sobre o começo da carreira artística do Leonardo.
Um belo dia, seu pai encontrou um amigo que deu um escudo de madeira para ele. "Olha aquele seu filho Leonardo, ele não curte pintar?" "Pede para ele dar um 'tapa' nesse escudo para mim, todo velho." O Leonardo pegou o escudo, suas tintas e pincéis e pintou um bicho medonho que era tipo um dragão ou uma serpente cuspindo fogo. E para deixar a obra ainda mais realista, decorou o escudo com pedaços de insetos e morcegos mortos. O negócio até fedia por causa disso. O escudo ficou tão assustador que o pai do Leonardo, chamado Piero, tomou um
susto quando viu o que o filho tinha feito. Mas quando ficou mais calmo, percebeu que a pintura do filho era boa. Quer dizer, muito boa! Aliás, era tão boa que Piero desencanou de devolver o escudo para o amigo. Ele comprou outro escudo para esse cara e vendeu o que o Leonardo tinha pintado para uns comerciantes da cidade. E esses caras depois venderam o escudo para um nobre de Milão por uma fortuna! Agora lembra que eu disse que Leonardo estava na idade de trabalhar? Seu pai, Piero, sabia que o menino tinha talento para a pintura e
escultura, então, levou o filho até o ateliê do Verrocchio, que era conhecido dele. E o Verrocchio ficou tão impressionado com os desenhos do Leonardo que pegou o moleque como aprendiz na mesma hora. E o período que o Leonardo passou no ateliê do Verrocchio foi fundamental para sua vida, porque foi lá que ele aprendeu técnicas de pintura que usaria em muitos dos seus quadros. E também foi ali que ele começou a ter contato com vários campos técnicos e científicos, como mecânica e engenharia. E tudo era sempre ligado à arte. Um dia, por exemplo, Verrocchio recebeu a
encomenda de criar uma lápide. Mas, ao invés de usar imagens religiosas, como era costume na época, resolveu decorá-la com desenhos de formas geométricas, como retângulos e círculos. Ao ver este trabalho, Leonardo se apaixonou por geometria. Outro trabalho que marcou o aprendizado do Leonardo foi a construção da esfera que está até hoje na cúpula da Catedral de Florença. Esse foi um dos primeiros contatos do Leonardo com a mecânica, já que foi ele quem desenhou vários mecanismos que Verrocchio usou para executar o projeto. E uma coisa importante: Essa esfera era revestida por placas de cobre, mas isso
aconteceu no século XV, muito antes das máquinas de solda serem inventadas. Como colar essas placas de metal? A solução foi criar espelhos esféricos que refletiam um a luz do sol, concentrando o calor no ponto onde o cobre seria soldado. Ao mexer com esses espelhos, Leonardo nunca mais parou de pensar nesse assunto. Durante toda sua vida, deixou mais de duzentos desenhos, mostrando de que forma a luz poderia ser refletirda em superfícies como essa, que ele chamava de espelhos de fogo. E foi assim que o Leonardo se tornou mestre em pintura, em 1472, quando tinha apenas vinte
anos de idade. Mas o Leonardo continuou morando no atelier. Ele ainda ajudava o antigo mestre em alguns trabalhos, mas também começou a pintar quadros sozinho. Mas o trabalho mais legal dele nessa época não é um quadro, e sim um simples rascunho, que na verdade, de simples não tem nada. “Paisagem do Rio Arno” foi feito em 1473 e é o desenho artístico mais antigo de Leonardo que ainda existe. Ele serve como um 'teaser' de muita coisa que ele faria na vida. O desenho tem uma enorme precisão científica, como nas rochas desgastadas pelo rio e no movimento
da água. Mas quando você presta atenção, percebe que a imagem é irreal. É uma visão aérea, como se fosse o ponto de vista de um pássaro. Ou seja, é uma fantasia. Galera, isso é fundamental para entender o Leonardo. Ele respeitava demais as leis da natureza, mas nunca abria mão de sonhar. Isso vale não só para os seus quadros, mas também para seus projetos mecânicos. Todos os seus trabalhos têm base na ciência, mas sempre contam também com um pezinho na fantasia. Em 1476, as autoridades de Florença receberam uma denúncia sobre quatro homens que tinham solicitado os
serviços de um rapaz de dezessete anos que trabalhava com prostituição. Um desses homens era Leonardo, que estava com 24 anos. O ponto, porém, é que essa história mostra uma grande contradição. Na Europa desta época, a homossexualidade era vista como um crime e condenada pela Igreja. Porém, ela era muito comum no meio artístico de Florença. Na verdade, isso fazia parte da visão que os renascentistas tinham da Grécia Antiga. Existem várias suposições e teorias tentando decifrar a orientação sexual do Leonardo, mas na verdade, parece que não existe muito a ser decifrado. Existem pessoas que dizem que Leonardo
era casto, ou seja, não dormia com ninguém. Por outro lado, alguns pesquisadores apontam que ele tinha, sim, vida sexual. Independente de quem está certo nessa história, o fato do Leonardo se sentir atraído por homens já parece ser um consenso entre todos que estudam sua vida. Depois dessas denúncias, em 1477, foi que Leonardo finalmente abriu seu próprio ateliê em Florença e comercialmente, o ateliê foi um fracasso. Em cinco anos, ele recebeu três encomendas. Dessas três, uma ele nem começou a pintar e as outras ele largou no meio. Largar trabalhos pela metade era algo que Leonardo fazia
o tempo todo. Quadros, estudos, muita coisa ele abandonava no meio. Às vezes pegava de volta anos depois, mas no geral nunca mais olhava. Por isso, muita gente hoje acredita que o Leonardo sofria de transtorno bipolar, porque alternava entre períodos de euforia e milhões de ideias e outros em que não tinha a menor vontade de trabalhar. Como Florença, era famosa por sua arte e cultura, a poderosa família Médici, que controlava a cidade, começou a organizar missões diplomáticas, enviando artistas locais para outras cidades. E Leonardo, que estava com trinta anos, integrou a comitiva que partiu para Milão.
Sua tarefa era mostrar ao governante da cidade, o duque de Milão, uma lira de braço, um instrumento musical parecido com um violino que Leonardo dominava com maestria. Leonardo sabia que essa viagem podia mudar a sua vida e por isso que, logo que chegou em Milão, ele mandou uma carta para o duque oferecendo seus belos serviços. Sim, essa é aquela carta que eu falei lá no começo do vídeo. E eu acho que agora que vocês sabem o contexto da viagem, dá pra entender por que ele falou tão pouco de pintura na carta. A família do Duque
tinha tomado o poder de Milão à força. Ou seja, os caras não eram muito pacíficos. Então, Leonardo, que não é bobo nem nada, decidiu que era mais esperto tentar se vender como um engenheiro militar. E isso não era exatamente mentira dele, que já tinha desenhado armas e mecanismos de defesa quando estava em Florença. O problema é que essas armas que ele criava não eram nada práticas. É só olhar a besta gigante que ele projetou já em Milão. Era um trambolho de 25 metros que disparava setas enormes. Mas esses projetos eram sempre detalhados, com esquemas de
roldanas, cordas, correntes e explicações de como a arma funcionaria. Então, mesmo criando coisas que pareciam fantasia, ele tinha toda uma preocupação com sua funcionalidade. É aí que entra a ciência. Aliás, nesse projeto da Besta, ele tentou entender qual seria a relação entre distância que o projétil podia alcançar, seu tamanho e a força usada na arma. Então, Leonardo foi uma das primeiras pessoas do mundo a pensar sobre o princípio de independência dos movimentos, algo que depois seria muito estudado por cientistas como Galileu Galilei e Isaac Newton. Na verdade, muita coisa que o Leonardo pensou deixa claro
que ele era um cara muito à frente do seu tempo. Olha essa mistura de disco voador com tartaruga, que hoje é vista como o primeiro tanque de guerra da história. Esta máquina aqui em que alguns canhões disparam enquanto os outros são carregados... Isso não seria a avó das metralhadoras? Agora, se essas armas nunca foram construídas, como é que a gente sabe tanto sobre elas? A resposta está num dos maiores tesouros da humanidade: os cadernos do Leonardo da Vinci. Desde pequeno, Leonardo tinha o hábito de anotar tudo o que via e pensava. Mas depois da mudança
para Milão, isso se tornou uma regra em sua vida. Ele passou a preencher cadernos e mais cadernos com suas observações sobre o mundo, seus estudos e, claro. centenas de projetos diferentes. E fez isso até o final da vida. Se por um lado os biógrafos do Leonardo estimam que cerca de três quartos desse material se perdeu para sempre, a boa notícia é que, hoje, ainda existem mais de sete mil páginas dos cadernos de Leonardo. O problema é que é impossível colocar esse material em ordem, porque Leonardo dificilmente colocava data nas páginas e muitas vezes aproveitava espaços
em branco de páginas que já tinha usado. Por isso, os cadernos foram reorganizados por temas, formando novas encadernações, chamadas 'códices', que, claro, são muito valiosas. A maior parte delas, como o Codex Atlanticus e o Codex Arundel, está em museus e bibliotecas. Mas algumas estão nas mãos de colecionadores particulares, como o Codex Leicester, com estudos de Leonardo sobre água e geologia e que está guardadinho na casa de Bill Gates. Aliás, uma curiosidade importante o Leonardo da Vinci escrevia ao contrário, ou seja, da direita para a esquerda. E muita gente diz que ele fazia isso para ninguém
roubar suas ideias. Na verdade, ele escrevia assim porque era canhoto e se escrevesse da esquerda para a direita, seu punho ia passar em cima da tinta e borrar todo o papel. Então não era código, era economia mesmo, porque papel era muito caro. Esses cadernos são uma preciosidade, com anotações e desenhos que são analisados até hoje. E o mais fantástico é que essas páginas não mostram apenas o que o Leonardo pensava, mas como ele pensava. Movido pela curiosidade e usando a observação. Leonardo era um autodidata, ou seja, aprendia as coisas por conta própria. Entretanto, seus cadernos
mostram que ele seguia um método de aprendizado. O primeiro passo era criar uma pergunta sobre o assunto que estava estudando e então observar aquele fenômeno até encontrar uma resposta que o deixasse satisfeito. Aí era a vez de fazer experimentos práticos para verificar se a resposta que havia encontrado era verdadeira ou não. Caso não fosse, Leonardo voltava para a etapa da observação em busca de uma nova resposta. Ou seja, ele não se contentava em encontrar respostas, mas sim respostas que pudessem ser provadas. Isso tem um nome, galera! Isso se chama 'método científico' e é usado hoje
em dia por absolutamente todos cientistas do mundo. Sim, no final do século XV, o Leonardo já pensava de uma forma bem parecida com o cientista de hoje. "Bem, tudo isso é muito legal, mas, cadê as pinturas?" Calma, porque foi em Milão que o Leonardo criou algumas das suas obras primas. Logo que ele chegou na cidade, passou a ocupar um espaço no ateliê dos irmãos Predis, que eram artistas bem famosos em Milão. E não demorou muito para que ele e esses caras dividissem um trabalho bem grande para uma igreja da cidade. A parte do Leonardo era
pintar um painel com a Virgem Maria e o Menino Jesus. E o resultado foi a pintura 'A Virgem dos Rochedos'. Esse trabalho é um dos maiores exemplos do talento que Leonardo tinha para contar histórias com suas pinturas. Tudo começa com o anjo do lado direito. Seu olhar está virado para fora da tela, chamando a atenção de quem olha para o quadro. O anjo também aponta aquele bebê, indicando para onde nossos olhos devem ir. Este bebê se chama João Batista e é primo de Jesus. Ele está fazendo uma referência ao Menino Jesus, que responde o gesto.
Enquanto mantemos os olhos na interação entre as duas crianças, surge como grande destaque a Virgem Maria, que protege e abençoa os dois. Mas esse quadro também tem muita ciência. O cenário da pintura é uma gruta que não existe e foi criada do zero por Leonardo. Só que as pedras e rochas que aparecem aí foram retratadas de forma geologicamente correta. E todas as plantas são espécies que poderiam crescer num lugar como esse. É cientificamente perfeito. Agora se liga, por causa de uma briga sobre o pagamento, anos depois, Leonardo teve que produzir outra versão dessa tela. E
comparando as duas, dá pra ver a evolução do Leonardo como cientista. Como entre um quadro e outro ele estudou bastante sobre ótica, esolveu fazer com que a luz do quadro fosse, digamos assim, cientificamente mais realista, iluminando cada figura de forma diferente. Não é à toa que o modo como Leonardo passou a mostrar luz em suas pinturas mudou a história da arte. Os artistas e arquitetos renascentistas enxergavam a forma do corpo humano, ou seja, as proporções e a simetria do nosso corpo como uma espécie de padrão da natureza. Para os renascentistas, esse padrão era perfeito e
deveria ser reproduzido na arte. Essa era uma ideia que os renascentistas tinham recuperado da Grécia Antiga. Quem também gostava de pensar assim era um arquiteto da Roma Antiga chamado Vitrúvio, que tinha textos que o Leonardo estava sempre estudando. E um desses textos explicava como encaixar o corpo humano dentro de um círculo e um quadrado, explicando de forma matemática, como isso funciona do mesmo jeito que a base de um prédio. O Leonardo surtou com isso porque viu que o Vitrúvio tinha deixado literalmente um manual de instruções para ilustrar a relação entre o corpo humano e o
universo. Aí ele se pôs a trabalhar. E o resultado é um desenho quase mágico. Se um dia você já se perguntou qual o nosso papel no universo e como a gente se encaixa em tudo que existe, saiba que essa resposta passa pelo Homem Vitruviano. Todo mundo conhece essa figura. Ela se tornou meio que um ícone. É quase um emblema do espírito humano. Leonardo a desenhou em torno de 1490 e ele a criou como resposta a um enigma. E durante os séculos seguintes, as pessoas se perguntavam como essa afirmação funcionaria em nível literal e metafórico. Essa
arte mostra que o nosso corpo possui tanta harmonia como um edifício bem construído, um quadro bem pintado ou como o próprio planeta Terra. Uma curiosidade é que o Homem Vitruviano pode ser, na verdade, um autorretrato do Leonardo. Na época do desenho, em 1490, ele tinha 38 anos, que é mais ou menos a idade do homem desenhado. E dizem que o Leonardo tinha esses cabelos cacheados. Mas isso é só um detalhe nesse desenho que se tornou um dos objetos mais preciosos da história. Muita gente enxerga o Leonardo como o grande símbolo do Renascimento, por essa capacidade
dele de misturar conhecimentos de áreas diferentes de forma harmônica. E ao mostrar como um ser humano pode ser algo tão simples e tão grandioso, o Leonardo não criou um desenho, mas sim, o maior encontro entre arte, ciência e filosofia de todos os tempos. A ideia de voar era algo que deixava Leonardo fascinado. E, acredite se quiser, isso tem a ver com os festivais populares que rolavam nas cidades européias com peças teatrais e musicais. O Leonardo ficava encantado, especialmente com os mecanismos, que faziam todos os atores flutuar no palco como se estivessem voando. E aí que
está a origem das suas famosas máquinas voadoras. Aliás, esse desenho muito famoso é sempre mostrado como o primeiro helicóptero do Leonardo. Mas a verdade é que esse projeto, chamado 'parafuso helicoidal aéreo' muito provavelmente foi criado para algum espetáculo teatral, mas sim, ele queria descobrir como fazer um homem voar de verdade. E como ele aprendeu isso? Curiosidade e observação! Ele passou décadas olhando pássaros e insetos para entender como eles voavam. Aliás, esse é um momento tão bom quanto qualquer outro para falarmos sobre o superpoder do Leonardo: sua visão sobre-humana. Quando você estudos cadernos do Leonardo Da
Vinci, realmente tem horas que dá a impressão de que ele tinha, sei lá, uma visão alienígena. Leonardo foi capaz de enxergar que uma libélula só conseguia voar porque erguia as asas da frente na mesma hora que abaixava as de trás. Galera, vale lembrar que a primeira câmera fotográfica só seria inventada 400 anos depois disso! Tente observar uma libélula voando. É quase impossível ver as asas dela, quanto mais a ordem em que elas se movimentam. Mas o Leonardo não tinha um mecanismo de zoom nos olhos. A resposta era mais simples do que parece. A capacidade de
observação do Leonardo da Vinci era resultado do seu esforço. Aliás, ele comparava sua técnica de observar o mundo ao ato de ler um livro. Se você simplesmente olhar para a página, não vai entender nada. É preciso enxergar palavra por palavra, na ordem correta e no caso dos pássaros. quanto mais ele entendia como esses animais voam, mais se convencia de que isso podia ser reproduzido pelos humanos. E isso nos leva às várias máquinas voadoras projetadas pelo Leonardo. Em uma das mais famosas, a pessoa precisaria manipular pedais e alavancas para abanar as asas, que seriam parecidas com
pás. Outra, bastante conhecida, contava com uma asa parecida com a de um morcego. Vale lembrar que todos esses projetos, claro, continham explicações detalhadas de como montar corretamente suas correias, roldanas e mecanismos. Mas essas coisas nunca saíram do chão, porque sequer saíram do papel. Menos no Assassins Creed dois, né? Lá o Leonardo realmente fez o homem voar. Agora, isso só ter acontecido num videogame, não quer dizer que esse trabalho do Leonardo não valeu de nada. O estudo dos pássaros é um dos pontos altos da vida do Leonardo como cientista. Uma prova disso é que ele sabia
que as aves eram mais pesadas que o ar, então, começou a estudar o que chamava de atração de um objeto para o outro. Duzentos anos depois, a ciência chamaria isso de gravidade. Mas é impossível falar de Leonardo em Milão sem pensar em uma das pinturas mais famosas da história. Tudo começou quando o duque resolveu criar um mausoléu para sua família e dentro de um mosteiro. Então ele mandou reformar o local e encomendou para o Leonardo uma pintura da Última Ceia, que é o último jantar com Jesus e seus apóstolos. Só que o Leonardo não fez
apenas uma pintura da ceia. Como é nessa ocasião que Jesus anuncia para os apóstolos que traído por um deles, Leonardo criou uma narrativa a partir disso como se tivesse congelado a cena nesse momento. Toda a narrativa gira em torno dessa frase. O que o Leonardo fez foi criar um fluxo do tempo que vai da esquerda para a direita, dividindo os apóstolos em grupos de três, para mostrar como eles reagiram a essa notícia. A primeira reação dos apóstolos foi a surpresa com o que Jesus havia falado. Essa sensação se mostra no primeiro grupo, onde estão os
apóstolos Bartolomeu, Tiago Menor e André. Depois, no segundo trio, temos emoções mais fortes e instintivas. Um exemplo está na raiva que o apóstolo Pedro sente. Quem está aqui também é João. Mas o destaque desse trio é mesmo Judas Iscariotes, que recua na mesa como se tentasse se automaticamente se esconder de Jesus. Afinal, ele é o traidor. Do outro lado de Jesus temos mais três apóstolos: Tomé, Tiago Maior e Felipe, que estão questionando Jesus sobre aquilo que ele falou. Então, a narrativa já passou pela surpresa, por explosões emocionais e agora chega a uma tentativa de entender
a notícia. Isso nos leva ao final do quadro, onde temos os três últimos apóstolos: Mateus, Tadeu e Simão, que parecem conversar entre si, como se estivessem debatendo o que fazer agora que sabem que Jesus será traído. Ou seja, temos uma tela que mostra um dos momentos mais importantes da história de Jesus, mas também como nossas emoções se relacionam com nossa capacidade de racionalização. Uma coisa que nem todo mundo sabe é que A Última Ceia não é um quadro. Ela é uma pintura feita diretamente na parede do refeitório do mosteiro e Leonardo decidiu que a imagem
deveria se integrar ao ambiente como se fosse parte do refeitório. É por isso que a parede do lado direito é mais clara. Ele fez isso para dar a sensação de que a luz da pintura vinha, da janela esquerda do refeitório e as tapeçarias nas paredes eram iguais às que existiam no salão. Então, os frades do local teriam a sensação de que estavam na mesma sala que Jesus e seus apóstolos. Mas o problema estava na perspectiva da imagem. Pensa comigo: Leonardo queria que qualquer pessoa que olhasse a pintura tivesse a sensação de que ela fazia parte
do refeitório, certo? Só que tem um problema, as pessoas jamais olhariam para a imagem sempre do mesmo lugar. E a saída do Leonardo foi algo que somente alguém que manjava muito de geometria podia conseguir. Errar a perspectiva de propósito para que ela funcionasse de qualquer lugar da sala. Sim, a perspectiva da Última Ceia está levemente errada. Dá pra ver? Não. Não dá pra ver! Você só conseguiria enxergar esse erro olhando a parte do teto que fica em primeiro plano ou o encontro das paredes com o chão. Mas o Leonardo, muito espertinho, escondeu isso com a
mesa da ceia em um enfeite na parte superior da tela. Mas o erro está lá, do jeito exato que o Leonardo planejou para a pintura funcionar. Não podemos deixar de falar que A Última Ceia está no meio de uma grande conspiração. Afinal, todo mundo aqui leu O Código Da Vinci ou viu o filme com o Tom Hanks, certo? A trama gira em torno de um fato bombástico: Jesus teria se casado com Maria Madalena e os dois filhos. E Leonardo teria escondido pistas desse segredo nas suas obras. Então, na Última Ceia, a pessoa do lado esquerdo
de Jesus não seria o apóstolo João e sim, Maria Madalena. Inclusive, o contorno dela e de Jesus formaria a letra 'M'. Bem, vários artistas pintaram a Última Ceia. Então, existem algumas regras para que as pessoas pudessem identificar os apóstolos. E nessas regras, o João era sempre descrito como “um homem com traços femininos". E o do Leonardo realmente parece uma mulher, porque ele era mestre em pintar personagens masculinos com rostos femininos. Ninguém fazia isso como ele. O Código Da Vinci é muito legal? Sim, eu adoro. Mas é uma ficção. Leonardo estava sempre cercado de amigos. As
pessoas gostavam do Leonardo, porque ele era muito alegre e extrovertido. Além disso, era bastante generoso, oferecendo com frequência dinheiro e comida para os conhecidos. Essa generosidade mostra outra característica fundamental do Leonardo. Ele não se importava com riqueza ou bens pessoais. Sim, ele sabia que precisava de dinheiro para viver e bancar seus projetos, mas não entendia como alguém podia preferir bens materiais ao invés de aprender coisas novas. Para Leonardo, a maior riqueza do universo era o conhecimento. O Leonardo também era apaixonado por animais, especialmente cavalos. Aliás, gostava tanto de animais que adorava andar pelos mercados de
Milão, visitando as lojas que vendiam aves. Mas ele não fazia isso apenas para admirar os pássaros. Pelo contrário, comprava todos para poder libertá-los logo em seguida. Era uma pessoa com um coração muito bom. Inclusive, é provável que ele tenha sido vegetariano justamente por não concordar que animais morressem para virar comida. Mas ele não tentava forçar as pessoas a pensar como ele. E mesmo sendo vegetariano, Leonardo servia carne para os amigos que iam visitá-lo em sua casa. Então, a vida dele em Milão era muito boa e foi aí que ele conheceu seu maior companheiro. Em 1490,
um garoto de dez anos chamado Gian Giacomo Caprotti se tornou uma espécie de assistente do Leonardo e foi morar com ele. Como esse moleque aprontava muito, inclusive roubando dinheiro do Leonardo, ganhou o apelido de 'Salai', que significa 'diabinho'. O que se imagina, é que eles se tornaram amantes quando Salai tinha mais ou menos quinze anos de idade e Leonardo era quase trinta anos mais velho que ele. Para a gente isso hoje pode parecer algo abominável, além de ser proibido por lei. Mas no mundo artístico renascentista, relacionamentos entre homens adultos e adolescentes não eram vistos com
tanta estranheza. Mesmo considerado repreensível pela Igreja, isso era algo que esses artistas enxergavam como uma herança da Grécia Antiga. Mas aí a vida dele começou a sofrer mudanças. Primeiro, ele passou a ter vários atritos com o Duque de Milão por causa de dinheiro e os prazos que pedia nos seus trabalhos. Para piorar um pouco mais, logo em seguida, Milão foi conquistada pelos franceses. Leonardo até se dava bem com esses caras, mas percebeu que ali não era mais o seu lugar E na virada de 1499 para 1500, quando estava com quase cinquenta anos, se mandou de
volta para Florença. Na verdade, entre Milão e Florença, ele passou por Veneza, onde deu uns palpites sobre como a cidade poderia se defender de uma invasão. E foi pensando tudo sobre isso que ele teve a ideia de criar roupas que seriam usadas por soldados que ficariam embaixo da água para defender o porto de Veneza. Sim, pode colocar também a roupa de mergulho ou escafandro, na lista de invenções de Leonardo. Quando tinha trinta anos, Leonardo saiu de Florença com um monte de sonhos. Quase vinte anos depois disso, em 1500, ele voltou para a cidade como um
dos artistas mais famosos da Europa. Então, ele abriu um ateliê colaborativo, tipo aquele do Verrocchio. E foi assim junto com Salai e seus ajudantes, que ele criou outros quadros famosos. Um se chama 'Madona do Fuso', o outro é um dos mais aclamados dele, chamado 'A Virgem e o Menino com Santa Ana' E depois, Leonardo se meteu numa disputa entre duas cidades, quando os governantes de Florença perderam o controle sobre outra cidade italiana, Pisa, aquela que tem a torre torta, sabe? Então, como eles queriam reconquistar Pisa, o pessoal de Florença criou um plano que parece coisa
de vilão de quadrinhos. "Vamos roubar o rio da cidade de Pisa." Olha a insanidade da coisa! A grande ligação entre Florença e Pisa é o Rio Arno. Aquele do primeiro desenho do Leonardo, lembra? E os caras pensaram assim: "Vem cá..." "Se a gente desviar o Rio e deixar a cidade de Pisa secando," "os caras vão ter que se render." É claro que chamaram o Leonardo para dar um jeito de fazer isso. E o pior é que ele se empolgou com o projeto. Ficou estudando o terreno, fazendo mapas, até descobrir como cavar um canal fundo suficiente
para desviar o curso do rio. Nas horas vagas, projetou um guindaste cheio de baldes para a escavação ainda mais rápida. O problema é que deram o projeto na mão de um cara que olhou os desenhos de Leonardo e começou: "Então, tem que ter um errinho aqui..." "Isso aqui não é bem assim..." E acabou mudando tudo. Sim, o cara teve a pachorra de corrigir os desenhos do Leonardo Da Vinci. Daí óbvio, o cara escavou o fosso do jeito que achou melhor. Sim, o rio Arno continua no mesmo lugar até hoje, passando pela cidade de Pisa. E
esse não foi o único trabalho do Leonardo como engenheiro hidráuloco, mesmo porque ele era apaixonado por água. Leonardo também planejou a criação de canais para ligar Florença ao mar. E depois pensou em como se ia possível drenar os pântanos de outra região da Itália. Esses projetos nunca saíram do papel e acabaram na gaveta das ideias mirabolantes do Leonardo. Mas eles não eram fantasia pura. A engenhoca imaginada para secar os pântanos, nada mais era do que uma bomba centrífuga, muito comum hoje em dia. Como aconteceu vezes na vida do Leonardo, a ideia estava correta, mas a
humanidade precisou de alguns séculos para entender isso. Em 1503, o governo de Florença decidiu criar um mural na sua sede. E claro que eles queriam que Leonardo fosse o responsável. Assim, ele foi contratado para pintar a cena de uma batalha entre os exércitos de Florença e Milão, que rolou em 1440. O problema é que as autoridades de Florença tiveram a ideia de chamar outro artista para pintar um segundo mural, perto daquele que Leonardo iria trabalhar. E o escolhido foi Michelangelo, outro gênio do Renascimento e autor de maravilhas como a estátua de Davi e o teto
da Capela Sistina. O problema é que Leonardo e Michelangelo eram inimigos mortais. Michelangelo era mais novo que Leonardo e já era visto como um gênio, mas não disfarçava o desprezo que sentia pelo autor de “A Última Ceia”. Na verdade, Leonardo e Michelangelo eram completamente opostos, enquanto Leonardo era elegante e cheio de amigos, Michelangelo estava sempre desarrumado e era meio paranoico, literalmente brigando om todo mundo o tempo todo. Verdade seja dita aqui: o Michelangelo era um grande pentelho. A rivalidade entre o Leonardo e o Michelangelo é uma das mais famosas da história da arte. E sempre
que ele se encontravam dava briga. Estavam sempre batendo boca em Florença, Então, é meio que óbvio que esse projeto estava fadado ao fracasso. O Leonardo, como de costume, fez todos aqueles estudos detalhados, pensando até mesmo na expressão do rosto de cada soldado. Então, era um trabalho enorme. E como ele curtia daquelas procrastinadas, o negócio começou a atrasar. Resumo da história, Leonardo nunca terminou o mural porque mais uma vez ele tinha dado o passo maior que a perna. Como a pintura retratava uma batalha a céu aberto mas ficaria numa sala fechada, ele não conseguiu achar um
modo de fazer o sol iluminar a batalha do jeito que ele queria. E o Michelangelo, por sua vez, se mandou para Roma e ficou lá uns dez anos, criando uma obra prima atrás da outra. O mundo nunca ganhou uma sala com pinturas de Leonardo e Michelangelo. Mas esse projeto mexeu com a arte da Europa. Durante anos, vários artistas iam visitar Florença só para apreciar os estudos que os dois tinham feito das pinturas. Logo depois disso, Leonardo voltou a morar em Milão, que ainda estava nas mãos dos franceses. E foi justamente nesse retorno a Milão que
ele criou sua própria família. Ou pelo menos algo parecido com isso. Ele era muito amigo da família Melzi, que fazia parte da nobreza de Milão, e adotou um garoto dessa família chamado Francesco, que sonhava em ser artista. Então, esse menino virou filho, aprendiz e ajudante do Leonardo. Olha que sorte! E foi assim, tendo Salai como companheiro e Francesco como filho, que Leonardo adotou um novo projeto bem peculiar. O problema é que esse projeto envolvia passar a noite cortando cadáveres. E não era só ele. Lembra que o renascimento valorizava demais o conhecimento científico? Então, aos poucos,
a prática de dissecar cadáveres para entender o corpo humano se espalhou pela Europa. Inclusive, Leonardo provavelmente acompanhou corpos sendo dissecados ainda na época em que vivia com o Verrocchio e daí em diante nunca perdeu o interesse por isso. Uma prova está nos desenhos que ele fez de crânios humanos em 1489, na mesma época em que estava pesquisando o Homem Vitruviano. Ele voltou a mergulhar de cabeça nesse assunto depois que voltou pela segunda vez para Milão, e um dos pontos de partida disso é uma história que rolou entre 1506 e 1508 e ficou bem famosa. O
Leonardo estava num hospital em Florença e começou a bater papo com um senhorzinho que dizia ter mais de cem anos de idade e que nunca tinha ficado doente. Bom, Leonardo, devia ser um baita pé frio, porque duas horas depois o velhinho morreu. Leonardo não teve dúvidas. "O cara viveu mais de cem anos, nunca ficou doente." "Ele está morto aqui, eu já estou no hospital..." Dez minutos depois, lá estava ele numa sala, cortando o corpo do sujeito. A partir daí, ele começou a estudar cada vez mais sobre anatomia. Claro que estava sempre olhando os livros de
anatomia que tinha em casa mas ele preferia mesmo aprender na prática, dissecando os corpos pessoalmente, a noite inteira. Era uma mão no bisturi e a outra desenhando. No fim das contas, Leonardo escreveu textos que descreviam cada osso, músculo e órgão do corpo humano e criou quase 250 desenhos que eram verdadeiras obras de arte. Embora a prova de Aristóteles de Leonardo não resista ao tempo, suas ilustrações anatômicas não são ultrapassadas. Vistas sequenciais sugerem uma animação cinematográfica. As vistas de múltiplos ângulos, proporcionam uma verdadeira compreensão tridimensional da forma do corpo. As imagens dele nunca são estáticas, mas
sim animadas por uma energia vital e parecem estar prestes a se mexerem sozinhas. As ilustrações de Leonardo, tão precisas quanto a seus desenhos técnicos de máquinas, são inigualáveis em precisão até o início das técnicas fotográficas do século XIX. Um dos desenhos mais famosos é o que ele fez de um feto no útero. O mais impressionante é que ele não tinha o cadáver de uma mulher grávida para estudar. A base da ilustração foi o corpo de uma vaca e, acredite se quiser, ele também usou seus conhecimentos de botânica porque já tinha concluído que embriões humanos e
sementes se desenvolvem de forma parecida. Mas mesmo com toda essa beleza dos desenhos, aqui, a ciência fala mais alto. O Leonardo estudou todas as partes do corpo humano com uma precisão assombrosa para a época e hoje a ciência já mostrou que a maior parte das suas observações sobre o corpo humano estavam 100% corretas. Mas a vida do Leonardo mudou mais uma vez em 1512, quando ele deixou Milão e foi passar um tempo na casa de campo da família do Francesco Melzi. Foi tipo um período sabático. E é justamente a imagem do Leonardo dessa época, um
nobre senhor de mais ou menos 60 anos, que entrou para o imaginário popular. Isso porque é nessa época que surge o retrato mais conhecido do Leonardo. Estou falando do retrato de Turim, que tem esse nome porque hoje está muito bem guardado na cidade italiana de Turim. Vários estudiosos consideram esse desenho um auto retrato, ou seja, ele teria sido feito pelo próprio Leonardo. Agora, nessa época, quem entra em cena na história do Leonardo é o Papa. O que rolou é que João de Médici, isso mesmo, um daqueles caras da família Médici lá de Florença, virou papa.
E como ele adorava a arte, convidou Leonardo para morar em Roma. Leonardo, que não era bobo nem nada claro, aceitou. Muitos estudiosos acreditam que foi em Roma que ele pintou outros quadros famosos, como um retrato de São João Batista, que inclusive pode ter sido baseado na aparência do seu companheiro, Salai. Muita gente considera essa a última pintura do Leonardo. Sim, o nosso vídeo está chegando perto do final. E não, eu não esqueci do quadro mais famoso da história. A gente vai resolver isso agora. Em 1515, o papa viajou para se encontrar com o novo rei
da França, Francisco primeiro. E esse rei convenceu Leonardo a se mudar para o país. Assim começou a última viagem de Leonardo. na sua bagagem estava uma tela que se tornaria o quadro mais famoso do mundo. Então, agora vamos finalmente falar da “Mona Lisa”, que pode ser chamado de “o menor quadro da história”. É que no Museu do Louvre, que é onde a Mona Lisa está exposta, a frase que mais se ouve é: "Nossa!" "Eu achei que fosse maior!" O quadro não é tão grande quanto esse que está aqui no cenário. Ele tem exatos 77 centímetros
de altura por 53 de largura. O problema é que ele é tão famoso que todo mundo acha que ele é gigante. E a história desse quadro começa em 1503, quando um cara chamado Francesco del Giocondo encomendou um retrato da sua esposa Lisa. E é daí que vêm os vários nomes do quadro como "Gioconda" ou "Lisa del Giocondo", que significa "Senhora Lisa, esposa de Giocondo" ou simplesmente, Mona Lisa. Mas tem gente que diz que isso é tudo mentira. Tem gente que diz que a Mona Lisa, na verdade é Caterina, mãe do Leonardo. Tem gente que vai
ainda mais longe e diz que quem está no quadro é o Salai. Tem gente que chuta o pau da barraca e diz que a imagem seria o próprio Leonardo vestido de mulher. Gente, esquece isso. A Mona Lisa é a senhora Lisa, esposa de Giocondo mesmo. Tá bom? Mas vamos falar do quadro. Lembra que mostrei como o Leonardo fazia para que as pessoas olhassem os elementos de seus quadros na ordem que ele queria? Aqui, ele queria que você olhasse direto para a expressão da Mona Lisa. E ele usa alguns truques para isso. O primeiro é a
luz. A fonte de luz do quadro está em cima e um pouco à esquerda da Mona Lisa. Isso dá um destaque maior para o rosto, o colo e as mãos dela. O que nos leva para o segundo truque: Esses três elementos formam uma espécie de pirâmide e faz os olhos das pessoas irem direto para o rosto dela. Então, você olha para o quadro e vai direto para o rosto da Mona Lisa e vê que ela está sorrindo. Beleza! Só que quando você olha para os outros elementos da tela, ela para de sorrir. E aí você
olha de novo para a Mona Lisa e ela está sorrindo mais uma vez. O sorriso dela vai mudando conforme você olha o quadro. Isso é mágica, né? Não. Isso é ciência pura! Lembra que o Leonardo adorava ótica? Em seus estudos sobre ótica, Leonardo fez algumas descobertas inovadoras para sua época. Uma delas é que, ao olhar diretamente para um objeto, sua forma fica mais definida. Porém, ao usar a visão periférica, ou seja, se você tentar enxergar o objeto apenas com o canto dos olhos, ele ficará borrado como se estivesse mais distante. E essa descoberta científica foi
essencial na criação da Mona Lisa. Se você olha diretamente para o rosto da Mona Lisa, ou seja, com o centro do seu olho, o sorriso está ali. Mas esse sorriso é tão discreto que se você tira o olho dele e começa a ver outras partes da tela, ele vira um detalhe que seu olho não pega mais. Ele começa a sumir. É praticamente uma ilusão de ótica. Mas se o sorriso da Mona Lisa é muito estudado, isso acontece também com o olhar dela. Você já deve ter ouvido falar que não importa de qual lugar você observe
a tela a Mona Lisa está sempre olhando para você. Ela segue você com os olhos. Esse efeito não foi inventado pelo Leonardo. Isso é bem mais antigo que ele e depende de vários fatores, como a posição da cabeça da figura e a direção do olhar da figura que está no quadro. Isso aparece em muitos quadros, mas ficou tão famoso com a Mona Lisa, que passou a ser chamado de efeito Mona Lisa. Mas agora vamos pensar um pouco na paisagem e como ela se liga ao personagem do quadro. O Rio do lado direito parece se transformar
na em echarpe que ela usa no pescoço. Do lado esquerdo, tem uma estrada que faz um monte de curvas e vai na direção da altura do coração dela. O cenário é integrado à Mona Lisa. O cenário atrás da Mona Lisa é quase um corpo vivo que se une ao corpo dela. Tudo faz parte da mesma história e são peças do mesmo universo. E a Mona Lisa viveu tantas aventuras quanto o próprio Leonardo. Ela esteve no quarto do Napoleão, foi roubada por um italiano que dizia que a tela devia ficar na Itália e foi escondida na
Segunda Guerra. Ela até já sofreu atos de vandalismo, inclusive um bastante recente, quando uma pessoa jogou uma torta na direção do quadro. Mas a tela sempre voltou ao Museu do Louvre, onde ocupa o posto de pintura mais famosa de todos os tempos. Um dos aspectos mais debatidos da Mona Lisa é que ela provoca uma reação emocional muito forte nas pessoas. A expressão enigmática da Mona Lisa, junto com seu olhar, passam a sensação de que ela tem consciência de que está sendo observada atentamente pelas pessoas no museu. E isso mexe com quem admira a tela, porque
é como se ela estivesse viva. É por isso que a Mona Lisa não é mais um simples quadro ou mesmo a obra prima de um grande gênio. Na verdade, ela transcende esse tipo de classificação. A Mona Lisa se tornou uma imagem universal e é uma das maiores criações da história da humanidade. Como eu disse aqui, o Leonardo começou a pintar a Mon Lisa em 1503, mas ele ficou trabalhando nesse quadro por anos. Leonardo ficou fazendo ajustes e dando novas pinceladas na Mona Lisa até o final da vida. Não é à toa que o quadro estava
no meio das suas coisas quando ele se mudou para a França, em 1516. Na França, o Leonardo morava numa casa tranquila e espaçosa bem perto do Palácio Real. Mas a felicidade dele não vinha apenas da casa confortável e do salário que ele recebia do rei. O que fez a diferença foi o próprio rei. Francisco I, apesar de ser bem mais novo, era parecido demais com Leonardo e se interessava por ciência, arte e todo tipo de conhecimento. Não é à toa que os dois ficaram muito amigos. Eles se encontravam todos os dias para bater papo e
o Rei ficava horas e horas ouvindo o Leonardo falar sobre seus estudos. E o melhor de tudo é que o Francisco primeiro não ficava enchendo o saco do Leonardo com prazos e pinturas e ainda incentivava o Leonardo continuar com suas pesquisas. O problema é que a mente do Leonardo funcionava como nunca, com cada vez mais vontade de aprender, mas o corpo começou a dar sinais de cansaço. É só olhar o estudo que ele fez nessa época sobre a água. Lembra que disse que Leonardo era fascinado por águas? Ele deixou mais de cem projetos de dispositivos
para mover a água ou desviar rios. Mas os desenhos franceses são muito agressivos e formam uma série conhecida como “Desenhos do Dilúvio”. É arte? É ciência? Bem, é um pouco dos dois. Mas talvez a gente possa ir além disso. Alguns pesquisadores dizem que essas ondas furiosas eram tipo uma válvula de escape para o Leonardo, que tinha perdido os movimentos da mão direita. Até pouco tempo atrás, a maior parte das pessoas apostava que isso teria sido consequência de um acidente vascular cerebral. Bem, Leonardo realmente sofreu um AVC nos seus últimos anos, mas alguns estudos recentes apontam
que esse problema em sua mão direita pode ter sido causado por um tombo. Assim, o Leonardo teria passado mal, ficado tonto ou até desmaiado, e caído no chão. Na queda, ele teria machucado os nervos da sua mão que ficou parecida com uma garra. Existem até desenhos que mostram Leonardo no final da sua vida com essa condição. Como ele era canhoto, continuou desenhando e escrevendo normalmente Mas pintar se tornou muito mais difícil. Porque não conseguia segurar a paleta de tintas ou mesmo outros pincéis com a mão direita. Imagine a frustração que ele sentia. E dizem que
isso se refletiu nessa fúria vista nos desenhos Dilúvio. Isso nos leva a esta página de um de seus cadernos com quatro triângulos e um texto de geometria. Mas o texto está incompleto. Leonardo largou o estudo no meio e colocou uma última anotação explicando que estava largando o trabalho, porque a sopa está esfriando. Nós podemos imaginar que ele escreveu isso no seu quarto no andar da casa, e depois desceu as escadas para jantar. Afinal, a sopa estava esfriando. Só que ele não voltou mais para esse estudo nem para outras anotações. Nós não sabemos a data exata
em que o Leonardo escreveu essa página. Provavelmente foi em algum momento de 1518 e ela é a última que ele preencheu em seus cadernos. Esses triângulos e essa anotação simpática sobre o jantar finalizaram as deduções do Leonardo sobre o mundo. E esse mundo perdeu o seu maior observador no dia 2 de maio de 1519, quando Leonardo da Vinci morreu em sua casa com 67 anos. Depois de morto, leonardo deixou outro mistério, porque determinou que sessenta mendigos fossem pagos para participar do cortejo que acompanhou seu corpo. Qual o motivo disso? Será que ele queria mostrar que,
mesmo tendo dependido da nobreza a vida inteira não era um nobre e sim um filho bastardo? Não sabemos. Ele nunca deixou uma explicação para essa decisão. Leonardo foi enterrado numa igreja perto de onde morava. E isso criou um novo mistério. A igreja foi demolida no começo do século XIX e sessenta anos depois, o terreno foi escavado. Alguns ossos foram encontrados, mas nunca teríamos certeza se eles são ou não do Leonardo. Mas a gente não precisa saber onde o Leonardo está, porque na verdade, ele está em todos os lugares. Ele está na arte, na anatomia, na
geologia, na botânica, na engenharia. O Leonardo era um polímata, que é como o chamamos pessoas que possuem conhecimento de diversas áreas. Qual o segredo de todo esse conhecimento? Lembra aquela história que contei no começo, quando ele achou ossos de baleia em uma caverna que ele foi explorar? No momento em que ele descobriu essa caverna perto da sua casa ficou meio dividido. A primeira coisa que sentiu foi medo de entrar na caverna, porque ela era muito escura, podia ser perigosa. Mas aos poucos começou a sentir uma curiosidade incontrolável de explorar a caverna e descobrir que tipo
de maravilha podia existir lá dentro. Como vocês sabem, a curiosidade venceu o medo e ele entrou na caverna. E foi isso que ele fez a vida inteira. Leonardo passou a vida procurando cavernas artísticas e científicas para explorar. E sua curiosidade sempre vencia o medo do desconhecido. Ele explorou todas as cavernas que encontrou e encontrou maravilhas do mundo e da natureza. E foi assim que ele criou suas próprias maravilhas, marcando para sempre a história do mundo. Sem o Leonardo da Vinci, a arte não seria tão inteligente e a ciência não seria tão bonita. Sem ele, nós
não seríamos o que somos hoje. E agora que já estamos chegando no final do vídeo, eu gostaria de pedir gentilmente que vocês deixem o seu 'like' e se inscrevam aqui no Canal Nostalgia e também me sigam lá no Instagram, no @fecastanhari. Lembrando que você pode clicar no botão de 'Valeu' que fica do lado do 'compartilhar', para fazer uma contribuição para o canal, caso você acredite que esse vídeo do Leonardo da Vinci tenha valido à pena. Sua atuação ficará visível para todo mundo aqui nos comentários e terá minha eterna gratidão. E que grande nome da ciência
vocês gostariam de ver aqui no Nostalgia? Bem, enquanto vocês pensam em um nome, eu gostaria de refletir sobre aquela que, para mim, é a grande lição deixada por Leonardo da Vinci: O desconhecido pode ser uma caverna escura e assustadora. Mas se vencemos o medo desse escuro, podemos descobrir maravilhas. Aprender sobre Leonardo, é aprender que a arma que pode derrotar esse medo é a nossa curiosidade. Como eu já disse aqui outras vezes no canal: Mantenham-se sempre curiosos! Nunca tenham medo de fazer perguntas e nunca parem de buscar conhecimento. Então, obrigado de verdade pela sua audiência. Fiquem
bem. Tchau! Lembrando que toda pesquisa e revisão do canal é feita pelos especialistas do FTD Sistema de Ensino. Uma parceria que nos ajuda a trazer sempre o melhor conteúdo para vocês!