Sergio Buarque de Holanda - a cordialidade brasileira

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Sociologia Animada
Com o objetivo de apresentar autores que fogem do eixo Europa-EUA, traremos ao canal alguns sociólo...
Video Transcript:
imagine essas situações pra fila do banco porque você conhece alguém lá na frente dar uma carteirada com a expressão você sabe o que está falando pedir a extensão do prazo de entrega do trabalho porque você amiga ou amigo do professor da professora como você chamaria todas essas situações malandragem esperteza e tinha brasileiro então isso tudo tem outro nome na sociologia para entender o que essa parada então sérgio buarque de holanda é um dos criadores do brasil e essa é uma expressão do fhc para designar um conjunto de intelectuais brasileiros que se preocupar em pensar o
que somos redigiu o livro raízes do brasil sua principal obra em 1932 a partir de um compilado de artigos que escreveu quando morava na alemanha trabalhando como jornalista esse distanciamento do brasil possibilitou sérgio buarque perceber algumas características marcantes da nossa brasilidade uma delas é o conceito chamado de homem cordial para entender melhor começar com a etimologia da palavra cordial vende core cordes coração ou seja aquilo que vem que é feito que remete ao coração segundo holanda o brasileiro padece dessa característica a cordialidade mas de onde vem e o que é a cordialidade a cordialidade do
brasileiro é herança de quando éramos estritamente rurais quando a família patriarcal era o centro das relações sociais brasileiras a família patriarcal é aquela na qual o pater o pai o homem detentor do poder este poder submete a todos sobre a vontade dele todas as relações são determinadas por este sujeito como se trata de família holanda afirma que essas relações acontecem no âmbito privado íntimo pessoal nas chamadas quatro paredes além disso essas relações possui uma carga muito grande de emoção afinal estão pautadas no sentimento do coração mas como essa cordialidade aparece qual é a característica dela
uma vez que hoje o país não é predominantemente rural a cordialidade demonstrada na hospitalidade na generosidade na llanesa no trato na facilidade com que tratamos a todos queremos encurtar distâncias sempre fazer amizade ser agradável a todos mesmo que isso implique em burlar ou desconsiderar algumas regras a cordialidade nos força a seus parceiros a damos um jeitinho pra facilitar a situação para alguém próximo de nós não somos muito apegados a hierarquias odiamos a burocracia se pudermos ajudar o amigo assim o faremos mas veja isso é bom demais essa proximidade e solidariedade em tempos de ódio e
de individualismos extremadas a cordialidade encanta contudo se a este lado solar positivo da cordialidade há também espera lunar negativa e perigosa assim como a família patriarcal o homem cordial é tão violento quanto agradável somos extremamente afáveis assim como somos extremamente violentos quer um exemplo claro dessa popularidade cordial o trânsito ao mesmo tempo que seu dia está lindo você está feliz ouvindo músicas good vibes de repente alguém de festa no trânsito e pronto você muda o humor o inferno acontece e é capaz de cometer alguma besteira por uma simples fechada no trânsito esse exemplo de cordialidade
ocorre também na urbanização das cidades de um lado um belo condomínio com infraestrutura saneamento parque árvores calçadas e ruas pintadas uma belezinha do outro lado e barracos puxadinhos carência de serviços a ausência do estado a cordialidade conforma até o espaço brasileiro bom a dicotomia a dualidade ambigüidade é muito instável no brasileiro tudo em virtude da cordialidade além disso temos outro impasse e esse é o que pode estar mais velado à relação público e privado esse modo de lidar com as pessoas herança da família transcende invadir o espaço público e o problema está aí justamente quando
as relações que possuímos na esfera íntima ou modo de restabelecer as relações e invadir o espaço público os impasses acontecem família não é estado e estado não é família a família acaba quando o estado começa é necessário existe uma ruptura entre essas duas esferas em outras palavras o privado acaba quando o comércio público o problema que enfrentamos com a cordialidade a invasão da esfera privada na esfera pública decorrente dessa invasão temos alguns fenômenos bem conhecido do brasil clientelismo e coronelismo o patrimonialismo iremos explorar esses fenômenos em vídeos posteriores essa cordialidade que invade a esfera pública
acaba com a possibilidade da racionalização lembra que a gente viu o conceito em ver lançamos mão de estratégias particulares afáveis amigáveis de encurtamento de distâncias para alcançar o que queremos e deixamos de lado aquilo que a publicidade da esfera estatal exige a igualdade dos membros querem mais fundo nos impasses e desdobramentos da cordialidade a nossa dificuldade em lidar com a democracia com a res pública pode encontrar alguma resposta aí ora é a democracia exige uma concepção de coisa pública de uma maioria impessoal deliberativa de igualdade de condições a cordialidade vai na contramão disso tudo privilegiamos
os contatos primários ao invés da impessoalidade no trato queremos fazer vencer os nossos amigos ao invés de um coletivo desconhecido preferimos dar uma boa oportunidade para alguém próximo do que seguir determinadas regras enfim a cordialidade não percebe desigualdades não compreende mudança não aceita submissão é isso galera diz somos cordiais a nossa sina está em transitar entre um lado e outro entre a afabilidade ea violência se isso é bom ou é ruim deixamos a decisão para cada um até o próximo vídeo e tal [Música]
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