Por que REDES SOCIAIS são TÃO VICIANTES?

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Ciência Todo Dia
Todo ano uma nova rede social surge e parece ainda mais viciante do que as anteriores. Já passou por...
Video Transcript:
Uma nova rede social surgiu e de repente todo mundo está falando sobre ela. Você escuta as pessoas falando maravilhas sobre essa rede, mas aquilo não chama muito a sua atenção. Você tem certeza que outras redes sociais já faziam exatamente aquilo antes.
Qual que é a novidade? Até que um dia, talvez por curiosidade ou por tédio, você decide dar uma chance. Você passa os primeiros minutos tentando entender o que está acontecendo e como aquilo funciona, qual que é a graça que todo mundo vê nessa nova rede social.
E quando você percebe, já se passaram horas e você sente que nem viu o tempo passar. É como se o aplicativo fizesse o tempo passar mais rápido. Até que chega um ponto em que você até evita abrir essa rede social porque sabe que ela te faz perder a noção do tempo.
Vamos falar a verdade? Com quantos de vocês essa história já aconteceu? Diz aqui nos comentários, só pra gente ter uma ideia.
E mesmo sem eu ter citado nenhuma rede social específica, a imagem de alguma provavelmente veio na cabeça de vocês. Hoje em dia até parece que essa história está cada vez mais comum. Todo ano uma nova rede social surge e a cada ano parece que elas ficam cada vez mais viciantes para as pessoas.
Mas será que isso tem algum embasamento real ou é simplesmente uma teoria da conspiração que nós criamos para explicar porque o mundo parece estar tão grudado em telas? Será que as coisas realmente estão ficando mais viciantes com o passar do tempo? Nesse vídeo eu quero te mostrar como as redes sociais se inspiraram em cassinos como os de Las Vegas para se tornarem cada vez mais atrativas.
E se você gosta de assuntos assim, não se esqueça de se inscrever no canal pra eu saber. Vamos lá! Você já deve ter visto filmes ou séries onde personagens estão em cassinos e existem aquelas máquinas em que você puxa uma alavanca e números são sorteados.
A combinação mais famosa de números é 777, que começou a ficar famosa entre as décadas de 50 e 60. E essa combinação não é por acaso. No ocidente existe uma crença de que o 7 é o número da sorte.
A ideia dessa máquina, chamada de caça-níquel, é que se você conseguir uma combinação de 3 números, você é recompensado com uma quantidade de dinheiro. Isso é mais fácil para algumas máquinas e mais difícil para as outras. Você não consegue prever quais vão ser os próximos números, porque eles são determinados por um gerador de números aleatórios.
E como a próxima sequência é impossível de prever, porque tudo depende da aleatoriedade, alguns consideram esse como um jogo de azar ou sorte. E é aqui que o cérebro humano começa a complicar as coisas. Por causa dessa ideia de sorte, de esperar o acaso, você pode até ter a sensação de que em alguma hora você vai ser recompensado.
E essa sensação pode fazer com que você fique jogando na máquina várias vezes para ver se a recompensa finalmente chega. Afinal, a sorte pode estar do seu lado. É quase como se o seu cérebro estivesse buscando uma recompensa por testar tantas vezes.
Se a recompensa vem, você sente uma sensação maravilhosa e ela te encoraja a seguir buscando por aquilo novamente. E isso está diretamente associado com a forma que o nosso cérebro aprende alguma coisa. E falando em aprender, que tal se matricular na Alura, a maior escola online de tecnologia do Brasil?
Essa é a oportunidade de usar o aprendizado por reforço para algo positivo, que pode ser um curso completo de programação, design, gestão de negócios e até inteligência artificial. Você tem 15% de desconto por assistir o Ciência Todo Dia e tudo que você precisa fazer é usar o QR Code que está aparecendo na tela ou clicar no link que está na descrição. Clica e continue assistindo o vídeo porque agora eu vou falar dos outros jeitos que o nosso cérebro aprende.
Seres humanos aprendem melhor através do reforço positivo. Aprendam comportamento, ganham uma recompensa. É basicamente a mesma coisa que nós usamos para ensinar cachorros a sentar.
Se ele sentar quando você mandar, ele ganha um petisco. Ou, em seres humanos, é aquele doce que você se dá de presente depois de ter passado a tarde estudando para aprender algo novo. E isso funciona tão bem que nós podemos ensinar comportamentos complexos para animais como ratos a partir de reforçamentos com recompensas.
Esse inclusive é um experimento famoso, em que ratos apertam um botão porque eles aprendem que se apertarem eles ganham comida. Os tipos de reforços são chamados de esquemas de reforços. Esse que eu acabei de falar em que o organismo realiza uma tarefa esperada e é recompensado é chamado de reforço contínuo.
Porém, existe um esquema de reforço que chama um pouco mais de atenção, justamente por ele ter mais casos de sucesso. E esse é o esquema de reforço parcial. O esquema de reforço parcial acontece quando nem sempre existe uma recompensa para quando uma tarefa é realizada.
Um exemplo é um reforço parcial com intervalos fixos em que a recompensa só acontece a partir de tantos minutos, mesmo se a tarefa for realizada em menos tempo. Ou então, a recompensa pode estar vinculada a um número fixo de respostas, do tipo, depois de você realizar a tarefa dez vezes, você ganha uma recompensa. Mas o foco desse vídeo é um tipo específico de esquema de reforço chamado de esquema de reforço de razão variável.
E nesse caso a recompensa só acontece depois de um número variável de vezes em que a tarefa é realizada. Imagine que você estivesse ensinando o seu cachorro a sentar, mas você só dá o petisco para ele depois de ter sentado um certo número N de vezes. Só que a ideia é que esse número N varia de recompensa para recompensa.
Uma hora você dá o biscoito depois de sentar duas vezes, outra hora você dá o biscoito depois de ele sentar 50 vezes. Por favor, nunca façam isso com os cachorros de vocês, porque eles são bons garotos ou garotas, eles merecem todas as recompensas do mundo. Mas o ponto aqui é que nós nunca saberíamos exatamente quando que a recompensa vai chegar.
Então, tudo o que nos resta é continuar fazendo o que nós estivermos fazendo e ver se uma hora a recompensa finalmente chega. Talvez alguns de vocês já viram de onde eu quero chegar. Existem vários experimentos que mostram que esse tipo de esquema de reforço é o que dá uma taxa de respostas maior.
E por taxa de respostas maior, eu quero dizer o número de vezes em que a tarefa é realizada. Naturalmente, psicólogos começaram a se questionar o motivo de esse tipo de esquema de reforço ser tão potente em humanos. E a explicação está em grande parte em como o nosso cérebro aprendeu a aprender.
O cérebro sempre procura padrões, e isso é algo que está inserido em nós mesmos. Nós estamos constantemente tentando conectar um evento A com um evento B. Um carro bateu na rua?
O motorista provavelmente estava desatento. O seu time favorito perdeu a final? Culpa do técnico.
Para o cérebro, encontrar essa relação é importante, já que isso, no passado, poderia significar um aumento nas chances de sobrevivência. O cérebro força o corpo a tentar decifrar o que está prestes a acontecer e ele meio que tenta estar preparado para isso. Como se fosse nosso instinto de entender se há uma situação de perigo e estar preparado para correr ou lutar.
Isso é muito vantajoso. Mas algo curioso acontece aqui. O cérebro libera mais dopamina nos momentos antes de algo acontecer.
Isso nos motiva a manter a atenção naquilo. E se a expectativa for cumprida, nós vamos aprender a ligação entre essas duas coisas, a tarefa e a recompensa. E isso nos incentiva a fazermos novamente esse comportamento várias e várias vezes.
Um bom exemplo para entender isso é, imagina que você comprou uma caixa na internet e a caixa é para ser surpresa. Lá dentro tem uma de cinco coisas que você quer muito. O cérebro pode liberar muito mais dopamina antes de você abrir a caixa e criar aquela sensação de expectativa.
Basicamente, a expectativa de algo, que existe uma chance de acontecer ou até a ilusão dessa chance, cria esse efeito em nós. Eu acho que agora deu para ver como isso se relaciona com apostas e máquinas de caça-níqueis. As máquinas de caça-níqueis, ou até apostas em geral, são exemplos onde os esquemas de reforço de razão variável funcionam bem até demais.
Toda vez que uma pessoa aperta um botão, e não importa se ela está dentro de um cassino ou fazendo isso online, ela cria essa expectativa de que algo vai acontecer e de que ela pode ter uma recompensa. E isso fica ainda pior quando nas primeiras vezes de fato acontece uma recompensa. A recompensa nas primeiras vezes alimenta ainda mais a ideia de que uma hora você vai ser recompensado.
E essa onda de prazer e recompensa quando o cérebro libera a dopamina acaba criando essa relação de uma sensação boa com apostas. E é por isso que é tão difícil de largar ou desistir mesmo quando você está perdendo. Sempre existe essa expectativa de que na próxima vai dar certo.
No caso de caça niques e cassinos, até mesmo os estímulos visuais e de áudio são feitos para criar essa atmosfera boa no jogo, te colocando ainda mais nessa sensação de que uma hora vai. Não por acaso que as propagandas de cassino que a gente vê online geralmente são coloridas, com música viciante e barulhos de moeda caindo. Outro ponto é a sensação de você se sentir útil.
A ideia de você apertar um botão e poder ganhar uma recompensa nos dá a sensação de que nós estamos fazendo algo produtivo. É uma série de fatores que são especialmente pensados para influenciar o seu cérebro a te fazer não conseguir mais largar aquilo. Mas talvez você esteja pensando que é simples ver os casos em que não existe uma recompensa real e simplesmente largar.
Só que o seu próprio cérebro está te dando uma recompensa sem você saber. E envolve circuitos que são modificados pela ação da dopamina. Por isso é tão difícil ser movido pela lógica de que aquilo não vai te retornar nada quando a briga com o seu próprio cérebro cria a ilusão de que sim, você vai ter uma recompensa.
Você vai ficar rico! A dopamina é um neurotransmissor que, quando liberado, dependendo da região e dos receptores, dá a sensação de prazer e de bem-estar. E muitos comentam que a dopamina é o hormônio do prazer.
Mas o prazer em si é bem mais complexo. Isso vai ter que ficar para outro vídeo. Quando a dopamina é liberada e a sensação acontece, nós sempre queremos que aquela sensação dure mais, ou até se repita.
Por isso, nós somos direcionados a ficar naquele ciclo vicioso. Mas e o que isso tem a ver com redes sociais? Hoje em dia, a maior parte das redes sociais funcionam de um jeito bem parecido com puxar uma alavanca de uma máquina de caça níquel.
Você arrasta a tela e novos conteúdos surgem, geralmente em formato de vídeos rápidos que te engajam rapidamente. Boa parte dos vídeos não são, de fato, recompensas, porque eles não são exatamente do nosso interesse, mas um ou outro pode ser. E é essa expectativa de que se você continuar arrassando a tela, algo interessante vai aparecer, que serve como uma recompensa que nos mantém de fato presos.
A expectativa é muito potente, mesmo que nós não percebamos isso de forma racional. Lembra de quando eu disse que os estímulos visuais de apostas acabam fazendo você ficar ainda mais engajado? Uma pesquisa mostrou que no caso de celulares e redes sociais existe o estímulo físico.
Sempre que uma notificação chega e o celular vibra, isso é um estímulo, que para o seu cérebro mostra que tem alguma coisa ali esperando você. E a coisa fica pior quando existe todo um algoritmo por trás que aprende o que você gosta e sabe exatamente como recompensar você para fazer você ficar mais tempo na tela. A maior parte dos sites hoje em dia tem um sistema de recomendação por trás, não importa se nós estamos falando de redes sociais ou sites de compras.
O objetivo desses sistemas é aprender o máximo que eles conseguem sobre você. Alguns vão desde a sua localização, o que sai em alta na região em que você vive, até a análise dos seus likes e compartilhamentos. A realidade é que esses sistemas de recomendação são bons até demais, eles conseguem mostrar e recomendar coisas que são do seu interesse.
Isso cria uma bolha em volta de você, e acaba virando uma bolha muito confortável, porque ela traz recompensas com uma frequência alta. Mas ainda assim, a maioria se baseia no esquema de reforço de razão variável, em que a recompensa vem depois de ver ou interagir com um número variável de posts. Em 2020, um documentário da Netflix chamado Dilema das Redes chamou diversos representantes ou ex-representantes de redes sociais para discutir o impacto delas nas nossas vidas.
Alguns até discorrem sobre como existe todo um time especializado em fazer você ficar o máximo de tempo possível em uma rede. Isso vai desde as cores do site até o próprio algoritmo. A mensagem principal do documentário parece ser, como nós podemos fugir dessa situação se tudo parece estar trabalhando para nos fazer ficar cada vez mais e mais dentro das redes?
Esse é um ponto importante, mas que também é extremamente complexo. A primeira coisa que especialistas aconselham é desligar as notificações, porque dessa forma nós não vamos ter um estímulo para abrir as redes sociais diversas vezes no nosso dia. Outras medidas seriam limitar o número de horas que nós ficamos na frente de uma tela, seja manualmente ou colocando aplicativos que façam isso pra gente.
E outros sugerem até medidas mais gráficas, como deletar tudo de uma vez e viver a vida real. A verdade é que a internet inteira hoje em dia é uma estrutura extremamente complexa que envolveu anos e anos de pesquisa, tanto na psicologia quanto nas ciências da computação. Conseguir sair dessas redes, que foram feitas pensando exatamente em criar esses hábitos e ciclos viciosos é muito difícil.
O cérebro humano não evoluiu para lidar com tantos estímulos e tanta informação em pouco tempo, dia após dia. Mas onde muitos veem o fim, existe esperança. Nada nos impede de criar outros hábitos que sejam mais saudáveis, como estabelecer horários e limites mais claros do uso de aplicativos e redes sociais durante nosso dia.
O que eu gostaria que nós levássemos de mensagem para casa desse vídeo, se é que vocês me permitem essa honra, é que nós não somos tão diferentes dos ratinhos que aprenderam a apertar o botão e receber uma recompensa. Nós estamos fazendo exatamente isso o dia inteiro. Mas, ao contrário dos ratos, que fazem isso por comida, nós não necessariamente precisamos de uma recompensa física.
A simples sensação de satisfação ao terminar de ver um vídeo também serve. A ideia desse vídeo não é dizer que a internet não deu certo e que nós deveríamos voltar para um mundo desconectado, muito pelo contrário. A ideia é que entendendo melhor a natureza humana, nós podemos tomar escolhas mais sábias para o nosso dia a dia.
E quem sabe até romper o ciclo vicioso que transformou milhões de pessoas em viciados em dopamina, sobrevivendo apenas em função do próximo vídeo satisfatório. Muito obrigado e até a próxima.
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