bom eu converso agradecendo a generosidade do convite que me traz aqui de novo cesc para lhes falar sobre esse tema que em que envolve a questão do chamado barroco a hoje vocês sabem as nossas histórias da arte histórias literárias elas classificam os resíduos que chegar até o nosso presente nos resíduos do século 17 como barrocos essas histórias da arc histórias literárias elas foram constituídas fundamentalmente a partir do século 19 e elas têm pressupostos teóricos romântico positivistas às vezes no século 20 elas são liberais ou marxistas e ela sempre pressupõe khan e rebel na definição de
tempo histórico e nem sentido em relação às práticas efetivas das artes no século 17 as nossas histórias são do anacronismo radical e então oq é um trabalho que eu venho fazendo há algum tempo faz quase 40 anos fui o trabalho de fazer uma arqueologia a na qual a gente reconstitui sistemas de representação modelos culturais e pressupostos preceitos categorias conceitos que estão na base da produção dessas artes no seu tempo eu diria que esses conceitos pressupostos categorias e preceitos eles são fundamentalmente retóricos entendendo por retórica aqui modelos que vêm dos gregos desde aristóteles passando pelos latinos
como cícero quintiliano horácio e que são depois retomados ainda mais tarde ea partir da ação da companhia de jesus a partir de 1.540 e quando a companhia começa a um ensino o ensino também de algumas retóricas gregas que tinham ficado esquecidas a gente pode falar disso mas e que estão na base da das artes produzidas no século 16 e no século 17 num amplo espectro da europa gente podia pensar na inglaterra elisabetana no final do século 16 e durante todo o dia exceto na frança do luis 13 dos 14 até o começo do reinado do
luís 15 a na espanha dos habsburgos dos filipes espanhóis em portugal no fim do século 16 e 17 quando portugal ainda está no domínio espanhol até a restauração e nas extensões coloniais da espanha e de portugal quer dizer na américa espanhola uma coisa que se estende até o século 18 até o 19 no caso da américa portuguesa e que é muito diferenciado muito diversificado que tem várias simultânea idades e muitas interpenetrações que impedem também pela própria multiplicidade de dizer o barroco como se tivesse uma unidade porque unidade não há propriamente nenhuma né então nesse sentido
obama e pode ser que a gente fez foi justamente a de constituir esses modelos e levando em conta que na minha fala que eu só posso falar de um recorte temporal mais ou menos exato e falar desse mundo que é o nosso que o mundo luso-brasileiro discutindo justamente segundo uma dupla articulação quer dizer nesse presente que é nosso que é pós moderno que é neoliberal que é tucano é um presente em que a direita vence em toda a frente e que a gente vive também uma grande contradição na própria universidade ou nos meios de produção
cultural e tão reduzidos a a mercadoria e ao mesmo tempo o passado que tenho que é morto e que a gente pode falar dele segundo critérios extremamente particulares ilimitados e que não podem ter absolutamente nenhuma pretensão de totalizar nada supondo justamente a contradição que determina o presente da fala né agora o que pareceu básico quando a gente vai enfrentar essa questão do do chamado barroco é que a gente precisaria inicialmente pensar o que quer como a gente tá pensando o próprio record temporal eu propus por exemplo um século 17 mas um século 17 que dura
pelo menos 200 anos no caso luz o brasileiro porque a gente podia recuar a lo por exemplo a 1580 se vocês quiserem quando depois da morte do rei dom sebastião portugal passa para o domínio da espanha e por isso como a espanha também domina várias regiões cidades italianas como o reino de nápoles ea espanha têm relações muito íntimas com romã e florença modelos artísticos florentinos romano genovesi 7 napolitanos vão a espanha pela espanha ele centro em portugal sendo limitados por artesãos arquitetos músicos pintores escultores poetas portugueses chegando ao caso do brasil nesse tempo ainda existe
aqui só o estado do brasil a partir de 1615 a espanha vai fundar o maranhão eo grão pará então a gente vai ter também uma expansão da cultura a partir do século 17 mesmo até essas duas grandes regiões quer dizer o brasil que é fundamentalmente a bahia ainda eo nordeste pernambuco e depois o grão pará que são luís ea mata brava da amazônia belém etc agora nesse caso a gente podia pensar se a gente colocasse mesmo 1580 nós podemos pensar um outro limite a 1.750 quando em portugal o rei dom joão quinto e imediatamente o
filho dele são josé primeiro eo primeiro-ministro desde o marquês de pombal que vão demolir o ensino jesuítico expulsar companhia de jesus que estava ali quase 200 anos então novos modelos artísticos começa a entrar em portugal vindos principalmente do norte da europa a da prússia da inglaterra de algumas cidades alemãs e principalmente da frança que está vivendo o chamado anel clássico né agora nesse período que a gente imagina 1580 1750 nós poderíamos também antecipar se vocês quiserem termos de modelos culturais e logo por exemplo que um teórico pintor italiano é para português que é o francisco
de holanda ele viveu em roma ele foi amigo do michelangelo buonarotti por volta de 1530 ele divulgue em portugal as idéias que michelangelo tenha sobre pintura e essas idéias estão na base de muita pintura e escultura que mais tarde no século 20 os críticos vão chamar de barroco e não é barroco porque eles nem têm o conceito nesse tempo né a nós podemos pensar também como a gente poderia imaginar outros modelos que estão circulando aqui depois por exemplo a quando a gente vai ouro preto a gente vai visitar por exemplo a igreja são francisco a
gente descobre ali que o o aleijadinho e o manuel da costa ataíde o mestre ataíde quando eles pintaram e fizeram o programa de igor lamentação da igreja eles recorreram a modelos italianos do teaser ipa o economia livro de eli dos emblemas que de 1590 para pintar o scup em ouro preto vila rica em 1815 1817 desejar no século 19 quando a missão for cesa já está no rio de janeiro lá no interior das minas modelos culturais do século 16 estão sendo aplicados nisso que se chamou a barroco então quer dizer a gente tem que pensar
numa espécie de elasticidade do tempo conforme a prática que a gente observa em nesse sentido então a idéia de que no mesmo recorte temporal que as nossas histórias da arte unificam é o barroco que as nossas histórias david sobral no bairro começa no brasil em 1601 e termine em 1758 o que a gente podia pegar agora 1601 em março ou abril e quando o termo terminando 758 em janeiro ou fevereiro porque dá um limite fechado e não leve em conta que no mesmo tempo existe várias temporadas idades simultâneas e contemporâneas e que tem extensões extremamente
diversas por exemplo na ação da companhia de jesus no ensino português do século 17 e 18 o aristóteles a radicalmente moderno e radicalmente atual depois de dois mil anos percebe então que a gente tem que pensar a permanência neles totalista ali ao mesmo tempo outras coisas não existem mais acabaram nem então nesse sentido se a gente pensar provisoriamente neste recorte 1580 1750 nós devemos lembrar uma coisa que foi determinada no concílio de trento a partir de 1540 e quando a principal ordem religiosa de portugal que a companhia de jesus que foi responsável por todo o
ensino português que formou por exemplo no caso das letras todos os homens que vieram para o brasil e para o maranhão e grão pará no século 16 17 e 18 e que também os programas artísticos os programas por exemplo de arquitetura de escultura de pintura que foram aplicadas nas cidades coloniais e também há os programas musicais a os jesuítas fizeram uma definição no século 16 e que todas as artes são teatro um sacro 11 teatro sacro e a idéia de que elas são teatro qualquer seja pintura arquitetura música poesia e prosa todas as artes dança
elas são teatro porque a idéia de que elas dramatismo elas põe em cena determinados valores que são sacros e eles são sacros porque eles são fundamentais na teologia católica em luta radical contra teses políticas e éticas no caso a tese do maquiavel o maquiavelismo e as teses do mundo protestante lutero e calvino melanc o que o concílio de trento está combatendo ao mesmo tempo no mundo português eles têm uma outras questões para enfrentar e que nas colônias como o brasil eles estão recorrendo ao trabalho escravo então eles têm uma questão de controle dos africanos dos
negros e uma outra questão que a da catequese ou da destruição das tribos indígenas então a gente tem por exemplo um teatro sacro aplicado no nosso caso na colonização como o programas artísticos não importa o específicos e arquitetura se a pintura se a música se a escultura mais pensado como um teatro uma dramatização que tenta convencer um público que recebe aquilo dos valores autenticamente verdadeiros que são os valores católicos da igreja reformada ante reformado da igreja católica que combate a heresia protestante que combater e zia maquiavélica e que no brasil no caso assim como na
áfrica na índia teria o problema deveria enfrentar o gentil pés e aquelas populações que não conhece cristo e que deve ser reduzidas a ele a ferro e fogo com muita vez é o programa português de destruição pura e simples é uma violência extrema das populações que não aceitam cristo ou então da da conversão é nesse sentido nós vamos encontrar aqui uma uma afirmação reiterada em todas essas artes elas são sistemas de reiterar de repropor incansavelmente sempre há uma ideia negada pelo martinho lutero uma das teses dele lá em viterbo 1517 em trazer de teses que
ele escreveu contra o papa uma delas é que o pecado original corrompe de tal modo a natureza humana que o homem individual é incapaz de discernir de distinguir o que é bem o que é mau quando ele age então como cada indivíduo moralmente ele não sabe o que é certo quando os homens se reúnem sociedade eles têm para a economia para mais radical anarquia então a idéia do lutero é que deus prevendo a confusão deus manda o rei que reina por direito divino agora já que reina por direito divino o rei protestante ele também tem
a sua própria igreja com a qual elimina a potência do papa o papa ficou iluminado e o papa que pretende ser o próprio cristo na terra desde aqui na última ceia cristo cristo disse para pedro tu és pedro e sobre esta pedra da tarde a igreja decretou que até do inter era a heresia e no concílio de trento e 1540 já a igreja fez uma definição do poder real e que ele é o poder definido pela monarquia portuguesa e espanhola são católicas deve que o poder no nasce de uma doação de deus mas que o
poder nasce de um contrato em que os homens todos daquela sociedade ele se alienam do poder e delega o poder para um só que o rei que os represente então nesse sentido no mundo português que é o nosso caso se defender o tempo todo que a sociedade tem uma estrutura corporativa é uma coisa que nos infelicita até hoje o corporativismo a idéia é que nós somos um grande corpo de ordens subordinadas a um só e que as posições sociais são naturalmente dadas na como hierarquia que nós devemos obedecer desde o pec é escravo da planta
do pé que a índia passando pelos plebeus que são as pernas até chegar o coração o cérebro a cabeça mandante que o rei nesse sentido também as artes todas elas elas foram impostas imediatamente a serviço da propaganda das idéias políticas católicas contra lutero maquiavel e tetra então por exemplo programas de fazer uma arquitetura sacra em que o próprio espaço por exemplo da igreja representa a hierarquia segunda santa madre igreja e segundo o império monárquico português católico você sabe coisa no caso da igreja havia a medieval mente vamos falar assim anteriormente a planta da igreja costumava
ser circular havia um altar no centro o padre rezava a missa ali e os fiéis ficaram em torno dele o concílio de trento de uma ordem para pararem de fazer essas igrejas começaram a fazer igrejas como as que a gente encontra aqui no brasil colonial quer dizer é um retângulo um caixotão a ele reproduz no próprio espaço dele a hierarquia na medida que ninguém sentava e ficava todo mundo é mas a com pulp eto'o no um padre falando de cima ele comunica a voz de deus que desce pra quem está embaixo e ipu uma terá
atualização nas laterais nos retábulos para uma população que era mantida artificialmente na ignorância porque era proibida aprender a ler e escrever isso é coisa pra protestante que ler a bíblia ua os católicos preferiram manter as populações analfabetas e fazer com que a palavra de deus fosse comunicada aos analfabetos por deus então a própria igreja ela vai reproduzir sempre como principal lugar social desta sociedade aqui na colônia a esse modelo de subordinação quer dizer o padre fala do alto do púlpito a gente nos retábulos a gente tem cada altar vizinho do retábulo uma pequena cena sacra
da vida de um santo cuja escultura visualiza pronar faber teto a verdade da vida do santo aí a gente chega no fundo onde tem a nossa senhora medianeira o conselho de 30.000 restabeleceu o culto da virgem a maria está lá ela nos recebe amorosamente e ela nos encaminha para o seu filho que é seu pai que é cristo e deus o espírito santo lá em cima quer dizer a própria estrutura da arquitetura e da pintura e da escultura foram utilizadas nesse sentido de propor a necessidade de uma subordinação do corpo místico como eles diz o
corpo político da sociedade a aas autoridades se vocês quiserem e se escreve é barroco é isso que dizer barroco são artes que dramatizam teatralizando a o poder a absoluto propondo açude tos a a subordinação é necessária nesse caso né agora se a gente pensasse o que aconteceu aqui no brasil nós encontramos por exemplo já no século 17 no durante as guerras holandesas quando o maurício de nassau invadir a bahia a em 24 em 5 depois em 30 com em vário nordeste existe um conjunto de obras de de história textos relatos diários poemas romances que falam
da guerra portuguesa espanhola contra os holandeses mas como uma guerra que opõe os verdadeiros cristãos que são os católicos portugueses aos elege a calvinistas protestantes holandeses a nesse período a gente encontra vários modelos historiográficos que estão sendo aplicados a e segundo modelos latinos da historiografia latina e das suas tónio por exemplo e da historiografia grega por exemplo líbio o tce diz que os letrados está imitando aqui para escrever essas histórias nos esses relatos a gente encontra por exemplo toda uma ação gigantesca de oratória de padres da companhia de jesus por exemplo um aluno do padre
antónio vieira que o antônio de sá que é um grande pregador católico e principalmente o próprio antónio vieira que está pregando 10.630 a aac em portugal depois em 40 60 até 86 quando ele morre em salvador quase com 90 anos o viera incansavelmente fazendo mais e quase 300 sermões tratando de cada tema e com uma linguagem extremamente é requintada se vocês pensarem por exemplo como esses modelos eles continuam século 18 adentro eu lembro por exemplo você sabe a procissão do triunfo eucarístico e minas e 1733 e o relato do trio cariz cuca quando as relíquias
foram levadas de uma igreja a outra lá no pilar e em vila rica na igreja do pilar né ou ainda se vocês pensarem a os cultores que vem de portugal para cá pois é como francisco xavier de brito e que vai fazer o trabalho detalha da igreja do pilar em ouro preto e que traz pra cá modelos espanhóis de escultura que são do século 17 está no 18 mas são 17 e quero modelos espanhóis que imitavam coisas italianas lá no século 16 até histórias engraçadíssimas a gente pensar como conceito de barroco o modo como ele
é feito ele não dá conta a gente sabe se você me permite é só um tudo bem é falar assim de só um exemplo o o o aleijadinho por exemplo planejadinho com a gente vê nas esculturas dele a gente percebe que ele faz o corpo dos seus personagens em poses absolutamente artificiais super dramáticas o corpo se contorce em poses assim que são todas estudados porque a posição do dedo significa coisas no século 17 eles conhecem 72 posições do dedo para significar coisas diferentes na dança no teatro isso devia ser muito legal né eu não sei
no domingo todos conheciam algumas mas o aleijadinho que a gente tivesse cultura deles e se percebe é hiper dramática porque o corpo dos personagens dos santos anjos de cristo geralmente está numa posição que é improvável que um corpo humano não consegue aquele retorcido momento e aqueles aquela paixão e ao mesmo tempo vamos dizer assim como ele faz o corpo em volta de linhas serpente natas linhas curvas torcidas ele faz o dap amento da vecci de maneira geométrica totalmente geométrico o mário de andrade quando teve lá em 1924 como mário de andrade era um modernista e
tinha a cabeça cheia de cubismo expressionismo romário achou que o aleijadinho já era um escultor clube em um picasso um barraco no século 18 o que não dá pé agora vocês pensar uma coisa que é interessante especial que é barroco né nós sabemos que 99% da população portuguesa que foi colonizada as minas gerais no século 18 ia do norte de portugal da região de braga do norte agora nessa região de braga no fim do século 18 chegávamos santinhos gravuristas de santinhos que eram feitos no sul da alemanha em augsburg do em berg por artesãos alemães
agora quando esses santinhos chegavam e minas os programas das igrejas a encomendavam para artesãos locais a escultura de um anjo do santo e cedro e eles então usavam aqueles santinhos alemães de alguns boca que entrava em braga há como modelo que eles copiavam para o papin tal para esculpir agora os desenhistas alemães que faziam os santinhos eles se inspiravam no tal do barroco de praga agora o barroco de praga ele foi construído ali principalmente nos séculos 16 e 17 por isso cultores checos de praga mas também por muitos escultor es e italianos do círculo do
michelangelo buonarroti agora você sabe que eu me que lanço por volta de 1600 1.500 1525 o michelangelo e os alunos dele fizeram escavações em roma na vila adriana quer a vida do imperador adriano o romano ela tinha ficado desde o século 1 da nossa era desde o século 17 mil 520 mil e quatrocentos anos tinha ficado enterrado quando o milan já escavou ele descobriu ali uma coleção gigantesca de esculturas gregas que o imperador adriano tinha feito e era esculturas inventadas em pérgamo e mileto há entre 300 e 200 antes de cristo esculturas belíssimas e como
são essas esculturas o corpo está sempre tensionado numa forma curva formulando paixões violentas da alma eo planejamento da da veste é totalmente geométrico quer dizer há os milaneses anos e os pega meio do povo de pérgamo de mileto tinham inventado uma nova forma de escultura em que o mármore expressava paixões violentas da alma intensas mas contrastando com a geometria a geometria da roupa a gente vê isso daí hoje vocês um lugar que está exposto isso é o pergamon lá em berlim o pergamon museu onde tem lá luta do centauros com as amazonas um sultão turco
no século 19 deu a água de mileto do governo alemão isso resistiu à segunda guerra mundial não foi bombardeado está lá essas esculturas que provavelmente o nome que ela já tinha visto também agora o milan juiz cavou aquilo e incorporou esses elementos na própria escultura dele que é toda assim dramática agora os alunos desde que foram hospitalizadas culpi em praga e imitaram os modelos do miquelângelo m taxas modelos da escultura grega de pérgamo e milheto agora os os desenhistas alemães de augsburgo ao fazer santinhos reproduzir essa escultura agora essa escultura na forma de desenho chegou
no interior de minas gerais um artista mulato que era analfabeto provavelmente como aleijadinho ele viu aquele transferiu para o mármore para a madeira agora hoje a gente diz aleijadinho barroco o que isso vocês quiserem mas se não dizer que a legião artista grego de mileto era um artista grego de perto como se a gente pensa nos modelos culturais a gente evita essas classificações me parece então que a gente trabalha com essas coisas seria mais interessante pensar cada arte particular que materiais que ela transforma e o que ela pressupõe quando o artesão artifício o artista ele
produz o seu objeto particular porque nesse sentido a gente pensa materialmente a gente pensa segundo processos materiais de transformação de relações etc e não por categorias macro que são puramente dedutivo sentença a antiguidade que se rendeu à idéia de classificar o tempo em períodos que são sucessivos evolutivos isso é irrealista e seu idealismo alemão nem agora no século 20 ea gente já tinha acumulado há várias histórias culturais elas acumularam um material suficiente para criticá esse idealismo que tem a antiguidade a idade média o renascimento o clássico o barroco o neoclássico ou romântico o simbolista o
moderno e e que elimina a ideia de que as práticas são muito materiais elas transforma aquilo às vezes que elas podem aquilo que elas têm à mão como é o caso das minas na no século 18 e não necessitamos necessariamente a desse dessa classificação né agora eu lembraria vocês que no século 16 17 18 que hoje as nossas histórias chama de barrocos a essas sociedades elas não são burgueses e por não ser burguesas elas também não são liberais e elas também não são democráticas ea gente pode pensar aqui o modelo delas elas são sociedades de
corte são cortes são sociedades que tem por modelo de todo o corpo social uma corte onde existe um rei uma rainha família real e uma aristocracia subordinada essa corte vivendo ali num ajuntamento absolutamente estranho pra gente porque a cor de um espaço um espaço físico onde na menor distância física a gente vê a maior distância hierárquica e política imagine por exemplo a corte portuguesa é uma coisinha é insignificante no século 17 18 nem existe praticamente não existe mas imagine por exemplo a corte francesa aversários quando o luís 14 sistematiza no século 17 versailles tinha entre
10 e 20 mil pessoas desde o rei que a cabeça de tudo até a os criados que estão naquele pequeno espaço juntos todos agora o espaço físico é apertado e ao mesmo tempo o espaço político e é hierárquico a maior distância se vê ali a o escurial na espanha chegou a ter 60 mil pessoas dos habsburgos espanhóis acordo portuguesa era uma coisa mais limitada mais provinciana mas tinha por modelo acordo espanhola ea corte francesa e que tinha tido por modelo as duas uma corte de abordar borgonha no fim do século 15 imitava as cortes italianas
dos médicos de florença o as cortes a corte de urbino do da isabela 10 tiné e urbina e coisas assim agora o que a gente pede percebe também que os historiadores têm dito sobre esse tempo é que as condutas que na sociedade burguesa da nossa ela supõe uma separação entre público e privado aquilo que é público aquilo que é privado na sociedade de corte elas não existem então por exemplo nós percebemos certas práticas na sociedade de corte que pra nós parece muito estranhas mas que pressupõe também um outro corpo que não é o nosso o
nosso corpo aburguesar ator higienizado vacinado limpinho de aromatizados agora imagine por exemplo o ritual diário do acordar do rei imagine as pessoas que fazem questão de instalar no momento que o rei a corda mas segundo um ritual então aqui nos humilhar da cortina que aquele homem que tem a honra de puxar a cortina do leito e aqueles primeiros que estão ali perto para olhar o acordar real você imagina o que é isso e aqueles que ficam mais atrás como isso já significa uma distinção social como ainda a representação aparecem outras cerimônias como o sexo real
o momento em que o rei a rainha vão se reproduzir produzir um herdeiro e que o momento visto pelos eleitos eles podem assistir percebe a e certas práticas e que define a corte como lugar da representação a nos papéis portugueses nos papéis espanhóis nos papéis franceses que falam dessa aristocracia e da corte é a idéia de que alguém é gente de representação o que é ser gente de representação é gente que tem uma posição superior assegurada por signos explícitos e o tempo todo ostensivamente mostrados como posição social quer dizer aquilo que o wembley chamou de
consumo conspícuo quer dizer a gente tem signos da nossa posição que deve ser mostrado então por exemplo em portugal na espanha e na frança barroco no século 16 e 18 são as leis que determinam o cumprimento do rabo do vestido que uma baronesa que uma condessa que uma marquesa podem ter esse é regulado regula-se quem fala antes quando o rei pergunta e quem ficar em pé e quem fica sentado pergunta-se quem pode entrar onde está o rei e quem fica na sala anterior tudo absolutamente regrado regulado segundo preceitos a um livro do historiador francesa tentou
sair de portugal mas é pega bem a frança a chamado filibuster san que é ver sai opera versalhes ópera em que ele conseguinte que quando luís 14 já tá meio velhinho no fim do século 17 chega a versalhes a notícia que o embaixador turco com quem o felipe orro luiz estava tentando fazer um acordo com a turquia o império otomano chega uma notícia embaixador turco chegou em marselha no sul da frança então o rei dá uma ordem que o embaixador seja recebido com todas as honras de ministro de estado então embaixador demora um mês para
chegar a 10 marcélia atravessando a frança até o norte até chegar a paris e versace e onde ele passa tem banquete festa na recepção coisa de teatro música dança o homem é recebido como o embaixador enquanto isso em paris adversários o luís 14 manda fazer uma roupa de botões de diamantes e bordada com fios de ouro área para receber aristocracia gasta tudo que ela não tem nas suas melhores roupas ele dá uma ordem para o lille que era o músico tchau de lhe escrever uma ópera e contrata três mil e 500 atores que se veste
de deuses e pastores gregos mitológicos pra ficar e disfarçados nos jardins de versalhes para a grande noite quando o embaixador turco chega eo embaixador tube que todos lado a excitação na véspera parece pelos 14 inclusive dá pão grátis para a plebe o povão come agora na véspera eles descobrem que não é embaixador turco é um vendedor de tapetes é um vendedor de tapetes que foi confundido com o embaixador por causa das roupas exóticas ele estivesse a moda turca o rei dá uma ordem nós vamos receber o embaixador turco e ele recebe o embaixador turco o
vídeo do tapete com todas as honras de estado e dão a festas há muitos anos depois o san simón nas suas memórias memórias de 1711 os em simon que é um aristocrata era um conde duque da corte ele escreve nas suas memórias porque nós demos festa para o mercador de tapetes sabendo que ele não era embaixador porque nós nunca nos enganamos então a idéia é que se a gente admite se que a gente ia se enganado a gente destruiria a nossa representação de aristocratas superiores que a gente deve manter a todo custo porque a gente
domina burgueses e a gente domina plebe povão percebe essa ideia representação então a gente vai ter também uma briga continua nessa sociedade para ter a representação adequada mais um exemplo o filipe seguro da espanha em 1582 ele baixou uma pragmática das formas de tratamento ele determinou que em portugal e gera rei de portugal quem em portugal por deus a vossa excelência sua senhoria é claro eles assim sua excelência só o prior do crato o arcebispo de coimbra príncipes e princesas da família real portuguesa pode usar vossa excelência agora que usa vossa excelência sem ser desse
grupo pinho paga multa se for aristocrata e é açoitado se for plebeu na segunda vez é degredado se for aristocrata e enforcado se for plebeu gilmar mendes seria enforcado já pelo excesso disso vossa excelência que ele usa 6 sem autorização nesse mundo é claro agora lá funcional assim agora vejo quase 260 mil quinhentos e oitenta e dois mil 737 quando dom joão quinto de portugal era ver o que ele fez ele publicou de novo a lei do filipe segundo de espanha de 1582 1637 quer dizer há mais de cem anos depois cento e poucos anos
depois que exerçam sociedades também diferentes das nossas que as nossa gente não sabe o que vai acontecer hoje às 5 da tarde quer dizer pode de repente o trump bombardear o iraque e acontecer uma guerra nuclear e é inesperado sentido do tempo agora essas sociedades é um tempo frio o tempo demora pra ver um evento pra ver um acontecimento demora 100 anos 200 anos 300 anos o que significa também que as artes elas também são sempre sistemas que repõe aquilo que eles chamavam o costume nós devemos repetir o costume a um sermão fazendo isso é
barroco um sermão doutor vieira mil que 657 ele está em lisboa e um sermão de santo antónio ele vem falando como ele fala muito é muito falastrão e fala fala e bem né de repente ele pára e fala assim por uma bento eu tive um pensamento sem autor quer por um momento eu tive um pensamento que eu não localizou o autor dele ele pensa será que esse pensamento individual eu não posso dizer nada individualmente que não seja baseada numa autoridade que esteja imitando a ele paris assim mas felizmente eu encontrei que santo agostinho no seu
livro de doutrina cristiana no capítulo tal na página tal ele diz a ele diz portanto eu posso dizer e eu digo agora ele antônio viera mas ele diga o grande empregador mas diz por um momento eu tive um pensamento sem autor que dizer eu não posso dizer nem fazer nada no plano artístico que não seja autorizado por uma autoridade que tenha autoritárias então a gente tem um outro conceito de autor que não é o nosso conceito burguês de autor quer dizer um autor na sociedade burguesa não sei se concordo desde a revolução francesa desde o
começo do século 19 e os artistas eles perderam a proteção do estado da aristocracia ea proteção da igreja então na sociedade burguesa se inventou uma nova mercadoria que era a originalidade e os artistas começaram a competir uns com os outros tentando vender a sua originalidade no mercado cultural nesse sentido nesse momento se constituiu na sociedade burguesa uma idéia de copyright de direitos autorais sobre a obra e um conceito de imitação que é negativo como plágio quer dizer aquele cara me plagia ele deve ser preso ele deve ser processado e nesse sentido também uma competição e
ao mesmo tempo na sociedade burguesa que é uma sociedade pautada por uma ideia campeã do reggae ana liberal de progresso a ideia de que a sociedade burguesa ela acumula progressos materiais mas que também são progressos do espírito tudo isso para desembocar no josé serra que o lucro anp nos estados unidos que está ferrado é isso é o progresso burguês é triste mas a isso determinará também nas artes a idéia de um valor de troca vocês concordam e uma espécie de fetichismo da arte como mercadoria que faz com que haja um grande artista segundo uma ideia
burguesa de uma tradição do novo quer dizer a cada momento a gente tem que inventar uma novidade porque a gente também não pode se repetir agora na sociedade portuguesa ou espanhola ou francesa do século 17 eles têm um outro conceito de autor o autor é aquele que faz uma pequena variação engenhosa de um predicado de um elemento que alguém já fez então por exemplo eu sou um músico eu pego a uma apodi atura no violino que alguém já tocou daquele modo e ao invés de eu fazer essa pôde atuar usando por exemplo um sustenido eu
faço endemol agora com o público te olvido treinando e eles têm e que ouvir aquilo disse ann fulano de tal sustenido uso bemol é melhor ou pior e aí vem o critério é pedante é uma imitação barata banal não presta é pedante o é bom agora supera o outro mas não supera no sentido burguês de deixar para trás supera aquele elemento particular então por isso ele fica armazenado na memória do público junto com o outro anterior com se constituindo o sistema dos autores que ao fazer música uso apodi atura pelo violino por aí a gente
então poder imitá-los a mesma forma a poesia quer dizer o poeta imita o poeta anterior quer dizer o critério é porque você compõe o seu poema assim o fulano eu respondi eu faço assim porque camões fez assim há 100 anos e camões à camões fez assim porque o ariosto tinha feito há 50 anos antes que ele e por que o ari os fez assim a porque virgílio fez há dois mil anos atrás e porque virgem porque o homero tinha feito então é homero e virgílio ariosto camões os modelos que estão naquele tempo no século 17
e 18 se o poeta se especializar num outro gênero é uma outra família de artistas que estão ali sendo limitados nesse sentido penso 'por favor' a a obra o conceito de obra também é se a social de um autor que não têm nenhuma noção de originalidade e nenhuma noção de progresso nas artes mas sempre a ideia de me sempre a ideia de uma imitação de um modelo de uma autoridade ea nova obra é uma espécie de variação uma variação de um movimento de uma nota de um tom de uma um traço na pintura um modelado
da forma na escultura o que supõe também que os públicos eles são cultos eles têm memória daquilo que é bom o que é feito as obras vão se acumulando e se moda agora público o que é público né quer dizer na nossa sociedade que é burguesa o público é uma categoria que classifica a esfera pública onde os artistas no caso eles publicam as suas obras como mercadorias não é isso que compete com outras mercadorias na recepção do público que vai valorizar celebrar ou vai ignorar ou vai desprezar mas segundo uma hierarquia que algumas disciplinas com
uma a crítica de arte a crítica de música crítica literária a história literária as instituições culturais aplicam para trás fica vocês concordam é assim na nossa sociedade agora o público também na nossa sociedade teoricamente é um espaço democrático onde todos aqueles que quiserem têm direito garantido pela constituição de publicamente se manifestar produzindo a sua obra pra competir com outras obras publicamente se concordo isso agora numa sociedade como a portuguesa ou espanhola francesa e inglesa do século 16 e sete ainda 18 como são sociedades monárquicas o espaço público é o espaço onde nós declaramos publicamente a
nossa subordinação quer dizer onde eu declaro que eu sou subordinado ao meu rei como elemento de uma ordem de um estamento social de um grupo onde eu só posso agir publicamente como subordinado porque se eu tiver alguma idéia de autonomia a minha cabeça rola o som enforcado eu sou degredado é claro em portugal é muito comum esse agente enforca plebeu agente degola nobre e agente de grendha foi para fora do corpo tanto um quanto o outro resetar no brasil manda pra índia está na índia e manda pra áfrica está em portugal manda pro brasil pra
áfrica para a índia sempre pondo para fora do corpo né mas então a gente pensa fazendo regime das artes em geral segundo esse modelo de autor obra público a gente percebe uma diferença muito grande nos modos de conceber as três categorias a autoria a obra e o público que determina também que essa idéia de barroco como é uma idéia romântica muitas vezes se supõe que isso que era barroco a funcionava romanticamente e não é absolutamente romando é o yohan sebastian bach ele era obrigado quando ele ia tocar alguma coisa o mozer também o arcebispo lula
de na austríaca ele obrigava a moça de vestir a casaca a libré vermelha que o cocheiro dele usava a moça terá lá é obrigado a sentar do lado do cocheiro na canoagem e entrava pela porta dos fundos e comia com os criados na cozinha e tocava lá as suas músicas enquanto todo mundo comia e falava em voz alta aristocracia não tem os hábitos burguês de ouvir música em silêncio a música serve do pano de fundo assim enquanto eles falo comentá roubar a mesma coisa era um criaad dinho assim porque inclusive fazer música no caso era
uma coisa de coisa de gente inferior nos tratados espanhóis de comportamento de corte baltasar gracián para 1.644 o discreto ele diz assim que havia um aristocrata espanhol que é o dom álvaro de moya do tempo da rainha isabel e que ele dizia assim eu não sou estúpido a ponto de não saber fazer um verso eu sei fazer um verso eu não sou estúpido a ponto de não saber mas também não sou idiota a ponto de fazer dois percebe-se assim eu aprendi a técnica se alguém falar faça um verso eu faço mas começou a estocar ata
eu não vou perder tempo fazendo dois versos eu tenho poder de comprar um poeta e mandar fazer um verso pra mim pra quem eu vou perder tempo fazendo poesia de novo vem a questão da hierarquia então as artes elas estão praticamente todas as subordinadas a essa idéia essas artes no século 16 e 17 elas pressupõem um conceito de imitação mm sim grego e mytouch em latim e é de que o artista seja ele poeta músico prosador escultor pintor arquiteto quando ele vai compor uma nova obra a primeira coisa que ele deve pensar é quem é
autoridade no gênero em querer inventar porque as coisas são os classificados por gêneros existe porque vocês sabem melhor do que é o isso vocês são os que são músicos existe uma música fúnebre como existe uma música de festa existe uma música guerreira como existe uma música da feira existe uma música cômica como existe uma música trágica existe uma música da missa como existe uma música do casamento então tudo por gêneros agora o músico no caso ele deve ter na memória quem são os grandes autores de cada gênero então quando dá uma encomenda para ele compor
uma missa ele tem que pensar que antes de mim escreveu missas e ele então vai imitar a missa agora se reproduzir ipsis literis o que o outro já fez não existe o conceito de plágio porque eles não são burgueses plágio é a obra que imita outra mas como uma mercadoria circulando no mercado nessa sociedade não existe o mercado de bens culturais então que existe o consenso de roubo fulano roubou o outro então não presta é um pirata a escola de pirataria é um pirata não presta agora existe aqui um conceito de uma imitação escolar é
a que o padre ensina no colégio o padre jesuíta ele aplica láááá o ensino de latim então no colégio jesuíta que aqui também no brasil 7 16 17 e 18 o menininho está lá com 78 anos o padre ensina pra ele o comentário então o padre toda a manhã das 8 da manhã às 11 têm uma aula de retórica o padre então leu um trecho do cícero um trecho o vídeo moralizado não é o vídeo com as indecências é católico o virgílio o padre lê invasão aí comenta em latim para o menino e os meninos
decoro à tarde o padre aplicava para os meninos um exercício com por agora um verso imitando o virgílio que ele sim decorar de manhã esse exercício feito do 7 ano aos 19 fazendo com que eles tivessem 19 anos qualquer um era capaz de compor um verso em latim segundo vários gêneros isso não significava talento ea capacidade de fazer mas não o talento agora quando eles aprendeu isso se dizia que era uma imitação escolar necessária para aprender a compor agora o bom poeta eles diziam nesse momento assim como um bom músico um bom pintor era aquele
que tendo um modelo anterior que ele estava imitando ele era capaz de selecionar no modelo aquilo que caracterizava a excelência do modelo tudo bem por exemplo eu sou um pintor eu vou pintar e eu imito rubens agora rubis o que faz ele compõe as formas com massas de cor e não com o desenho ele não usa linha ele joga a massa na tela e mistura um vermelho com amarelo por um azul no fundo produz um contraste efetuando profundidade então eu vou pintar a maneira de rubens agora eu não sou rubens mas eu devo aprender a
técnica dele eu uso a técnica dele produzindo uma variação da técnica agora um público que é culto quando vir à minha tela vai comparar com o do rubens e aí vai dizer assim o que ele fez é pirataria o que ele fez é uma imitação escolar ou vai dizer o que ele fez superou o rubens não no todo mas superou rubens nesse particular que limitou e se ele supera em particular ele também vira modelo como rubis foi para novos pintores é claro então é um outro conceito de imitação não é inferior à imitação desde que
ela vale um predicado e significa então que eles os artistas eles eram treinados também para ter uma grande capacidade técnica de ouvir uma música saber por exemplo o que caracterizava o estilo particular daquele músico naquele gênero significa então que os músicos não dominavam só um gênero mas eles dominavam vários gêneros e vários estilos a mesma maneira na pintura a mesma maneira na poesia agora uma coisa que eu acho fundamental pensar quando a gente quer falar de barroco há desde os gregos até o século 16 se acreditou seguinte uma ideia que o aristóteles expõe na poética
e na retórica e que depois em roma foi retomada 200 anos depois da história pelo horácio na arte poética dele e por autores como cícero e no século 1 da nossa era por um retorno romano que o quintiliano no tratado de sua retórica e que depois os autores ditos medievais foram repetindo repetindo repetindo repetindo até o século 16 até 1.500 a idéia de que as obras de arte como elas são feitas segundo gêneros elas devem ter uma linguagem adequada ao modelo do gênero e que o modelo do gênero determina que elas têm uma unidade segundo
o gênero então por exemplo seu som poeta trágico eu sou um cênica romano tome tando um grego sófocles o ess quilo a tragédia trata de homens e mulheres melhores do que nós então a linguagem é nobre elevada sublime se eu sou um imitador do aristófanes um plauto interferência o mico como a comédia trata de gente pior gente inferior a comédia admite indecência obscenidade uma linguagem descuidada uma linguagem porca tem que ser porca agora se eu misturar o trágico com o cômico two errando porque um guardador de porcos não é um rei eu não posso é
um personagem trágico e um personagem trágico é um rei ele não pode ser um guardador de porcos então a idéia que vinha desde a antiguidade é que os autores e viu manter uma total unidade do estilo segundo o gênero como tudo era regra' dinho por gênero e existe pelo menos eu acho eu não cheguei contar quantos gêneros existem mas existe muito disse mus a gente começa a partir de uns 40 50 60 gêneros em gênero para tudo e eles se combinam isso se manteve essa idéia de que cada gênero devia ter uma unidade agora houve
na em roma entre o século 11 e quarto da nossa era entre 100 e 300 da nossa era um grupo de gregos que ensinou retórica para as crianças romanas para aprender com eles fossem aristocratas patrícios falar em praça pública segundo os interesses deles esses gregos deram aula em grego para as crianças romanas e escrever o texto sim grego agora quando o império romano se dividiu o lado ocidental aqui continuou falando latim esqueceu esses autores agora eles foram levados para bizâncio que mais tarde virou constantinopla e que no século 15 quando constantinopla foi ocupada pelos turcos
virou istambul tudo bem agora esses gregos circular um lar durante todo esse tempo e o ocidente ignorou crises agora 10 ditos gregos quando os turcos chegaram eles fugiram para o sul da itália e muitos deles levarão os textos gregos de retórica e de poética e esses gregos eram por exemplo de metro de falero é um autor de uma arte de escrever cartas em grego dionísio de halicarnasso que tem tratados sobre a limitação nas artes afi tónio que tem exercícios de retórica e técnicas de fazer retratos a na fala no discurso e na pintura hermógenes que
o platônico e que propõe que existem sete estilos básicos esse agente oss combina a gente chega 19 esse agente oss combina a gente chega a 29 ou 30 e poucos esses foram levados para a itália no fim do século 15 e em 1502 um editor de veneza quer o álbum anúncio ele começou passar esses autores gregos para as línguas modernas então 1502 ele já fez uma edição em francês dos tratados do auditório e doar moggi genes imediatamente eles foram traduzidos para outras línguas por exemplo inglês alemão espanhol e em 1540 quando a companhia de jesus
passou as a funcionar os jesuítas passaram a usá los também no seu ensino nos colégio então quer dizer de um lado vinha uma velha tradição que era aristóteles cícero horácio quintiliano que dizia as artes são feitas por gêneros as artes deve manter a unidade do estilo a gente não mistura linguagens agora o orloj nunes ele propõe assim que o mesmo discurso ou uma mesma escultura ou uma mesma pintura ela pode ter 29 estilos ao mesmo tempo isso dá uma coisa na inglaterra chamada shakespeare o sheik se ele estuda na escola dele a gente sabe certo
fazer nem van os professores dele ensinavam aristóteles icr o quintiliano horácio mas também imagens então quer dizer o sheik vai escrever uma poesia e os contemporâneos erro chapman de greve ou que hoje são poetas herméticos dificílimos mas é shakespeare e e e os dois depois do século 17 em inglês john donne rerikh marvel jayden esses que acredito que hoje a botas metafísicos inglês da mesma maneira na espanha no fim do século 16 gorado luis de góngora e daqui a pouco miguel de cervantes saavedra nos no do quixote e vários autores que sai deles em portugal
por exemplo o francisco manuel de melo ou ainda uma freira que publica seus sonetos na holanda violante do céu no méxico uma freira chamada sua rua inês bela cruz todos imitando hermógenes isso que é barroca gente chama barroco que é uma coisa acumulada que às vezes tem um estilo baixa ao lado de um alto que tem uma coisa lancinante ao lado de uma doce que desse senso de contraste muitos hoje na interpretação romã tre que o artista barroco era dividido por princípios contraditórios ele era medieval portanto era católico e ao mesmo tempo era renascentista portanto
ele era ateu então a arte de contrastes dele expressa essa divisão da alma dele talvez fosse melhor pensar que é uma divisão feita segundo estilos e que na verdade hermógenes eles aprendem a compor o marf toda mista e toda cheia de altos e baixos e de oposições segundo a doutrina dos estilos que o hemose espanhóis no tratado dele sobre as formas do peri e deon sobre as formas e que circo logo a companhia de jesus usou isso na inglaterra enquanto ela pode ficar lá que é quando chegaram os abertos primeira o catolicismo dança né mãe
ensinou ea gente vai observar uma coisa interessantíssima também é que na europa no século 16 17 e 18 a gente tem tecnologias inimigas protestante mata católico que queima protestante as religiões são inimigas mais os modelos artísticos ea retórica são os mesmos então um alemão luterano ele entende um católico espanhol ea poesia search circulam doida mente no início que a gente chama de de barroco né nesse sentido a gente podia pensar também que essas artes que a gente chama barrocas elas pressupõem sempre isso que nos tratados de época a gente conhece com o nome conceito engenhoso
ornato dialético ou se preferirem agudeza como elas são artes feitas no interior de uma sociedade de corte a ideia do poeta é o do escritor o do pintor o do artista em geral é que aquilo que ele produz como arte tem que ser antes de tudo engenhoso tem que ser agudo como que a gente engenhoso como que a gente é agudo a gente encontra nesse tempo um hábito que é de corte e que está difundido em toda a europa e que chega aqui no brasil no século 17 e 18 que é um hábito de ir
pra falar uma coisa simples dá uma volta a idéia de que o caminho mais reto 22 pontos é uma curva ea idéia de que tudo que a gente fala deve ter duplo sentido foi o teatro do xv por exemplo se lembra do romeu julieta quando pela primeira vez os dois dormem juntos quando ele se despede de madrugada romeu está a descer do balcão e vai embora eles estão tristes por isso para ir embora então um deles diz assim pro outro e não lembro se o romeu se ela julieta crise mas é um deles que diz
assim amantes quando se encontram são como crianças que obrigadas pelos pais a irem à escola onde são obrigados por professores chatos a ler livros tediosos fogem cabulando aula amantes com se encontra são como crianças que cabulam aula e em e foge da escola conde são obrigadas por professores tediosos a ler livros pesadões e tediosos quer dizer amantes ficam alegres mas pra falar disso ele vai buscar na imagem da criança alegre por ter cabo lado aula fugindo do professor chato e do texto mais chato ainda no livro a alegria do amante agora amantes quando se despedem
no caso são como crianças obrigadas a ir à escola obedecendo aos pais tatá dar uma volta a cce lembro isso na frança vai ser levado às últimas conseqüências eo molho e eva nas preciosas ridículas ele vai regularizar aquelas francesas aristocratas que tinha um hábito de falar agudo a má da manhã que diz assim traga-me um banho interior para dizer um copo d'água ou então diz assim ela cai diz parece que perdi meu centro de gravidade na espanha pois eu vou querer ver do também fazendo gozação das aristocratas espanholas o francisco de quevedo ele tem um
texto lindezas chamado na curta latini parla quer dizer à mulher culta que fala latim latini parla e ele diz assim que a uma as mulheres cultas na corrida espanhola algumas são casadas agora como casamento é uma instituição católica e o casamento ele é eterna gente não pode cair fora a obrigação é até a morte a culta lacre para quando chama o marido ela diz assim mesmo um center ele é o meu sempre 8 ela diz assim latin com o advérbio cotidiano que é cotidianamente era de mel um cotidiano chegou a dizer o meu cotidianamente aquele
que a gente aguenta cotidianamente chegou mas com isso ela mostra sua grande cultura em portugal também foi um hábito falar a gorado falar difícil quer dizer usar metáforas para chamar as coisas então todo um tipo de poesia que equipe camente cortesã mas as indefinições de jesus cristo em forma de doce ou então o cavalo do conde tal que marchavam em sustenido então a gente mostra o passo do cavalo segundo movimentos musicais o cavalo que galopava endemol a gente encontra coisa assim que supõe da nossa parte quem é ler o poema que também conhece música para
entender a metáfora que o poeta está fazendo um movimento musical para descrever a andar dura do animal ou então coisas assim há aqui na bahia tem um manuel botelho de oliveira em 1705 ele publicou um livro em quatro línguas na música do parnaso de um senhor de engenho baiano e ele escreveu pois em português espanhol e latim e italiano que na época italiana língua da diplomacia então todo homem culto fala italiano fluentemente né agora a na poesia dele ele está falando de uma dama que ele ama chamada a narda e ele diz que o olhar
dela que o despreza é como uma serpente com o veneno da cobra agora quando ele vai escrever a cobra que são o que é o olhar da há nada eles assim a cerp é maio errante de torcidas flores a gente pára e fala se o manuel botelho que você quer dizer a serpente é maio o que uma cobra tem a ver com o mês de maio ea gente pensa um pouquinho logo a gente percebe que ele fez isso ele pensa se maio é um mês e é tempo e como tempo ele passa a ser pendente
é um animal físico e ela se movimenta então a serpente também é tempo porque ela passa então a serpente é um tempo físico que passa maio tem um tempo abstrato que é tempo que passa então a serpente passa como maio como a serpente tem manchas na pele como maio na europa é o mês logo depois de abril da primavera que as flores estão todas ali a serpente é maio errante de torcidas flores são flores torcidas das roscas né mas ela é maio ante é óbvio é óbvio para um homem engenhoso e culto como ele é
que ela é totalmente óbvio e nesse sentido a gente vai perder vários tratados do século 17 que vão circular em toda a europa o primeiro deles vamos dizer assim é um grande tratado feito por um jesuíta que a batata assar graciano que é a água desça e arte de ingênuo de 1644 e que um tratado ontem 700 páginas em que ele ensina a todos qualquer um que seja artista seja músico poeta e escultor pintor a fazer coisas engenhosas e teresina técnicas de metáfora depois em 1654 italiano um outro jesuíta de turim que eu emanuelle tesauro
ele escreve um tratado também chamado e kanú que aristotélico o maurício de nassau quando invadiu brasil ele tinha contratado físicos ópticos para inventar o telescópio foi o maurício nassau que inventou o telescópio que depois o galileu vai usar e para observar saturno e o tesouro já usa e canô que a laser o telescópio só que um telescópio aristotélico quer dizer ele está usando um telescópio mas com o olho do aristóteles para falar das artes você sabe que o aristóteles na metafísica ele diz assim que pra gente pensar o seguinte eu estou parado ali no no
teatro em atenas e eu vejo que um homem entra então eu parado ali o que eu posso pensar nessa experiência de ver alguém entrando ali então ele diz assim que nós podemos pensar a experiência em termos de substância assim o que é em si o ser de se ser que eu tô olhando o homem então se existe uma substância metafísica que é material que é a alma mas existe uma substância física que o corpo a carne ao mesmo tempo diz vale só existe um tempo em que aquilo está ocorrendo no momento é o presente não
é o passado nem futuro é o aqui eo agora e ele disse que existe um espaço que é o lugar ele está no meio ele tal lado ele está em cima e por isso justamente o lugar também supõe a relação com os lugares ele está aqui no meio da arena no teatro mas ele está acima do degrau que está embaixo dele ele está do lado do altar o ele está atravessado alguma coisa sempre tem uma relação espacial agora o aristóteles nós podemos pensar sobre ele ainda se ele age ou se ele é agido a gente
pensa em termos de ação ele faz coisas ele anda ele respira e come ele fala e canta ele chora e ao mesmo tempo ele sofre coisas ele sente calor está sendo batido ele sofre ele está sendo torturado ele está sendo esmagado ele está sendo morto em ação e paixão e ao mesmo tempo ele diz nós podemos também pensar o hábito quer dizer ele faz só uma coisa uma vez só ou ele repete habitualmente então a história sabe escrever um livrinho chamado categorias de pensamento em que ele define o pensamento diz que o pensamento humano funciona
por meio de dez categorias que são substância metafísica física tempo-espaço lugar posição em relação à ação paixão hábito e modo a maneira agora os homens do século 17 lendo aristóteles eles eles faz aquilo que o pesaro propõe que é o índice categórico então diz assim eu sou um poeta e fulano de tal me pediu para fazer um poema de amor então por exemplo um camões já faz isso eu penso assim o que é o amor como substância o que é o amor como hábito que é o amor como lugar que é o amor como tempo
que o amor como ação que é o amor como paixão etc então aplicando as dez categorias ao conceito e obtenho 10 definições então amor é fogo que arde sem se ver ou seja o camões o amor é fogo está definindo o amor com uma substância física fogo ao mesmo tempo que ardi é uma ação e sensível é uma qualidade o invisível então é na verdade está pensando logicamente está pensando a substância ação qualidade é ferida que dói e não se sente ele está pensando de novo uma substância uma ferida uma coisa física mas ao mesmo
tempo uma paixão aquilo que sofre dói e não se sente é um contentamento descontente está pensando é uma qualidade da alma e ao mesmo tempo uma outra qualidade descontentes então o mané pesado no século 16 ele propôs o seguinte que quando nós somos poetas mas também somos pintores e também somos músicos nós podemos pensar que há no ato que a gente vai inventar alguma coisa a primeira coisa que nós temos que fazer é definir o objeto que nós vamos representar aplicando aristóteles então por exemplo o ele dá como exemplo eu tenho que fazer um poema
cômico eo poema cômico trata de gente inferior então eu tenho que agredir alguém então eu digo assim para o fulaninho que o desprezo a você um anão a dizer que é pequeno agora diz o tesouro seu uso aristóteles quantas coisas pequenas eu posso definir usando as categorias na história então se eu penso em substâncias quanto às substâncias pequenas existem que são semelhantes a não entender e lidar comunistas e pulga uma pulga uma escama de peixe um pedacinho de unha um grão de trigo um grão de pó e teve seu poeta de você que é um
anão e que não passa de uma pulga que é uma escama de peixe e um grão de trigo e um grande pó estou na substância agora eu defino essa substância aplicando agora uma ação uma paixão você que se movimenta você que cai você que voa a você que rasteja eu vou usar o ações baixo você que é sórdido você que rasteja na lama com uma pulga imunda que é uma grande areia am e depois de algum tempo aplicando as dez categorias que ele chama índice categórico é uma tabela ele propõe você faz o seu poema
umberto eco num romance deles chamando a ilha do dia seguinte ele usa uma referência ao tesouro como fulano descabelado ele está com aquela cabeleira enorme século 17 numa ilha deserta e ele tem um piano ele toca no piano mas o piano dele as teclas tó com as categorias a cada tecla é a substância são paixão relação ao lugar o inter fica tocando e vai aparecendo uma música ao tecla vai compondo uma música em que fazer uma kombi na tora de categoria 5 é muito lógico porque há sempre a mesma coisa que volta a substância as
10 substanciação tatá mas com isso a gente combina propor um artifício é por isso que ele mesmo conceito engenhoso quer dizer a gente produz uma ideia um conceito mas existiu esse talento nós que o engenho e que permite a gente pensar intelectual mente as artes daí uma espécie de quase mecânica das artes do século 17 que a gente chama de de barroco que a partir do século 19 começou a ser desclassificada né hoje a gente aprende nas histórias da arte que a música ou a pintura ou a poesia barrocas elas são excessivas artificiais acumuladas herméticas
obscuras na verdade eles não são nada disso é uma interpretação romântica do que os românticos acreditavam que não há regra nem modelos e que tudo que o artista cospem art a inspiração agora aqui não aqui já está no mundo rigorosamente aristotélico rigorosamente lógico em que as artes são dispositivos de pôr em cena valores cortesãos de uma sociedade aristocrática em que elas não pressupõe o individualismo burguês e nem psicologia não há nenhuma psicologia a gente aplicar efeitos têm efeitos trágicos efeitos como os efeitos tristes efeitos alegres mas é tudo é feito é tudo técnica né então
quer dizer pra entrar nesse mundo sempre acreditei que era preciso reconstruir esses esses modelos e essas essas técnicas né quer dizer uma entrada neles são esses tratados de de retórica e poética que foram seguir disse mus quer dizer se ter uma idéia o livro do emanuel empresário saiu 1654 até o fim do século 17 e teve mais de cem edições foi pra todo lado desde a argentina até à suécia desde a inglaterra até a rússia ele foi aqui no interior de minas gerais o cláudio manoel da costa tinha um exemplar e italiano lá em vila
rica provavelmente quando ele conclui a poesia e lilia o emanuelle tesouro e deve ter emprestado por um amigo dele que era o tomás antônio gonzaga na nos autos da devassa da da inconfidência o escrivão escreveu entre os livros dele foi pesado sobre o canal que ali se exaure que é emanuelle pesado não sei o que foi feito do livro deve ter se perdido pergunto se dá pra dar uma idéia de alguma coisa desse mundo né porque ele é um mundo muito grande muito muito complexo é muito múltiplo e mais desde o século 18 iluminista desde
a revolução francesa desde o cante desde o rio esse mundo é morto pra nós é fácil e os valores dele só historicamente talvez a inter sm porque eu acredito que infelizmente a revolução francesa cortou a cabeça dos reis né e isso foi o domínio da coisa pública em alguns lugares não é tão pública assim é como aqui no nosso país mas a gente espera que a revolução francesa ainda aconteça aqui né é o futuro às vezes é o futuro e de alguns governos [Música] [Aplausos] ae i [Música]