Um panorama da medicalização na infância | Rossano Cabral Lima

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Café Filosófico CPFL
O psiquiatra Rossano Cabral Lima alerta para um sério problema da sociedade atual: o exagero nos dia...
Video Transcript:
[Música] [Aplausos] [Música] e a Vida Saudável paira sobre nós como ideal Supremo Queremos ser felizes e para isso é preciso ter saúde mas o que é saúde saúde por milênios foi entendida como equilíbrio Harmonia o seu contrário O desequilíbrio seria a doença com as devastações que o mundo sofreu com a Segunda Guerra Mundial a Organização Mundial de Saúde ampliou o conceito de saúde para um Estado de completo bem-estar físico mental e social e não somente a ausência de uma doença ou enfermidade esta mudança conceitual implicou em outras mudanças na prática da Medicina se saúde é
um estado de completo bem-estar em tese qualquer mau-estar pode ser tratado pela medicina quando falamos de saúde mental por exemplo Hoje existe um dicionário médico que explica e classifica como transtorno grande parte do malestar que experimentamos em nossos dias nossos comportamentos e sentimentos estão ali de alguma forma catalogados pra medicina hoje parece que para tudo há um remédio controlar pela química nossas emoções tem sido uma prática cada vez mais comum Nossa cultura demanda soluções imediatas e parece que espera da ciência a última palavr sobre nossos males emocionais tudo isso resulta na medicalização da vida progredimos
ou estamos transformando em patologias os problemas naturais do dia a dia estamos realmente vivendo uma epidemia de transtornos mentais Somos Um dos países que mais consome ansiolíticos e antidepressivos no mundo fato mais agravante ainda quando vemos o aumento de prescrições também para as [Música] crianças [Música] a medicalização parece estar fora de controle o que está por trás deste consumo excessivo a noção de medicalização é uma noção que circula né mas eu não sei se todo mundo conhece uma noção que é estudada nos ambientes e acadêmicos e que em geral é usada ela pode ser usada
com sentidos diversos ela muitas vezes é usada às vezes em sentidos mais críticos ou em sentidos mais analíticos mas em geral ela diz respeito a um processo no qual uma série de comportamentos pessoais individuais coletivos sociais que não eram descritos com vocabulário médico não eram entendidos como patologias não eram passíveis de tratamento e intervenções médicas passam então a sê-lo né Então esse é em resumo a descrição do processo eh de medicalização bem eh o que a gente pode dizer é que a gente tá tentando analisar Qual é ou Quais são as características as peculiaridades eh
desse fenômeno de medicalização hoje na vida atual numa concepção mais Ampla desse processo de medicalização que é a concepção que por exemplo um sociólogo da Medicina americana chamado Peter Conrad eh USA eh eh bastante ele considera que há algumas populações de risco de maior risco nesse processo de medicalização e as Crianças são né constituem uma dessas dessas populações já que a nossa né a nossa cultura construiu essa ideia da infância né da criança como imatura inocente dependente não responsável pelos seus atos eh os os comportamentos né desviantes das crianças são classificados por nós adultos pouca
voz é dado né exatamente por essa esse desempoderamento para usar um termo em moda eh esse desempoderamento né político no fundo é isso da da da criança pouca voz é dada a criança e a gente vê como isso às vezes se reproduz na clínica né o quanto muitas vezes diagnósticos são pensados feitos confirmados re formulados sem que se escute o que que a criança tem a dizer sobre aquilo que se diz dela bem então né a gente pode pode perceber que esse movimento de medicalização na infância ele é até mais de psiquiatrização da Infância É
ainda eh mais intenso do que no campo dos dos adultos a medicalização na infância é um tema que preocupa especialistas no mundo inteiro uma prova disso documentário francês a infância so controle o filme apresenta depoimentos de médicos e estudiosos de diferentes países e também exemplos de crianças em tratamento por tror de comportament pas écrire Du tout Ton prénom Veux Pas tu Veux pasou tu sais pas retiendrai qume sies d'accord le terme de trouble des conduites Chez Lui Chez un enfant d'intelligence normale c'est un enfant jeir rapidement P que 6is Nalu 6is este tema também pode
ser verificado na imprensa nacional e internacional como comenta o psiquiatra Rossano Cabral Lima uma matéria do New York Times dizia a respeito a uma reunião a um encontro do CDC o centro de controle de doenças e de Atlanta nos Estados Unidos que estimava que pelo menos 10.000 crianças de 2 e 3 anos de idade estavam sendo medicadas para transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade nos Estados Unidos principalmente crianças atendidas pelo sistema medicade ou seja crianças de baixo nível de renda Crianças Pobres eh a estimativa é que um outro número também um pouco menor de
crianças dessa mesma faixa etária eh também estava sendo medicada e atendida pelo sistema privado de saúde eh e o CDC obviamente estava alertando com preocupação para esse uso completamente fora das indicações numa faixa etária onde não se conhece eh segurança do remédio onde de fato o próprio diagnóstico de transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade eh é questionável não é mas eh constatando esse uso de medicamento e né principalmente metilfenidato Principalmente Ritalina para crianças Muito pequenas uma matéria do Estadão falando aí do Brasil né um aumento de 775 por na prescrição de do mesmo remédio
metilfenidato ritalina aqui no Brasil entre 2003 e 2012 e resultado de uma pesquisa de uma doutora lá do Instituto de medicina social da uerg onde eu trabalho um outro dado né publicado na imprensa britânica um pouquinho mais atrás em 2007 eh constatando o aumento de quatro vezes do uso de antidepressivos para crianças entre 96 e 2006 ou seja a gente pode dizer né que a gente tá falando de um fenômeno que não tá restrito a um só país é um fenômeno razo elment global é claro né que em outras eh culturas e outros países ele
vai se expressar em dimensões e diferentes mas a gente tem aqui pelo menos três exemplos né um exemplo europeu um exemplo americano e um exemplo brasileiro bem a grande dificuldade o grande desafio é interpretar esses dados como entender esse fenômeno do aumento de prescrição de medicamento psiquiátricos PR criança situações como essa 10.000 pelo menos 10.000 crianças medicadas aos dois a trê anos de idade nos Estados Unidos com ritalina isso é exceção ou isso tá tendendo a se transformar em regra quando esse fenômeno começou a despontar vozes críticas despontaram também aqui e ali mas eram vozes
que eram árias no campo médico francamente minoritárias e algumas vezes eram vozes que por virem de fora do campo médico eram meio que desconsideradas eram meio que desprezadas por exemplo o Né o discurso eh psicanalítico criticava esse movimento de medicalização mas aí em geral o estabelecimento psiquiátrico dizia não mas tá falando porque é né é psiquiatra porque são psicólogos né o interesse a disputa é uma disputa de mercado é uma disputa eh corporativa o que que começou a acontecer de uns anos para cá as críticas começaram a surgir de dentro do establishment psiquiátrico pessoas com
relevância vou citar aqui e eh algumas começaram a também a perceber que ok né a gente de certa maneira tá Algumas crianças e adolescentes que e eh né merecia iam ter acesso a esse tipo de tratamento medicamento diagnóstico tá tendo acesso mas há algo de errado né então algumas e eh eh figuras como o neurocientista Bruce Perry eh um psiquiatra que faleceu H há algum tempo mas que é importante porque é considerado um dos Pais do TDH que é Leon eisenberg eh o chefe que o o coordenador da terceira Edição do manual americano de psiquiatria
o 13 o Robert spitzer eh a n andreasen uma psiquiatra americana extremamente importante eh trabalha na universidade Iowa e tem estudos eh avançados em neurociência da esquizofrenia escreveu um artigo muito interessante falando quanto esses manuais e o modo deles entenderem a psicopatologia e a questão né da medicação tá muito ligada à disseminação desse diagnóstico a gente vai ver isso daqui a pouco né Eh o quanto esses manuais representaram nas palavras dela a morte da psicopatologia na América ou seja os estudantes deixaram de estudar psicopatologia profunda para fazer checklist tem esse sintoma tem não tem tem
não tem quantos deu deu seis isso dá o tal diagnóstico pronto e e acabou Márcia Angel que foi editora do New England Journal of medicine né E se transformou numa das principais críticas a esse movimento e de medicalização e por fim mas não menos importante é o Allen Francis que foi o psiquiatra que coordenou a quarta Edição do manual americano de psiquiatria o dsm4 por tão falado dsm manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais é o grande responsável pela propagação de novos diagnósticos publicado desde 1952 pela associação americana de psiquiatria ele funciona como uma espécie
de catálogo de todos os transtornos mentais e suas formas de tratamento sua versão atualizada o dsm5 foi lançada em 2013 polêmico é um adjetivo que funciona bem para o dsm basta lembrar que a homossexualidade por exemplo figurou no manual como transtorno até 1973 apesar da forte influência que a des ex na área da saúde não faltam críticas a esta Bíblia da psiquiatria Qual é Então o o o panorama né no campo da da infância a partir principalmente dos anos 90 uma série de o campo muda completamente uma série de novos diagnósticos que não tavam ou
praticamente não estavam presente na pauta das pessoas que se formaram no campo até então eles começam a aparecer né no cenário médico psiquiátrico e rapidamente se alastram pela né pela discussão de todo mundo isso da mídia até a a família passando pela né pela Escola eh o o voltando a ao Allen Francis né eu citei lá no no no início que foi o coordenador do dsm4 4 da quarta Edição do manual da associação psiquiátrica eh americana eh ele admite ele diz olha nós eu né AL Francis e nós do dsm4 somos responsáveis por três falsas
epidemias a epidemia de transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade a epidemia de autismo principalmente em torno do da categoria de síndrome de Asperger ou Asperger e a epidemia de transtorno bipolar em geral incluindo a o transtorno eh eh bipolar na na infância o 4 acabou sendo um Dick frágil demais para frear o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades patológicas não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de fazer médicos pais e pacientes acreditarem que o transtorno psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução o resultado
foi uma inflação diagnóstica que causa muito dano Especialmente na psiquiatria infantil agora a ampliação de síndromes e patologias no dsm5 vai transformar a atual inflação Diagnóstica em hiperinflação criamos um sistema de Diagnóstico que transforma problemas cotidianos e normais da vida em transtornos mentais o diagnóstico de TDAH é o o de transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade é o O Carro Chefe desse né fenômeno de ampliação dos diagnósticos e da prescrição de medicamentos para PR pra criança é um diagnóstico né Muito pouco usado muito pouco conhecido antes dos anos 80 e até mesmo né dos
anos antes dos anos 90 eh ele foi precedido por alguns diagnósticos eh nos anos 60 70 até no início dos anos 80 aqui no Brasil eh mas não é um diagnóstico brasileiro é um diagnóstico eh eh americano e que que atingiu outras culturas Então esse diagnóstico acabou se transformando de novo Num grande guarda-chuva já que quem disse que toda hiperatividade desatenção e impulsividade é sinal de TDH esses comportamentos podem aparecer como sinais de outros quadros psicopatológicos crianças ansiosas ou deprimidas podem manifestar esses quadros com alguns desses né desses comportamentos crianças com questões outras que não
passa por transtornos mentais né reagindo a situações circunstanciais da escola ou de casa também podem apresentar esse tipo de questão e a gente não conta com nenhum critério para distinguir uma coisa da outra essa né a grande dificuldade ou seja na dúvida todas as crianças apresentando esse tipo de comportamento acabam sendo candidatas ao diagnóstico e a medicação aquelas que podem se beneficiar aquelas e também várias outras paraas quais a gente podia estar oferecendo outras coisas até porque a gente sabe os medicamentos não são isentos de efeito colateral de efeitos colaterais no plural eh e nem
sempre a balança né dos benefícios compensa os riscos o grande problema é que esse diagnóstico vem sendo feito de uma maneira extremamente apressada na qual toda a resp isso vale para vários outros também na qual toda a responsabilidade a patologia tá na criança né no cérebro da criança e o contexto é completamente desconsiderado na verdade é o inverso do raciocínio e do procedimento que deveria ser feito né na verdade eh Na minha opinião o a melhor maneira de lidar com por exemplo esse diagnóstico de transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade e mas que é
o vou falar aqui mais ou menos o oposto do que vocês vão encontrar no nos livros de psiquiatria é lidar como um diagnóstico de exclusão ou seja uma vez excluídas outras possibilidades de entender Por que aquela criança tá tão inquieta tá com tanta dificuldade de atenção Tá T tão impulsiva e explicações que com foco né na escola na relação da criança com a escola na relação da criança com a família se essas explicações né não foram suficientes Ok vamos pensar então né numa numa possibilidade de intervenção eh medicamentosa mas em geral é é é o
contrário o que se faz e e e aí o o problema é que vocês já devem ter visto os critérios diagnósticos para né transtorno de déf de atenção e hiperatividade eh vários de nós né e das nossas crianças vão se enquadrar em vários deles ou pelo menos em alguns deles um outro diagnóstico muito próximo ao diagnóstico de transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade é o diagnóstico eh de transtorno desafi eh opositivo né nome já mais ou menos disso né são crianças que têm um padrão de pouca submissão as autoridades e as regras que regem
né o ambiente familiar e os outros ambientes Então são crianças que né frequentemente resistem à né Aos pedidos e as ordens dos adultos tem uma postura às vezes de ativo eh Desafio ou oposição mesmo algumas vezes isso chega ao ponto de crise os ataques de ciúmes do pequeno Max por sua mãe no filme Onde Vivem os Monstros são exemplo do engano de enquadrarmos qualquer reação exagerada de uma criança como problema psiquiátrico se essa lógica fosse seguida a risca muitos de nós estaríamos numa situação complicada você pod perguntar acha que existe crianças assim você não vê
crianças assim na clínica sim vejo né crianças assim mas quem disse que chamar isso de transtorno desafiador de oposição me ajuda né é no máximo uma descrição do problema uma descrição do problema e e esse é o problema vários desses diagnósticos Esse é o principal exemplo mas isso serve para vários outros né esse potencial descritivo que eles têm até mais ou menos é transformado num potencial explicativo E aí As pessoas chegam e eu recebo pessoas dizendo Ah não olha a gente tá vindo aqui né porque ele tem tem tem tem tal comportamento fulana de tal
me disse que ele é assim porque ele tem tdo né ou seja o tdo o que eu digo PR pr pra família dizendo Olha esse é um nome que a gente dá às vezes né para esses comportamentos quando eles são muito intensos Mas isso não é uma explicação o criança não tem esse comportamento porque ele tem tdo ele é um nome que a gente dá eh n é para aquilo ali quando dá né quando quando quando usa num outro Polo como o o Allen Francis indicou tá o autismo eh esse também é outra coisa né
em termos de epidemiologia assustadora eh né quem estudou aí nos manuais de psiquiatria até até os anos 80 até mesmo o início dos anos 90 aprendeu que autismo desde que ele foi descrito lá em 1943 nos Estados Unidos eh era um quadro raríssimo a prevalência que era mais citada que a de uma pesquisa britânica dos anos 60 era que era um quadro que atingia [Música] 0,04% das Crianças as estatísticas né recente em 20 mostram que mais ou menos em 20 anos isso aumentou 20 vezes fazendo com que você encontra eh estatísticas Americanas de uma para
cada 80 crianças ou seja mais do que 1% mas na Coreia do Sul uma pesquisa apontou uma em cada 37 crianças autistas bem o que que tá eh né Eh eh acontecendo a uma minoria de pessoas e is tô falando das pessoas mesmo das pessoas mais comprometidas de uma maneira mais né da da ciência mais Quadrada com esse tipo de pesquisa só uma minoria acha que de fato né tá tendo mais autismo no mundo que na verdade acontece é que houve uma redefinição uma ampliação do que se chama autismo hoje em comparação com o se
chamava autismo há 30 anos atrás então síndrome de Asperger ou Asperger é crianças que em geral São né meio desajeitadas socialmente tem um modo às vezes estranho de falar são excêntricas né Tem uma percepção social ruim em relação né o ao comportamento adequado e inadequado em determinadas eh situações sociais Às vezes tem interesses muito focados em uma área eh específica em geral uma área do conhecimento que não tem muito a ver com interação entre pessoas e tal no livro O Estranho Caso do cachorro morto do inglês Mark Adon o protagonista é um garoto de 15
anos diagnosticado com a síndrome de Asperger Christopher bor é é um menino esperto cheio de conhecimentos enciclopédicos mas um tanto desajeitado nas relações pessoais quando estou realmente interessado em alguma coisa como estudar matemática ler um livro sobre as missões Apolo Ou sobre os grandes tubarões brancos não presto atenção em mais nada e o pai pode me chamar para comer o meu jantar que eu não escuto e é por isso que eu sou muito bom em jogar xadrez porque isolo minha mente de verdade e me concentro no tabuleiro e pouco depois a pessoa com a qual
estou jogando Para de se concentrar e começa a coçar o nariz olhar para fora da janela e então ela comete algum erro e eu ganho isso é um transtorno psiquiátrico várias pessoas que TM o diagnóstico aí já adultas né começaram Inclusive a se organizar nem tanto no Brasil mas fora dizendo não a gente não quer né porque em geral essas pessoas ao contrário de parte dos autistas essas pessoas falam conversam são né articuladas começaram a questionar se elas de Fato né mereci um diagnóstico eh eh psiquiátrico eh a famosa Psicose infantil no campo da psiquiatria
quase desapareceu virou todo mundo autista é claro que há coisas boas também né Você tem uma visibilidade social maior em relação a esse tipo de quadro fazendo que claro uma série de situações que de fato passavam de ser despercebidas uma série de de crianças e adolescentes que de fato eram consideradas retardadas né quando no fundo não eram eh fossem Diagnostic mas mais uma vez né a coisa e eh explodiu o outro diagnóstico que depois dessa onda do né TDH dos transtornos do espectro autista vem também aparecendo de uma maneira avassaladora é um diagnóstico de transtorno
bipolar na infância a mesma coisa e quem estudou medicina e psiquiatria até algumas Décadas atrás aprendeu que praticamente não existia transtorno bipolar na infância ponto começava na adolescência eraa raro eh na na na faixa etária infant juvenil de repente em 10 anos entre 95 e 2003 pouco menos de 10 anos houve um aumento de 40 vezes no diagnóstico desse quadro e basicamente por vários motivos não vou falar de todos aqui mas é principalmente por um motivo eh houve uma proposta de que os critérios diagnósticos mudassem onde o critério diagnóstico os critérios diagnósticos principais não eram
né como classicamente a criança ou adulto ou adolescente tem um período de depressão e depois um período de mania Euforia a proposta é que se houvesse irritabilidade raiva explosões temperamentais se a criança fosse agressiva etc pronto isso virou transtorno bipolar na infância né então aumentou 40 vezes por quê Porque de fato existem crianças assim mas é isso é a ela s assim porque tem transtorno bipolar e e e e ponto né isso então explica né isso quando a gente vai esses esses diagnósticos eh quando a gente vai ler estatísticas e explica Então o porquê não
é que de uma maneira geral transtornos mentais na infância e adolescência que né giravam Aí no máximo em torno de 10% que já é né uma taxa alta começa a chegar em 20 começa a ultrapassar não é 20% às vezes chegar a 30% e ou coisas né ou coisas maiores O problema é que isso né de exceção virou regra é ou seja o mais comum né Parece que os melhores clínicos são aqueles que fazem mais de um diagnóstico per capita eh quem não faz isso né fica parecendo que comeu mosca ou seja o problema tá
na criança ou o problema tá tem nós adultos e nessa maneira doida que a gente inventou de fazer diagnóstico em criança Óbvio segunda opção mas aí vocês podem dizer ah mas tá bom rossan mas então acabou né Não não acabou a quinta edição do manual de psiquiatria americana nos presenteou com um outro diagnóstico infantil que não existia porque é isso não existia foi baseado em alguns anos de pesquisa de um único grupo propuseram então o diagnóstico de tdd tá lá não tô inventando transtorno disruptivo de desregulação do humor repitam para vocês decorarem se vocês conseguirem
é meio que um trava língua psiquiátrico e olha só mas qual foi para vocês entenderem Qual é a lógica de desse desse diagnóstico parte das pessoas que pesquisaram e investiram nesse diagnóstico de transtorno bipolar na infância reconheceram o exagero não é possível né que um quadro raro de repente passe a atingir quase até 2% das crianças né o que que eles e eles começaram a observar também que boa parte dessas crianças que receberam diagnóstico de transtorno bipolar na infância quando cresciam não apresentava um quadro que merecia ser diagnosticado na vida adulta né não tinha nada
nem parecia com o que a gente conhece de transtorno bipolar na vida adulta qual é qual foi a solução então reconhecer que tá certo elas não são bipolares Mas elas têm esse outro quadro então é um quadro de novo tdd H transtorno disruptivo de desregulação do humor que se iniciaria entre 6 e 10 anos de idade ou e que seria caracterizado por né O que que em inglês é tons é crise de birra explosão emocional eh que são desproporcionais à dimensão do evento desencadeante que ocorrem três ou mais vezes por semana durante pelo menos um
ano e que entre esses episódios de explosão de chugar coisa e etc o humor da criança seria geralmente irritável meio raivoso ou até mesmo meio né meio triste ora n de novo o número de crianças e podem aguardar né o número de crianças que vão ser incluídas nesse diagnóstico né vai ser né pode ser até que o transtorno bipolar infantil diminua esse vai aumentar né Porque de fato né tudo que a gente não vou falar os pais querem não né até porque eu também sou pai tudo que a gente quer é um nome né para
Por que que meu filho explode julgou né o copo na parede enfim me xingou e bateu a cabeça e etc Ah não é porque você chega alguém e me diz é porque ele tem transtorno disruptivo eu mesmo tenho que ler porque eu eu eu transtorno disruptivo de desregulação eh do do do humor o novo tdd h o reflexo disso é claro né Aí chegando ao campo da questão da da medicação é isso né que eu de certa maneira eu já eu já falei ou seja uma explosão de uso de né a gente fala muito da
alí do metilfenidato eh mas não né é bom não esquecer dos antidepressivos e dos antipsicóticos que vem sendo usados de uma maneira para quase tudo aqui né para transtorno bipolar do humor para transtorno positivo desafiador eh né para tdd h eh não é eh eh muitas vezes né isso a psicofarmacologia o uso de medicamentos psiquiátricos na infância né é ainda uma né embora seja uma prática disseminada ela tem bases científicas Fas ainda frágeis né boa parte do uso que é feito é o chamado uso off Label uso fora da bula fora da recomendação do do
fabricante tem a ver com extrapolação de pesquisas de dados né obtidos em pesquisa com adulto mais extrapolados né para PR pra criança eh a sérias dúvidas sobre de fato a a a eficácia no dos esses antidepressivos recentes os chamados inibidores seletivos da recaptação da serotonina se de fato eles são muito melhores do que outras intervenções Não farmacológicas na verdade poucas pesquisas conseguem comprovar que esses efeitos se mantém a longo prazo depois de 1 2 3 anos eh né mostrando Então quais são as né as as as questões que esse tipo de de de proliferação de
prescrição e eh acarreta a criação de novos diagnósticos gera novos tratamentos e consequentemente novos remédios um negócio que vai além do campo da Medicina envolvendo política indústria e a própria população por outro lado não há como ignorar a necessidade real de tratamentos psiquiátricos qual seria a postura mais adequada para encararmos este cenário atual quais são as forças que movem esse processo de medicalização né que afeta a a a todos nós do qual eu querendo ou não sou parte como psiquiatra de crianças e adolescentes eh bem o normalmente os estudos mais os estudos mais tradicionais os
estudos dos anos 70 e etc centravam o foco obviamente né No Poder médico né o poder que o médico foi delegado à sociedade eh pro médico de definir né situações de ser quase que um juiz da sanidade ou da doença de uma pessoa Criança adulto e da Saúde física a ou da Saúde Mental um outro Outro fator que né a gente sempre enfatiza é o poder atual da Indústria Farmacêutica né Na definição da pauta de pesquisa médica não que a Indústria Farmacêutica seja né ruim em si né na hora do aperto todos nós corremos aqui
para um remedinho aqui ou outro né remedinho ali a colar A grande questão é a interrelação quase promíscua entre o campo de pesquisa em Psiquiatria e a indústria eh eh farmacêutica não é eh se tentou alguns eh eh algumas estratégias paliativas Então hoje né os artigos ou as apresentações em congressos Tem a parte da né da revelação de interesses onde o médico disse isso não é só no campo da psiquiatria se ele né também é funcionário palestrante da da indústria da Indústria Farmacêutica Mas isso não inibiu esse esse processo né a maior parte das pessoas
que tomaram parte da organização dos dois últimos manuais de psiquiatria americanos tinham eh eram né funcionários esporádicos ou às vezes né frequentes da Indústria Farmacêutica diretamente interessada naquelas né Na definição daquelas daquelas categorias em alguns Campos né 100% das pessoas eram ligadas à indústria né à Indústria Farmacêutica ao lado desses fatores mais internos ao campo médico biológico científico tecnológico farmacológico eh tem sido dada muita ênfase a também a fatores externos que tem uma importância muito grande nesse processo eh de medicalização então por exemplo organização de grupos de pressão muitas vezes grupos de pressão de pessoas
diretamente eu tô falando de pacientes de pessoas usuários né Eh leigos eh pessoas que TM interesse direto eh na Constituição de um determinado diagnóstico fora do campo da um exemplo fora do campo da infância o diagnóstico de transtorno de estress pós-traumático não apareceu por avanços também internos das pesquisas do campo apareceu por pressão de grupos eh de veteranos do Vietnã e da Primeira Guerra do Golfo que né estavam lá atormentados com malestares e lembranças e precisavam de um diagnóstico para que o seguro de saúde americano pagasse o tratamento deles o diagnóstico então apareceu eh o
o o então né Acabei de citar Outro fator de pressão sistemas de saúde principalmente sistemas de saúde que tem a lógica americana do seguro saúde né Eh esses sistemas dizem ok a gente vai pagar o tratamento desde que você diga que que transtorno é esse né E desde de preferência que você temha uma maneira rápida de resolvê-lo obviamente a medicação se destaca com uma promessa de né de melhora rápida e Finalmente né E tem mais a ver aqui com a nossa discussão de criança é claro que o a escola e a família hoje em dia
tem um papel fundamental não é boa parte da demanda por por diagnóstico e intervenção medicamentosa né eh nascem né de maneira mais ou menos espontânea né no seio da escola no seio da família ou seja o que que a gente pode né Eh dizer eh o o o surgimento de novas categorias diagnósticas e dos medicamentos para tratar essas categorias diagnósticas eh esse surgimento não depende exclusivamente de movimentos internos ao campo médico e ao campo científico a uma demanda social por esse tipo de intervenção e acho que é isso né que a gente precisa precisa precisa
e refletir né isso abala um pouco essa ideia que a gente gosta de de cultivar de uma ciência neutra né feita numa arena céptica não é e esse o o o panorama Principalmente quando coisas tão delicadas quanto o comportamento humano comportamento de crianças tá em jogo para um diagnóstico acertado de um transtorno em uma criança é importante considerar o contexto social em que ela está inserida não à toa o papel da escola é sempre lembrado é ali que a criança passa boa parte do seu tempo que pode ser hora fascinante ora até assustador meu nome
é João sou eh diretor Educacional de uma creche né Uhum da educação infantil né da rede Municipal aqui de campinas nós não escapamos de termos eh casos eh presente na escola e tem crescido eh o aumentado a a necessidade do conhecimento dos profissionais da educação por Por conta desses termos que vem vindo né E aí veio as necessidades dos professores dos educadores a se a aumentar o conhecimento nessa área de da Medicina sim às vezes não há nenhum tipo de interlocução da saúde com a escola dos médicos com a escola no campo público no campo
privado isso aí já não tem tanta tanta diferença assim ou às vezes o que há é monólogo Ou seja é muito comum a gente encontra isso lá no Rio Eu imagino que tem aqui em Campinas tem em todo lugar né que profissionais da saúde em geral de departamentos de psiquiatria ou de serviços eh de psiquiatria ofereçam pacotes prontos pra escola entendeu o programa já tá lá todo fechado né Eh eles costumam chamar isso de psicoeducação você né chega então e oferece o programa né pra escola entender o que é TDH tdo transtorno bipolar do M
agora o tdd h etc etc etc sem muita possibilidade ou quase sem nenhuma possibilidade de que a escola possa ter né Essa postura um pouco mais né mais crítica mais mais questionadora num contexto onde a tarefa da criança diária é ficar por 4 5 6 horas Sentada né Mais ou menos no mesmo lugar aí prestando atenção né numa aula que nem sempre é muito né é muito interessante porque isso é outra curiosidade também os pais em geral dizem praticamente todos né ah não olha na aula Ele não presta em casa ele é até agitado mas
na hora de jogar videogame fica uma ou duas horas ou seja isso não quer dizer Ah quer dizer que a criança não tem problema de atenção não pode ter mas que ela consegue quando o interesse né atenção não é uma função também isolada né Isso é uma construção pra gente poder manejar né atenção tem também tem a ver com interesse vontade etc então né É é é óbvio que às vezes o o o a criança consegue né compensar eh eh compensar isso eh eu sempre dou como como como exemplo eh pensar né numa criança hiperativa
muito agitada e etc num contexto de uma cultura indígena com pouco contato né com com com com conosco eh óbvio não tem escola né esse diagnóstico de TDH faz sentido né Você pode até com os mesmos critérios das escalas medir e dizer que as crianças têm né os mesmos sintomas mas isso naquela cultura merece ser considerado né como patologia Boa noite meu nome é Débora eu sou assistente social e no meu trabalho eu recebi por várias vezes casos de crianças cuja família se negava a dar o medicamento então escolas comunicavam o judiciário e aí a
gente tinha que chamar as famílias sistema educacional não tá pronto para absorver essas crianças a minha pergunta é na escola eu devo insistir que essa criança tenha um tratamento diferenciado né Por exemplo que essa criança tenha que ter provas diferenciadas que ela tenha que ter seu tempo maior que ela tenha que ter prova oral ou eu devo deixar que essa criança tenha o seg normal de qualquer outra criança Qual é a sua opinião tá bom Débora obrigada também pela tua né pela tua intervenção eu acho que é fundamental isso eu eu acho pelo menos é
a minha é a minha opinião é possível você prescrever a ritalina sem prescrever junto uma noção de doença que desresponsabilizar criança e a família pelos comportamentos dela e que também não reduza toda a criança ao diagnóstico né acaba tendo até um deslizamento né tradicionalmente você fala você tem TDH né do ter foi pro ser né Ele é o TDH tô vendo aí claramente que você não faz isso esse tipo de situação deve ser avaliado caso a caso bien mon dossier je connais par cur je sais a marqu que Je suis un instable per há crianças
né eu tô dizendo isso pela minha prática Clínica também há crianças eh que eu que eu acompanho ou que eu acompanhei que de fato foram beneficiadas por né esse tipo de estratégia né de ter mais tempo de prova fazer prova no lugar mais silencioso e etc e para outras crianças pelo contrário foi desastroso porque criou de fato um certo estigma uma certa diferenciação a própria criança ficou péssima em em relação a isso e pede para Que ela possa est fazendo de volta junto com os outros entendeu então eh a a minha resposta é essa né
Ou seja é preciso que os profissionais né já que existem vários aí profissionais que esses profissionais eh avaliem né o caso para eh definir se nessa situação isso é interessante ou se não é e se for interessante não quer dizer que é interessante também pra vida inteira e se não for interessante também não quer dizer que isso não possa ser reaval um tempo depois sim eu acredito porque eu tô inserida Nesse contexto da escola que a escola é sim muito falha que a escola é sim tem muitos problemas mas a escola também tá tentando acertar
e o que me preocupa muito às vezes é que eu tenho alunos que chegam para mim e fal assim professora hoje eu vou dar trabalho porque hoje eu não tomei o remédio então assim eles as crianças já estão tendo realmente como identidade a identidade do remédio né Eh a minha pergunta passa por como é que dentro da sua opinião dentro dos seus conhecimentos eh a escola pode trazer se não um modelo mas eh desencadear um processo que consiga resolver ou pelo menos minorar o sofrimento dessas crianças desses pais Vanessa eh Olha só eu eu né
primeiro eu acho que como eu tava dizendo né Eh não dá pra escola se propor a resolver essa questão sozinha do mesmo jeito que eu também acho que o meu campo né o campo da Saúde da Medicina da psiquiatria também não vai resolver isso isso sozinho is agora o que eu acho que eu posso tem Às vezes tem uns trabalhos de formiguinha que ajudam né Então essas experiências locais de sucesso elas precisam ser divulgadas né pelos meios que forem né a gente tem redes sociais para né para isso Isso é uma vantagem enorme hoje em
dia ou seja a gente é é preciso que a gente saiba que existem experiências de sucesso porque essas experiências né claro que a gente não vai o contexto brasileiro é é é amplo né Elas não podem não servir como modelo Mas elas certamente vão servir como inspiração para outras experiências parecidas e daqui a pouco a gente vai ver isso se reproduzindo num escala muito maior eu acho que para além de de de eh eh conhecer esses diagnósticos etc é preciso que a escola se autorize a lidar com essas crianças difíceis a partir dos seus próprios
critérios e não só em decorrência dos critérios da psiquiatria na ficção Podemos até nos divertir com personagens viciadas em antidepressivos e ansiolíticos Mas na vida real a situação é séria A Série medicalização Fora de Controle você encontra no nosso site visite no Facebook A página da CPF [Música] cultura o que eu acho que a gente tem que repensar é esse tipo de exigência de crianças Muito pequenas tendo que ficar sentado por uma ou ou mais horas porque se isso se transformar em Norma né aí essas pessoas que estão propondo medicação PR criança de 2 a
3 anos que não ficam sentadas tá bom elas vão estar certas [Música] t
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