A palavra de ordem, então, nesse sentido, é discernimento. Discernir. A convivência com os espíritos exige discernimento, amadurecimento.
E nós começamos então tratando de um dos lados dessa convivência, que é o lado dos encarnados. No capítulo 3 do livro dos médiuns, capítulo intitulado O método, no item 28, Kardec, de modo didático, classificou aqueles que tiveram contato com o fenômeno espírita ou o fenômeno do mundo espiritual, dos espíritos, e assumiram posturas bem definidas, diz o codificador. Entre os que se convenceram por estudo direto podem destacar-se entre os que se convenceram, porque muitos travam contato com o fenômeno e sequer saem desse contato convencidos da imortalidade da alma.
Não trataremos desse grupo, já que estamos falando de convivência com os espíritos. Kardec, então divide em quatro grupos. Primeiro grupo, os que creem pura e simplesmente nas manifestações.
Para eles, o espiritismo é apenas uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos, chamar zemos. Espíritas experimentadores. Experimentadores.
É o espírita que vai faz tratamento de cura, assiste cura, assiste reunião de materialização, assiste reunião mediúnica, tá sempre girando em torno do fenômeno, é curioso, se atrai pelo fenômeno e ponto final. O fenômeno é a linha de partida e a linha de chegada. não enxerga nenhuma consequência que decorre da manifestação dos espíritos.
Não enxerga. De modo que observar o fenômeno é importante. O Espiritismo nasceu da observação de fenômenos.
É bom que se diga, ao contrário de muitas filosofias espiritualistas, o espiritismo não nasceu da pena de um pensador trancado em um gabinete escrevendo sobre o universo. Não. O espiritismo nasceu da observação direta do contato de Kardec, do intercâmbio com os espíritos.
O intercâmbio com os espíritos está na base do espiritismo. É o nosso alicerce. Todavia, Kardec teve a coragem de avançar para além do fato, para além do fenômeno, para além da observação e extrair consequências.
Então aqui nós encaramos esses quatro grupos como degraus. O primeiro degrau é aquele que fica no fenômeno e você olha pra vida dele, pras relações dele, dessa pessoa, para suas crenças, para suas ideias e percebe que não houve nenhuma mudança significativa. Ele apenas teve contato com a manifestação espírita.
e ponto final. Apenas experimentou o fenômeno. Mas temos o segundo grupo.
Os que no espiritismo vem mais do que fatos. Olha, compreendem-lhe a parte filosófica, admiram a moral da ida decorrente. Olha que interessante.
Kardec tá fazendo uma progressão aqui. Você tem o fato, depois você tem uma reflexão sobre o fato. Isso é filosofia.
Isso é filosofia. E depois você tem uma consequência moral da reflexão filosófica. Isso é religiosidade, espiritualidade ou dê o nome que você quiser dar.
Uma consequência moral, porque isso tem um impacto na minha conduta, na minha ética, no meu conjunto de valores. É assim que Moisés proibiu a comunicação com os mortos. E é uma coisa curiosa, porque você só proíbe o que é possível, não é?
Alguém já viu alguma proibição assim? Proibido andar a 500 km/h. Não precisa.
Só se proíbe, isso é uma regra do direito, só se proíbe condutas possíveis. Essa a primeira regra. Mas tem uma segunda, só se proíbe condutas reiteradas e socialmente nocivas.
Quando surge uma lei proibindo algo, é porque aquilo já se tornou um hábito social, pernicioso, que precisa ser proibido, porque tá gerando um prejuízo. Então, na proibição de Moisés, nós temos duas provas. a primeira de que é possível comunicarse com os mortos, senão ele não teria proibido.
Segundo, que isso era uma prática comum dos hebreus, porque se não fosse uma prática, para que proibir? É, então essa é uma reflexão filosófica, mas havia uma consequência moral. E na época de Moisés, é claro que isso é só na época de Moisés, não acontece hoje mais.
Na época de Moisés consultavam os médiuns, vou casar com quem? Tô vendendo cinco ovelhas. É um bom negócio, devo vender ou não?
Então, os espíritos eram um tipo de serasa. você consultava os espíritos para saber a ficha, se a pessoa pagava bem, se não pagava, qual que era a conduta, né? Ou seja, a conversa com os espíritos se davam num grau tão elevado de infantilidade, de puerilidade, que o grande legislador hebreu entendeu que aquilo estava virando um elemento de dispersão, estava tirando autonomia das pessoas porque elas não tomavam decisões.
por si mesmas. Aquilo estava desviando a atenção das obrigações da vida e nós encarnamos para isso. E pior, estava banalizando o sentimento e o pensamento daquelas almas que estavam ainda num estágio de infância.
Então, proibiu temporariamente e agora a gente entende porque isso acontece até hoje. Então, esse segundo grupo, ele percebe a consequência filosófica. Ele sabe que o fato de sermos imortais há de trazer consequências extraordinárias e consequências morais.
Mas em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. Então, diz Kardec, o avarento continua avarento. O orgulhoso se conserva cheio de si.
O invejoso e o cioso continuam sempre hostis. Consideram a caridade cristã apenas uma bela máxima. São os espíritas imperfeitos.
Em Belo Horizonte, nós tínhamos um grande espírita que tivemos a honra de conhecê-lo, Leão Zalho. E ele chamava esses espíritas aqui de espíritas de pijama. O espírita de pijama, por que de pijama?
Porque ele só fica em casa de pijama. acorda de pijama, de tarde, ele tá de pijama, ele não sai de casa, mas ele vê tudo, dá notícia de tudo, critica tudo, tudo. E ele tem solução para tudo, para todos os problemas, mas evidentemente a única coisa que ele não tem é a disposição de tirar o pijama e sair de casa.
Então esse é o espírita imperfeito. Que linda a moral de Jesus. Até me emocionei.
E ele chora, se emociona, mas aquilo não tem relação concreta com a sua vida. Aquilo não transforma, aquilo não move a criatura, não faz com que ela dê um passo que é o passo do comprometimento. Então ele está envolvido, mas não está comprometido.
Eu me lembro de uma palestra profissional no tribunal, um palestrante, e lá eu aprendi a distinção entre estar envolvido e estar comprometido. E o palestrante disse assim: "No café da manhã, ovos com bacon, a galinha está envolvida. O porco tá comprometido".
Então, o espírita imperfeito, o espírito imperfeito, ele está envolvido, mas não está comprometido, porque ele não está disposto a perder nada. E acredite, transformar-se é perder algo. Qualquer mudança de pensamento, de sentimento, de conduta implica perda.
Eu tenho que abrir mão de alguma coisa, sobretudo de um hábito. Então, ele não chegou no grau do comprometimento. E aí tem o terceiro grupo aqui que eu vou pular.
Eu vou pro quarto, quarto grupo. É porque o terceiro é que é o comprometido mesmo. É, é o, é o porco.
No bom sentido. O quarto grupo é o espírita exaltado. Aqui tem uma coisa curiosa.
Olha como que o Kardec, o Kardec é muito engraçado algumas vezes. Olha o que que ele diz. A espécie humana seria perfeita se sempre tomasse o lado bom das coisas.
Para falar do espírito exaltado, Kardec. Então você vê que o negócio aqui é sério. E aí ele diz assim: "Em tudo o exagero é prejudicial".
e começa a dar as características do espírito exaltado. Confiança demasiado cega e frequentemente poeril infantil. É o crédulo, né?
Frequentemente pueril tocante ao mundo invisível o leva a aceitar com extrema facilidade e sem verificação aquilo cujo absurdo ou impossibilidade a reflexão e o exame demonstrariam. O entusiasmo, porém, não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do espiritismo.
Que interessante, né? É o credo. É o credo.
Então eu me recordo aqui de um caso, dois casos, e eu não posso dizer nem quem me contou, nem o lugar. Uma pessoa foi visitar um grupo espírito e falei: "Lá tava aquele senhor, aquela pessoa bondosa, simples". E falou: "Agora vou te apresentar o nosso trabalho de desobsessão".
E abriu assim a porta que deu acesso a um quintal. E o quintal tava cheio de gaiolas, gaiola mesmo. Ela olhou aqui e falou: "Meu Deus do céu, esse pessoal vai ser preso.
Comeceal. de ave Silvestre. Aí falou assim: "Vocês estão fazendo comércio de aves silvestre?
" Não, não, não. As gaiolas estão fechadas são os espíritos estão em tratamento e as que estão abertas são os espíritos já melhoraram, foi liberto. Não era gaiola para tratar espírito.
Tava comunicação lá, tava meio perturbado, colocava o espírito na gaiola. E ela ainda foi espirituosa, perguntou: "Mas quem coloca o espírito na gaiola? " Falou: "O guia da casa".
Viu, não é? Então é, é o que o Kardec fala. Se você não estivesse tão entusiasmado, você pensaria o mínimo de exame, de reflexão.
Fala: "Gente, mas esse negócio tá muito certo? prendeu um espírito numa gaiola, não é? Mas o caso mais curioso foi de uma amiga.
Ela foi no salão, fez aquela chapinha maravilhosa e o cabelo tava assim sedoso e aquela chapa linda na fila pro passe. E ela em oração de olhos fechados, concentrando para tomar o passe. Quando ela abre os olhos, vê que a pessoa sai da sala de passe brilhando.
Ela fala: "Meu Deus do céu, de unidade de efeito físico, esse passo é poderoso. " Aí saiu a segunda pessoa brilhando, ela falou: "Gente, será que eu tô com problema? Não é possível".
Quando saiu a terceira, ela parou. "O que que é isso que você tá brilhando? " Falou: "Não, aqui é o seguinte.
A gente toma o passe e o pessoal depois derrama óleo de cozinha na cabeça que é para fixar os fluidos. Dá aquela fixada. Ela falou: "Ah, na minha chapa não minha chapinha nem pensar, né?
O óleo de cozinha para fixar sua irmão, não é? Então, esse é o espírito exaltado. Agora tem um espírito exaltado que é mais perigoso ainda.
Mais perigoso que é aquele, ele comprou uma espada de aço e outra de jedai. Ele veste uma armadura e ele se transforma agora em um membro do grupo dos vingadores. Ele é o defensor da verdade e da pureza doutrinária.
E a missão dele agora é cortar cabeças no movimento espírita para eliminar o erro e a crendice, ainda que seja necessário matar. Então você vai no Facebook dele, só tem agressão. Ele agride a tudo e a todos.
Todas as instituições não prestam nem a FRS. Tudo ruim. E agora ele já tá postando que palestra é essa?
Que absurdo. É o espírita exaltado. Nós até valorizamos o apreço que ele tem a verdade, nós só não valorizamos a violência.
Porque a verdade não precisa de guerreiros, nem de defensores. A verdade é uma senhora de 90 anos, elegante, doce e sincera. Ela diz com a voz pausada e quando ela fala, meu amigo, geralmente você está atravessando uma profunda dor ou uma profunda reflexão.
Ela chega então de manso e lhe diz o que você precisa ouvir, nem mais nem menos. A verdade não é o Hulk. nem o Capitão América.
Então, o espírito exaltado ele causa mais prejuízo do que benefício. Mas é claro, temos o terceiro grupo. Os que não se contentam com admirar a moral espírita, eles a praticam e aceitam todas as consequências.
convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso. As relações com eles, com esse grupo aqui, sempre oferecem segurança. Olha que interessante, porque a convicção que nutrem os preservam de pensarem em praticar o mal, né?
A caridade é em tudo a regra de proceder a que obedecem. Eles são os verdadeiros espíritas, vírgula, ou melhor, vírgula, os espíritas cristãos. Verdadeira espírita é igual a espírita cristão.
Isso é Kardec, capítulo 3, livro dos médiuns, item 28, subíem terceiro. Espírita cristão. Agora aqui cabe dizer algo.
Quando eu digo cristão espírita, eu tô dizendo uma coisa. Quando eu digo espírita cristão, eu tô acrescentando um dado a mais. Porque se eu digo cristão, eu tenho o cristão da igreja ortodoxa oriental, eu tenho o cristão evangélico, o cristão católico, eu tenho o cristão mórmon e tenho o cristão espírita.
Tem vários grupos de cristianismo. O espírita é um deles. Porque nós somos cristãos, mas não somos mórmons.
Então, quando eu digo cristão espírita, eu tô dizendo sou cristão, mas da vertente espírita. Agora, quando eu digo: "Eu sou espírita". Aí a pessoa pergunta: "Qual dos quatro?
experimentador, imperfeito, exaltado ou espírita cristão. Então, o espírita cristão é um subconjunto do conjunto maior espírito. Nessa classificação que não é absoluta, é claro que aqui o codificador está apenas didaticamente fazendo uma classificação.
Nada tem de absoluto nisso aqui. É apenas para exercitar a nossa reflexão. Portanto, quando eu digo convivência com os espíritos ou conviver com os espíritos, nós temos que perguntar.
A primeira pergunta: que encarnado é esse que tá entrando em contato com os espíritos? É um experimentador? É um imperfeito?
É um exaltado ou é um espírita cristão? Porque o espírita cristão, ele participa de uma reunião de materialização, ele vai, ele faz um tratamento de cura, tem nenhum problema. Ele observa o fenômeno mediúnico, mas ele extrai consequências e ele muda conduta.
Ele muda a conduta. Ele tem um projeto de mudança. Entenda, quando nós dizemos isso, não é que o espírita cristão tem um compromisso de perfeição.
Não. Não. Porque nós não somos anjos ainda.
A diferença do espírita cristão pros outros é a maneira como ele lida com o erro. Quem aqui estuda um instrumento musical sabe quando você está aprendendo um instrumento musical, seja um violão, um piano, uma bateria, um baixo, não importa. violina, uma flauta.
Durante o aprendizado, você sabe, você tem certeza absoluta que vai cometer erros na execução da peça. Toda vez que meu professor põe uma partitura nova na minha frente, eu digo assim: "Lá vou eu errar de novo". Eu sei, porque aquela partitura vai apresentar um novo desafio para mim, um desafio em que eu vou ter que aprimorar a minha técnica, aprimorar a minha leitura, a minha percepção musical.
Então, eu vou cometer erros, mas como eu lido com o erro? Como um degrau para eu melhorar e não como uma cama para eu deitar. Porque o espírito imperfeito, ele lida com o erro de uma maneira conformada, conformista.
Ah, pau que nasce torto, cresce torto, nunca se endireita. Não vou nem citar o resto do refrão. Hã?
É um conformismo. O espírito cristão não. Ele transforma o erro num aprendizado.
Então ele sempre está buscando o aperfeiçoamento, o aperfeiço a perfectibilidade sem exigir de ninguém perfeição. é um compromisso com fazer sempre melhor, sem desprezar o que foi feito. Então, é essa a beleza de quem entra em contato com os espíritos.
Se é um espírita cristão, ele sempre extrai do contato com os espíritos um elemento motivador para viver melhor. Viver melhor. Viver.
Eu cheguei sexta-feira aqui, tava tendo um jogão aí, né, aqui em Porto Alegre. E trazendo a metáfora, o nosso jogo onde nós vamos ganhar o campeonato, é em casa, é na família, é nas relações afetivas, é no trabalho, é ali que a gente ganha o jogo. É na minha relação como cidadão, quando eu estou na rua, é ali que eu demonstro a força das minhas convicções.
Esses ambientes em que nós estamos aqui são dádivas da espiritualidade em que nós reabastecemos a nossa mente e o nosso coração com as energias necessárias para voltar pra partida e vencer e ganhar o jogo. Bom, esse é o lado dos encarnados, mas tem o lado dos espíritos. Um dos elementos comentávamos há pouco, extraordinários da obra de Kardec é a maneira como ele classifica os espíritos.
Muitas filosofias espiritualistas entraram em contato com os espíritos e estabeleceram ao menos uma teoria parcial da comunicabilidade com os espíritos, mas com esse grau de profundidade só o espiritismo. Na questão 100 do livro dos espíritos, há um item chamado escala espírita. espírita é o adjetivo usado por Kardec para se referir a tudo aquilo que diz respeito ao mundo espiritual, aos espíritos.
Escala espírita. Isso significa que todo intercâmbio com os espíritos se dá com seres que estão em diferentes graus de aperfeiçoamento. E é o que ele vai dizer.
A classificação dos espíritos se baseia no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar-se. Então, funciona como uma entrevista. Foi feita uma pesquisa em Belo Horizonte.
por psicólogos, o que que eles queriam avaliar, qual que era a reação da das pessoas quando você de modo formal pergunta algo. Então, pegaram uma repórter bem bonita, com microfone todo elegante, um cameraman com a uma câmera gigante para dar aquele ar de reportagem, né, aquele tom sério. E chegava então a moça toda elegante, saiu nas ruas de Belo Horizonte, parava as pessoas e perguntava assim: "O senhor ou a senhora estão sabendo da recente alteração legislativa?
" Pessoa não. Alteração legislativa? Como assim?
A nova lei criou um novo imposto. Não, mais um. Algum mais um imposto.
Mais um imposto é o imposto sobre o consumo de oxigênio. Falava sério. E a cobrança será diferente, dependendo do tamanho do nariz.
Quem tem um nariz maior consome mais oxigênio, paga mais. Quem tem o nariz menorzinho consome menos, paga menos. O que que o senhor, o que que a senhora acham disso?
E era incrível, porque a maioria embarcava. Isso é um absurdo. Esse congresso tá maluco.
Eu tenho culpa ter nascido com o nariz grande. E a pessoa começava a se exaltar e colocava sua opinião. Pouquíssimos questionaram a veracidade da informação dada pela repórter.
Fenômeno semelhante ocorre no intercâmbio com os espíritas, porque a maioria das pessoas tem no na crença a ideia de que se é espírito é sábio. Se é espírito é sábio. Isso é muito curioso, né?
muito curioso, porque não é assim, não é assim. Não é porque é espírito, a pessoa é sábia, né? Você pode já ter partido pro mundo espiritual e lá você é o quê?
Cornélio Pires escreve assim: "Grande inscrição de lembrança no túmulo de João de Souza. Afinal, aqui descansa quem nunca fez outra coisa". Então, depois do túmulo, você é exatamente o que você é.
exatamente o que você é, com uma pequena diferença. Você não tem mais corpo. Você é o que você é.
Então você pode estabelecer um intercâmbio com o espírito que sabe muito menos do que você. muito menos. Esse é um fato curioso, porque se você pegar aqui o Sérgio Lopes e ele foi contra com espírito e ele pergunta: "Porra, eu queria tirar uma dúvida com você".
Ele fala assim: "Drtor Sérgio Lopes, eu tô com um probleminha aqui, será que o senhor poderia me medicar? " corre risco do espírito pegar conselho com ele, porque é um médico tá sentindo dor e ele vai ter que fazer um atendimento. Então essa classificação, essa observação do Kardec é extraordinária, porque então ele criou com o auxílio dos espíritos e ele diz que essa classificação não tem nada de absoluta, ela é didática porque a gente mistura características de uma ou de outra em três grupos.
Três grupos. Grupo que tá em cima, espíritos puros e o Kardecita classificá-los de classe única. Evita classe única.
Grupo do meio, espíritos bons. E o grupo inferior, espíritos imperfeitos. Características dos espíritos imperfeitos.
Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão para o mal. Propensão para o mal.
ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhe são consequentes. Então, aqui tem um fato curioso no livro Entre a Terra e o Céu, a criança, eu não vou fazer nenhum spoiler aqui, né, como diz o André, sem spoiler, mas o livro começa com a prece de uma criança. Essa criança havia perdido a mãe, estava com o pai e com a madrasta.
E ela então, vivendo um tormento no lar, ela faz uma prece para a mãe. A prece interceptada por Clarêncio, que suspende suas atividades e por 2 anos vai atender a prece dessa criança. Aí eu não vou contar como é que termina.
Por quê? Porque ela fez a prece pra mãe e a causa do problema no lar era a mãe desencarnada. Então, na prece, ela pediu pra criatura que era a causa do problema.
É um fato curioso, né? Então aqui predominância da matéria sobre o espírito. Nessa ordem que Kardec chama de ordem, né?
A terceira ordem, os espíritos imperfeitos. Segunda ordem, os espíritos bons. E primeira ordem, os espíritos puros.
Nessa terceira ordem, espírito imperfeito, tem até torcida organizada. ainda vestem a [Música] camisa lá em Minas do Galo, do Cruzeiro, vão ao campo, torcem, comemoram depois do jogo e, é claro, ao lado dos torcedores encarnados. Então é importante a gente atentar para esse fato, para não ter uma visão simplória de espírito e de intercâmbio com os espíritos.
E olha que interessante, nessa ordem nós temos a classe que é mais densa, a décima classe são os espíritos impuros. são inclinados ao mal de que fazem o objeto de suas preocupações. Então, os espíritos que estão nessa classe aqui, a única preocupação deles é praticar o mal.
Não é com esses que você quer intercâmbio, né? Então, olha aqui, como espíritos dão conselhos pérfidos, sopram a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as maneiras para melhor enganar. Claro, fingem ser o que não são.
E aí o Kardec vai dizer, acabam por ser trair, porque ainda que eles fingjam uma linguagem, fingjam uma ideia, eles não conseguem sustentar, né? Mas nós temos outra classe, são os espíritos levianos, que é a turma lá da gaiola, do óleo de cozinha, né? são os espíritos gozadores.
O Kardec diz assim: "Eles são ignorantes, maliciosos e refletidos e zombeteiros. Metem-se em tudo. A tudo respondem.
respondem a tudo sem se incomodarem com a verdade. É interessante isso, o espírito zombeteiro, que qualquer coisa você perguntar, ele responde, né? Lá em Minas a gente chama de [Música] inxirido, entra em tudo, não é?
Coisa que o que os espíritos das outras ordens, os bons espíritos não fazem. Você traz uma questão que é de foro íntimo ou pessoal, eles falam: "Não entramos nisso". Compete a você decidir.
Você já sabe o que fazer. O evangelho é claro. Eles não entram.
Os zombeteiros não entra em tudo, né? Se miscui em tudo. Agora, o que que o Kardec diz?
Eles são mais maliciosos do que maldosos, mas acontecem que eles adoram pregar peças, adoram fazer pegadinhas e o ingênuo cai, cai. E às vezes nós vemos fenômenos bizarros, quando um médium ou um grupo, uma casa espírita ou um aglomerado de pessoas estão sobre a influência de um espírito leviano ou zombeteiro. Agora, a oitava classe é o que eu particularmente considero a mais perigosa, que é o pseudo sábio.
Vamos deter um pouquinho mais nessa aqui. Dispõe de conhecimentos bastante amplos. Olha só, o espírito pseudo sábio na sua área, ele tem um conhecimento vasto, porém creem saber mais do que realmente sabem.
Então, qual que é o problema do pseudo sábio? Ele sabe muito. Ele só não sabe da própria ignorância.
Isso é um perigo. Você não ter um pleno conhecimento da sua ignorância é um perigo. Quando Sócrates foi ao oráculo de Delfos, que era médium da época, né, foi lá, o oráculo falou assim: "Eis aqui o homem mais sábio do mundo".
E o Sócrates, já acostumado a ler livro dos espíritos, do mundo espiritual, né? olhou para aquilo, falou: "Ix mais sábio do mundo, exagerou. Mas olha o que que o Sócrates se propôs eu vou fazer o seguinte, não vou desconsiderar o oráculo porque eu sei que ele presta serviços relevantes.
Eu vou sair, vou pesquisar e vou encontrar um homem mais sábio do que eu, vou trazer aqui para provar que o oráculo tá errado. E saiu. Então ele selecionou entre as várias categorias do mundo grego.
Então tinha do mundo grego, tá gente? É antigo. Então tinha lá os políticos, eh os artistas, os filósofos.
E aí ele conversou e viu que aquelas pessoas tinham muito conhecimento na sua área, muito conhecimento, às vezes mais do que ele naquela área, mas não tinham a mínima noção do quanto ignoravam. E aí o Sócrates pensou, não é sábio, não. Essa pessoa, ela conhece muito na área da política ou na área da arte ou na área da filosofia, mas o maior sábio ele não é porque ele desconhece a própria ignorância.
Então, depois de entrevistar muita gente, Sócrates chegou a uma conclusão. Ele era o homem mais sábio da Grécia. Por quê?
Porque ele era o único homem que tinha plena segurança da sua ignorância. E é onde ele cunha a sua famosa frase, que a sua sabedoria estava no pleno conhecimento daquilo que ele não sabia. Então esse é o problema do do espírito pseudo sábio.
Ele não sabe que ignora. Isso é um perigo, gente, porque a ignorância tem certeza de tudo, de tudo, de tudo. Eu me recordo de um ancestral meu, um bisavô, ele chamava Isido Pedra.
Olha o nome da criatura. Vivia na zona rural. E todo mundo que conhece um pouco de agricultura sabe.
Quando você planta uma planta delicada, que tem um fruto saboroso, geralmente você usa o que a gente chama de cavalo. Você pega uma planta mais bruta, mais forte para servir de base e aí você enxerta aquela planta. Então ele foi visitar uma plantação de laranja, cada laranja maravilhosa, docinha, ele ficou encantado com aquilo.
O que ele não sabia é que aquela plantação de laranja era um enxerto feito numa base que era um limão selvagem. Então, a base era limão selvagem e a parte de cima era o enxerto da laranja. Por que isso?
Porque a base é forte, ela é resistente a a pestes, ela resiste ao clima hostil. E qual que é o problema? Se você pegar a semente da laranja, dessa laranja, e plantar, adivinha o que que nasce?
O cavalo, o limão. E foi o que ele fez. Pegou a laranja, chupou um tanto de laranja, pegou as sementes, levou e plantou.
Daí um tempo, o que que nasceu? Limão selvagem. O limão crescia, ele pegava o canivete, sentava do lado de fora, descascava o limão e chupava aquele negócio azedo que arrepiava até o perespírito.
E a esposa chegava, falava: "Isidro, meu bem, isso é limão? Fui eu que plantei, é laranja". Então, a ignorância ela tem certeza, não é?
[Aplausos] Certeza. A sabedoria do vida. A sabedoria do vida.
Tava lá. A sabedoria tá sempre assim. Até onde eu sei?
até onde eu posso observar, né? Ela sabe que tem um limite dali não vai, né? Então nós temos observado muito isso aqui, um intercâmbio que se dá com o espírito pseudo sábio, não é?
E se tem uma coisa que o pseudo sábio gosta, é de escrever um livro que vai explicar todos os mistérios do universo. O que eu acho curioso é caber num livro. Agora tem o espírito neutro.
O neutro é engraçado porque ele eles nem bastante bons para fazerem o bem e nem bastante maus para fazerem o mal. O espírito neutro, ele não tem muita energia nem para fazer o bem, nem o mal. É uma acomodada, não se posiciona, não assume nenhuma causa, né?
E depois tem uma classe aqui que o Kardec chama de batedores, que na verdade são os espíritos que produzem fenômeno físico, né? Necessariamente eles não são maus, mas eles são ainda tão materializados que são mais aptos a produzirem o fenômeno físico e muitas vezes são utilizados pelos espíritos superiores para tanto. E aí vem os bons espíritos.
É aqui que tá o ponto. Nos bons, nós temos predominância do espírito sobre a matéria, desejo do bem. suas qualidades e poderes estão em relação com o grau de adiantamento.
E aí tem os bons mesmos, os bondosos, né? Espíritos benévolos que são puro coração. Às vezes eles ignoram determinada coisa, eles deixam isso claro, mas é um coração amoroso, uma bondade incapazes de praticar o mal.
Tem os espíritos sábios e os de sabedoria. Olha que interessante, os sábios têm uma amplitude de conhecimento. Os espíritos de sabedoria não, eles já reúnem amor e sabedoria, né?
E por fim, dessa ordem, os espíritos superiores que são superlativos nessa ordem, em sabedoria e em bondade. E a primeira ordem, que são os espíritos puros. nenhuma influência da matéria, superioridade intelectual e moral absoluta com relação aos outros espíritos.
Classe única. Podem os homens pôr-se em comunicação com eles, mas extremamente presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente à suas ordens. Os espíritos puros, vai dizer Kardec aqui e nas demais questões, são os espíritos responsáveis pela nossa programação evolutiva.
Evolutiva. Esses espíritos nos acompanham a 20, 30, 40, 50 reencarnações. possuem um grau de sabedoria, de amor, que nós não temos ideia, uma força moral, um grau de resiliência que nós não somos capazes de avaliar, sustentam a evolução da humanidade dos seres encarnados, mas é claro, não estão à disposição de nós para um intercâmbio a qualquer hora velam por nós.
Uma vez compreendida a escala espírita, nós temos discernimento para ingressar nesse intercâmbio com mais maturidade, com mais atenção, com mais cuidado. É claro que o intercâmbio com os espíritos é um presente que nós recebemos de Deus. é uma dádiva, mas toda dádiva exige responsabilidade, exige um senso de oportunidade.
Por isso, entramos sim em contato com os espíritos, mas o fazemos sem ingenuidade, sem puerilidade, conscientes de que o maior desejo deles é o nosso aprimoramento moral. Muito obrigado. Boa tarde para todos.