Ciclo de Conferências TEORIA CRÍTICA DA TECNOLOGIA - parte 01

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O Ciclo de Conferências TEORIA CRÍTICA DA TECNOLOGIA (abril-maio/2010) na UnB teve como primeiro con...
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[Música] o cerimonial da Universidade de Brasília por intermédio do Observatório do movimento pela tecnologia social na América Latina do centro de desenvolvimento sustentável da UnB tenho o prazer e a honra de dar início ao curso da teoria crítica da tecnologia com o tema racionalização democrática poder e tecnologia este curso tem como um dos seus objetivos debater o determinismo tecnológico e a neutralidade da ciências diante das tecnociências abordagens alternativas para compor a mesa de honra convidamos magnífico reitor da Universidade de Brasília Professor José Geraldo de Souza Júnior diretora da faculdade de educação da Universidade de Brasília
Professora inê Maria Pires de [Aplausos] diretor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília professor Gustavo Sérgio Lins [Aplausos] Ribeiro gostaríamos de agradecer a presença do palestrante de hoje da Simon FR University O filosofo Andre finberg agradecemos também a presença de todos para uma saudação passamos a palavra ao diretor do Instituto de Ciências Sociais professor Gustavo Lins Ribeiro magnífico reitor um prazer estar com o senhor agora nessa tarde magnífica diretora Por que não da Faculdade de Educação que empresta esse local para a abertura do curso professor Ricardo nedder organizador do curso que trabalhou imensamente
para nós chegarmos a esse momento Professor finberg um prazer tê-lo mais um uma vez na Universidade de Brasília eh senhoras e senhores estudantes colegas eh talvez não exista um tema mais importante do que esse curso eh deseja eh discutir a questão da relação entre a tecnologia a sociedade e o político é fundamental no mundo contemporâneo em grande medida nós somos paut nós somos pautados pelo desenvolvimento tecnológico pela inovação constante Que a cada dia invade nossos lares nossos trabalhos se nós não compreendermos o que há de embutido nas promessas de desenvolvimento tecnológico nós não vamos compreender
o que será o nosso futuro e qualquer sociedade qualquer país nação que não compreenda o seu futuro está longe de poder fazer alguma coisa com ele Esse é o papel fundamental das ciências humanas das Ciências Sociais na universidade é prover conhecimento para nós podermos nos localizar e situar o desdobrar dos acontecimentos e num curso como esse eu tenho absoluta certeza pela qualidade das pessoas que irão participar pelo interesse que ele despertou como é prova aqui da dessa sala praticamente repleta um curso como esse vai dar uma contribuição muito grande para cada um de vocês que
poderá então desenvolver sua própria visão sobre o que queremos com a tecnologia o que será de nós num futuro que até já se prevê que seramos seremos todos cborges e a tecnologia cada vez mais invade o nosso próprio corpo nossa própria vida tudo isso levanta problemas éticos Morais econômicos políticos muitas vezes completamente inusitados muitas vezes completamente novos no sentido de que precisam ser equacionados para que possamos garantir o que todos sempre quiseram paz saúde amor e felicidade muito bem-vindo a todos Eh desejo um grande eh curso que seja uma troca proveitosa Entre todos eh e
que chegue ao final com cada um de nós sabendo muito mais do que o que sabemos agora muito obrigado com a palavra diretora da faculdade de educação da Universidade de Brasília professora inis Maria Pires de Almeida Boa tarde a todas e todos quero saudar O Magnífico reitor Professor José Geraldo de soua Júnior também O Magnífico diretor assim como ele me nomeou O querido colega o professor Gustavo aos que estão numa mesa estendida professor Ricardo nder Professor também a nossa quer professora Assim como aess enfim a todos vocês que estão aqui nesta tarde realmente para nós
da Faculdade de Educação absolutamente emblemática e eu direi o porquê Além Deste acolhimento que Sem dúvida alguma esta casa oportuniza e para aqueles que desconhecem um pouco da história não apenas de Brasília quanto da universidade e aqueles que conhecem e é bom reforçar a lembrança exatamente Este é o local em que a Universidade de Brasília teve as suas raízes com muito orgulho o prédio que nós estamos ele realmente abrigou a primeira Reitoria da nossa universidade e então por esses corredores Imaginem todos vocês passaram Darc Ribeiro an Teixeira Agostinho da Silva e tantos outros memoráveis educadores
quero também Isto é que me deixou realmente emocionada até dizer que hoje é aniversário da faculdade 44 anos olha que coisa linda como nós diríamos os céus conspiram e exatamente nesta tarde mesmo que nós não tenhamos a priori programado uma celebração torna-se uma celebração esta conferência Sem dúvida alguma E aí eu vou acrescentar porque também esta faculdade é Pioneira da mod ade de educação à distância na UnB então vejam Quantas coisas fluíram quanto realmente de energia nós estamos nesta tarde eh graciosamente compartilhando e recebendo a todos vocês e sem dúvida alguma é um orgulho muito
grande estarmos aqui nesta tarde para ouvirmos e assim como em outros momentos o professor que vaios com certeza fazer tudo isto que também alertou o professor Gustavo e nós aqui na faculdade mais do que nunca temos clareza para além dessa tecnologia fantástica fascinante sedutora tem humo e o que que mais a faculdade de educação tem como centralidade sen não a formação dos sujeitos que estão exatamente cumprindo o desiderato histórico de serem educadores e a tecnologia para completar está aí cada vez mais Sem dúvida alguma forte vigorosa mas sobretudo E aí vem Sem dúvida alguma um
olhar crítico e em especial da Dimão deste humano que jamais nós poderemos ouvid dar e então eu mais uma vez eu quero reiterar a Nossa Alegria uma satisfação muito especial com certeza o professor está surpreso tal são as novidades a respeito desta tarde e quero com agradecer a todos aqueles que pessoal e institucionalmente permiti que esse evento acontecesse um ótimo trabalho para todos nós E realmente parabéns a comunidade da faculdade de educação da Universidade de Brasília Obrigada ouviremos o pronunciamento do magnífico reitor da Universidade de Brasília Professor José Geraldo de Souza Júnior começo cumprimentando aqui
a mesa os diretores Gustavo Lin ripiro e inz Mari zanforlin os promotores desse evento eh o CDs e seu Observatório do eh de tecnologia social eh a a cátedra da Unesco de educação à distância os demais eh atores que estão nesse processo a FAC facade de educação a UnB TV a Universidade Aberta os professores que se incumbem de preparar o modelo deste curso organizado na série de conferências o primeiro conferencista Professor finberg eh e dizer da satisfação de poder eh abrir este evento percebendo aqui conjugado aqueles fatores que dão a medida da sua relevância e
do seu significado até diria paradigmático para a Universidade de Brasília trata-se de um curso que se desenvolve so os auspícios de avanços tecnológicos quer dizer uma estratégia tecnológica trabalha a perspectiva tecnológica inserindo sua Dimão social que é uma vertente hoje extremamente valiosa do ponto de vista do seu significado para o desenvolvimento da Ciência Tecnologia e inovação né mas o faz sobre o enfoque de uma sustentação filosófica assinalada pela abertura e sua primeira conferência que é curioso que quando se trata da questão da educação à distância eh eu tenho observado o quão tem sido mobilizador deste
eh engajamento eh filosófico eh nisso que poderia ser visto como mera técnica de atualização de eh eh estratégias de de ensino aprendizagem né Tava me lembrando aqui o Gustavo provavelmente também vai lembrar há alguns anos a presença aqui para discutir educação à distância do grande Historiador Christopher Hill né que e também eh para além de toda a sua bagagem de um dos autores da teoria histórica nova né base da das histórias de mentalidades né era um grande formulador da Perspectiva da educação à distância como estratégia de divulgação de conhecimentos e de ampliação de auditórios né
no mundo globalizado esse auditório precisa ser também Global desde que orientado por paradigmas eh que como aqui hoje com a presença do professor and finberg né vemos que é o balizamento do Espírito desse curso né Ele é de pós--graduação e de extensão mas o seu enquadramento é pela dimensão crítico teórica para pensar eh a abordagem do campo sobre o o o enquadramento filosófico político teoria política né a dimensão da Democracia a dimensão do poder ou como já percebi pelos seus textos né que representam uma perspectiva epistemológica de eh engajamento eh fugindo ao a instrumentalidade que
eh em geral pretende atribuir o Mero caráter neutro né a a a a a esse a Esse instrumento então eu eu fico feliz de poder eh estar presente neste evento com estas características que mobilizam os que estão aqui sob este ângulo não é certamente Não será apenas para desenvolver conhecimentos eh de técnicas novas eh para refletir sobre o alcance eh epistemológico dessa perspectiva dessa proposta né fico feliz porque eu próprio vendo a transmissão aí pelo a videoconferência né sou entusiasta da educação à distância né agora mesmo o projeto que coordena mais de 20 anos o
direito achado na rua está saindo por esta mediação a tecnológica para um alcance eh su americano para alcançar 40.000 participantes do prog prama de L Leda vai lembrar dos primeiros volumes né Eh desde aquele primeiro volume ainda com selo correio e eh cartinha né e nós não tínhamos ainda computadores nós não tínhamos eh o a infovia nada né para hoje se poder sair num auditório do tamanho e do do do continente americano né então Eh eu eu eu eu posso sentir essa dimensão transformadora num curto espaço né E aí a abertura dessas dimensões que são
trazidas sobretudo sobre o ângulo da teoria crítica né Eh o último texto de apresentação que fiz pra revista Darcy eh eu me referia a essa dimensão da humanização da tecnologia algo que percebo no seu discurso há pouco né que é uma uma uma dimensão inevitável né de eh atribuir ao nosso sentido no mundo n uma complexidade de presença que projeta a nossa condição de sujeito para a uma interatividade que de alguma maneira associa a relação homem máquina né e assim como a natureza e o homem tem que se reverem nessa perspectiva para que a natureza
não se desumanize e o homem não se desnatural a relação homem máquina também passa por essa perspectiva Então queria eh aqui eu sei que o professor aqui a grande expectativa do auditório tá ficando quente e eu então queria apenas fazer este registro da alta relevância que atribuo a iniciativa Que professor neda que eu já conhecia antes mesmo dele estar aqui na UnB né Fico há muitos anos né nos seus trabalhos e que apontavam para esse caminho e que aqui hoje felizmente sendo protagonista na nossa própria Universidade né e eh cumprimentar então o o conferencista de
hoje da sessão de 10 conferências e os participantes do curso Com certeza de que vão ter um bom proveito uma boa participação um momento Raro e Por conseguinte eh também uma presença pioneira no que eu espero seja o caráter eh dessas abordagens que nós estamos desenvolvendo na universidade e parabéns também à faculdade de educação né Eh esqueceu de falar de frei Mateus Ah é Afinal dizem que aquele retrato que você tem na sua sala é dele né É bem então h congratulações e bom curso a todos muito [Aplausos] obrigado boa tarde a todos com muita
satisfação que nós abrimos então primeiro primeira conferência do nosso ciclo com o professor hoje como não poderia deixar de ser nós estamos aí Ainda tentando até risar cada um vai se sentir mais à vontade quando lá lá pelas 16 horas mas a gente não vai estender tanto a conferência até lá obviamente mas às 16 horas nós temos um encontro lá no na livraria café bistr sebinho para fazer a comemoração da publicação desse livro que eu espero seja de grande proveito para todos sobretudo porque ele permite uma leitura mais eh tranquila e segura a partir dessas
apresentações do professor Fin não é mesmo então Eh eu gostaria de apresentar rapidamente Professor Fin ocupa a cátedra de filosofia da tecnologia do Canadá na universidade Simon frer fica no em Vancouver Professor filber ensinou durante vários anos no departamento filosofia da Universidade de San Diego na Universidade Estadual uma cidade pública na universidade de Duque na universidade de Nova York em Buffalo na Universidade da Califórnia e também fez uma vivência muito longa na França na sorbone e também na ecol de Out etud com eh o período sobretudo no período dos fins dos anos 60 em diante
também atuou na universidade de Tóquio num diálogo com colegas pesquisadores e filósofos na japoneses fui convidado pra universidade Simon frer a em Vancouver há mais ou menos 10 anos foi o um aluno na pós-graduação e também orientando de Ebert marcuse no seu doutoramento nos anos 60 e aprofundou os estudos e de Pesquisas nos últimos 30 anos basicamente em direção que eh de tal forma que ele permitiu criar uma obra eh que hoje nós podemos eh distingui-la dentro dessa vasta família das contribuições da escola de Frankfurt que é uma teoria crítica da tecnologia eh obviamente para
chegar a isso ele vem publicando né exaustivamente desde 1981 e entre 81 e 2008 vocês podem ter uma ideia no na página pessoal dele mas o livro também vai ser um apanhado dessa obra dele certa forma h artigos e capítulos textos aqui que Ele publicou nos últimos 15 anos em livros como Lucas Max e as fontes da teoria crítica A Teoria crítica da tecnologia modernidade alternativa colocando em questão a tecnologia a teoria crítica da tecnologia novamente numa edição revisada no início dos anos 2000 modernidade e tecnologia heidegger e marcuzi e também uma obra que ele
faz a síntese das contribuições de marcuzzi marcuzi em essência e por fim um livro muito interessante que se vocês tiverem interesse nós podemos conseguir uma cópia que é quando a poesia invade as ruas que é a história das manchetes que eram hum da Luta dos Estudantes nas ruas de maio de 68 na França e aí ele faz uma recuperação dessa história a partir dos slogans dos dísticos né daquelas falas eh colocada pelos alunos nas ruas então passaria a palavra professor finberg por favor muito bem como vocês sabem essa é a primeira das seis aulas que
eu vou dar aqui nas próximas semanas o tema é a democratização da tecnologia Esse foi o tema da minha pesquisa por já 30 anos e eu quero compartilhar com vocês algumas das ideias que eu desenvolvi Esse é um projeto de muita importância para mim em parte por causa da minha história pessoal nos anos 60 nós lutamos contra a Guerra do Vietnã lá nos Estados Unidos e foi uma guerra que foi tecnológica de uma maneira nova foi concebida nos Estados Unidos como um problema tecnológico que esperava ser resolvido com as melhores máquinas e as melhores tecnologias
e nós lutamos Contra esse uso da tecnologia em 1968 mais tarde na França eu participei de movimentos sociais para um socialismo de autogerenciamento contra as organizações tecnocrático francês e mais tarde nos anos 70 e 80 eu trabalhei com o Instituto Médico e trabalhei na área de educação online em redes de computadores e essas experiências com a tecnologia me deram um uma visão muito mais concreta do que é a tecnologia o que ela pode fazer Quais são as possibilidades garantidas pela tecnologia Então essas são as minhas razões por ser interessado nesse projeto mas eu acho que
é do interesse de todos não só meu interesse porque sociedade tecnológica na qual vivemos hoje o desenvolvimento da tecnologia determina o nosso futuro então o futuro da humanidade está ligado intimamente ao desenvolvimento tecnológico e isso levanta uma pergunta filosófica os especialistas são necessários em qualquer sociedade avançada tecnologicamente nada funciona mas isso significa que os especialistas vão determinar o nosso futuro decidindo então sobre o desenvolvimento da tecnologia esse é o nosso destino tornar-nos simplesmente servos obedientes dos sistemas criados pelos especialistas bom se eles estiverem sempre corretos pode até ser uma coisa boa mas nós temos razões
para duvidar dessa habilidade de nos liderar nós é é só olhar para o trânsito de São Paulo para chegar a dúvidas sérias com relação a essa especialidade Então qual é a alternativa nós não podemos viver sem os especialistas mas nós não precisamos obedecer tudo que eles determinam nós podemos argumentar protestar tentar influenciar o trabalho dos especialistas o público pode mudar o caminho através de pressão política e isso eu acho que é muito necessário para o nosso futuro eu tento entender isso sob o título de democratização porque estamos falando de iniciativas democráticas na Esfera técnica ou
tecnológica precisamos então de uma teoria que justifique esta noção Há muitas teorias no outro lado explicando que nós devemos simplesmente seguir passivamente os especialistas e obedecer o que eles dizem nós precisamos então dos nossos próprios argumentos que dizem Porque devemos influenciar na direção do Progresso e intervir ativamente Como eu disse isso tem a ver com a questão da Democracia Então o que queremos dizer por democracia bom o básico é bastante simples e bastante familiar para todos votação partidos políticos direitos das minorias discussão livre na esfera pública se você tem esses três aspectos nós chamamos isso
tudo de democracia os céticos que duvidam de que o público possa fazer uma intervenção útil na tecnologia eles argumentam que nada disso tem nenhuma relação com a tecnologia o público não pode votar sobre decisões tecnológicas Imaginem eh Se a gente fosse votar Onde colocar a próxima ponte sobre o Rio qual motor vai colocar no próximo carro isso é não é assim que funciona o público pode discutir alguma coisa que eles não entendem Então vamos deixar a tecnologia para aqueles que conhece a tecnologia e o resto Então pode apenas assistir e aproveitar dos benefícios da tecnologia
bom essa é uma ideologia tecnocrata a tecnocracia significa que a é diferente da Democracia ai é o povo a regra é o povo isso leva então a uma despolitização do Estado o governo então não mais refletiria o debate político mas simplesmente a especialidade técnica a política como nós entendemos a política tem a ver com as consequências da ação coletiva sempre que as pessoas agem de maneira conjunta elas precisam tomar decisões com relação ao que fazer e como lidar com as consequências de seus atos precisamos então de regras valores e ideias que possam guiar as ações
populares nós chamamos isso de dimensão normativa da política a dimensão que tem a ver com as normas é diferente dos estudos fatuais da ci assim por diante em princípio h a ciência das nor não há uma ciência das normas a argumentação filosófica debate público decisões tomadas mais ou menos de forma democrática é tudo isso que nós temos enquanto humanidade não nenhuma ciência pode ser tirada de nós por essa limitação então a política é baseada em em discussões públicas sobre as normas mas a discussão pública sobre as normas param nas portas da natureza nós não debatemos
por exemplo a localização das montanhas não há uma discussão pública sobre o ato de espirrar são coisas fenômenos naturais que simplesmente são o que são e nós deixamos eles a a a revelia da natureza no nível de atuação política não Agimos sobre isso então vamos falar sobre a ização da tecnologia que tem a ver com onde localizamos a tecnologia mais ou menos do lado da natureza por exemplo como aquelas montanhas Que Nós aceitamos que são como são ou como uma espécie de regra ou com outras preocupações da política como guerra etc de que lado devemos
colocar a tecnologia se nós somos tecnocratas nós vemos isso como natural se formos Democráticos e filósofos da tecnologia nós dizemos bom política no senso geral da palavra deve ser debatida tratar a tecnologia como um domínio da natureza é o que os filósofos chamam de reificação do latim que significa coisa é fazer tornar um conceito abstrato ou um processo em algo material um processo no caso de relações humanas se nós tomarmos os fenômenos sociais e considerarmos como fenômenos naturais dizemos que reic os fenômenos Eu tô batendo aqui o microfone a primeira reificação mais importante é a
reificação do mercado no século X as pessoas começaram acreditar que o mercado era uma espécie de fenômeno natural regulado por leis que não eram controláveis pelos seres humanos tudo que podíamos fazer era aceitar as regras do mercado era a doutrina do lefer do século X Bom Há uma realidade reificada como o mercado não é sujeita então há uma discussão pública não é uma preocupação normativa é claro sabemos que isso é falso nós já desref a economia somos mais sensíveis e ninguém acredita que a economia é uma esfera simplesmente da natureza com leis naturais e mutáveis
que os seres humanos não podem acessar e controlar não é mais assim que pensamos o presidente é responsável por isso então ele pode tomar boas decisões a economia vai prosperar senão a gente pode substituir o presidente é mais ou menos assim que a gente pensa hoje em dia Então essa é a des reificação da economia Nós voltamos do natural para o Cultural de volta para aquele domínio onde a política prevalece de alguma forma a ao mesmo tempo em que desre ific a economia nós reificar certo controle sobre a economia acreditamos que temos controle sobre a
economia mas dizemos hoje em dia que perdemos o controle da tecnologia os cientistas vão decidir o que a tecnologia vai ser e não é nosso dever discutir isso mas na verdade isso é verdade nós acreditamos nisso parece para mim que é impossível acreditar mais nisso quando pensamos no movimento ambiental por exemplo o que aconteceu com o ambientalismo debate público pressão política novas regras e regulamentações e leis transformações de tecnologias isso está acontecendo o tempo todo todo dia você lê no jornal sobre a tecnologia como uma questão política a tese tecnocrata é simplesmente falsa e nós
sabemos que ela é falsa por causa do ambientalismo o ambientalismo tem a ver com os problemas causados pela tecnologia em sua maior parte mas há outras esferas onde a tecnologia aparece como um fenômeno social não só porque causa mas também abre possibilidades e nós queremos então explorar essas possibilidades da tecnologia eu estou pensando aqui especialmente na internet a internet é uma tecnologia que foi inventada nos Estados Unidos sob direção do pentágono o Ou seja a departamento Militar dos Estados Unidos para permitir que os pesquisadores compartilhassem acessos aos computadores grandes de mainframe eles não tinham a
menor ideia do que a internet se tornaria no futuro como que ela se tornou isso que todos nós utilizamos todo dia mesmo nos nossos telefones celulares no ônibus como isso aconteceu começou com um aluno de graduação que colocou um programinha ali naquela internet primária para mandar um e-mail de um Campus para o outro na universidade e no pentágono os Generais se reuniram e discutir para saber se decidir se isso era bom ou ruim por sorte eles decidiram que não iam parar com esse desenvolvimento então não iam impedir que os professores começassem a mandar e-mails esse
foi o o começo de um processo que continua até hoje de usuários que modificam a internet para realizar o coisas que estão no seu potencial latente coisas que os especialistas ainda não perceberam com relação aos objetos que eles mesmos criaram então o que que está acontecendo aqui bom a tecnologia está voltando para o domínio normativo onde ela é então sujeita ao debate público mas claro não é a mesma coisa que a lei é mais tem mais a ver com lei do que com as montanhas lá que nós mencionamos mas é diferente a tecnologia tem caracterí
especí que aparecem na maneira através da qual nós debatemos a tecnologia E isso tem sido discutido por alguns anos agora em termos do que é chamado de Dilema do leigo e especialista leigo aqui vem da palavra dos dos crentes ordinários que não são por exemplo pastores eles são os leigos que t que não tem acesso às questões divinas que esses seriam os padres ou pastores então na área da tecnologia vamos falar do dilema Lego especialista que há um debate que vem crescendo com relação a essa interação entre a o LEGO e o especialista porque a
tecnologia tem pontos cegos como qualquer ação humana as disciplinas as a educação abre alguns mundos diferentes a poderes a coisas possibilidades abertas Mas eles se tornam também cegos para outras coisas eles podem perder um pouco do Insight sobre aquele campo então alguns problemas surgem a partir daí bom esses problemas podem ser invisíveis para os especialistas Mas eles são em algum ponto visíveis para aqueles leigos pela para pelas pessoas Ordinárias Então os Legos se envolvem através da experiência a poluição se intensifica ou seja então aquelas pessoas que causam a poluição não entendem quão má é a
poluição mas as pessoas que sofrem com a poluição sabem e podem falar de acordo com a sua experiência então você tem uma nova relação estabelecida na esfera pública entre a experiência de um lado e a especialidade do outro lado esses elementos são complementares são modos complementares de se entender o mundo não são contraditórios são complementares e precisam interagir E dialogar para chegar ao melhor resultado onde esse diálogo é interrompido e bloqueado Pode se ter um desastre Um Bom exemplo é União Soviética onde as pessoas não podiam falar não podiam expressar suas experiências com relação aos
problemas ambientais que foram então piorando piorando até que finalmente quando eles puderam falar houve então um acidente de Chernobil contaminando milhas e milhas daquele território contaminando rios e trazendo consequências terríveis e médicas e de éo que nós podemos evitar em sociedades onde as pessoas podem protestar e informar o governo de algum problema que esteja ocorrendo nós podemos colocar isso sob uma perspectiva mais Ampla o que estamos falando aqui é da evolução da esfera pública nas sociedades democráticas o domínio do debate começa com no século XVII nos primeiros países que estabeleceram as democracias o que as
pessoas debatiam Bom basicamente sobre a Lei e sobre a guerra esses eram os assuntos mais considerados considerados mais apropriados para as decisões políticas mas o domínio do debate público gradualmente se ampliou para invadir territórios antes reservados para Deus ou para a natureza então por exemplo no final do século XIX a educação o casamento foram absorvidos na Esfera política a igreja não mais organizava tudo que tinha a ver com o estado civil das pessoas e sua educação a educação dos seus filhos o governo então toma para si a essas responsabilidades então o debate público sobre essas
questões surgiu onde anteriormente não havia debate porque Deus já decidia por aquilo tudo e então já estava estabelecido de uma vez por todas no passado em segundo lugar a economia entrou na Esfera do debate público isso é especialmente verdadeiro depois da grande depressão de 1929 onde se tornou quando se tornou claro que a economia não funciona de por conta própria e hoje a política econômica foi removida da esfera da natureza e foi trazida para o domínio normativo o mesmo está acontecendo com a tecnologia uma outra força das nossas vidas a esfera pública continua a se
expandir a democracia está aumentando o seu alcance conforme avança Então essa é mais ou menos a introdução do tema da democratização da tecnologia agora eu quero apresentar a vocês algumas filosofias da tecnologia porque nós Precisamos de uma filosofia da tecnologia que seja compatível com essa perspectiva democrática que está emergindo na nossa experiência política de fato não nem todas as filosofias da tecnologia São compatíveis tem algumas que são bem influentes mas são simplesmente tecnocratas em seu espírito ou são reativas esse tipo de coisa então eu fiz um quadro eu vou mostrar esse quadro que eu fiz
ali na tela uma tabela eu acho que vocês TM uma cópia também impressa então acompanhe-me por favor d a câmera consegue alcançar aqui [Música] Isso significa que ninguém pode ver a imagem nos outros websites alguém pode fazer essa pergunta ali pros especialistas eu sou um leigo nessa questão aqui da da filmagem da transmissão ao vivo então isso só Vocês conseguem ver isso aqui né ninguém precisa me ver na TV na internet então muito bem esse quadro apresenta quatro tipos de teorias e há dois eixos um eixo horizontal Não esse não é o não é a
tabela correta estão vendo ali as palavras neutra autônoma controlável pelo homem condicionada por valores Esses são os eixos então nós queremos saber a tecnologia é autônoma ou ou controlável pelo pelo homem Nós também queremos saber se ela é neutra ou se ela é condicionada por valores ou seja revestida de valores Esses são os dois eixos o eixo horizontal e vertical que cria então Quatro áreas quatro caixas ali com diferentes filosofias as duas de cima são as teorias de reifica dac tendem a ver a tecnologia que é um conceito como um fenômeno natural essas teorias sustentam
que a tecnologia é muito parecida com a cência perdão com a ciência e bem diferente da cultura que é algo Irreversível que obedece a leis imutáveis que determinam a modernização das sociedades Então essas teorias argumentam que as sociedades vão convergir em um modelo único por exemplo todos vão acabar parecendo com os Estados Unidos da América todas as sociedades incluindo a brasileira vocês podem duvidar disso eu duvido por exemplo mas é um entendimento muito influente da tecnologia provavelmente a visão dominante no governo brasileiro as duas teorias de baixo são as que auns autores que vocês podem
terdo ou ouvido falar o Heider maruse fou todos esses são filósofos que fizeram críticas à visões daquelas daqueles dois quadros ali de cima eles estão tentando então des reificar a tecnologia desmistificar a tecnologia mostrar que ela não é algo natural tecnocracia não é necessária E então enquanto vamos passando H uma diferença aquela que se chama de substantivo é completamente negativa quanto que as teorias críticas oferecem algumas perspectivas democráticas então eu vou falar agora das quatro teorias na ordem primeiro vamos comear com instrumentalismo na parte direita superior eu estou usando a palavra instrumentalismo aqui de maneira
bem lúcida pode ser usado de maneira diferente mas essa é a minha definição de acordo com o instrumentalismo a tecnologia neutra e controlável pelo homem é neutra no sentido de que não contém nenhum valor em si é controlada pelo homem no sentido de que nós podemos fazer com a tecnologia o que quisermos eu vou dizer que essa é a filosofia espontânea da tecnologia no oeste é assim que no Oeste no mundo ocidental as pessoas pensam sobre a tecnologia então se você pedir perguntar que as pessoas Pega alguém assim aleatoriamente e pergunta o que que é
a tecnologia Esse é o tipo de resposta que eles provavelmente vão te dar a ideia básica é de que os meios e os fims absolutamente Independentes entre si os meios são coisas como carros e os fins são os destinos não há necessariamente uma conexão entre os dois você pode dirigir para onde você quiser com seu carro essa é uma visão que foi sumarizada ou reduzida com grande eficiência pela associa naal dos na nos Estados Unidos é uma organização muito poderosa que queer assegurar que todos nos Estados Unidos T acesso a uma arma e quando as
pessoas reclamam de que as armas matam as pessoas eles respondem não as armas não matam as pessoas as pessoas matam as pessoas as armas são inocentes eles não cometem elas não cometem nenhum crime são os usuários das armas que cometem os [Música] crimes se você acredita nisso e se você acha também que a tecnologia serve necessidades naturais que são comuns a todos os seres humanos e isso é baseado num conhecimento científico da natureza é é algo completamente apolítico não há nenhuma razão para envolver a política nisso a política pode decidir colocar uma represa aqui ao
invés de colocar a represa ali mas a política não teria Então nada a ver com a natureza nem com a lógica das represas isso seria uma questão científica e também seria incontroversa ou não controversa tecnologia de acordo com essa visão serviria a espécie humana como um todo não serviria a nenhum serviria a nenhum interesse particular mas serviria a todos de maneira indiferenciada bom é uma teoria comum como eu disse Mas há alguns pontos fracos que são bem óbvios hoje em dia na era dos Desastres ambientais a consequência mais óbvia é que as consequências são efeitos
colaterais as consequências sociais são efeitos colaterais bom mas aquelas consequências não intencionadas eram pequenas Então tudo bem mas o que acontece quando as consequências tornam-se algo que está na pauta do dia quando por exemplo o aquecimento global torna-se um fenômeno muito mais importante do que vamos dizer usar um carro para chegar para ir de um lugar a outro então parece implausível dizer que a tecnologia neutra e controlável pelo homem é tá longe de ser neutra e tá fora de controle nós precisamos de uma nova forma de pensar e de fato isso é verdadeiro desde o
começo se você voltar no passado e pensar nos efeitos das ferrovias o que que aconteceu pessoas começaram a se locomover em trens um dos efeitos colaterais disso foi o que o tempo precisava ser medido de maneira mais precisa e as atividades precisavam então ser programadas muito cuidadosamente senão poderia haver colisões de trens nas ferrovias Então já no século XIX com o aumento das ferrovias uma nova maneira de pensar sobre o tempo se difundiu então o sentido de tempo da humanidade foi transformada pela ferrovia isso não é apenas um efeito colateral é uma grande transformação no
que significa ser humano e isso está relacionado ao Progresso da tecnologia e então isso leva diretamente a segunda teoria que é o determinismo esse o o quadro ali tá um pouco reverso traduzido bom determinismo tá ali na esquerda parte superior esquerda determinismo é uma característica da teoria da modernização e do Marxismo tradicional que estabelece que depois da guerra da Segunda Guerra Mundial a competição levou a atenção de todos para o desenvolvimento social essa teoria diz que as consequências sociais são essenciais não só eit acidentais o determinismo vai mais além e argumenta que a tecnologia de
fato determina a sociedade e é isso é caracterizado por duas teses duas doutrinas primeiro a noção de um caminho unilinear de desenvolvimento uma única meta ou uma única linha de desenvolvimento onde as sociedades vão mais rápido ou mais devagar mas não há nenhuma outra linha ramificação que leve a outro lugar o desenvolvimento por estágios é governado pela busca pela eficiência ou seja do poder sobre a natureza e se esse é o caso e isso explica porque as sociedades modernas estão convergindo porque não há nenhuma outra maneira de ser moderno do que aquela maneira primeiramente explorada
pela sociedade mais avançados Marx acredita que isso até certo ponto é argument mas na no prefácio do o capital quando a versão em inglês foi publicada ele disse para vocês a história está contada vocês alemães olhem para a Inglaterra e vocês vão ver o futuro de vocês a Inglaterra já determinou futuro a outra Doutrina do determinismo é a noção de que a infraestrutura tecnológica determina a superestrutura social a maneira pela qual a tecnologia se desenvolveu e se organizou vai determinar coisas como estrutura familiar estruturas políticas religião literatura qualquer coisa então essa visão é discutida pela
teoria da modernização por pelo que se chama de imperativos da tecnologia se você quer utilizar a tecnologia você precisem da se você precisa usar a tecnologia x você precisa de um propósito y e um local Z então a tecnologia gradualmente muda toda todas as dimensões da vida social bom parece mais plausível talvez do que o instrumentalismo mas entretanto há também pontos fracos nesta teoria que os filósofos identificaram a ideia básica é que a eficiência reina o desenvolvimento e guia numa direção única mas a eficiência é um valor formal a eficiência de quê vocês podem sempre
perguntar eficiência não é mes é sempre relativo relacionado a alguma meta Então qual é a meta do desenvolvimento se você olha para qualquer sequência de desenvolvimento de um artefato técnico você pode ver que ele melhora de uma geração para a próxima mas sempre melhora a mesma coisa não vou lhe dar um exemplo consider os aviões se você olha para uma enciclopédia você pode ver uma a fotografia do primeiro avião aquele avião do Santos doon Não aquele dos irmãos Claro é uma coisinha frágil que anda Uns poucos metros finalmente você alcança digamos os aviões da década
de 70 e algo estranho acontece os dois valores são olhados com designos diferentes por exemplo o avião Concordia ele é mais rápido mas o Boeing 74 é maior então qual é a direção que tá guiando esse Progresso a dimensão ou a velocidade nada tecnologicamente decide essa questão os árabes decidiram a questão a PEP decidiu a questão quando o preço do combustível aumenta a velocidade não é mais a questão crucial é muito caro Então tem a ver com algumas leis da física que governam a resistência ao ar que eu acho que aumenta exponencialmente com a velocidade
Então é melhor não ir muito rápido porque isso provoca muito consumo de combustível então cresça Siga a direção da dimensão então é um outro valor que vai guiar o desenvolvimento dos Aviões O que é que é eficiência a eficiência é ter 400 pessoas na dentro de um avião e não 120 pessoas indo duas vezes mais rápida mas ter 400 pessoas indo mais lentamente Então quando você olha para o desenvolvimento da tecnologia é sempre assim os valores que guiam em termos do que você considera mais eficiente umaa para outra você não pode dizer que há uma
linha única tantas linhas quantas os valores alternativos que podem ser considerados no sucesso desenvolvimento da tecnologia que orientam essa eficiência em direção a uma determinada meta então você pode dizer sim há um progresso generalizado na história da tecnologia maser Umo Progresso obtido através de uma trilha única e também há problemas com a noção de que a tecnologia determina a sociedade não sei se isso é verdade porque como é que mudam as metas eles mudam ao longo da vida social eles mudam não porque alguma razão tecnológica mas por uma razão política por uma razão económica eles
mudam os gostos enfim e Nenhuma destas coisas pode reorientar a busca da eficiência então nós eliminamos agora as teorias tecnocrático dos quadrantes superiores daquele quadro que parecem justificar a noção que os especialistas poderiam fazer todas as decisões por nós então agora vamos ver os quadrantes inferiores daquele quadro ali as teorias começando pelo substantivo essa teoria defende que a tecnologia e gera um valor agregado e é autónoma valores e interesses são incorporados eles não são simplesmente fatos mas são também entidades de valor autónomos significa quees se desenvolvem de acordo com uma lógica interna de algum tipo
e não simplesmente so a direção do ser humano então Martin Heider é um filósofo alemão mais famoso desta linha de substantiva ele argumenta que as ferramentas que nós usamos moldam o mundo onde nós vivemos o ambiente onde nós circulamos é moldado pela tecnologia Nós não somos espectadores usando assim como um carpinteiro pega um martelo e um em prego e coloc não não nós estamos dentro da máquina nós fazemos parte da maquinaria e não estamos externos a essas ferramentas Nós não somos externos aos instrumentos nós fazemos parte instrumentos assim como o determinismo ele observa as consequências
do tecnologia como essenciais e não como acidentais não acredita que a tecnologia serve as necessidades humanas universais ao longo dos tempos alega que é necessário as necessidades de abrigo alimentação enfim e essa tecnologia nesse formato moderno é específica e culturalmente linc ao universo que nós chamamos modernidade é um tipo de sociedade ou de civilização e é diferente de outras civilizações as necessidades não são atendidas de forma igual os tipos de seres humanos que moram em cada uma dessas são diferentes não há um contínuo em relação determinismo ou instrumen ismo que possam sustentar digamos o que
a base constante para a humanidade ao longo do tempo ao invés eles se mudam se migra de mundo para outro através da tecnologia e isso aparece diz R não através do Progresso de algum tipo de esperança no desenvolvimento benéfico que melhora cada dia de um jeito ou sim através da destruição da tradição a substituição da tradição dos rituais dos costumes dos valores humanos comunicação através da eficiência maquinário de um um jeito ou outro de mediação tecnológica você pode dar o exemplo como por exemplo a industrialização da produção de alimentos a produção de alimentos costumava ser
a base de empresas familiares e o modo de vida associado a isso à Agricultura Familiar tornou-se uma operação industrial e então comer alimentos que antes acontecia em casa no ambiente familiar num ritual familiar onde os membros da família se reuniam e partilhavam essa experiência e conversavam e Falavam sobre os seus problemas e triunfos e agora substituída por um evento que acontece no McDonald's como uma forma de como se fosse uma operação de reabastecimento preencher o tanque para colocar algumas calorias dentro do tanque essas formações são características da modernidade e que a Heider criticava como sendo
uma espécie de declínio e queda nós estamos entrando no mundo sem esperança é um mundo no qual os seres humanos são mecanizados e tornam-se pouco mais do que as máquinas que eles mesmos operam e você pode dizer que isso está a acontecer inda qualquer loja qualquer livraria proc na pra com os livres de autoajuda você vai ver operador manuais de operação para a vida humana porque agora tem os manuais instruções não de não para os computadores mas para você para se divorciar para se casar para criar filhos para ganhar peso para perder peso para ter
mais músculos bom você pode imaginar todos os aspectos da vida agora e cada capítulo termina com um sumário uma síntese dos pontos principais que você aprendeu e deveria colocar em prática Estes são osos seres humanos com outro tipo de equipamento um equipamento mecânico de um tipo especial Bom claro que você pode dizer quem é que está operando esse equipamento humano bom essa é uma boa pergunta e aponta para problemas profundos que heidegger tinha e sobre o que ele tinha a dizer mas isso nos levaria muito profundamente nessa teoria então não vou entrar nessa discussão agora
bom o Heider é chamado de um filósofo essencialista tecnológico essencialista porque ele vê a tecnologia como tendo uma essência única é sempre presente em todos os aspectos como uma forma com uma especificidade que condu ao poder tem presente em toda a parte e que pressiona para o poder sobre a natureza e sobre os seres humanos e isso leva e enfim conduz-se de uma forma autónoma quando você inicia ele é autog gerador um outro filósofo substantiva o ja L explica como isso poderia ocorrer sempre que alguma decisão técnica é guiada pelo critério da eficiência esse critério
é sempre objetivamente e assertivo portanto qualquer pessoa que tem controle e que pode consulta o critério de eficiência fará a mesma decisão e nesse sentido a tecnologia é autog geradora o elemento humano apenas some é diferente as decisões feitas por um artista quando criando uma obra de arte nenhum outro artista faria a mesma decisão quando criando uma obra mas tudo é calculável na Esfera tecnológica Então as pessoas são irrelevantes bom esta conduta autónoma da tecnologia diz hean leva-nos a de uma Utopia a um tipo de des Utopia onde a Utopia da tecnologia seria desanimadora levando
a um tipo de um novo um bravo novo mundo onde as pessoas fazem parte da tecnologia e isso ele perguntava O que é que nós podemos fazer em relação a este estado de coisas e a resposta não podemos fazer nada apenas um Deus pode nos salvar agora Esta é uma frase que eu cito de He bom não é uma conclusão muito otimista eu acredito que hoje nós podemos ser mais otimistas do que Heider porque nós vimos implausibilidade destes padrões determinísticos que estão subjacentes à sua teoria nós vimos a tecnologia como ela tem uma flexibilidade considerável
e é sujeita muito mais cont do que aquilo que o filósofo Heider esperava ou mencionava Heider apenas e passou por cima das implicações democráticas do desenvolvimento da tecnologia ele não estava focado nos aspectos liberadores da tecnologia porque há alguns há vários em que a nossa vida fica mais enriquecida e mais livre do que seria há 100 Anos Atrás graças à tecnologia Mas isso não interessa o heidegger ele ele meio que desprez desconsiderou esta Ele olhou a possibilidade emergente do controle democrático que nós estamos experienciando Mas isso é mais desculpável porque ele morreu enfim antes do
ambientalismo antes da internet antes das variadas evidências da flexibilidade da tecnologia então portanto agora iríamos ao último quadrante teoria crítica e este é o tipo de teoria que eu estou tentando desenvolver este tipo de teoria começa sendo importante nos anos 60 nas escritos de Marcus e de foca e eu Fal vou falar um pouco sobre a abordagem geral que eles levaram em conta e na próxima apresentação Vou falar sobre o meu próprio abordagem que é baseado n nas ideias deles mas de alguma maneira diferente porque essencialmente a passagem do tempo pelo Que Nós aprendemos nesse
período estes filósofos apresenta o que eu chamo uma desot esquerdista da tecnologia esquerda no sentido político e é uma des Utopia porque Eles veem o que heidegger estava denunciando como estar ocorrendo E no entanto eles deixam-nos um pouquinho mais espaço para Esperança Eles não estão À Espera da intervenção de Deus a forma como eles fazem isso é politizando o a crítica à tecnologia na modernidade e indo a mais além para politizar esta crítica Você tem que fazer uma rotura com o determinismo e o substantiv ismo e criar uma perspectiva histórica sobre a tecnologia quando você
faz isso a ideia da uma uma civilização tecnologicamente singular cai não é mais defensável ao invés você tem que acreditar que em princípio há múltiplas possibilidades para uma sociedade moderna eles podem evoluir em diferentes direções e esse é um um problema histórico e político não um problema que possa ser resolvido através de uma análise filosófica da natureza da tecnologia em si mesma como heidegger tentou então isso abre espaço para nós pensarmos em tecnologias alternativas e o controle social democrático Nós podemos ser assim como e podemos estar na bagunça que heidger falava mas há alternativas e
nós podemos repolitizar a tecnologia trazê-la para a esfera pública e modificá-la bom a ideia chave aqui desta abordagem é a ideia de que a tecnologia é tem um é condicionada por valores e e atende a valores é condicionada por valores atende a determinados grupos da sociedade e desfavorece outros grupos na sociedade portanto pode haver um conflito político ao redor da tecnologia e assim que como os grupos desfavorecidos tentam alcançar e níveis dos quais Eles foram desalojados por essa tecnologia e incorporando isso em Sistemas técnicos Então vamos tentar fazer sentido com esta noção que eu vos
apresentei vou começar com alguns exemplos simples porque é uma ideia um pouco difícil enfim Aqui tá um exemplo muito simples o que o que acontece quando os primeiros computadores foram embarcados para o Japão os japonês olharam para estas coisas e viram um teclado e no teclado eles não encontraram uma única letra do seu alfabeto não havia caracter chinês eles apenas encontraram caracteres latinos bom Nós pensamos do computador como uma ferramenta Universal que pode servir a toda a humanidade mas os primeiros computadores foram para o Japão e eram ferramentas a entais que eram usadas pelos ocidentais
e Demorou deu bastante trabalho para eles para eles conseguirem colocar a funcionar na sua própria linguagem isso foi bastante Difícil eles demoraram vários anos inovações tecnológicas para criar teclados que eles pudessem utilizar então vocês podem ver que o design nesse caso nesse caso design do computador é relativo a um contexto um contexto social no caso das dos computadores ocidentais questão linguística que era crucial que pode ser muito diferente pode haver outros contextos que são definidos de outros modos nesse sentido você pode dizer que toda a tecnologia é local é tudo local parece Universal você olha
para ela como sendo regida por leis científicas mas na realidade é um fenómeno local aqui está um outro exemplo um exemplo muito mais dramático nos anos 20 Os Missionários chegaram no interior da da Austrália longe das cidades em regiões muito primitivas no interior da Austrália onde moravam os arbores essas pessoas estavam viviam na com uma tecnologia da Idade da Pedra eles trabalhavam com Machados de pedra que eram confeccionados pelos animais e e os cabia às mulheres e as Crianças fazer algumas tarefas então a idade da pedra para eles era um grande progresso vocês sabem era
como a bomba atómica para nós era uma enorme uma tremenda tecnologia para o povo arboris incorporar ferramentas de pedra Para incorporar nos seus mitos como um importante elemento que os missionários precisaram de ajuda precisavam que os arbores ajudassem a construir a sua missão para as suas instalações e precisavam de recompensá-los de uma forma motivadora pelo trabalho dos arbores Então o que é que eles inventaram forneceram Machados de Aço qualquer um que os u que os ajudasse a construir uma cabana ou a transportar coisas para a cidade mais próxima mais próxima ganhava Machados de Aço você
não precisava de ser um homem você não precisava atender a determinados rituais você não tinha que se comprometer em trocas com tribos vizinhas você podia ir apenas à missão e conseguir um machado de Aço grátis depois de algum tempo is se tornou começou a erir a estrutura da tribo e logo logo o povo arboris tinha perdido a sua cultura deles perderam a maioria da sua cultura Eles terminaram completamente desmoralizados e confusos porque eles não tinham mais uma forma Clara de compreender o mundo Eles terminaram ficando vagueando ao redor das Missões sem muito sentido de motivação
ou de propósito então esses missionários que tinham a esperança de trazer uma ferramenta mais eficiente para os arbores na realidade trouxeram o pesadelo a destruição da sua cultura na o ambiente arboris então vocês podem ver esse exemplo onde a eficiência não é o Que Nós pensamos que é tecnologia não é o Que Nós pensamos que é ela é na realidade um fenómeno cultural e nesse sentido ele incorpora valores e isto é verdade não apenas para tecnologia individuais mas para sistemas tecnológic E isto é onde nós podemos dizer a teoria crítica é que a tecnologia controlável
pelo homem é controlada ao nível das escolhas entre sistemas [Música] técnicos então o exemplo Óbvio no Brasil seria o veículo o carro né um sistema técnico não é apenas um artefato mas é um sistema das cidades no espaço como elas se e as vidas das pessoas são condicionadas da forma como se fabricam os automóveis os motoristas o automóvel é um sistema técnico mas alternativas ônibus metr qual prevaleceu qual prevalece por não por qualquer razão tecnológica Mas é uma escolha política que foi feita hoje a China tá entrando nesse mundo automóvel o governo toma uma decisão
sobre o preço da gasolina sobre onde investir na produção etc Como organizar as cidades is são assuntos políticos então neste sentido a tecnologia é controlável pelo homem bom agora gostaria de levá-los um pouco mais longe neste assunto e falar-lhes sobre da implicações filosóficas da teoria crítica da tecnologia trazer-nos mais próximo das preocupações de Marcus e foc e os meus as minhas próprias reflexões a respeito mas tanto mercus e forc argumentavam que a racionalidade tecnológica está relacionada com o sistema de dominação a tecnologia não é inocente ela não é apenas um meio para atender os os
fins ele é um sistema de dominação foco argumentava que de uma forma muito interessante ele argumentava que eh racionaliza e tecnologia racionaliza estruturas e sistemas organizava as relações humanas de forma assimétrica então algumas pessoas tinham controle sobre outras pessoas onde a tecnologia fosse introduzida estas relações assimétricas são reforçadas e são fortalecidas e ele estava bastante interessado nas prisões a forma como as prisões eram organizadas eram determinadas pela ciência Social pela criminologia prisão moderna era um local onde os prisioneiros deveriam ser reformados e a criminologia era a ciência que era suposto explicar como desenhar as os
prédios os presídios que é uma espécie de Tecnologia Tecnologia do controle e também como tratar os prisioneiros para manter registros sobre eles para compreender as suas motivações e como reformá-los mas observem que uma ciência como criminologia pressupõe que os prisioneiros eh como prisioneiros você não pode ter uma ciência de criminologia antes de haver um local para colocar em sob control e observar os seus objetos de estudo então inconscientemente a criminologia tá digamos tá influenciada pela forma como se controlam as pessoas ou como se gerenciam as pessoas como se controlam então na realidade não é uma
ciência no sentido que nós consideramos física uma ciência física pretende dominar a natureza observa sobre determinadas condições mas não há uma relação política digamos entre os físicos e o átomo no caso da criminologia há uma relação política invisível uma relação política invisível entre os criminologistas e os prisioneiros nós podemos generalizar de uma forma bom focou não aprofundou isto em todas as Ciências Sociais mas nós podemos facilmente generalizar e vou lembrá-los do exemplo da nascimento de crianças e os procedimentos de amamentação nos Estados Unidos eu não sei não sei como é que é no Brasil mas
nos Estados Unidos nos década de 30 e 40 do século passado eh os partos e amamentação foram cada vez mais incorporados na no sistema técnico de medicina onde previamente as pessoas antes davam à luz fora do sistema médico onde o parto não era considerado uma doença na gravidez não era uma doença era um fenómeno natural que era manipulado de acordo com as as condições existentes e tinha a ver com as habilidades das parteiras tudo isso mudou quando o parto e os cuid infantis tornou-se um assunto do sistema médico e dos médicos E aí entram as
relações de poder porque as mulheres deixaram de ser atores relevantes passaram a ser atores passivos não é algo que eles têm não que enfim no caso da amamentação isto fez com que as mulheres deixassem de amamentar porque a tecnologia moderna da garrafa é tão mais eficiente da mamadeira então muito logo nós tivemos uma geração de mulheres que precis Av de manuais técnicos um manual de operação para ensinar como amamentar Porque as mães delas não sabiam como amamentar porque elas não praticavam essa não tinham essa prática né então vocês podem ver como H as incorporações tecnológicas
ganham poder nesta medicalização de amamentação e de novo você tem pessoas reduzidos de uma forma passiva enquanto que outros transferem essa passividade para uns enquant outos ganham novos poderes Isto é tudo organizado em torno de sistemas irracionais de forma científica ou quase científicos sistemas Racionais medicina criminologia etc Isto é a grande inovação do focou é uma teoria muito interessante e relaciona com a administração moderna também assim que as teorias as práticas técnicas tornam-se tecnologia quando você passa do velho sistema de ferramentas baseados na economia familiar você migra para fábricas e grandes sistemas Então os poderes
hierárquicos eles crescem e cria-se uma nova estrutura e um novo modo de vida onde a dominação é um ingrediente importante nesse novo modelo Marcus teve argumentos similares Eu apenas vou mencionar um que eu considero relevante a ideia de que a tecnologia se sobrepõe no seu alcance numa sociedade moderna ela entra em todos da vida moderna e muitas das coisas que deveriam ser tratadas de uma forma não tecnológica eu queria contar um pouco por que eu acho que estou aqui né porque que eu fui convidado para est aqui hoje à tarde com vocês e depois de
contar um pouco essa historinha Eu pretendo também usar uma uma apresentação com PowerPoint para tornar a minha fala talvez mais inteligível eh eu tô muito satisfeito de estar aqui hoje na UnB porque a minha preocupação com tecnologia eh social ou com tecnologia enfim isso que nós estamos falando aqui ela se consolidou aqui na na UnB quando eu fiz o mestrado a a Minha tese de a minha dissertação de Mestrado que eu fiz em 76 aqui no na escola de economia da UnB se chamava tecnologia apropriada dois pontos uma alternativa eh era um momento onde nós
discutíamos tecnologia apropriada tecnologia intermediária small is beautiful essa ideia que vinha já do de gande lá da Índia né que tinha passado pela Europa e que tava começando a se espraiar na América Latina nesse período década de 70 e eu para estudar e esse tema eu fiz uma ampla pesquisa bibliográfica não só sobre o que tava saindo naquela época sobre tecnologia apropriada Mas também como eu tinha estudado no Chile tinha uma formação marxista tinha estudado engenharia Eh o meu pai era um engenheiro de de de tecnologia Nacional eu conto um pouco essa história no no
na introdução desse livro cujo prefácio é do professor finberg como eu tinha então essa curiosidade sobre tecnologia sobre tecnologia apropriada mas tinha também uma formação marxista e de esquerda eu li muito o que tinha de pensamento marxista sobre tecnologia e fiquei preocupado justamente porque o que eu lia na maior parte dos casos era uma visão que eu considerava equivocada da obra do Marx eu detectava já amente isso que o f nos falou aqui e coloca muito bem nos livros dele que é a crítica ao determinismo da esquerda ou do Marxismo ortodoxo ou do Marxismo vulgar
como alguns colegas falam então Eh justamente para para entender melhor o tema da tecnologia apropriada eu caí num debate muito interessante que estava ocorrendo naquela época da crítica ao estalinismo por parte de trotskistas e maoístas que estavam justamente antevendo algo semelhante ao que o Fin depois já no final dos anos 80 retoma né já depois da da da da caída da queda do muro etc ele retoma eh Para justamente mostrar como a visão determinista eh tá equivocada e como já diziam esses autores críticos ao estalinismo naquela época anos 70 como o o uso da tecnologia
capitalista para construir o socialismo não é uma boa em outras palavras como o uso de uma tecnologia que contém os valores e os interesses hegemônicos no capitalismo vai causar um problema vai causar uma inadequação quando utilizada eh num num num processo de transição socialismo quando a propriedade dos meios de produção já não é mais privada quando já não tem uma relação de assalariamento quando não existe um controle e assim por diante esses autores diziam olha essa tecnologia capitalista ela ela é hierarquizada ela é segmentada Ela tem que ser controlada no socialismo não tem patrão não
tem dono então o que que tem que ter tem que ter um gerente tem que ter um burocrata o burocrata ele era então a figura que ia controlar a aplicação da tecnologia capitalista para que ela desse certo o burocrata podia ser burocrata mas não era burro né quando ele viu que ele controlava uma parte importante da economia da produção Econômica na União Soviética ele começou a querer controlar a sociedade como um todo e bom ciência burocrática do socialismo soviético pode ser explicada segundo essa vertente eu tô falando isso tudo muito resumidamente sou pena inclusive de
ser mal entendido e vocês me bombardear com uma série de críticas nesse sentio mas simplesmente para provocar e mostrar que essa discussão é uma discussão extremamente importante já era nos anos 70 ela ficou sufocada ela ficou Patrol pelo neoliberalismo o neoliberalismo eh nos coloca essa essa perspectiva de fim de história não é e isso faz com que qualquer reflexão acerca do de um futuro melhor eh e consequentemente a discussão da plataforma cognitiva deste futuro melhor fique na gaveta é interessante Justamente que é quando aqui no Brasil eh o fracasso e na América Latina como um
todo o fracasso do neoliberalismo Se coloca muito claramente para nós todos é que começa a Renascer essa preocupação com tecnologia apropriada eh com a teoria crítica da tecnologia teoria tecnologia apropriada É Esta Que hoje nós falamos nós chamamos mais de eh como tecnologia social mas o fato é que quando nós falávamos na década de 70 na década de 80 receb uma crtica da Dire e uma crítica da esquerda a esquerda marxista tradicional também nos criticava como é que você quer voltar atrás não nós queremos a revolução socialista e nós queremos a melhor tecnologia que o
capitalismo pode nos dar essa discus eu responder para esses colegas e eu tive que esperar 20 anos para ler o fim então eu fiquei 20 anos angustiado sem poder organizar essa essa discussão eh na minha cabeça de uma forma mais mais adequada bom eh Como disse o o nedder eu fui lá pr pra Unicamp e fui trabalhar com a mil Car herreira que era um um um dos fundadores do pensamento latino-americano sobre Ciência Tecnologia e sociedade ade era um argentino que teve que sair do da da Argentina andou pelo mundo eh veio pro Brasil e
nós começamos lá o primeiro primeiro grupo latinoamericano sobre política científica e tecnológica eh depois tivemos um curso de Mestrado o curso doutorado etc sempre trabalhando essa visão de ciência e tecnologia no sentido público no sentido da pcy e também no sentido da politex mas nunca no sentido da empresa né eh bom esse pensamento que nós desenvolvemos lá a partir dos anos 80 ele hoje eh Tá bastante consolidado eh mas num pequeno grupo né num pequeno grupo que mantém apesar da avalanche neoliberal essa visão de que é possível um futuro eh um futuro melhor em função
dessa desse contato com a a esse pensamento latinoamericano é que eu resolvi escrever o prefácio desse livro que vocês vão receber com a [Música] pretensão o título do do trabalho prefácio desse livro chama o pensamento latino-americano em Ciência Tecnologia sociedade e a obra de Andrew finberg onde eu procuro justamente mostrar como o trabalho do finberg ele coloca uma outra dimensão aquilo que já desde os anos 60 alguns latinoamericanos vinham falando a respeito de uma ciência e tecnologia para o desenvolvimento na periferia do capitalismo e de certa forma algumas das colocações que eles fazem nos anos
60 nos anos 70 Como Jorge sábato o próprio Amil Car herreira o Oscar varsavsky eh alguns brasileiros inclusive eh Leite Lopes eh Mario schenberg eh pessoas que também tinham um pouco essa ideia esse essa sensação esse feeling de que as coisas não estavam bem explicadas mas não tinham conseguido naquele momento eh explicar isso de uma forma mais adequada talvez porque não fossem filósofos né um era Engenheiro outro era matemático outro era geólogo né Eh e talvez faltasse justamente essa visão mais abrangente que o fberg nos traz então então esse esse esse prefo do do livro
que vocês vão vão ler ele justamente procura e mostrar como é que eu vejo e essa esse cruzamento essa fertilização possível do trabalho do finberg pra nossa pro nosso entendimento eh da América Latina nesse percurso de trabalhar com política científica tecnológica eh e de trabalhar com a universidade e também o meu lado de militante político e tal eh na universidade eu me preocupava muito em saber como é que os meus colegas entendiam o trabalho que faziam Por que que o sujeito que era naquela época não tinha PSTU nem PSOL então era era PT mesmo Como
é que o cara PT roxo de carteirinha ia na universidade e dava a mesma aula e fazia o mesmo trabalho de laboratório que o cara de direita esse troço não me entrava na cabeça como é que pode como é que pode o cara que com o coração vermelho e essa imagem que eu uso Quem me conhece já tá cansado de ouvir isso né como é que o cara com coração vermelho quer construir uma sociedade melhor e a mente cinzenta Por que mente cinzenta porque essa mente que nós temos que nós formamos que nos formam e
deformam na universidade É Uma Mente cinzenta é uma mente que reproduz a exclusão Se eu pedir para um engenheiro colega meu ó aqui meu amigo Agora eu quero que você faça uma tecnologia social o que que é isso é uma tecnologia que que não desemprega que não seja intensiva em capital que não seja predatória do meio ambiente eh que não exija materiais sintéticos que seja de pequena escala que não exija mão deobra qualificada entre aspas que não condene um pobre diabo a fazer 30 anos num trabalho repetitivo o meu colega se ele for honesto ele
vai dizer dagnino eu não sei não me ensinaram agora se você quiser que eu faça tudo isso ao contrário eu sei então isso me angustiava muito por qu porque nós na universidade e tem aqui vários professores somos que estamos formando as gerações como é que nós vamos reproduzir com essa mente cinzenta que nós herdamos nós que temos o coração vermelho e Acho que todos aqui vieram aqui porque tem o coração vermelho como é que nós vamos reproduzir isso ess Enia ela tem que ser melhor trabalhada ela tem que ser melhor entendida essa preocupação gerou um
outro livro Ciência e Tecnologia no Brasil o processo decisório e a comunidade de pesquisa como eu sou engenheiro por deformação e não tenho como ser mais deformado do que eu sou e como Graças a Deus eu sempre tive gente que nunca me exigiu paper publish eu tive a sorte de poder estudar as coisas que eu queria Então eu fui estudar Ciência Política para fazer esse livro eu fui estudar eh filosofia etc para fazer esse livro e assim eu fui me deformando né e e como como a gente se deforma de todos os lados de repente
até pode ganhar uma forma mais ou menos adequada né então esse livro aqui ele procura entender várias coisas mas o que nos diz respeito como é que é o modelo cognitivo da comunidade científica da comunidade de pesquisa da comunidade Universitária dos nossos professores e pesquisadores de um país periférico existe muita literatura sobre conhecimento e periferia do capitalismo existe né vários autores trabalharam sobre isso mas poucos autores tinham procurado entender como é que essa condição periférica se mistura com uma visão de ciência que não é periférica mas que é dos países desenvolvidos é do capitalismo em
si o fberg nos traz Claro ele não é de um país periférico ele ele ele nos mostra uma coisa muito interessante que nós não tínhamos ainda percebido que muito daquilo que nós temos não é exatamente periférico estrito senso mas é eh capitalismo periférico de tal forma que os nossos professores a nossa comunidade de pesquisa brasileira ela tem dois problemas para entender a política de ciência e tecnologia e para fazer a política de ciência e tecnologia onde ela Inclusive é o ator hegemônico né eu digo pros meus alunos se alguém falar que é a Caps que
é o CNPQ e começar a reclamar não porque a Caps quer que a gente faça isso eu tiro o ponto da nota eu tiro o pon da nota por quê Porque a Caps somos nós o CNPQ somos nós nunca na América Latina nem nos governos militares que nós tivemos bastante houve num posto chave da Ciência da tecnologia e do ensino superior um que não fosse nosso colega tá quer dizer às vezes até nosso conterrâneo como é o caso do Paulo Renato né militante também junto comigo mas como provocação eu diria talvez se a gente aumentar
da Universidade do jeito que ela tá nós vamos fazer pior emenda que Soneto Tá mas como isso é só provocação então então deixa eu sóa tá emendar não vai dar mas eu já termino e só para só para colocar Então eu acho que isso aqui Ficou claro também essa essa minha preocupação e como é que as coisas vão meio se izando né talvez por por serendip talvez por por propriedades emergentes dos sistemas complexos não sei bem como eu sei que essas coisas todas foram coalcoman e tecnologia Eu também estava estudando já desde o do do
do pós-doutorado desde os começos dos 90 tava estudando bom teoria da Inovação Freeman Lund etc mas estava estudando também lá em sussex um pequeno grupinho que ainda trabalhava com o programa forte de Edimburgo com bl e o pessoal que trabal trabalhava com construção social da tecnologia com pin Baker etc Então essas duas preocupações eu fiquei muito satisfeito Quando Comecei a ler o trabalho do finberg porque ele também tinha passado por essa eh eh por essa familiarização com o pensamento eh dos estudos sociais da Ciência e Tecnologia mas sem este pensamento não tem a visão de
classe não são marxistas não se preocupam com o fato de que o capitalismo é é o capitalismo e fazem a sua pesquisa como se estivesse em qualquer agrupação agrupamento humano o finberg diz olha tudo bem Baker tudo bem pin Tudo bem pessoal da construção da social da construção social da tecnologia eh vocês avançaram muito só que tem uma coisa existe uma contradição de classe existe sim classe social no capitalismo e não é possível entender a construção social da tecnologia sem entender que as preferências que preferência e interesse não é a mesma coisa então eh acho
que esse é um outro ponto vamos dizer assim na minha perspectiva de entendimento do trabalho do finberg da importância do trabalho do finberg algo muito importante e que tirou a angústia eu acho de muitas das pessoas que como eu na América Latina não estav nos preocupando com esses temas eh bom hoje hoje eu tô trabalhando com esse tema de de adequação sociotécnica que eu vou se der tempo explicar para vocês num outro momento na eu vou ter a oportunidade de comentar novamente o professor fimb na sexta-feira e depois também vou ter a oportunidade de fazer
uma uma ou duas eh eh apresentações né onde eu vou eu vou procurar falar um pouco sobre a adequação sociotécnica e sobre uma coisa mais ousada que eu tô fazendo agora eh ousada mesmo né tanto é que o título é em direção a uma teoria crítica da tecnologia e E aí eh se der então eh numa outra oportunidade eu vou eh comentar com vocês esse esse trabalho que a gente tá fazendo que tem uma uma importância muito grande hoje porque eu acho que é uma maneira muito concreta de dizer aos nossos colegas da Universidade de
dizer à nossa turma do do ministério de ciência e tecnologia né dizer a fundação do Banco do Brasil enfim dizer que há uma perspectiva diferente concreta de organizar o movimento social em torno de uma proposta de desenvolvimento científico tecnológico alternativo aquela que as mentes cinzentas continuam achando que é a partir dela a da mente cinzenta que nós vamos melhorar o Brasil reun reunir não colocou cocido exe solc parcy par capital econ is it Possible to think of Any Type of solidary technology something Like That In That Direction so these Are The Two questions that I
will together now and let FL Open FL muito bem obrigado a ideia dos valores [Música] hegemônicos só um pouquinho eu não quero ouvir a tradução da minha própria fala é um pouco confuso os valores hegemônicos do mercado eu associo isso particularmente com a sociedade do consumo e a noção de que o bem-estar vai melhorar pela aquisição de mais bens de consumo há uma há um aspecto absurdo nisso Como que você pode obter felicidade através de aquisições de consumo apenas de de bens de consumo H outras formas de se alcançar felicidade mesmo assim a pressão pela
competição de dinheiro e de compras é muito grande essa pressão é tão grande em grande parte porque as alternativas não estão presentes mais as alternativas estão desaparecendo a vida Comunitária por exemplo que no passado apoiava a existência social pessoas desapareceu elas se tornaram mais e mais dependentes de bens de consumo para seu próprio entretenimento lazer conexões com outras pessoas contatos relações sociais Então o que pode fazer com que as pessoas resistam à hegemonia desse sistema bom claramente Essa não é nem de perto um problema Apenas político é um problema de sensibilidade das pessoas do sentimento
de vida que elas T sobre as coisas que as pessoas pensam e as coisas que dão prazer e é difícil imaginar um movimento político diretamente abordando essas questões onde um bom se se o movimento político pess útil é in tentar proteger e criar espaços alternativos onde outros tipos de realização pessoal possam ocorrer eu estou aqui pensando particularmente em atividades comunitárias que juntam as pessoas tiram as pessoas de frente da televisão do videogame e colocam as pessoas em contato umas com as outras mas no final Esse é um problema que tem raízes muito Profundas porque tem
a ver com o que faz O que torna as pessoas felizes ou que elas acham que as faz feliz que as faz felizes Bom de qualquer forma a imensa pressão da propaganda da indústria a indústria automobilística outras indústrias empurra as pessoas em direção a uma ilusão a ilusão do consumo e isso leva a uma outra questão sobre a economia solidária e a tecnologia solidária o desenvolvimento de uma economia solidária também preencheria parte do programa que eu estou fazendo a que eu estou fazendo menção aqui para fazer com que as pessoas se libertem da esfera privada
e do domínio do consumo para trabalhar juntos e produzir uma vida melhor para todos e com certeza há também a possibilidade da tecnologia sendo apropriada para esse tipo de atividade econômica então durante o intervalo Estávamos conversando sobre o desenvolvimento de um software aberto e gratuito que é parte de uma tecnologia solidária sendo desenvolvida aí nas relações humanas relações de mercado através de comunidades ativistas e pessoas que trabalham com máquinas às vezes que competem umas com as outras por promoções e tal então tem todo esse movimento do software livre Então isso tem a ver com as
escolhas que os indivíduos tomam e talvez conforme as pessoas comecem a reconhecer os limites da sociedade de consumo e o da vida economicamente capitalista eles vão sentir só eu eu acho que só para adicionar algumas coisas talvez ou reforçar sobre esse né como a teoria crítica da tecnologia lida com os valores hegem da economia de mercado eu acho fundamentalmente o que faz a teoria crítica é explicitar como esses valores hegemônicos valores e interesses hegemônicos que tá colocado aqui da economia de mercado mas eu diria da classe dominante porque eu sou meio old fashion né eu
falo falo ainda em classe dominante e classe dominada eu falo em proprietários de meios de produção de um lado e vendedores da força de trabalho de outro então eu responderia essa pergunta como é que a teoria crí da tecnologia lida com os valores hegemônicos da classe capitalista a teoria crítica diz olha existe uma tecnologia que é a tecnologia impregnada com os valores da classe capitalista que essa que nós temos quem acha que essa tecnologia tá aí para outra coisa que não para aumentar o lucro dos capitalistas teria que pensar melhor quer dizer é assim que
eu leio a teoria crítica é claro que quando eu leio as coisas eu radicalizou demais porque eu sou gaúcho e filho de italiano né então sendo Gaúcho e filho de italiano ainda por cima marxista então a coisa fica brava né mas para simplificar eu diria ela Explicita o fato de que existe uma tecnologia que é essa que nós temos que é desenvolvida para satisfazer o lucro das empresas se vocês pensarem que hoje no mundo 70% da pesquisa que se faz é feita em empresas 70% é feito em empresas o 30% restante é feito em lugares
públicos universidades públicas institutos de pesquisa públicos mas que é feito em universidades públicas institutos de pesquisa públicos também em grande medida a serviço dos interesses das empresas ou não Pelo amor de Deus né então se a gente pensar que 70% da pesquisa que se faz hoje no mundo é feita em empresas E se nós pensarmos que desse 70 70% é em multinacional e se a gente lembrar que 7 v7 é 49 nós vamos dizer a metade da pesquisa que se faz no mundo é feita em multinacionais E são elas que produzem essa tecnologia que tá
aqui e a gente sabe muito bem o que que são as empresas multinacionais que além de serem empresas privadas capitalistas são multinacionais adoram o meio ambiente adoram os trabalhadores adoram a liberdade Nunca financiaram nenhum golpe de estado na América Latina não eh bom tô provocando porque gostaria de ouvir mais perguntas nesse sentido existe um movimento que vem crescendo chamada economia solidária uma espécie de Economia paralela economia capitalista é possível pensar algo parecido com a tecnologia solidária com isso a gente só não chama tecnologia solidária mas a gente chama tecnologia social mas poderia se chamar também
tecnologia solidária quando eu fiz aquela dissertação de Mestrado que eu falei para vocês em 70 e poucos existia 30 nomes para tecnologia apropriada tecnologia apropriada tecnologia intermediária tecnologia doce tecnologia ambiental bom o que que é o movimento tecnologia obada assim como o movimento tecnologia social hoje no Brasil é um grande guarda-chuva dentro desse guarda-chuva tem o pessoal da igreja tem o pessoal da responsabilidade social Empresarial veja só e do outro lado tem um anarquista que quer enforcar o último Padre nas tripas do último general aí no meio tem o que quer construir o socialismo tá
todo mundo ali e essa discussão ela é muito rica por causa disso a gente aprende Fantástico é ou não é eu tô vendo aqui o pessoal da fundação do Banco do Brasil que motoriza eu ia dizer monopoliza não motoriza não não monopoliza eles monopolizam outra coisa mas eles motoram essa essa rede a gente aprende muito ali justamente por essa diversidade mas eh a a nossa interpretação a respeito da economia solidária é uma economia que como tá colocado aqui ela tem que se fortalecer em detrimento da economia formal capitalista quer dizer quando a gente fala em
exclusão social nós não estamos falando que devemos incluir os excluídos na economia capitalista não nós estamos falando que nós temos que excluir pegar os excluídos pegar Quem Sou Eu para pegar alguém eh eh que nós temos que fazer com que os excluídos se integrem numa outra economia na economia solidária e não na economia formal ora essa discussão ela Explicita claramente a ideia de uma tecnologia solidária de uma tecnologia social de uma tecnologia que dê sustentabilidade do ponto de vista econômico social ambiental cultural a essas formas alternativas de produção e isso é muito complicado por quê
porque a tendência é que as cooperativas dos Cat das Costureiras etc digam não mas a gente quer é a tecnologia da empresa e aí a gente passa um trabalho a gente passa um trabalho porque olha a tecnologia da empresa é segmentada hierarquizada etc só funciona com patrão Vocês precisam de uma outra maneira de produzir para vocês verem como a gente é pouco pretencioso né quer dizer a ideia de você pensar você uma tecnologia para resolver um problema de ontem né quer dizer e o o o o que o que o que a nossa sociedade tá
gastando vamos vamos ser franco 30 milhões de brasileiros deixaram de passar fome nos últimos 8 anos isso custa dinheiro é importante que Parem de passar fome é super importante mas e depois o que que eles vão fazer para assegurar a su oportunidade de trabalho e renda não falando mais emprego né emprego não tem mais quase como é que eles vão E isso tem tudo a ver com o que nós estamos falando aqui teoria crítica tecnologia social é é é por aí eu acho a discussão mais importante que a gente tem nessa esfera hoje no Brasil
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