[Música] Sheila, uma jovem de 19 anos, estava sentada na beirada de sua cama, olhando pela janela de seu quarto. As árvores do jardim balançavam suavemente ao vento e o som distante das risadas das crianças brincando na rua chegava até seus ouvidos. O sol da tarde pintava o céu com tons de laranja e rosa, criando um cenário perfeito para seus pensamentos.
Ela suspirou, perdida em seus sonhos de liberdade e independência. Como seria viajar pelo mundo, conhecer novas culturas, estudar o que amo? pensava em voz alta.
Uma batida suave interrompeu seus devaneios. — Sheila, posso entrar? — era a voz carinhosa de sua mãe, Maria Zilda.
— Claro, mãe — respondeu, virando-se com um sorriso. Maria Zilda abriu a porta lentamente, entrando com cuidado para não bagunçar o quarto impecavelmente arrumado. — Estava pensando que talvez pudéssemos preparar algo especial para o jantar hoje.
O que acha? Sheila ergueu uma sobrancelha. — Especial?
Alguma ocasião que eu deveria saber? A mãe sorriu, mas havia uma preocupação em seus olhos. — Seu pai convidou Erisvaldo para jantar conosco amanhã.
Aiá! Os preparativos. .
. Sheila sentiu um nó no estômago. — Erisvaldo de novo?
— Sim, querida, ele ligou hoje mais cedo. Parece estar bastante interessado em você — disse Maria Zilda, tentando parecer entusiasmada. — Interessado nele?
Mesmo? — você quer dizer — murmurou Sheila, desviando o olhar para a janela. — Sheila, não fale assim!
Ele é um bom homem de uma família respeitável. — Segurança não é tudo, mãe! Tenho outros planos para minha vida — disse Sheila, levantando-se e caminhando pelo quarto.
— Quero estudar, talvez ir para a universidade na capital. Quero ver o mundo! Maria Zilda suspirou.
— Eu entendo, minha filha, mas seu pai tem outras expectativas. Sheila parou e olhou para a mãe. — E você?
Quais são as suas expectativas para mim? A mãe hesitou. — Eu só quero que você seja feliz.
— Então me apoie nos meus sonhos, mãe. Preciso de alguém ao meu lado — implorou Sheila. Antes que Maria Zilda pudesse responder, a porta da frente se abriu com um rangido característico.
— Parece que seu pai chegou — disse ela, olhando para o corredor. — Vamos descer. Sheila assentiu, seguindo a mãe pelas escadas.
Na sala de jantar, Ribamar estava pendurando o chapéu e o casaco. — Boa noite — anunciou com sua voz grave. — Boa noite, pai — responderam as duas em uníssono.
— Como foi o trabalho hoje? — perguntou Maria Zilda, tentando aliviar a tensão. — Exaustivo como sempre, mas trouxe boas notícias — disse ele, olhando diretamente para Sheila.
— Recebi uma ligação de Erisvaldo. Sheila manteve a expressão neutra. — Ah, é mesmo?
— Sim, ele gostaria de convidá-la para um jantar amanhã à noite. Disse que tem algo importante para discutir — informou Ribamar, com um meio sorriso. Sheila sentiu o coração acelerar.
— Algo importante? — Isso mesmo! Parece que ele tem intenções sérias — acrescentou o pai.
Maria Zilda sorriu animada. — Que maravilha! Isso não é ótimo?
— Sheila, eu não sei o que dizer — admitiu Sheila, desviando o olhar. — Não precisa dizer nada agora, apenas aceite o convite. Tenho certeza de que será uma noite memorável — disse Ribamar, já dirigindo-se à sala para ler.
Durante o jantar, o silêncio era quase palpável; o som dos talheres era a única coisa que preenchia o ambiente. Sheila sentia-se sufocada, como se estivesse perdendo o controle de sua própria vida. Após a refeição, ela subiu para o quarto, precisando de um momento sozinha.
Sentou-se à escrivaninha e pegou seu diário, começando a escrever: — Querido diário, sinto que estou em uma encruzilhada. Meus pais, especialmente meu pai, estão determinados a me ver casada com Erisvaldo, mas eu não o amo, mal o conheço. Tenho sonhos, planos, desejos que vão além de ser apenas esposa e mãe.
Quero estudar Artes, viajar, conhecer o mundo. Por que não posso ter o direito de escolher meu próprio caminho? Amanhã será um dia importante; talvez eu deva ser honesta com Erisvaldo e dizer-lhe como me sinto, mas tenho medo da reação de meu pai.
Preciso de coragem. Fechou o diário e deitou-se na cama, olhando para o teto. As lágrimas escorriam silenciosamente por seu rosto.
Na manhã seguinte, decidiu encontrar sua amiga Vitória. Precisava desabafar. — Vitória, posso te encontrar no parque?
— perguntou ao telefone. — Claro, Sheila, estarei lá em meia hora — respondeu a amiga. No parque, o sol brilhava e as crianças corriam felizes.
Sheila avistou Vitória sentada em um banco sob uma árvore frondosa. — Sheila, que bom te ver! — exclamou Vitória, levantando-se para abraçá-la.
— Você parece preocupada. O que aconteceu? Sheila suspirou profundamente.
— Meus pais querem que eu me case com Erisvaldo. Ele me convidou para jantar hoje à noite! Acho que vai me pedir em casamento.
Vitória franziu o cenho. — E como você se sente sobre isso? — Confusa!
Não quero me casar agora, muito menos com alguém que mal conheço. Mas meu pai está fazendo tanta pressão — explicou Sheila. — Você precisa pensar no que é melhor para você.
Não pode viver a vida que os outros querem que você viva — aconselhou Vitória, segurando a mão dela. — Eu sei, mas é tão difícil! Tenho medo de decepcioná-los — admitiu Sheila.
— Se eles realmente se importarem com você, entenderão suas escolhas. E se não entenderem agora, um dia irão compreender — disse a amiga, com um sorriso encorajador. Sheila sorriu de volta.
— Obrigada, Vitória. Você sempre sabe o que dizer! — Para isso servem as amigas — brincou Vitória, dando um leve empurrão no ombro de Sheila.
Mais tarde, em casa, Sheila se preparava para o jantar com Erisvaldo. Vestiu um vestido azul simples e prendeu o cabelo em um coque elegante. Olhou-se no espelho, tentando encontrar confiança.
— Você consegue! — disse a si mesma. Ao chegar ao restaurante, encontrou Erisvaldo já à sua espera.
Ele estava vestido formalmente, com um terno escuro e gravata. Levantou-se ao vê-la. — Sheila, você está deslumbrante!
— elogiou, puxando a cadeira para ela. — Obrigada — respondeu ela, sentando-se. Durante o jantar, Erisvaldo falou sobre suas viagens, negócios e planos futuros.
Sheila ouvia atentamente, mas sentia-se distante. — Sheila, está tudo bem? Parece distraída — observou ele.
— Desculpe, apenas pensando em algumas coisas — disse ela, tentando sorrir. — Espero que sejam. .
. "Pensamentos bons", disse ele, olhando profundamente em seus olhos. Antes que ela pudesse responder, o garçom trouxe uma garrafa de champanhe.
Erisvaldo agradeceu e dispensou o garçom. "Sheila, há algo que quero lhe perguntar", começou ele, colocando a mão sobre a dela. Ela sentiu o coração acelerar.
O que seria? Erisvaldo pegou uma pequena caixa de veludo e a abriu, revelando um anel com um brilhante. "Você aceita se casar comigo?
" Sheila ficou momentaneamente sem palavras, olhou para o anel e depois para Erisvaldo. "Eu não sei o que dizer. .
. " "Espero que diga sim", disse ele, sorrindo confiante. Ela respirou fundo.
"Erisvaldo, você é um homem gentil, mas sinto que não estamos no mesmo ritmo. Tenho sonhos que quero realizar antes de pensar em casamento. " O sorriso dele vacilou.
"Você está me recusando? " "Não estou dizendo não, apenas pedindo tempo para pensar", explicou ela. Ele fechou a caixa lentamente.
"Entendo, mas preciso saber onde estou pisando. Tenho planos e preciso de alguém ao meu lado. Espero que possa entender minha posição", disse Sheila, sentindo-se culpada.
Erisvaldo recostou-se na cadeira, pensativo. "Sheila, gosto muito de você, mas talvez não sejamos compatíveis. " "Talvez seja isso", concordou ela, aliviada por ele compreender.
"De qualquer forma, desejo-lhe o melhor", disse ele, levantando-se. "Acho que devemos encerrar por aqui. " Sheila assentiu.
"Obrigada por entender. " Ele pagou a conta e se despediu cordialmente. Sheila ficou sentada por alguns minutos, absorvendo o que havia acontecido.
Sentiu-se aliviada, também ocupada com a reação de seu pai. Ao chegar em casa, encontrou Ribamar sentado na sala, lendo o jornal. "Como foi o jantar?
" perguntou, sem levantar os olhos. "Foi esclarecedor", respondeu Sheila, hesitante. Ele baixou o jornal e olhou para ela.
"Esclarecedor? O que isso significa? " "Erisvaldo me pediu em casamento, mas eu disse que precisava de tempo para pensar", explicou.
Ribamar franziu o senho. "Tempo para pensar? O que há para pensar?
Ele é um excelente partido. " "Pai, não me sinto pronta para me casar. Tenho outros planos", disse ela, tentando manter a calma.
"Planos? Que planos? Você deve pensar no futuro, na segurança!
" exclamou ele, levantando-se. "Meu futuro envolve estudar, talvez ir para a universidade. Quero uma carreira", afirmou Sheila.
"Bobagem! Isso não é coisa para uma mulher. Seu lugar é ao lado de um bom marido", declarou Ribamar, irritado.
Maria Zilda, que ouvia a conversa da cozinha, entrou na sala. "Querido, talvez devêssemos ouvir o que ela tem a dizer. " "Fique fora disso, Maria Zilda", retrucou ele.
"Sheila, não vou permitir que você estrague sua vida com essas ideias absurdas. " "Não são ideias absurdas, são meus sonhos", rebateu Sheila, com lágrimas nos olhos. "Enquanto viver sob este teto, fará o que eu mandar", decretou ele.
Sheila respirou fundo, tomando coragem. "Então talvez seja melhor eu sair. " Maria Zilda arregalou os olhos.
"Não, minha filha, não fale assim. " "Desculpe, mãe, mas não posso continuar aqui se não posso ser eu mesma", disse Sheila, virando-se e subindo as escadas. Em seu quarto, começou a arrumar algumas roupas em uma mochila.
Sentia o coração pesado, mas determinada a seguir em frente. Maria Zilda entrou silenciosamente. "Sheila, por favor, pense bem.
" "Mãe, eu amo você, mas não posso viver a vida que o pai quer para mim", explicou, segurando as mãos da mãe. "Eu tenho medo do que pode acontecer com você lá fora", disse Maria Zilda, com lágrimas nos olhos. "Eu também tenho, mas prefiro enfrentar esse medo do que viver presa", afirmou Sheila.
"Prometa que vai se cuidar", pediu a mãe. "Prometo, e vou manter contato", assegurou Sheila, abraçando-a fortemente. Desceu as escadas com a mochila nas costas.
Ribamar não estava à vista; talvez fosse melhor assim. Ao sair pela porta, sentiu o ar fresco da noite em seu rosto. "Este é o começo de uma nova jornada", pensou Sheila, caminhando pelas ruas iluminadas.
O peso da decisão ainda pressionava seus ombros. O vento frio da noite a envolvia, mas ela sentia uma chama de determinação aquecendo seu coração. Chegou ao prédio de Vitória e tocou o interfone.
"Vitória, sou eu, Sheila. " A voz sonolenta da amiga respondeu: "Sheila, tá tudo bem? Posso subir?
" "Claro, claro, suba", disse Vitória, soando mais alerta. Ao abrir a porta do apartamento, Vitória ficou surpresa ao ver a mochila nas costas de Sheila. "O que aconteceu?
" Sheila entrou e suspirou. "Tive uma discussão séria com meu pai, decidi sair de casa. " Vitória a abraçou.
"Sinto muito. Venha, vamos conversar. " Sentaram-se no sofá e Sheila contou tudo o que havia acontecido.
"Vitória, você foi corajosa em enfrentar seu pai", disse Vitória ao final. "Nem todos têm essa força. " "Não me sinto corajosa, estou com medo do que vem pela frente", admitiu Sheila.
"Você não está sozinha. Pode ficar aqui o tempo que precisar", assegurou a amiga. "Obrigada, Vitória.
Não quero atrapalhar sua vida", disse Sheila, com um sorriso tímido. "Bobagem! Somos como irmãs.
Além disso, tem um quarto extra", brincou Vitória. Nos dias seguintes, Sheila começou a procurar emprego. Sabia que precisava ser independente.
Visitou várias lojas e escritórios, deixando currículos e perguntando sobre vagas. Em uma tarde chuvosa, enquanto voltava de mais uma busca por emprego, Sheila caminhava pelas ruas molhadas, segurando o guarda-chuva contra o vento. Ao passar por um beco, ouviu um barulho que chamou sua atenção; era o som de algo sendo virado.
Curiosa e um pouco apreensiva, aproximou-se cautelosamente. Perto de algumas latas de lixo, avistou um garoto remexendo em sacos plásticos, claramente procurando algo para comer. "Ei, está tudo bem?
" perguntou ela, mantendo uma distância segura. O garoto se virou abruptamente, olhos arregalados de susto. Estava sujo, com roupas rasgadas e encharcadas pela chuva.
"Não fiz nada de errado! ", exclamou defensivamente. "Calma, não estou aqui para te machucar.
Meu nome é Sheila. Você está com fome? " perguntou ela, com voz suave.
Ele a olhou desconfiado. "Talvez. " "Tenho um pouco de pão e uma maçã na minha bolsa.
Quer? " ofereceu Sheila. O garoto hesitou, mas a fome falou mais alto.
"Sim, por favor. " Sheila se aproximou. Lentamente, retirando os alimentos da bolsa e estendendo para ele, perguntou: "Qual é o seu nome?
" "Tomé," respondeu ele, mordendo o pão com avidez. "Prazer em conhecê-lo, Tomé. Onde estão seus pais?
" perguntou delicadamente. Ele baixou o olhar. "Minha mãe.
. . ela se foi.
Não tenho ninguém. " Sheila sentiu um aperto no coração. "Você não deveria estar na rua sozinho.
Tem algum lugar para ficar? " Tomé deu de ombros. "Às vezes durmo no abrigo, mas não gosto de lá.
" "Entendo. Se quiser, pode vir comigo. Tenho um lugar quente onde você pode se secar e comer algo melhor," ofereceu.
Tomé observou por alguns segundos, avaliando se poderia confiar nela. Algo na voz de Sheila o fez sentir-se seguro. "Tudo bem.
" Caminharam juntos até o apartamento de Vitória. Ao chegar, Sheila explicou rapidamente a situação: "Vitória, este é Tomé. Encontrei-o na rua.
Ele não tem para onde ir," disse Sheila. Vitória olhou para o garoto com compaixão. "Ó meu Deus, entre!
Vamos cuidar de você. " Prepararam um banho quente e roupas limpas para Tomé. Enquanto ele se banhava, Sheila e Vitória conversaram.
"Você é incrível, sabia? " elogiou Vitória. "Não poderia deixá-lo lá naquela situação, ele é apenas uma criança," respondeu Sheila.
Após o banho, Tomé parecia outra pessoa. Sentou-se à mesa e devorou o prato de sopa que Vitória preparou. "Estava delicioso," disse ele timidamente.
"Fico feliz que tenha gostado," sorriu Vitória. "Sheila, me conte mais sobre você," disfarçou Tomé. Ele suspirou.
"Minha mãe morreu há alguns meses. Desde então, tenho vivido nas ruas. Às vezes, encontro algum trabalho, mas é difícil.
" "Você merece coisa melhor," afirmou Sheila. "Gostaria de ficar conosco por um tempo? " "Eu não quero atrapalhar," disse ele.
"Não será incômodo algum. Além disso, podemos ajudar a estudar, se quiser," ofereceu. Os olhos de Tomé brilharam.
"Eu adoraria estudar novamente. " "Então está decidido," concluiu Vitória. "Somos uma família temporária.
" "Obrigada," disse Tomé emocionado. Nos dias que se seguiram, Tomé adaptou-se bem à nova rotina. Sheila e Vitória dividiram as responsabilidades por ele enquanto equilibravam trabalho e estudos.
Certa tarde, encontrou novamente a senhora Marlúcia. "Sheila! Que surpresa agradável," disse Marlúcia ao vê-la.
"Dona Marlúcia! Que bom revê-la," respondeu Sheila, sorrindo. "Como você está?
" "Estou bem, na verdade, tenho muito a contar," disse Sheila, entusiasmada. "Que tal tomarmos um chá em minha casa? Podemos conversar com calma," sugeriu Marlúcia.
"Adoraria," concordou Sheila. Na casa de Marlúcia, Sheila contou sobre Tomé e como o encontrara. "Você tem um coração generoso," elogiou Marlúcia.
"É preciso coragem para ajudar assim. " "Não poderia deixá-lo naquela situação," disse Sheila. "Mas confesso que está sendo um desafio.
" "Talvez eu possa ajudar. Minha casa é grande e estou sozinha. Por que não vem morar comigo?
Assim, poderemos nos ajudar mutuamente," propôs Marlúcia. Sheila ficou surpresa. "Não quero impor nada.
" "Não é imposição! Será um prazer ter companhia e você poderá se concentrar nos estudos e no trabalho," insistiu a senhora. Após discutir com Vitória e Tomé, decidiram aceitar a oferta e mudaram-se para a casa de Marlúcia, que rapidamente se tornou um lar acolhedor.
Tomé foi matriculado na escola local e mostrou-se um aluno dedicado. Marlúcia, com sua sabedoria, ajudava nos estudos e compartilhava histórias fascinantes. Certo dia, enquanto organizavam o sótão, Tomé encontrou uma caixa antiga.
"Posso abrir? " perguntou ele a Marlúcia. "Claro, meu querido.
Nem me lembro mais do que há aí dentro," respondeu ela. Dentro da caixa, encontraram fotos antigas, cartas e objetos pessoais. "Quem é este?
" perguntou Tomé, mostrando uma foto de um jovem sorridente. Marlúcia pegou a foto e suspirou. "Este é meu irmão Augusto.
Ele desapareceu quando era jovem. Nunca soubemos. .
. " "Triste," comentou Tomé. "Mas a vida seguiu," disse Marlúcia com um sorriso melancólico.
Enquanto exploravam a caixa, Tomé encontrou um envelope endereçado a Marlúcia. "Este parece não ter sido aberto," disse ele. Ela pegou o envelope.
"Surpresa! Meu Deus, não me lembro disso! " Ao abrir, encontrou uma carta de Augusto de anos atrás: "Querida Irmã, isto é porque não consegui voltar para casa, mas quero que saiba que sempre a amei e pensei em você.
Deixo este diário com minhas memórias e peço que cuide dele com amor, Augusto. " Dentro do envelope havia um pequeno diário. "Não acredito que isso esteve aqui o tempo todo," disse Marlúcia emocionada.
"Talvez seja uma oportunidade de descobrir mais sobre ele," sugeriu Sheila. Nos dias seguintes, Marlúcia leu o diário, compartilhando com Sheila e Tomé as histórias de seu irmão. "Ele era aventureiro, queria conhecer o mundo," contou ela.
"Agora entendo melhor suas escolhas. " "É importante manter vivas as memórias," disse Sheila. Enquanto a vida na casa de Marlúcia seguia harmoniosa, Sheila continuava pensando em sua família.
Decidiu escrever uma carta à mãe: "Querida mãe, Espero que estejam bem. Tenho novidades para contar, condições incríveis. Estou com.
. . faz feliz.
Sinto sua falta e gostaria de vê-la. " Com amor, Sheila. Alguns dias depois, recebeu uma resposta: "Minha amada Sheila, fiquei tão feliz em receber sua carta.
Também sinto sua falta. Seu pai não está bem de saúde e fala de você com frequência. Seria maravilhoso se pudéssemos nos reencontrar.
Com carinho, mamãe. " Sheila sentiu que era hora de enfrentar o passado. Contou a Marlúcia e Tomé sobre sua decisão.
"Estamos aqui para apoiá-la," disse Marlúcia. "Quer que eu vá com você? " perguntou Tomé.
"Sim, adoraria que me acompanhasse," respondeu Sheila. No dia marcado, viajaram até a cidade natal de Sheila. Ao chegar à casa de seus pais, foi recebida por Maria Zilda com um abraço apertado.
"Minha filha, que saudade! " exclamou a mãe. "Mãe, este é Tomé," apresentou Sheila.
"Prazer em conhecê-la, senhora," disse o rapaz educadamente. "O prazer é meu! Você é como um filho para Sheila," perguntou Maria Zilda.
"Sim, ela me resgatou," respondeu ele com um sorriso. Ao entrarem, encontraram Ribamar sentado na poltrona, visivelmente mais frágil. "Pai," disse Sheila suavemente.
Ele levantou o olhar e seus olhos se encheram de lágrimas. "Sheila, você voltou? " "Sim, estou aqui," afirmou ela, aproximando-se.
"Desculpe por tudo que fiz. Fui um tolo. " "Orgulhoso, confessou: 'Eu te perdoo, pai', disse Sheila, segurando a mão dele.
Passaram o dia juntos, compartilhando histórias e revivendo memórias. Tomé encantou os avós com sua educação e inteligência. 'Você tem sorte de ter um filho assim', comentou Ribamar.
'Somos uma família unida pelo coração', respondeu Sheila. Antes de partirem, Maria Zilda entregou um envelope a Sheila. 'Isto é para você.
É uma carta que escrevi há algum tempo no caminho de volta. ' Sheila abriu a carta: 'Minha querida filha, sempre acreditei em você, mesmo quando não demonstrei. Sei que foi corajosa ao seguir seu coração.
Espero que um dia possamos nos entender melhor. Com amor, mamãe. ' Sheila sentiu as lágrimas escorrerem.
'Sempre desejei esse apoio. ' Tomé colocou a mão no ombro dela. 'Agora vocês têm uma nova chance.
' De volta à cidade, a vida continuou a prosperar. Sheila concluiu seus estudos e expandiu os negócios com Marlúcia. Juntas, abriram um café literário que se tornou um ponto de encontro cultural.
Tomé ingressou na universidade, estudando engenharia. Seu talento era reconhecido por professores e colegas. Certo dia, Marlúcia chamou Sheila para uma conversa.
'Tenho pensado muito sobre o futuro. O que tem em mente? ', perguntou Sheila.
'Gostaria de criar uma fundação em nome de meu irmão Augusto para apoiar jovens talentos', revelou. 'Isso é maravilhoso! ', exclamou Sheila.
'Posso ajudar no que for preciso. ' 'Sei que posso contar com você', sorriu Marlúcia. A fundação foi criada e teve grande impacto na comunidade, oferecendo bolsas de estudo e promovendo eventos culturais.
Em um desses eventos, Sheila reencontrou Vitória. 'Você não para de surpreender', disse a amiga. 'Não conseguiria sem você.
Sua amizade sempre foi meu alicerce', afirmou Sheila. 'Tenho uma novidade', disse Vitória, com um brilho nos olhos. 'Estou grávida.
' 'Parabéns! ', exclamou Sheila, abraçando-a. 'Quero que seja a madrinha', pediu Vitória.
'Será uma honra', respondeu Sheila, emocionada. Em meio às alegrias, receberam uma notícia triste: Marlúcia havia adoecido gravemente. No hospital, Sheila e Tomé ficaram ao seu lado.
'Vocês são a família que sempre desejei', disse Marlúcia, com voz fraca. 'E você é a mãe que guiou', respondeu Sheila, segurando sua mão. 'Prometam que continuarão meu legado', pediu a senhora.
'Prometemos', afirmaram em uníssono. Marlúcia faleceu serenamente, deixando um vazio, mas também um legado de amor e generosidade. Algum tempo depois, Sheila recebeu uma carta do advogado de Marlúcia.
Ela havia deixado todos os seus bens para Sheila e Tomé, com a condição de que continuassem o trabalho da fundação. 'Ela confiou em nós', disse Tomé. 'E faremos jus a essa confiança', afirmou Sheila.
Com os recursos, expandiram a fundação, alcançando mais pessoas e realizando projetos maiores. Maria Zilda mudou-se para morar com eles, trazendo mais calor ao lar. A casa de Marlúcia tornou-se um refúgio de amor e memórias.
Em uma noite estrelada, reunidos no jardim, Sheila, Tomé e Maria Zilda contemplavam o céu. 'Lembro-me de quando sonhava em conhecer o…' 'E agora você está mudando o mundo ao seu redor', observou Tomé. 'Tenho orgulho de você, minha filha', disse Maria Zilda, emocionada.
'Somos uma família especial', afirmou Sheila, 'construída pelo amor, pela amizade e pela resiliência. ' 'Sim, e Marlúcia está sempre conosco em nossos corações', acrescentou Tomé. 'Vamos fazer um brinde!
', gritou Sheila. 'Iremos juntos,' declarou, erguendo a taça. 'À família!
', completaram todos.