O que queremos dizer quando falamos em cidades inteligentes? | Bianca Tavolari | TEDxInsper

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TEDx Talks
Estamos vivendo uma época em que muitas coisas recebem o adjetivo smart. Smart é um adjetivo que ve...
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muitas das utopias dos nossos tempos são cristalizadas sobre a forma de cidades Então se a gente parar para pensar e quiser fazer um recenseamento muito rápido vocês vão lembrar certamente de literatura em que cidades projetam o futuro vocês vão lembrar alguns de vocês talvez a teoria filosófica em que a cidade é esse lugar onde estão é projetadas aspirações mas mesmo está em quadrinhos em séries de TV em filmes cidades geralmente são esse repositório onde os nossos desejos e as nossas projeções estão concentradas Então as nossas utopias estão cristalizadas nesse formato Agora se a gente começa
a pensar em Utopia e aqui não sei se vocês imaginaram que ia ter um pouquinho de grego antigo A etimologia aponta para um contracenso Então se a gente decompor o termotopia nosso etimologia a gente tem a partícula u que é uma negação no grego antigo e tops que é lugar Então na verdade o que a gente está dizendo que Utopia é um não lugar é um lugar que não existe e esse contrassenso se faz muito premente quando a gente está pensando nessa cristalização em cidades porque a gente está dizendo que a Utopia aquele não lugar
tem lugar justamente numa cidade então a gente tem um contrassenso quando a gente retrata esse Horizonte normativo seja aquilo que a gente está projetando né a gente tá pensando uma vida idealizada numa cidade isso desafia o sentido da palavra justamente porque a gente está dizendo que é um não é um lugar que tem um lugar então tem essa contradição Mas tem uma dimensão Super Interessante que é porque será que isso se dá sobre a forma de cidades né tem algumas razões para isso as cidades que são as referências mais comuns e não por exemplo países
aldeias e Planetas ainda que a gente consiga encontrar na literatura no cinema imaginações de países reinos aldeias é muito mais comum que sejam cidades por algumas razões a primeira delas é que a cidade é a forma de vida política por Excelência então a gente não pensa só a cidade como um território mas um espaço de vida política então quando eu tô projetando uma Utopia em cidades eu tô fazendo dois movimentos tem dois pressupostos aqui tem um modelo de sociedade mas tem também um modelo de vida política que é muito tangível a vida política da cidade
diz respeito a todos nós aqui nessa sala ainda que né as dimensões de um país como todo também nos digam respeito elas nos parecem às vezes muito mais longe a gente consegue pegar na política específica que é da cidade ela diz respeito ao nosso cotidiano então isso faz com que a gente tem essa cristalização de Utopia e que a gente pensa em uma cidade ideal e que a gente projete esses essas nossas aspirações aqui nessa sala se a gente parar e fechar o olho todo mundo aqui vai conseguir você ser capaz de imaginar uma cidade
ideal se é que já não fez isso alguma vez na vida certamente elas vão ser diferentes entre si cada um vai imaginar uma diferente vai imaginar uma cidade dos sonhos uma cidade que gostaria de viver para alguns de vocês Pode ser que a topografia seja importante então algumas pessoas vão dizer não eu já a primeira coisa que eu vou pensar se a cidade tem uma praia ou se ela tem uma montanha então a topografia para mim é decisiva para outros de vocês Pode ser que independentemente da topografia ou de outros elementos físicos o mais importante
sejam as pessoas não são as pessoas que moram naquela cidade mas as que potencialmente podem vir a morar então não interessa tanto se a praia ou montanha ou qualquer outra característica física mais quem morar ali mas certamente elas Todas serão diferentes entre si agora quando a gente estava vindo para cá independentemente se a gente veio de carro e Pegou muito trânsito numa São Paulo numa quarta-feira de chuva ou se veio de transporte público ou se veio a pé ou de bicicleta a gente fez um exercício que nos é comum todos os dias quem vive na
cidade analisa o que existe a partir do que poderia vir a ser então se você tava no trânsito no ônibus no carro você ficou imaginando como aquilo poderia ser diferente como as calçadas poderiam ser mais amigáveis se você veio a pé como o trânsito poderia ser mais reduzido mais eficiente ou poderia ser inexistente então a gente cotidianamente na cidade fica projetando aquilo que poderia ser a partir existente isso Conta pra gente que essa Utopia ela oferece um ponto de apoio para crítica ela não é só uma coisa que a gente projeta como um Horizonte de
transforma ela tá o tempo inteiro inscrita nas nossas práticas o tempo inteiro a gente está se perguntando se isso não poderia ser diferente como poderia ser e tentando aproximar nossa vida real daquele sonho que a gente imaginaria que seria esse lugar que vocês não sei se vocês fecharam o olho ou não mas que vocês estão aí imagino projetando na cabeça de vocês de alguma maneira tem a ver com cidades inteligentes boa parte das utopias recentes que a gente tem se organizam sobre esse rótulo cidades inteligentes ou então você já devem ter ouvido em inglês marcires
então quando a gente pensa em utopias do que uma boa cidade deve ser geralmente a gente ouve essa expressão é um rótulo né um conceito que como todo bom rótulo que pega ele é policêmico né porque se um rótulo de fato pode ser usado Ele pode ser projetado vários sentidos né se ele não se adapta a isso dificilmente ele perdura então né já que a gente voltou na etimologia de Utopia Vamos tentar destrinchar um pouco aqui cada uma das coisas de smart Siri para a gente começar a entender e para a gente começar a organizar
esse campo então é um rótulo laranja gente bem sucedido e como todo bom rótulo é polissêmico e muitas vezes vão ter sentidos que são antagônicos e contraditórios entre si e isso não é um problema isso dá força para o conceito muito mais do que qualquer outra coisa então vamos olhar seja para esse adjetivo né é um adjetivo que vem do mundo da tecnologia muitas vezes a gente usa ele para designar equipamentos o seu telefone a inteligente o seu relógio inteligente talvez a sua geladeira seja inteligente talvez você fale com um pequeno robô da sua casa
talvez que você tenha um aspirador inteligente que mapeia sua casa mas se a gente está acostumado né a qualificar telefones e outras máquinas como adjetivo não é só né é um modo de pensar a gente geralmente fala né pensar de maneiras Ou seja é um verbo muito mais do que um adjetivo em muitos casos né então o que que é pensar de maneira o que que isso quer dizer para Qual é outras sentidos desse objetivo a gente tá falando que a tecnologia está no centro de radiação dessa inteligência né do que a gente tá chamando
de inteligente e a gente tá falando né dialogando aqui com o André que veio antes de mim de um uso massivo de dados que antes não eram coletados eles quer registrados quanto mais analisados então tem um fio condutor de todos esses sentidos do que essa é uma arte Além disso né O Mundo das coisas é transformado para otimizar recursos e mudar comportamentos quando a gente está falando que alguma coisa Marta a gente tá tentando mudar especificamente esse mundo de comportamentos das coisas né Mas além disso qualquer coisa que nos pareça Atrativa que nos pareça antenadas
se é que esse adjetivo não é meio crime de meio vintage flexível adaptável a gente chama de smart então o Esparta é como se fosse um novo sexo ou um novo cu a gente coloca Smart em várias coisas que nos parecem atrativas o Smart tem uma quantidade muito grande de sentidos que estão sendo atribuídas certamente é por sistêmico quando a gente fala de city talvez vocês não ficaram na dúvida quando vocês imaginaram que seria né uma cidade dificilmente a gente teria essa dificuldade Então vou propor que a gente faça um exercício como a gente tá
falando de uma Utopia ou seja um não lugar projetado numa cidade e é diferente da gente é difícil da gente representar se a gente perguntasse para o Google para dizer para mim para o Google Images O que é uma cidade inteligente como ela é representada eu selecionei algumas para a gente pensar junto e para a gente extrair algumas coisas desse exercício A primeira imagem aparece aqui né Vocês estão vendo são prédios são Torres esses essas Torres são meio imateriais elas são feitas de fluxos a gente vê conexões entre elas tá escuro ou seja de noite
acho que eles pegaram um pouco a identidade visual do Sedex aqui galáxias etc tem umas projeções para cima que parece que tem conexões intergalácticas que que a gente tá vendo aqui bom a gente tá vendo um ambiente construído mas é um ambiente construído que não é muito material né a gente não vê a infraestrutura dos edifícios a gente não vê pessoas né então a gente tá vendo muito mais um fluxo entre coisas que a gente não sabe exatamente bem o que é com feixes né apontando para cima tem uma dimensão de digitalização intangível Mas a
gente não tá vendo muito mais que isso eu não tenho como me colocar na cabeça de vocês mas eu posso apostar que quando vocês pensaram que seria uma cidade ideal vocês não pensaram numa imagem assim toma Então por uma segunda imagem aqui já tá com um pouco mais de cara de cidade né então vocês digitarem Smart City no Google Images vão aparecer coisas como essa e o que que a gente tá vendo aqui bom a gente também tá vendo o ambiente construído vários prédios mas agora a gente também não vê pessoas mas a gente sabe
que elas estão aqui porque a gente tá vendo luzes nos prédios a gente sabe que elas habitam nesses lugares Se alguém conseguir olhar ali também consegue ver uma avenida enfim já tá um pouco mais com um cara de cidade e a gente também vê esses fluxos acontecendo né são fluxos digitais são brilhantes também tá de noite justamente para dar contraste agora ainda que pode ser que alguns de vocês tenham imaginado algo desse tipo é uma cidade que já existe e que foi a representação é colocada um fluxo por cima de algo que já existe conectando
uma coisa com a outra para mostrar para a gente que tem então uma interconexão e que isso faria com que essa cidade é fosse adequadamente representada como inteligente passando por um terceiro aqui a gente vê já tem um pouco mais de complexidade tem alguns ícones que eu não sei se vocês conseguem ver daí mas os ícones mostram pra gente uso de dados mobilidade encontra entre pessoas compras infraestrutura então uma série de serviços diferentes que podem ser otimizados da perspectiva de uma ideia inteligente é a primeira vez que a gente tá vendo arborização né de novo
eu não consigo me colocar na cabeça de vocês mas posso com toda a certeza de dizer que provavelmente a cidade que vocês imaginaram tinha árvores ou tinha alguma coisa verde de natureza e aqui a gente tá vendo a mão de uma pessoa uma humanização pela primeira vez que segura justamente um smartphone que tem uma Smart Siri na palma da mão então um pouco dizendo que essa quantidade de dados esse uso massivo tá na palma da mão de todo mundo a partir de um telefone inteligente o que que eu tô querendo fazer com esse exercício esse
exercício é obviamente limitado né a gente tá falando de uma representação de um exercício do Google quando ele conta pra gente algumas coisas a gente consegue entender a Utopia que está nas Entrelinhas da cidade inteligente que é quem não gostaria de viver numa cidade em que tudo funciona em que tudo está conectado em que por exemplo a gente tem sensores que apaguem as luzes do semáforos ou da iluminação da rua quando a luz quando né a gente tem a luz do sol tem a luz do dia ao longo das fases do dia ou então que
a gente tenha sensores em latas de lixo para que ela se tornem inteligentes ou que a gente tem a mobilidade integrada com dados então tem uma Utopia que parece tangível ela tá aí de fato tem uma dimensão específica cristalizada na cidade de inteligente mas também quando vocês estavam vendo Aquelas imagens eu posso imaginar que tenha dado algum tipo de sensação como essa essa imagem que vocês estão vendo é uma imagem de videogame é uma imagem do SimCity E eu então tem algo aqui nessa Utopia que ela é artificial que ela não parece uma cidade que
a gente gostaria de viver ou a cidade que a gente Gostaria de visitar quando a gente tem um tempo nas férias dificilmente se assemelha isso desse jeito especialmente esses planos que são de cima né a gente geralmente pensa na escala humana eu quero dizer com isso que uma cidade interessante ela é necessariamente torta a gente dificilmente escolhe cidades para visitar que são padronizadas que são homogêneas que não tem aquela esquininha onde você encontra uma determinada coisa então o que atrai o nosso olhar são as irregularidades as marcas distintivas as estruturas incompletas e a diversidade Então
o que faz uma cidade Atrativa é muito menos o fato que tudo funciona o que tudo funciona perfeitamente e muito mais suas marcas distintivas então tem uma ambiguidade nessa Utopia ao mesmo tempo que a gente consegue entender que tudo funcione por outro lado essa automatização faz com que ela perca caráter onde eu quero chegar tem uma limitação nesse exercício que a gente fez vamos olhar para os dados e a gente consegue olhar para os dados especificamente do Brasil com esse estudo que acabou de ser lançado que foi feito pelo Internet Lab o artigo 19 o
lapim que que eles fizeram eles falaram com gestores públicos municipais no Brasil que estão implementando políticas de cidades inteligentes e perguntaram em cidades grandes médias e pequenas O que exatamente está sendo entendido no Brasil por cidade inteligente e agora eu tô contando para vocês tem uma polissemia muito grande de sentidos mas quando a gente leu o relatório a gente consegue perceber que no Brasil os gestores públicos municipais e a cidades estão entendendo cidade inteligente num sentido muito específico e muito exclusivo que é o sentido de vigilância Então uso de Tecnologia de dados para vigilância e
isso não precisaria ser assim a quantidade de opções no menu de imaginação institucional que a gente tem é muito maior do que isso mas os dados desse relatório mostram para a gente que inclusive em políticas que a gente não imaginaria que a vigilância seria necessária como por exemplo um exemplo próximo de nós que é o exemplo do metrô daqui de São Paulo que foi condenado pela justiça por ter se valido de vigilância nas propagandas que captavam dados de reconhecimento facial das pessoas nas reações as propagandas então se você sorria uma propaganda ou se você passava
indiferente isso era vendido para as empresas e gerava um repositório de dados com as suas feições do que que a gente está falando aqui de um problema muito grande a gente tem um Marco normativo que a carta brasileira da cidades inteligentes que conta pra gente que transparência dados abertos proteção de dados pessoais abertura para decidir desenhar políticas públicas com a comunidade e combate à desigualdades são fundamentais em qualquer estratégia de cidade inteligente especialmente no caso de reconhecimento facial a gente sabe que tem um viés racial muito importante e não é nada desprezível e a gente
tá vendo que as cidades brasileiras apesar de toda essa polissemia dessa possibilidade de é utilizar os conceitos de maneira distintas então com uma espécie de um pensamento único ainda que tenha uma outra iniciativa que seja digno de nota no sentido de uma best o que que eu tô querendo dizer com isso que no sentido mais comuns a tecnologia tem substituída a democracia a gente tem entendido a cidade inteligente como uma cidade regrada excessivamente em que não tem conflito em que a gente está vendo padrões pouco diversos de implementação e que tem um pensamento único ao
menos no Brasil como a gente vê no relatório que não precisa ser dessa maneira então se a gente quer ter uma cidade inteligente eu não consigo saber não consigo entrar na cabeça de vocês para pensar como vocês imaginaram uma cidade ideal e uma cidade utópica na cabeça de vocês mas certamente a democracia e o respeito ao direito fundamentais está no centro então a ideia aqui é que a gente entenda que uma decisão inteligente envolve coloca a democracia no centro em qualquer cenário obrigado
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