Henrique Martins caminhava devagar com o peito pesado e o olhar perdido carregando consigo um buquê de lírios brancos que segurava como um Amparo frágil para a dor que o esmagava aquela manhã de sexta-feira fria e levemente nublada combinava com a tristeza permanente que ele carregava desde a morte do filho Bruno cada passo que dava entre as lápides era como pisar em um campo minado de memórias e saudades ele se dirigia ao túmulo com a frequência e reverência de um ritual sagrado algo que ele mantinha na esperança de sentir mesmo que por um breve instante a
presença de Bruno ao seu lado ao chegar a lápide ele viu algo inesperado que o fez parar duas pequenas figuras ajoelhadas diante do túmulo abraçadas e com os rostos inclinados para o chão Henrique observou por alguns segundos até que percebeu que se tratavam de dois meninos idênticos ambos de pele escura talvez com uns 12 ou 13 anos eles estavam visivelmente emocionado soluçando baixinho sem perceber que Henrique se aproximava aquela cena intrigou o homem profundamente Quem eram aqueles meninos ele se perguntava confuso e ao mesmo tempo com uma ponta de irritação que se misturava a dor
de ver o espaço Sagrado do filho invadido por desconhecidos Henrique deu uma leve tocida mais por nervosismo que por necessidade e os meninos ao perceberem sua presença se levantaram de imediato os olhos ainda vermelhos e inchados de tanto chor um dos gêmeos com a expressão tímida e hesitante olhou para ele em voz baixa pediu desculpas desculpa senhor nós só queríamos visitar o Bruno Henrique sentindo um nó na garganta observou os rostos assustados dos meninos por um instante sua dor deu lugar a uma onda de perplexidade como aqueles meninos conheciam Bruno por estavam ali o segundo
gêmeo com a mesma voz baixa mas carregada de sinceridade continuou Bruno era nosso amigo ele ele nos ajudava a estudar no centro comunitário as palavras do garoto ecoaram na mente de Henrique como um choque algo que ele não conseguia processar totalmente desde o acidente Henrique sempre tivera a sensação de que perdera uma parte de si mesmo mas agora começava a perceber que talvez existisse um Bruno que ele nunca conhecera um lado do filho que fora secreto mas que era Vital e transformador para aqueles dois meninos Henrique olhou para os dois garotos tentando controlar a confusão
e a emoção que começava a invadi-lo senti uma vontade quase infantil de afastar aqueles meninos dali Como se quisesse proteger a memória de Bruno para si mesmo mas ao mesmo tempo uma curiosidade genuína Começou a tomar forma ele perguntou aos meninos quase sem pensar vocês eram amigos do meu filho o Tom em sua voz era suave mas carregado de uma dor contida que só quem conhecia a perda podia compreender os gêmeos se entreolharam como se pedir dissem um ao outro permissão para falar o menino mais à direita aa comos vermelhos assentiu ganhando coragem sim senhor
o Bruno era nosso tutor ele nos ajudava com as matérias da escola nos ensinava Matemática Português e até algumas coisas de ciências ele acreditava que a gente podia conseguir a bolsa Henrique por um momento teve que desviar o olhar incapaz de sustentar o peso das lembranças ele sabia que o filho era um jovem Generoso e sempre disp ajudar os outros mas não fazia ideia do quanto ele estava comprometido com a causa dos gêmeos aos poucos a história dos meninos começou a se desenrolar diante de Henrique eles contaram que moravam com a avó Dona Rita em
uma pequena casa na periferia e que Bruno aparecer em suas vidas de forma Inesperada o filho de Henrique havia se oferecido para dar aulas voluntárias no centro comunitário da Vila Esperança e entre todas as crianças fora cativado pela inteligência determinação dos dois irmãos segundo os gêmeos Bruno acreditava que eles tinham potencial para conquistar uma bolsa em uma escola particular e estava decidido a ajudá-los a alcançar aquele sonho Henrique sentia o peito apertado enquanto ouvia como era possível que ele o próprio pai não soubesse nada disso ele passara anos observando o crescimento do filho mas parecia
que não o conhecia de verdade saber que Bruno estava envolvido com aquelas crianças de uma forma tão funda e altruísta fazia o luto pesar Ainda Mais era como se a cada detalhe revelado pelos meninos ele perdesse Bruno mais uma vez com os olhos marejados Henrique olhou para os gêmeos e perguntou em um sussurro carregado de emoção vocês acham que ele que ele estava orgulhoso de vocês os meninos assentiram com uma expressão de tristeza que se misturava com a saudade para eles Bruno não fora apenas um professor ele fora um amigo alguém que os motivara a
acreditar em um futuro melhor Henrique não conseguia evitar sentir um profundo orgulho do filho mas também uma dor insuportável por não ter tido a chance de conhecer esse lado de Bruno Henrique deixou o cemitério naquela manhã com o coração dilacerado a descoberta de que Bruno fora um pilar na vida daqueles dois meninos pobres alguém que acreditava em seus sonhos e dedicava seu tempo para guiá-los o preenchia de um orgulho que era difícil de descrever ao mesmo tempo O arrependimento queimava cada vez mais fundo ele se perguntava Como pode não perceber a profundidade da Bondade do
próprio filho as motivações que o moviam e o compromisso silencioso que assumira com aqueles Gêmeos João e Pedro era um lado de Bruno que ele Henrique não tivera a chance de conhecer em vida e isso o fazia sentir-se como um estranho diante da memória do próprio filho durante o trajeto de Volta Para Casa Henrique revivia cada conversa que tiver era com Bruno nos últimos meses antes de sua morte tentando encontrar Alguma pista algum sinal que mostrasse o quanto o garoto era dedicado ao centro comunitário e aos meninos ele se lembrava de Bruno animado mencionando seu
projeto social mas sempre ocupados com suas próprias obrigações Henrique e sua esposa nunca perguntaram muito que desperdício de tempo ele dissera certa vez com um tom brincalhão mas que agora o enchia de culpa Henrique sentia o peso da indiferença que demonstrara diante dos sonhos e dos valores do filho nos dias que se seguiram ele não conseguia tirar da cabeça o impacto que Bruno causara na vida dos meninos e sentia uma necessidade avassaladora de fazer algo a respeito a dor da perda começava a se transformar em algo mais tangível como um desejo de Honrar o legado
do filho ele decidiu então que buscaria mais informações sobre João e Pedro determinado a apoiá-los no caminho que Bruno havia traçado para eles Mas isso não seria fácil na semana seguinte Henrique dirigiu-se ao centro comunitário da Vila Esperança onde Bruno costumava trabalhar como voluntário o local era simples e cheio de crianças com paredes coloridas e quadros de desenhos infantis espalhados a diretora Dona Margarida uma senhora de cabelos grisalhos e voz acolhedora recebeu com olhos tristes e calorosos ao mesmo tempo sabia da dor que Henrique carregava e se comu ao saber que ele queria conhecer mais
do trabalho de Bruno com os meninos após algumas conversas Dona Margarida organizou um encontro de Henrique com a avó de João e Pedro Dona Rita uma mulher forte e reservada que criava os netos sozinha desde a morte da filha quando Henrique chegou à pequena casa da família Dona Rita o recebeu com uma expressão dura quase desafiadora que denunciava sua desconfiança para ela Henrique representava o tipo de pessoa que ela evitava um homem rico distante da realidade que ela e os meninos viviam a conversa entre eles começou com uma tensão visível Henrique tentando esconder a ansiedade
explicou o quanto Bruno significava para ele e o quanto estava tocado pela relação do filho com os netos dela ele ofereceu ajuda financeira e acadêmica aos meninos querendo garantir que os sonhos de Bruno para eles não fossem em vão Dona Rita porém foi reticente com os braços cruzados lançou-lhe um olhar penetrante E por que o senhor quer fazer isso agora por que não se preocupou com o que seu filho fazia antes Henrique sentiu um aperto no peito as palavras dela traziam uma verdade incômoda uma crítica que ecoava seu próprio arrependimento ele sabia que poderia facilmente
virar as costas e deixar aquela mulher desconfiada e orgulhosa seguir sua vida mas a imagem de Bruno com seu olhar sincero e a dedicação pelos gêmeos o impediu Henrique respirou fundo e em um momento de vulnerabilidade confessou eu não soube dar valor ao que Bruno estava fazendo mas agora que entendo o que ele queria quero ajudar os meninos não como uma dívida mas porque acredito no que meu filho acreditava Dona Rita pareceu refletir ainda relutante mas tocada pela sinceridade de Henrique ela deu um leve assentimento acho que o senhor pode tentar mas não espere que
os meninos o chamem de pai Doutor Eles já perderam gente demais nos dias seguintes Henrique comeou a visitar a dos gêmeos e a conviver mais com dona Rita estabelecendo uma rotina de encontros informais com os meninos para ajudar com os estudos e oferecer o suporte de que Bruno era tão orgulhoso a cada visita ele se aproximava mais de João e Pedro e os meninos a princípio reservados começaram a se abrir aos poucos ele percebia o cuidado e o carinho entre eles e a avó e a forma como dona Rita se preocupava com o futuro dos
netos carregando uma responsabilidade enorme nosos Henrique descobriu que João era o mais focado o irmão mais velho por alguns minutos com um senso de responsabilidade quase adulto Pedro ao contrário era mais extrovertido e sonhador um garoto curioso e brincalhão que trazia leveza ao ambiente mesmo nas situações mais difíceis com o tempo Henrique passou a notar que as brincadeiras de Pedro e as perguntas ansiosas de João sobre os estudos lembravam lhe muito de Bruno e isso tornava as interações ainda mais significativas e doloros os meninos ainda guardavam uma certa desconfiança em relação a ele Henrique sabia
que precisaria ganhar o respeito deles que só viria com o tempo e com ações consistentes não com promessas Mas aos poucos foi conquistando um espaço em seus corações ele os levou para conhecer a biblioteca da cidade onde Bruno os levava Em algumas ocasiões e passaram tardes de estudos e conversas sobre o mundo além das paredes da casa humilde Onde viviam voltando a se conectar com algo que perdera o propósito de inspirar e cuidar de alguém conforme os meses passavam Os encontros semanais começaram a transformar Henrique ele via nos meninos um reflexo do que Bruno tinha
enxergado a pureza e o desejo de um futuro melhor que a cada dia pareciam mais próximos João e Pedro passaram a confiar nele e juntos formaram uma rotina Henrique compreendia melhor os sacrifícios que dona Rita fazia e passou a respeitar profundamente a força daquela mulher que criava os meninos com tanto amor e determinação apesar dos obstáculos para João e Pedro Henrique tornou-se mais do que apenas o pai de Bruno ele passou a representar uma esperança Renovada uma ponte para o futuro que tanto desejavam e que Bruno prometera ser possível à medida que o vínculo entre
Henrique e os meninos se fortalecia ele sentiu que era o momento de dar o próximo passo inscrevê-los na escola colégio da Paz a prestigiada instituição de ensino que Bruno frequentara Henrique sabia que seria um desafio a escola era conhecida por seu ambiente elitista e muitos viam com receio a inclusão de estudantes de bolsistas especialmente de áreas mais pobres ainda assim ele estava decidido a Honrar o sonho do filho e garantir que João e Pedro tivessem uma educação que pudesse Abrir novas portas no dia em que foram até o Colégio para a entrevista de avaliação Henrique
notou o nervosismo no os rostos dos meninos João mantinha a postura rígida segurando a mochila com força enquanto Pedro olhava em volta curioso mas claramente deslocado era a primeira vez que pisavam em um ambiente tão sofisticado e isso fazia com que ambos se sentissem pequenos Henrique percebendo o desconforto abaixou-se para ficar à altura deles e colocou uma mão em cada ombro vocês pertencem a este lugar tanto quanto qualquer um dos alunos que estudam aqui se Bruno estivesse aqui ele diria a mesma coisa aquela breve afirmação deu aos meninos a segurança de que precisavam para enfrentar
o processo quando Entraram na sala da diretora contudo Henrique percebeu que não seriam apenas os meninos a enfrentar desafios a diretora uma mulher de postura rígida e sorriso falso fez questão de mencionar as dificuldades que a escola enfrentaria ao integrar estudantes de um contexto tão diferente as palavras ditas com suavidade eram carregadas de preconceito e Henrique sentiu uma raiva fria crescer dentro de si durante a reunião a diretora mencionou várias exigências que os meninos deveriam cumprir e destacou que a adaptação não seria fácil para ninguém ela sugeriu quase como um aviso que talvez eles fossem
mais felizes e numa escola mais adequada ao seu perfil socioeconômico Henrique a interrompeu com firmeza seus olhos brilhando com uma determinação que ele mesmo desconhecia eles estão por mérito e é meu desejo assim como era o desejo do meu filho que eles tenham uma chance justa se isso será um problema para institui faremos questão de proc outro lugar ae surpreende os meninos que nunca tinam visto um adulto desafiar alguém em sua defes de for tão direta sair da sal eles carregam uma mistura de alívio e admiração enquanto Henrique os olhava com orgulho e se comprometia
ainda mais com aquela jornada nas primeiras semanas na nova escola João e Pedro enfrentaram dificuldades que iam além dos Desafios acadêmicos eles se esforçavam para se adaptar ao ritmo intenso de estudos e com a ajuda de Henrique passavam horas revisando matérias e buscando compensar o atraso que tinham em relação aos colegas no entanto a maior barreira não era o conteúdo era a aceitação alguns alunos mais abastados olhavam para eles com curiosidade misturada ao desprezo fazendo piadas veladas sobre sua as roupas mais simples ou o jeito como falavam João mais calado e sério tentava Ignorar as
provocações mas Pedro mais impulsivo sentia-se constantemente tentado a responder Em uma manhã durante a aula de ciências um colega fez um comentário sobre o cheiro de favela que os meninos trouxeram para a Escola Pedro vermelho de raiva virou-se para o garoto e num impulso retrucou houve um instante de silêncio tenso até o professor intervir mas Henrique ficou sabendo do quando eles se encontraram Naquela tarde Pedro estava cabisbaixo sentindo-se culpado por ter perdido a cabeça Henrique porém o abraçou e disse com voz Suave mas firme resistir a provocações é difícil Pedro Mas isso não diminui seu
valor vocês são tão dignos de estar lá quanto qualquer um Vamos trabalhar nisso juntos as palavras de Henrique serviram de alívio para o menino e deram-lhe a coragem de enfrentar as semanas seguintes com o tempo percebeu que precisaria de Aliados para que os meninos fossem plenamente aceitos no colégio da Paz a diretora do Centro Comunitário Dona Margarida se ofereceu para ajudar durante uma reunião aberta com alguns pais e professores Margarida contou sobre o impacto positivo de Bruno na vida dos gêmeos e como ele enxergava o potencial de cada criança que encontrava a figura de Bruno
passou a pairar sobre o colégio como um símbolo de solidariedade e esperança algo que tocava a to todos que ouviam sobre sua dedicação Os relatos de Dona Margarida chegaram aos ouvidos de alguns professores que se prontificaram a dar um suporte especial a João e Pedro esses Aliados sensíveis ao Desafio dos meninos ajudaram-nos a encontrar o próprio espaço no colégio graças a eles os gêmeos começaram a sentir-se um pouco mais à vontade e começaram a fazer Progressos tanto nos estudos quanto na socialização a convivência constante com João e Pedro transformou Henrique aos poucos ele começou a
perceber que sua dor pela perda de Bruno estava se transformando em algo mais uma missão inspirado por tudo que o filho representava e pelos sonhos que ele nutria Henrique teve a ideia de criar o fundo Memorial Bruno martins uma iniciativa para financiar bolsas de estudos a jovens carentes especialmente os atendidos pelo Centro Comunitário da Vila Esperança Henrique organizou um evento para lançar o fundo convidando empresários e membros da comunidade ele discursou emocionado falando sobre a bondade de Bruno e sobre o desejo de continuar seu legado quando terminou de falar viu que muitos dos Presentes estavam
com lágrimas nos olhos tocados pelo amor incondicional que Bruno tivera pelos mais necessitados Dona Margarida e dona Rita estavam na plateia orgulhosas enquanto João e Pedro olhavam com olhos brilhantes a cerimônia terminou em aplausos e Henrique sentiu pela primeira vez em muito tempo que a dor em seu coração começava a dar lugar a um novo tipo de paz aquele fundo não traria seu filho de volta mas garantiria que o amor de Bruno continuasse a transformar vidas Inclusive a sua os primeiros meses de João e Pedro no colégio da Paz foram um teste de resiliência embora
tivessem começado a se adaptar ao ambiente e aos estudos ainda enfrentavam os olhares de reprovação e os comentários maldosos de alguns colegas a elite do colégio parecia enxergar os meninos como intrusos uma presença incômoda naquele espaço reservado para os filhos da alta sociedade durante o intervalo sempre que passavam perto de um grupo de alunos sussurros surgiam e alguns até Riam um dos momentos mais Dolorosos ocorreu durante uma aula de história o professor perguntara sobre as desigualdades sociais no Brasil e em meio à discussão um aluno fez um comentário sarcástico Alguns de nós precisam conviver com
essa desigualdade todos os dias não é João Pedro a turma riu e os meninos encolheram em seus lugares sentindo a hostilidade nas palavras João apertou os punhos mas ficou em silêncio evitando piorar a situação Pedro contudo mal conseguia conter as lágrimas de Humilhação Henrique ao saber desses episódios ficou furioso ele já não era o homem indiferente de antes agora não hesitava em lutar pelo espaço e pela dignidade de João e Pedro a partir daquele dia ele intensificou sua presença no colégio participando de reuniões e buscando construir alianças com professores e membros da administração aos poucos
a postura de Henrique diante das dificuldades dos meninos começou a atrair a atenção de outros pais e educadores mais sensíveis ele não permitiria que o legado de Bruno fosse desrespeitado Ou que os sonhos dos meninos fossem destruídos por preconceitos enquanto os desafios continuavam no colégio o fundo Memorial Bruno Mar comeava aer tangível o evento de lançamento do fundo fora um sucesso e logo Henrique e Dona Margarida se encontraram com uma rede de apoiadores dispostos a ajudar jovens promissores de Vila Esperança com as doações o Centro Comunitário pode contratar novos professores e oferecer mais atividades para
as crianças a sala onde Bruno ensinava João e Pedro foi reformada e transformada em uma pequena biblioteca com uma placa na entrada dedicada a ele além disso a criação do fundo Memorial trouxe um Novo Espírito à comunidade que se mobilizou para melhorar o espaço e proporcionar novas oportunidades para os jovens muitos moradores começaram a ver no centro comunitário uma porta de entrada para o futuro de seus filhos as crianças passaram a ter aulas de reforço atividades culturais e até oficinas de capacitação para os adolescentes algo que antes Parecia Impossível naquele espaço tão humilde para João
e Pedro ver o impacto positivo do fundo foi profundamente inspirador eles sentiam que não estavam apenas cumprindo o próprio sonho mas carregando o legado de Bruno a avó dos meninos Dona Rita visitava o Centro Comunitário com orgulho observando os netos e Henrique se envolverem em cada atividade ela mesma começou a apoiar as famílias que visitavam o centro oferecendo ajuda para mães que precisavam de um espaço seguro para seus filhos enquanto trabalhavam com o passar dos meses João e Pedro começaram a desenvolver um desempenho notável no colégio apesar das dificuldades os dois se dedicavam intensamente aos
estudos especialmente com o suporte constante de Henrique e dos professores Aliados as sessões de estudo passaram a ser mais do que apenas momentos de aprendizado era um verdadeiro espaço de apoio onde eles podiam expressar suas dúvidas frustrações e inseguranças Henrique via neles a mesma determinação que via em Bruno e sabia que o filho se orgulharia dos dois com o tempo João demonstrou um talento excepcional para as ciências exatas enquanto Pedro se destacava em redação e história em uma competição interna de matemática João surpreendeu a todos ao vencer um aluno que era considerado mais brilhante da
escola na apresentação ele discursou com uma segurança que nunca imaginou ter agradecendo a Henrique pelo apoio e pela chance de estar ali o auditório surpreendentemente irrompeu em aplausos e muitos colegas passaram a respeitá-lo a partir daquele dia Pedro por sua vez encantou os professores com um trabalho sobre a importância das histórias comunitárias e o impacto do centro da vila Esperança durante sua apresentação ele falou sobre o sonho de Bruno de ver as crianças da comunidade prosperarem a emoção em suas palavras tocou o coração dos presentes e ele foi aplaudido de pé com vários alunos elogiando
sua coragem essas vitórias trouxeram uma mudança significativa no ambiente escolar a presença de João e Pedro passou a ser vista com admiração e os meninos começaram a conquistar amizades genuínas entre alguns colegas que antes os rejeitavam a transformação de ambos não foi apenas acadêmica era também pessoal a confiança e a força que desenvolveram os tornaram líderes naturais não apenas entre os bolsistas mas em toda a turma para Henrique ver o sucesso de João e Pedro trouxe um misto de alegria orgulho e uma sensação de paz que ele não experimentava desde a perda de Bruno a
cada vitória dos meninos ele sentia o peso de sua própria dor suavizar como se Bruno estivesse ali sorrindo ao seu lado compartilhando aquele momento com ele quando João venceu a competição de matemática Henrique sentiu as lágrimas se acumularem ele lembrava de Bruno ainda criança tentando entender os números com a mesma seriedade e brilho no olhar que via agora em João com cada passo que os meninos davam Henrique percebia que seu filho estava presente que o amor e o idealismo de Bruno continuavam a Florescer no mundo graças a eles Henrique visitava o túmulo de Bruno com
frequência mas agora sua presença ali não era mais de luto e sim de conversa e gratidão sentia-se como um Guardião da memória de Bruno e ao ver João e Pedro caminharem com tanta firmeza em direção a um futuro promissor Henrique encontrou um tipo de reconciliação interna ele passara anos como um pai ausente focado em sua carreira enquanto Bruno crescia sem que ele notasse seus passos e ideais mas de algum modo agora Henrique sentia que tinha uma segunda chance e ele não estava mais apenas honrando Bruno estava participando do sonho que o filho plantara no coração
dos gêmeos para João e Pedro a nova vida no colégio da Paz e o apoio constante de Henrique foram transformadores no início os dois tinham medo de falhar de não estarem à altura das expectativas a memória de Bruno os inspirava mas também os pressionava queriam Honrar o amigo mas temiam que o peso de seu legado fosse grande demais com o tempo no entanto eles começaram a perceber que estavam construindo suas próprias trajetórias a partir das sementes que Bruno plantara as conquistas acadêmicas trouxeram um novo tipo de confiança para os dois e aos poucos eles descobriram
que o sonho que carregavam agora era tanto de Bruno quanto deles mesmos João passou a ajudar Outros alunos do Centro Comunitário oferecendo aulas e incentivando os mais novos a acreditarem em suas próprias capacidades ele via naquelas crianças o que fora um dia e o papel de tutor o aproximava ainda mais de Bruno Pedro por sua vez encontrou na escrita uma forma de expressar suas emoções e escrever sobre suas próprias vivências dando voz a tudo o que passara desde que Bruno o acolhera em sua mente João e Pedro estavam continuando a jornada de Bruno mas também
trilhando seu próprio caminho Dona Rita os observava com um misto de Orgulho e nostalgia para ela cada sorriso dos netos era um presente que Bruno e Henrique haviam trazido nos jantares em família os meninos contavam a Henrique sobre seus dias na escola e a cada história eles viam o rosto do homem suavizar aos poucos o trio construiu um vínculo único e indestrutível e Henrique sabia que eles não eram mais apenas os alunos de seu filho eles eram sua família o dia da formatura de João e Pedro chegou com um céu Claro e o perfume das
flores que Henrique trouxera especialmente para evento as mesmas flores que ele costumava levar ao túmulo de Bruno o auditório do colégio estava repleto de pessoas da comunidade familiares e amigos mas Henrique estava em destaque com um sorriso discreto e o olhar brilhando de emoção Dona Rita estava ao seu lado segurando uma foto de Bruno que ela mantinha sempre com ela em hen a meno que transformar o futuro de seus netos quando os nomes de João e Pedro foram anunciados o auditório explodiu em aplausos Henrique os observou caminhar até o palco com uma postura confiante os
mesmos garotos que ele havia encontrado meses antes aos prantos no túmulo de Bruno agora eram jovens determinados com um futuro brilhante Henrique sentia que seu coração se enchia de um amor paternal que ele não imaginava aaaz de sentir o abraçaram ao descerem do palco e Henrique incapaz de conter as lágrimas sussurrou para eles vocês são o orgulho do Bruno e meu também na última última parte da cerimônia Os meninos fizeram uma homenagem Inesperada com o microfone em mãos e o coração na boca Pedro agradeceu a todos que os apoiaram mas quando mencionou Bruno sua voz
falhou emocionado ele respirou fundo e continuou Bruno acreditou em nós quando Ninguém mais acreditava E ele nos deu não só o conhecimento mas a coragem para sonhar e como se ele soubesse que não poderia estar aqui ele nos deixou uma família alguém que agora chamamos de Pai João e Pedro se viraram para Henrique que lutava para conter as lágrimas Henrique você nos deu a chance de lutar pelo futuro e mostrar que nós podemos esse sonho não é mais só de Bruno é nosso e é seu também a cerimônia terminou com uma salva de palmas e
aplausos emocionados Henrique com os braços ao redor de João e Pedro ol olhou para o céu sentindo-se grato ali naquele momento ele finalmente encontrou a paz que procurava pois compreendeu que o amor de Bruno estava Vivo irradiando-se nos meninos que o chamavam de pai