se você quer ser um manga k não basta só imitar a estética de um mangá você precisa produzir como um mangak porque muitas vezes uma qualidade que admiramos em um mangá é na verdade fruto de uma limitação ou uma realidade imposta ao mangaká japonês uma característica que nasce de uma necessidade se você não compreende essa necessidade fica impossível de reproduzir essa característica a velha máxima de que o ambiente ou contexto molda a produção artística e talvez a melhor exemplo que eu possa te dar seja um modelo de produção japonês o mercado de quadrinhos no Japão
é uma máquina monstruosa que Até onde eu sei nunca existiu Nada no Mundo Com tamanha longevidade frequência e variedade acontece que esse modelo impõe aos autores japoneses uma Dura realidade cada capítulo do seu mangá precisa necessariamente cativar o leitor de modo que ele queira consumir o próximo é isso ou a sua obra sai fora das tiragens desse contexto singular surge a aplicação de uma narrativa singular o kisho kitsu que apesar de ser uma técnica milenar molda até os dias de hoje a produção das histórias que nós tanto amamos compreender essa singularidade narrativa e entender como
criar um mangá no autêntico modelo japonês é a nossa missão hoje seja muito bem-vindo ao episódio 11 do diário mang vamos lá antes de mais nada koten ketsu é um modelo de narrativa estruturado em quatro etapas a narrativa caso você não saiba serve para guiar as expectativas do leitor ao decorrer da sua história organizando os eventos personagens e conflitos de modo que eles transmitam a emoção certa pro momento certo para ficar mais claro eu vou dar um exemplo de como o filme O Grito aplica o que shoten quet para escalar o medo já no início
da obra o filme começa com a seguinte frase quando alguém morre tomado por uma profunda Ira uma maldição nasce o texto preliminar é uma forma de contextualizar rápida e precisamente o espectador em seguida é mostrado uma menina andando de bike que é Yoko uma cuidadora essa é a primeira etapa da narrativa o que que apresenta os personagens o cenário estabelece um contexto inicial da história essa cena retrata a rotina comum do trabalho de Yoko cuidar de uma senhora idosa acamada em uma casa tradicional japonesa o ambiente é silencioso E aparentemente normal embora haja uma tensão
Sutil no ar e aqui que começa o show que é o desenvolvimento desses elementos iniciais que pelo fato de ser uma obra de terror tem como objetivo aumentar a tensão gradualmente enquanto Yoko realizava suas tarefas rotineiras Ela escuta barulhos vindo de um quarto chegando no quarto os barulhos se intensificam e oko percebe que dessa vez eles vêm de cima mais precisamente dentro do sót ela então decide subir e verificar e aqui que começa o tem o clímax ou reviravolta que clode toda aquela tensão acumulada é o evento que muda a direção da história nessa hora
o ador já sabe que a Yoko vai virar camiseta de saudade a normalidade do dia a dia é brutalmente interrompida quando Yoko é violentamente puxada para o fóton por uma força Sobrenatural a partir desse evento começa o ketsu que é a conclusão daqueles acontecimentos e a apresentação de uma nova realidade nesse caso o sumiço da yoku que tem como consequência a contratação da protagonista a Karen a próx cuidadora que vai protagonizar o desenvolvimento da trama Esse foi só um exemplo da aplicação do koten ketsu mas perceba que eu analisei apenas um trecho do filme mas
a gente poderia aplicar o koten ketsu pro filme inteiro dividindo ele em quatro etapas ou analisar um capítulo de um mangá semanal de 20 páginas ou até mesmo aplicar o koten ketsu a nível de página individual isso anota aí é pelo fato do koten ketsu ser uma estrutura recursiva a recursividade é uma característica de algo que pode iterar infinitamente Você pode repetir sucessivamente o koten ketsu dentro de outro koten ketsu tipo um fractal e para mim é aqui que tá o ouro dessa estrutura narrativa e você até pode argumentar que com um pouquinho de Contorcionismo
mental qualquer estrutura narrativa é recursiva e de certa forma você tá certo e é exatamente por esse motivo que Eu odiava esses modelinhos de narrativa como a estrutura de três atos e a jornada do Herói e não é porque eu quero ser diferentão E que isso são fórmulas clichês e que a obra vai ficar previsível não não é porque na minha cabeça não tinha utilidade mesmo para mim era tudo a mesma coisa independente da obra ou do contexto cara se você fizer um pouquinho de esforço tu consegue encaixar esses modelinhos em qualquer história por um
motivo muito simples Todo modelo de narrativa tem um certo nível de abstração por exemplo se você pega uma história como o primeiro arco de swordart online que para mim foi o melhor a Trama ela vai girar em torno do querido que é o protagonista que tá aprisionado dentro de um MMO RPG de realidade virtual se ele morre no jogo ele também morre na vida real e a única forma dele sair vivo dali É ficando forte o suficiente para derrotar o Último Chefão do jogo O Kirito ele não confia nas pessoas e ele joga sozinho mas
conforme ele vai evoluindo no jogo ele começa a formar laços com outros jogadores incl incluindo asona que é uma guerreira habilidosa o Kirito acaba se tornando um jogador tão extraordinário que ele consegue entrar pra guilda mais poderosa do jogo que é a mesma guilda da assuna e com o passar do tempo a relação entre os dois só aumenta e eles se apaixonam perdidamente iniciando assim um web namoro chegando até ter uma web filha nesse metaverso doido é muito estranho porque eu não curto muito história de romance mas esse trecho ele é estranhamente agradável para mim
o final do arco revela que o Último Chefão é na verdade o líder da guilda deles o próprio desenvolvedor do jogo que tinha aprisionado geral ali tava camuflado como um jogador comum eu não lembro o nome dele eu confesso então eu vou chamar ele de Elon musk e numa batalha bem Meia Boca o Elon musk ele consegue perder pro Kirito mesmo tendo todos os privilégios de administrador do jogo e a conclusão do arco termina com Despertar dos jogadores pro mundo real com exceção de ao na que fi em coma por ter sacrificado a sua vida
para proteger o [ __ ] do Kirito na luta final eu digo [ __ ] porque depois desse arco o Kirito sai espocando geral e dando bola para todas as web piranhas do metaverso enquanto a mulher dele tá em coma basicamente é mais ou menos isso que eu lembro da trama não me julguem mas não importa o que importa é que se a gente perguntar para 100 pessoas o que mais marcaram elas nesse primeiro arco dos SW Art Online algumas vão falar que foi o conflito com o Elon musk e outras vão falar que foi
a relação entre a asuna e o Kirito o romance O problema é que se a Trama principal gira em torno de conflito você vai tender pela Ótica de uma estrutura de três atos por exemplo que se baseia em conflito enquanto se fosse pela transformação do Kirito abandonando a vida de um jogador solitário para viver um romance você começaria a ver um quoten quetos ou talvez as duas opções estejam ali o que para mim antigamente era ainda mais a abominável porque cara se independente do que eu criar eu consigo projetar uma ou mais estruturas ali Você
concorda comigo que Nada me impede de desenvolver a obra aá moda caralha assa e vendo no que dá depois sabe não me parece algo muito útil se eu consigo aplicar para qualquer coisa em qualquer contexto e de fato não é se você analisa uma obra que já tá pronta e era aqui que meu raciocínio falhava e toma cuidado para não cometer esse mesmo erro porque você analisar uma obra que já tá pronta a partir de uma ótica é uma coisa agora você criar uma história que não existe organizar uma infinidade de conceitos e relações decidir
se uma informação vai ser desenhada ou se vai ser um balão de fala se é uma expressão facial Sutil ou uma onomatopeia se vai ser uma página dupla um timelapse temporal cara isso é outra coisa criar uma história do zero é muito diferente de você analisar uma que já tá pronta e talvez tenha ficado meio abstrato demais então eu vou fazer uma analogia com o desenho para não ter erro essa é uma pintura do buger Imagina ela como sendo uma história finalizada a partir desse corpo você concorda que a gente pode projetar qualquer esboço nele
caixas gestual ou sei lá um monte de banana não importa eles não parecem muito útil Quando analisamos algo já Pronto né pela natureza abstrata do esboço Agora imagina aqui comigo que o esboço é um modelo de narrativa modelos podem se tornar muitas coisas quando a gente vê da Ótica de algo que é concreto que já tá pronto e vai para algo mais abstrato que é genérico Não realmente dá a sensação de ser útil mas quando você precisa começar uma obra do zero e tudo que você tem inicialmente são ideias e conceitos do que você quer
fazer que são coisas ainda mais abstratas do que o esboço Aí sim você vê a utilidade de usar ele o esboço te ajuda a dar um passo pra sua ideia ficar mais próxima de Alo tangível mesmo ainda sendo algo abstrato é da natureza de um modelo ser Genérico e é por isso que eles funcionam tão bem para contar praticamente qualquer história e não teria como ser diferente é na criação e não na análise que um modelo de narrativa brilha o que ele foi feito para contar as histórias e isso tá diretamente ligado com o nosso
jeito de pensar nosso cérebro por exemplo ele é assimilativo eu amo esse exemplo de que se eu pedir para você me falar rápido qualquer palavra Possivelmente você demore 2 segundos para escolher uma dentre as 370.000 palavras de toda a língua portuguesa agora se eu te peço para você escolher uma palavra que remeta a sorvete você rapidamente vai falar ou chocolate casquinha ou gelado porque agora você tá restrito a no máximo 100 palavras que remetem a sorvete alguns modelos de narrativa são mais rígidos exigem necessariamente a presença de certos elementos e eventos para eles funcionarem e
essa imposição aflora o conceito chamado de restrição criativa que é o que eu acabei de te explicar é uma ferramenta no processo criativo agora você não lida mais com todas as combinações de eventos possíveis entre seus personagens mas sim com aquelas que a estrutura exige outros modelos T outras características como fragmentar mais a história dividindo ela em etapas que são trechos de informações menores pra gente trabalhar eu também já comentei da característica da recursividade que é presente no koten kets que para mim foi o que me ajudou a resolver um problema crônico na produção da
minha obra queero encontrar o ponto que divide a narrativa da narrativa visual e essa é uma dor que só quem é o roteirista e o artista da obra ao mesmo tempo sente na pele vamos lá no primeiro episódio do Diário eu comentei que eu não ia usar a linguagem escrita para desenvolver a minha obra porque eu basicamente Odeio escrever E também porque eu gosto muito de desenhar né não atual o nome desse canal é desenho O Mestre Então eu pensava cara para que que eu vou desperdiçar a energia detalhando em palavras todas as emoções nuances
e cenas se depois eu vou precisar traduzir tudo isso novamente paraa linguagem visual no storyboard era como se eu tivesse de contar a mesma história duas vezes e idiomas diferentes correndo o risco de me ferrar perdendo algo precioso na tradução inclusive o próprio Alan mo autor lá de de Vingança ele tem aquele livro de como escrever cómics nele ele faz um comparativo já nas primeiras páginas de como os quadrinhos e os cinema São mídias irmãs e o alamour ele questiona se ao importarmos técnicas e terminologias do cinema pros quadrinhos não estamos de certa forma limitando
o potencial único da nossa mídia é natural que o cinema por exemplo possa se d o luxo de ter um roteirista para produzir um documento escrito Ultra descritivo porque você vai ter um hist border para ter o trabalho de corno de traduzir tudo aquilo pra linguagem visual e eventualmente um diretor para acompanhar as filmagens e mais uma legião de consultores e cornos para retrabalhar em tudo isso agora você mangak barra quadrinista independente não tem esse luxo o alamour coloca em cheque como isso pode ser prejudicial para desenvolvimento de uma obra já que por mais que
sejam mídias irmãs o cinema e o quadrinho elas não são mídias iguais seria como tentar fazer um pássaro nadar como um peixe na visão do alamor a forma com que você desenvolve a obra as técnicas e ferramentas que você usa para transformar aquele mar de ideias na sua cabeça em algo concreto e lógico é tão importante quanto o que você tá produzindo porque aquela forma é o que se apresenta como o produto final e sabendo disso quando você opta por utilizar um modelo narrativo recursivo como que shot ten ketsu você obrigado a tomar uma decisão
e para mim foi essa decisão que me ajudou a delimitar a fronteira entre essas duas linguagens que é a decisão de onde o modelo narrativo ele começa e de onde ele termina o quão fundo o modelo vai ser repetir dentro da sua história por exemplo você vai aplicar o koten Keto a nível de Trama a nível de ato de cena de uma página de um quadro porque você precisa tomar essa decisão até onde você vai com koten queto é totalmente arbitrário No meu caso eu não gosto de utilizar koten ketsu a nível de páginas unitárias
eu acho que é algo que ingessa muito é muito impositivo eu prefiro ir com kishotenketsu até o intervalo de cena então primeiro eu dividiria a história em quatro etapas principais separaria os principais eventos de cada etapa E dividiria novamente a narrativa em mais quatro etapas Ou seja eu aplicaria um segundo ciclo de kishotenketsu e sabendo quanto cada etapa vai durar dentro de um ciclo que a gente vê nesse gráfico e o número total de páginas da minha história indiretamente eu ganho uma informação que é concreta e objetiva é o ponto que a gente estava procurando
que é o número de páginas de cada cena quase como se fosse uma régua invisível e a partir daqui eu posso escolher arbitrariamente o que que eu desenvolvo na escrita ou no visual porque a chance de você ter trabalho entre as duas linguagens tendo a clareza dessas duas marcações é baixíssima se comparado a criação de uma obra a moda cara aliaça pelo menos a minha experiência Lembrando que nada disso é uma regra processo criativo no fim é tudo muito pessoal eu por exemplo não tô utilizando koten ketsu na minha obra atual porque o terror ele
tem muitas particularidades Mas sabe onde que eu usei choten kets para fazer esse próprio vídeo aqui e se você tá assistindo ele até agora mostra o poder dessa narrativa concorda então recapitulando na introdução eu contextualize sobre o modelo de produção japonês em seguida eu desenvolvi a proposta do vídeo falando do koten ketsu o tem foi a revir a volta onde o meu paradigma de produção Muda me dando uma nova perspectiva e o ketsu é a conclusão dessa transformação e a partir disso a recursão acontece e o ciclo se repete no próximo episódio o seu dever
de casa é assistir esse episódio do Diário mangak inteiro se você já assistiu re assista tentando encontrar cada etapa do koten ketsu dentro do roteiro que eu fiz para esse vídeo ele foi o capítulo que teve mais visualizações do diário e é uma ótima prova do Poder dessa narrativa Muito obrigado pela sua atenção e até a próxima [Música]