Autismo Nível 1 - 14 Sinais Sutis Traços Clássicos

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Lygia Pereira - Autismo Feminino
Quando as pessoas falam que o autismo nível 1 é leve ou "levinho", eu fico imaginando que elas não c...
Video Transcript:
Pergunta: quais são as diferenças entre a apresentação mais clássica do autismo e a apresentação mais sutil ou menos óbvia? Vocês sempre me pedem para falar aqui sobre essa diferença e explicar por que o espectro autista pode ser tão heterogêneo, principalmente quando se trata de meninas. Então, hoje nós vamos conversar sobre uma lista de 14 itens descritos pela National Autistic Society, que é uma sociedade britânica dedicada a oferecer suporte e divulgar também pesquisas mais atuais a respeito dessas diversas possibilidades de apresentação do espectro autista.
Eu tive contato com esses dados em uma certificação da própria National Autistic Society e, apesar de ter sido um curso sobre o autismo em meninas e em mulheres, nós podemos perceber que esses sinais mais sutis também aparecem em um grupo de meninos que estão no nível, principalmente, no nível 1 de suporte. Por isso, hoje nós vamos falar aqui sobre os traços óbvios, os traços mais sutis ou não clássicos e também fazer esse contraponto, né? Dizer o que nós esperamos ver em crianças, adolescentes e adultos não autistas, adultos neurotípicos ou alíticos.
Aliás, como tem sido utilizado na comunidade internacional, essa palavra "alítico" vem do grego e quer dizer "fora", aqui no caso, "fora do espectro". Então, nós podemos usar "neurotípico" e "autista" ou a palavra "autista" e "alítico". Depois, vocês me contam se vocês já conheciam essa palavra, se vocês gostam, se têm alguma crítica a respeito desse tema.
E antes de nós entrarmos aqui na nossa lista, eu gostaria de dizer que eu tenho amado ler as mensagens de vocês, ver as histórias aqui na comunidade do YouTube, e eu estou reunindo as perguntas e pretendo responder vocês ao longo dos próximos vídeos. E para quem deseja participar dessa comunidade, basta clicar no meu nome aqui abaixo desse vídeo. Aí, você vai acessar a aba da comunidade no canal.
Você vai ver essa tela que tem os vídeos, o botão do shorts, playlists e a comunidade. Na comunidade, você vai ver as minhas postagens, quase que diárias, com as enquetes, como essa, histórias com a dosezinha de humor para a gente deixar o dia mais leve e, claro, assuntos sérios, como artigos científicos sobre o autismo, altas habilidades, superdotação, TDAH e outras condições da biodiversidade. E, inclusive, eu geralmente compartilho esses artigos completos lá no canal do Telegram.
E aí, eu vou deixar o link aqui abaixo para vocês acessarem esse canal, tá bom? Dito isso, vamos lá a nossa listinha de 14 traços óbvios e também manifestações mais sutis do autismo. Nós vamos fazendo aqui esse contraponto entre o lado azul, onde estão as características mais clássicas, e o lado lilás, em que estão as características mais sutis.
O primeiro ponto é sobre a comunicação não verbal. Na manifestação clássica do autismo, percebemos que a comunicação não verbal, a gesticulação, a expressão corporal e a expressão facial podem ser mais robóticas, mais fechadas, menos fluidas e talvez menos coerentes, né, com o que a pessoa fala. Isso tende a chamar a atenção tanto dos adultos quanto das crianças.
Inclusive, existem estudos mostrando que, em poucos segundos, a pessoa que está interagindo com o autista já nota essa incoerência e, às vezes, se distancia. De certa maneira, o cérebro não confia naquela pessoa que não tem a comunicação não verbal coerente com a comunicação verbal. Já na manifestação mais sutil, podemos observar que os gestos são coerentes com a fala, mas isso tende a ser imitado, tende a ser aprendido, às vezes de forma até consciente.
É impressionante como a criança, às vezes, compartilha com a gente que aprendeu no filme, inclusive, ela repete os bordões dos personagens que ela mais gosta, imita as expressões faciais e a gesticulação. Então, mesmo que pareça coerente ao longo da conversa, nós vamos observar que são repetitivos, que o repertório é menos amplo e, às vezes, é caricato. O segundo ponto é demonstrar sinais claros de frustração e de agressividade quando se trata da manifestação clássica do autismo.
Então, a criança vai ter o meltdown onde estiver; ela vai manifestar a sua frustração, seu desgosto se os pais mudam de caminho, se a rotina alimentar é alterada, se a brincadeira dela é interrompida. Ela vai ficar brava e vai manifestar o quanto está frustrada. Já na manifestação sutil, principalmente em meninas, esse comportamento de desgosto e de frustração tende a ser internalizante.
Aí, a criança pode ficar triste, pode ficar silenciosa, às vezes fica quietinha e vai chorar num cantinho da escola. Às vezes, os professores dizem que a criança consegue encontrar um esconderijo onde ela sempre fica, e ela prefere ficar retirada ali, principalmente quando está ansiosa. O terceiro ponto pode ser demonstrar pouco ou nenhum interesse pela socialização, quando existe a manifestação clássica.
Então, no teste ADOS, por exemplo, nós vamos observar que, se a criança é chamada, talvez ela não responda; talvez ela não traga o brinquedo para compartilhar com a gente aquela emoção. Então, falta reciprocidade socioemocional. Talvez ela não queira nos contar uma história ou, se a gente inicia uma brincadeira, talvez ela não continue, porque fica presa no seu mundinho.
Na apresentação mais sutil, a criança pode mostrar que tem amigos imaginários. Ela pode ficar hiperfocada apenas em um amigo real na escola, ficar dependente daquele mediador. Os pais contam que, às vezes, se a criança não tiver o irmão ou a amiguinha que é a mediadora, ela pode chegar a fazer xixi na roupa porque não tem coragem de ir ao banheiro sozinha.
Talvez ela fique com fome porque não tem iniciativa para buscar o lanche. Então, parece sutil; as pessoas falam: "Ah, é um autismo leve", porque não teve a queixa. Talvez a criança não demonstre, não faça birra, mas há um sofrimento real e observamos que.
. . Esse vínculo nem sempre é saudável.
Pode ser o mediador que realmente favorece o desenvolvimento da criança autista, mesmo do adulto, que ajude naquele ambiente social. Mas, às vezes, esse vínculo é pouco saudável, porque pode haver uma pessoa abusiva que fica pedindo coisas ou que faz fofoca em nome da criança autista, colocando-a em risco. Então, é bastante delicado.
É muito difícil a gente falar: "Ah, ela é vínculos", pois não existe sofrimento. Sim, existe prejuízo, mesmo quando a manifestação é mais sutil. O quarto ponto, quando há uma manifestação mais clássica, é que a criança ou mesmo o adulto vai se interessar mais por fatos, mais por informações, do que por pessoas.
E aí são as apresentações clássicas que a gente vê, por exemplo, em filmes como "Aonu" ou "Sheldon", que estão preocupados com baleias, com física, com dados muito objetivos, e talvez não façam o vínculo com as pessoas de forma tão natural. Já no caso da manifestação mais sutil, nós observamos que a pessoa também tem um hiperfoco, mas pode ser um hiperfoco em pessoas. Às vezes, é em uma pessoa, e nós observamos isso porque, às vezes, a pessoa fica desconcertada e tende a se isolar quando uma amizade desejada não é recíproca ou não é exclusiva.
Isso parece ciúmes e pode ser confundido com transtorno de personalidade borderline. Mas quando investigamos a causa, é diferente. A pessoa autista não está vinculada ou prestando atenção na outra porque se sente vazia ou porque tem a identidade mal construída; na verdade, é apenas um hiperfoco.
Eles até falam com a gente, né? Meus alunos compartilham isso claramente, mostrando que parece que estão stalkeando ou que estão presos à pessoa, mas, na verdade, é uma admiração, às vezes, pela espontaneidade que o outro tem. Eles observam também de forma muito objetiva e pragmática essas características e formam vínculos também de forma pragmática, como se fosse um hiperfoco por baleias ou por física, e aí, nesse caso, na amizade, às vezes falta essa compreensão de que o outro amigo pode ter outras amizades e outros interesses.
É aquele caso que parece sutil, parece leve, mas nós vamos observar que a inflexibilidade pode aparecer bastante forte nesses pontos. O quinto traço, super óbvio do autismo, é não fazer contato visual. Às vezes, a pessoa nem se preocupa em ser simpática, a não ser que haja uma motivação pessoal, que geralmente é um hiperfoco, como falar sobre baleias, sobre física, sobre dinossauros.
Acabou aquele assunto, a pessoa se retira e, talvez, ela nem se disperse das pessoas, né, do grupo com o qual está interagindo. Já no caso da manifestação mais sutil, a pessoa pode sim demonstrar comportamentos sociais normativos, só que, às vezes, ela mesma compartilha com a gente, né, com o educador ou terapeuta, que aqueles comportamentos foram assimilados, foram aprendidos para que a pessoa se sentisse pertencente. Então, quando ela percebe que é julgada, criticada ou que as pessoas a acham diferente, estranha, às vezes acontece na fase adulta de alguém dizer que quem não olha nos olhos é mentiroso, não é uma pessoa honesta.
E aí ela conclui: "Bom, eu sou honesta, então eu vou olhar nos olhos", mesmo que isso seja extremamente incômodo. Ela passa a fazer isso e outros comportamentos também, como sorrir, gesticular, conversar um pouco mais com as pessoas, perguntar sobre a família do outro, ter essa reciprocidade social e socioemocional que não é tão espontânea assim em algumas pessoas autistas. Se ela percebe que isso é importante para formar os vínculos, ela pode fazer de maneira aprendida.
O sexto ponto, quando se trata da manifestação clássica do autismo, é ter interesses muito pragmáticos e bastante objetivos. Então, a criança às vezes gosta de mágica, montar quebra-cabeça gigante e fazer contas. Isso é na manifestação mais clássica, que geralmente as pessoas reconhecem bastante como a pessoa autista.
Agora, na manifestação mais sutil, talvez a criança se engaje nas brincadeiras dos pares, goste de brincar de boneca, de casinha, de piquenique, ou, às vezes, entre nas brincadeiras mesmo no futebol ou vôlei. Talvez ela esteja nesse ambiente com as crianças, com as pessoas da mesma idade, mas faça isso de forma mais lógica, mais analítica. Então, se ela estiver jogando, por exemplo, xadrez, isso não vai aparecer muito, mas quando são esses jogos de grupos, por exemplo, piquenique, talvez a criança pareça muito mais ingênua do que as outras ou, às vezes, queira controlar a brincadeira, ditar as próprias regras, ou, às vezes, não aceite que as outras crianças flexibilizem um pouco as regras do jogo.
Então aparecem as diferenças nessas brincadeiras mais típicas, mesmo que ela participe. No sétimo traço clássico, então, as meninas, principalmente, é o que a National Autistic Society fala, que elas parecem as pequenas professoras, pois elas reúnem esses dados analíticos, objetivos e compartilham com as outras pessoas. Como a menina que fala sobre baleias, ela sabe tudo sobre baleias.
Elas podem ter muita motivação para descobrir como as coisas funcionam. Os meninos, por exemplo, sobre robótica, dinossauros, chegam às vezes a corrigir as informações que estão nos museus e, talvez, sejam realmente excelentes palestrantes, professores, doutores. Então, desde pequenininhos, podem ter esse jeito, né, para compartilhar as informações com muita propriedade.
Já na manifestação mais sutil, então, aqui se tratando de meninas, vão ser as pequenas psicólogas. E isso, às vezes, acontece com os meninos também, que se encantam muito pela observação, pelas características das pessoas neurotípicas ou pelas diferenças de comportamentos, né, entre as pessoas, sobre o que as pessoas falam, o jeito de ser. E aí talvez elas tenham grande motivação para entender como as pessoas funcionam em vez de coisas.
E, eventualmente, eu ouço alguém dizer. . .
Que as pessoas autistas não podem ser psicólogas porque talvez lhes falte um pouquinho de empatia, mas isso não é verdade. As pessoas autistas podem ser muito observadoras e, inclusive, existem excelentes psicólogos, psiquiatras e filósofos autistas. Então, esse é um outro mito.
O oitavo ponto se refere aos comportamentos repetitivos e restritivos que podem ser muito ritualísticos, muito claros na manifestação clássica do autismo, e aparecem como estereotipias vocais muito óbvias, estereotipias motoras, a inflexibilidade em relação às rotinas e a restrição alimentar muito forte. A criança pode ter esses interesses especiais bem nítidos; talvez seja hiper léxica ou goste muito de dinossauros. Então, os interesses ficam bem marcados em relação à reatividade sensorial.
Ela pode ser muito hipersensível, né? Hiperreativa e, às vezes, não tolera a luz, não tolera o som, não tolera ficar em ambientes hiperestimulantes. Tem um momento em que ela fica sobrecarregada; ou, pelo contrário, pode ser hiporreativa demais.
Então, a criança calça um sapatinho, um tênis novo, e está machucando ali em determinado ponto: dedinho ou calcanhar. Ela vai andar normalmente, ou às vezes anda, né, sentindo, mas ela não manifesta aquele desconforto de forma clara, então acaba se machucando, né, correndo risco já na manifestação mais sutil. Então, a criança se retira para o mundo imaginário, é o que a gente mais observa.
Ela tem um mundo imaginário muito rico, muito fértil, e a tendência a ficar divagando, a ficar pensando nesse mundo fantástico e imaginário, lendo livros do Harry Potter, Senhor dos Anéis, tem esses interesses muito fortes e, às vezes, parece um pouquinho mais né. Ela pode ficar muito segura nesse espaço. Mas o que a gente observa é que na adolescência e na fase adulta, esse comportamento ou esse mundo muito restrito, esse ambiente de segurança que é o mundo imaginário, passa a não ser suficiente para proteger a pessoa, pois os adolescentes e adultos precisam ter uma certa autonomia.
E aí, precisam guiar a sua rotina de forma mais independente, precisam também financiar os seus interesses, né, ganhar essa independência financeira, também estudar, ir pra faculdade. Então, acabam tendo que sair da sua bolha para lidar com os desafios reais e, muitas vezes, eles não toleram; eles sucumbem. Por isso, nós vemos tanta evasão escolar, evasão da universidade.
Às vezes, a pessoa não consegue trabalhar. Então, novamente, leva para quem parece uma manifestação sutil, mas a pessoa pode, mentalmente, não tolerar esses ambientes hiperestimulantes. O nono ponto aqui, em relação à apresentação clássica, é ser muito literal, muito transparente.
Então, a pessoa fala tudo sem filtro. Eu me lembro de uma história, né, a mãe contando que a criança ganhou uma bicicleta e a tia brincou com a criança: "Ah, eu vou andar na sua bicicleta antes de você"! E a criança falou: "Não, você não pode porque você é muito grande e pesada", falou para a tia dessa forma.
E todo mundo riu, né, naquele ambiente familiar. Não teve problema, mas e quando a criança, ou o adolescente, ou o adulto está em outros ambientes, ou num ambiente de trabalho? Várias vezes eu ouço os meus alunos dizendo que o chefe, o líder da equipe, chamou a sua atenção porque ele falou coisas que não eram para ser ditas para os seus alunos, para os seus clientes no trabalho, ou então para a sua equipe.
Compartilhou informações que não poderiam ser compartilhadas, então, porque a pessoa é muito transparente, muito honesta, ela vai falar tudo. Então, se for um gerente de banco, e o cliente perguntar: "Ah, mas realmente eu preciso desse cartão? Ah, realmente esse seguro é favorável?
Ah, não, existem outros melhores? Ah, esse investimento você acha que é o ideal para mim? " "Não, eu acho que você pode fazer outros".
E isso não é bom para a organização. No caso do autismo clássico, pode acontecer, mas é excelente em outros ambientes. Então, a pessoa precisa encontrar onde o potencial dela vai florescer melhor.
Agora, na manifestação sutil, nós vamos observar que a pessoa tende a seguir os roteiros prontos, isso para ser gentil, para ser interessante. É o caso do masking; a pessoa tende a se monitorar o tempo inteiro, e aí também vai corrigir os comportamentos. Isso tende a ser exaustivo quando é feito de forma repetitiva ou de forma prolongada.
O décimo ponto, em relação à manifestação clássica do autismo, pode ser a tendência à solitude. Isso fica muito óbvio quando nós observamos grupos de crianças. Por quê?
Porque as crianças neurotípicas costumam brincar, interagir, correr, cantar, fazer barulho, enquanto a criança autista talvez fique no seu cantinho, observando pedrinhas, as folhinhas. Ela pode precisar de um tempo maior para fazer as transições. Então, vamos supor que a escola vá fazer uma visita ao parque.
As crianças neurotípicas chegam correndo, explorando o ambiente, e a criança autista fica observando as nuvens, quietinha, porque ela precisa de um tempo para elaborar aquele excesso de estímulos. Na manifestação sutil, também existe essa necessidade de tempo para elaborar os estímulos sensoriais, só que talvez a criança não esteja sozinha, por quê? Ela conta com o apoio de um adulto, ela fica de mãozinha dada com o monitor, ou às vezes está perto de outra criança, de uma amiguinha, que faz a mediação na interação para ela.
Ou talvez ela seja convidada para jogar futebol, né? O menino está perto dos outros. Talvez os meninos não percebam muito isso, e se ele tem essas habilidades principalmente no esporte, aí ele vai ser chamado para brincar.
Então, não aparece a solitude tanto porque a criança está perto de outras que facilitam esse e a elaboração do excesso de estímulos. A 11ª característica óbvia do autismo é ter explosões quando a rotina é alterada. Então, quando a criança, se o professor promete uma atividade, não cumpre, se os pais mudam o caminho, se a dieta, né, a rotina alimentária for alterada, a criança pode realmente explodir.
E na fase adulta, se um profissional desmarca uma consulta, se tem um atraso de um amigo, se alguém combinou de ligar e não liga, isso também pode causar estresse enorme. Já na manifestação mais sutil, o estresse vai aparecer como paralisia, desmaio e pânico diante da novidade. E isso faz com que a pessoa fique mais restrita à sua bolha da imaginação e acabe não exercitando habilidades para a vida real.
O 12º ponto, quando se trata da manifestação clássica, é que a criança tende a evitar o contato com as visitas. Às vezes, ela é muito cautelosa, fica observando de longe, fica quietinha no cantinho da sala, às vezes fica trancada no quarto e não quer ver as visitas. Por quê?
As visitas são o elemento não previsível na rotina da criança; então, claro, ela tende a rejeitar. Agora, na manifestação menos óbvia, nós vamos observar que a criança tende a ser ingênua e talvez aceite passivamente o contato com estranhos, o que é um risco imenso. Os pais contam que a criança pede colo para qualquer pessoa na rua, que às vezes uma pessoa vem consertar o encanamento na casa e ela fica conversando, compartilhando o seu hiperfoco, e às vezes não percebe que está importunando ou que aquela pessoa não é da família, que não tem intimidade.
E na infância, isso tem o seu risco, mas às vezes os pais estão perto. Agora, o ponto de alerta aqui é na adolescência e na fase adulta, porque talvez não tenha esse monitoramento. Então, as pessoas, no nível 1 de suporte, muitas vezes estão extremamente vulneráveis a pessoas abusivas e a relacionamentos não saudáveis.
Esse é um ponto de alerta que precisamos observar. O 13º item, quando se trata da manifestação clássica, é a hiperreatividade aos estímulos sensoriais. Já dissemos aqui que, diante da luz, do barulho, do ar condicionado e do excesso de estímulos, muitas pessoas falando ao mesmo tempo, a criança ou mesmo o adulto pode ficar drenado, não conseguindo performar, não conseguindo falar, não conseguindo prestar atenção ao que é dito.
E aí a pessoa fica bastante diferente e apresenta comportamentos atípicos. Já na manifestação mais sutil, mesmo que a pessoa esteja sobrecarregada, talvez ela esteja paralisada, talvez fique muito quietinha. O choro pode aparecer com bastante frequência.
As minhas alunas me contam que essa é às vezes a reação mais frequente: elas tendem a ficar realmente na posição fetal, quietinhas na cama, depois de um dia longo de trabalho ou de uma festa de família, festa de Natal, quando se sentem incomodadas. Então, essa reação ao estresse pode aparecer como quietude. Finalmente, o 14º ponto é que, nas brincadeiras, a criança que tem o autismo mais clássico vai empilhar, vai alinhar, vai ter essa tendência a ser organizada com os objetos, e ela faz sempre as atividades, brinca sempre da mesma forma.
Já na manifestação mais sutil, as brincadeiras podem ser mais típicas, podem parecer mais fluidas, mas talvez a criança tenha dificuldade de aceitar a proposta do grupo. Então, a inflexibilidade aparece dessa forma. E aqui nós vimos essa lista de 14 itens e comparamos a manifestação clássica do autismo com a manifestação mais sutil, não tão óbvia, não tão conhecida.
Mas eu disse a vocês que iria falar sobre por que isso tem de acontecer e por que às vezes a manifestação é mais sutil. Primeiro, temos os níveis de suporte: nível 3, nível 2 e nível 1. Então, no nível 2 e no nível 3, a manifestação tende a ser mais clássica; a pessoa precisa de mais suporte, os traços são mais óbvios, mais característicos.
E no nível 1, por outro lado, seja por essa menor necessidade de suporte, ou porque a pessoa consegue camuflar os seus traços autísticos, ou porque ela tem uma facilidade maior para aprender habilidades ou treinar comportamentos para ampliar o seu repertório, talvez os traços não sejam tão perceptíveis. Agora, o que nós esperamos para as crianças neurotípicas? Nós falamos aqui um pouquinho ao longo do vídeo, mas o que se espera é que os marcos do desenvolvimento sejam alcançados no tempo previsto e que a socialização ocorra de maneira fluida, espontânea, que a criança não fique tão sensível às mudanças, às alterações de rotina, que ela saiba conversar com as pessoas que estão perto dela, as pessoas que são da família ou que estão na escola.
Que ela também reconheça as dificuldades ou os riscos, tanto do ambiente quanto das interações. Então, a criança neurotípica tende a ir aprendendo os comportamentos que são mais adequados, que são mais favoráveis a cada ambiente. Ela tem uma maior facilidade para generalizar esses aprendizados também.
Então, ela vai crescendo com o grupo e apresentando essas habilidades. A criança autista, mesmo que ela seja bastante inteligente, criativa e que tenha várias competências, o que nós observamos é que, talvez, por exemplo, as habilidades linguísticas não se traduzam em facilidade de interação social. E aí estão esses dois pontos que mais chamam a atenção: são os características do autismo, as dificuldades na interação e na comunicação social e também os comportamentos repetitivos e restritivos.
Ok, e agora, como sempre, deixe aqui nos comentários as suas reflexões, compartilhe suas histórias, acrescente também os itens que eu não mencionei nesse vídeo que você julga que sejam importantes. Aproveite para curtir e compartilhar este vídeo com quem você gosta, porque eu sinto que ainda é necessário falar sobre esse assunto. Eu tenho vários vídeos aqui no canal falando sobre os traços sutis, outros profissionais têm compartilhado o seu conhecimento, mas ainda é necessário.
E claro, aproveite para se inscrever aqui no canal, participar da comunidade. É muito bom ter você comigo. Grande abraço e até breve!
Tchau tchau!
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