[Música] Imagine sua história como uma linha do tempo quantos altos e baixos já viveu alegrias dores superações obstáculos a verdade é que essa linha não é assim tão linear inúmeros fatores internos e externos influenciam o tempo todo nossas jornadas e as tornam únicas e complexas Mas e se pudéssemos ser responsáveis por um pequeno estímulo capaz de impactar de forma positiva uma vida inteira e se criássemos oportunidades de Minimizar vulnerabilidades e de alguma forma mudássemos uma trajetória acreditamos que sim isso é possível e por isso desde 2003 apoiamos pros inspiradores com objetivo de incentivar o protagonismo
social acreditamos que podemos gerar o impacto hoje para que versões cada vez mais felizes dessas histórias possam ser escritas no futuro próximo Instituto CPFL energia que transforma realidades Boa noite Está começando mais uma gravação do Café Filosófico CPFL queria agradecer a todo mundo que veio aqui em Campinas hoje pra gravação e quem tá acompanhando a gente também pelo YouTube fazer o convite também para para quem ainda não se inscreveu no nosso canal só clicar aqui embaixo em inscreva-se para ter acesso à nossa programação E também há mais de 20 anos de conteúdo que a gente
sobe no canal do YouTube e também nas redes sociais aproveitando aqui falar do Instagram e do tiktok onde a gente sobe cortes né do programa e o Instagram tiktok @ é a mesma é @ cafos CPFL Vamos começar agora a gravação do programa Café Filosófico CPFL h [Música] e hoje a gente segue com o módulo O que é ser homem cartografar masculinidades que tem curadoria de Pedro ambra a gente recebe hoje o palestrante T Túlio Custódio com o tema desbotar do homem masculinidades raça e trabalho no século XX Túlio é sociólogo Doutor pela USP sócio
e curador de conhecimento da inesplorato pesquisador afiliado do Alameda institute e membro do conselho consultivo do pacto Global da ONU então por favor recebam com aplauso o nosso convidado de [Aplausos] hoje Túlio Muito obrigado pela sua presença aqui hoje eu vou passar a palavra para você bom Café Filosófico obrigado bom Primeiro de tudo boa noite a todas as pessoas aqui presentes Boa noite a todas as pessoas que estão na internet hoje e boa noite às pessoas que vão ver isso depois não importa qual ou seja o horário eh eu começo dizendo que é uma honra
para mim estar nesse espaço É uma honra fazer parte desse ciclo né curado pelo queridíssimo Pedro ambra É uma honra estar com pessoas como Fábio Mariano como a Isabela aventurosa que vai estar na no próximo encontro eh eu tô realmente muito extasiado alegre feliz e um pouco nervoso né porque não eh de fazer parte desse ciclo eu queria antes de começar propriamente a falar as coisas que eu gostaria de dividir aqui com vocês né neste encontro falar um pouquinho da minha relação com o Café Filosófico Porque para mim é muito especial tá num espaço como
esse um espaço que em termos de assistir Eu frequento há pelo menos a idade do programa 20 anos fez parte da minha formação né como sociólogo cientista social e também Historiador e também faz parte da minha parte profissional Porque como curador de conhecimento na florato a gente usa muitos vídeos muitas as conversas e palestras do Café Filosófico então assim eu estou feliz ísso de estar aqui É uma honra enorme né Se fosse transparente o que está dentro de mim vocês veriam como tô extasiado Então queria deixar eh também esse recado de agradecimento pelo convite agradecimento
de estar aqui de ser recebido no espaço tão especial de compartilhamento de conhecimento como esse Bom vamos lá eh o que eu pensei para trazer aqui pro contexto desse ciclo de masculinidades como um caminho como uma conversa é trazer algumas reflexões mais como perguntas o que propriamente como respostas ou caminhos dados como verdades pra gente discutir masculinidades em alguns outros planos o ponto é que a discussão de masculinidades na minha perspectiva Ela não é uma discussão que está tão somente no universo de gênero mas ainda falar de masculinidades não é fazer um programa moral do
bom moo eu acredito que falar de masculinidades possibilita a gente a trabalhar cruzar e entender outras questões estruturais que fazem parte de discussões tão fundamentais que fazem parte da nossa sociedade e aí eu quero propor para vocês né com uma imagem de como eu vou tentar seguir aqui hoje talvez de uma forma um pouco caótica enfim espero que não não seja tanto assim mas a gente percorrer juntos uma trilha né a trilha vai ser masculinidades e a gente vai passar por essa trilha observando uma paisagem que tem de um lado natureza de o outro lado
o mar de um lado discussões Profundas que envolvem questões de raça que envolvem marcadores sociais e de outro questões Profundas que também envolve o sistema capitalista eu vou tentar passar por essa trilha de masculinidades mostrando como falar desse assunto nos permite mergulhar por esses universos e trazer questões que não estão tão evidentes assim quando a gente pensa né somente na ideia de falar sobre um homem eu também quero deixar claro que vamos percorrer essa trilha eu não vou fazer isso sozinho né Há todo um arcabo de referências de pensadores e pensadoras que vão me acompanhar
nesse trajeto não só as pessoas que caiu o coisa da caneta vou deixar aqui do lado não só as pessoas que fazem parte desse ciclo de masculinidades comigo né como Pedro ambra o Fábio Mariano e a Isabela aventurosa mas uma série de pessoas que são fundamentais nessa reflexão e eu cito esses homens esses nomes porque eu gostaria que as pessoas conhecessem quem não conhece claro né e acesse essas pessoas como Bel hooks Fran fanon cornel West abidias Nascimento osmundo Pinho Henrique restier Rolf malungo Davison Deon Faustino Vini Rodrigues Lia Machado Pedro Figueiredo e uma série
de outras pessoas que vão me acompanhar aqui nesse percurso e que me ajudaram a pensar algumas das coisas que eh a gente vai mobilizar nessa nossa conversa aqui hoje bom eu vou começar a nossa conversa partindo inclusive de uma provocação né ou da forma como eu fui provocado por Bell hooks quando ela comenta no texto chamado reconstruindo a masculidade negra onde ela fala a seguinte né tem a seguinte passagem o capitalismo avançado promoveu mudanças na natureza dos papéis de gênero para todos os homens a imagem do Patriarca e chefe de Casa Líder desse minist estado
chamado família desbotou no século XX quando eu li essa essa esse fragmento esse trecho pela primeira vez essa palavra desbotou me pegou de uma forma assim bastante Ávida né O que que ela quer dizer com desbotar né O que que o desbotar E essas transformações que aconteceram no século XX que nós estamos vivendo de certa maneira os reflexos delas hoje no século XX traz para nós em termos de elementos para discutir masculinidades para discutir o papel do homem para trazer reflexões que nos avancem em relação àquilo que a gente almeja talvez conquistar e é um
pouco disso que eu vou me servir hoje para construir aqui para vocês a a nossa conversa eu tenho dois tópicos fundamentais que eu de alguma forma organizei a a minha fala mas antes de entrar nesses dois tópicos eu vou falar de algumas coisinhas que dão base pra gente entender o que tá por trás dessa discussão A primeira coisa é pensar no lugar histórico que nós estamos né Eh a gente fala muito das discussões de gênero das discussões sobre masculinidades das discussões sobre sobre os feminismos muito pautado naquilo que foi e tem sido os movimentos feministas
principalmente a partir dos anos 60 do século passado né a importância que esses esses movimentos tiveram nas pautas que TR trouxeram em todas as transformações e debates que foram gerados a partir desses movimentos isso é fundamentalmente importante mas também a gente quando dá um zoom out né quando a gente olha um pouco mais por cima a a gente percebe que quando a gente olha o século XX como um todo há uma série de transformações durante esse período que de alguma forma potencializaram essa uma certa diluição do Poder patriarcal quando eu falo em patriarcal ou patriarcado
eu tô falando no poder Na Autoridade fixada no homem e geralmente o exercício desse poder é realizado através de algumas formas de controle Como por exemplo o controle sobre o casamento dos seus filhos né com quem seus filhos podem se casar ou não com quem eles vão se relacionar ou não ou também o controle sobre a mulher o controle também sexual sobre a mulher onde acontece Esse controle do poder patriarcal na família né a família acaba sendo um tema Fundamental e a série de de pesquisadores e pesquisadoras eh eh que trabalham sobre esse assunto que
trazem esse esse tema e que olham e que mostram como uma série de transformações que aconteceu no no no seio da fam família durante o século XX de alguma forma corroboraram paraa diluição desse poder patriarcal tem alguns autores como Gordon terb por exemplo que ele fala de despatriarcalización eu acho um termo até forte né porque essas transformações elas de fato são importantes mas elas não impediram a reprodução das desigualdades de gênero das violências contra a mulher então eu gosto mais da ideia da diluição porque elas são fundamentais mas elas não podem eh elas Sem dúvida
não eh transformaram eh tudo assim de uma maneira tão tão tão fundamental E aí quais são algumas dessas transformações que ocorreram durante o século XX que são importantes para a diluição desse poder eh eh do patriarcado uma delas são as leis de casamento ou como o casamento ele começa a ser eh organizado e de alguma forma regulado por leis jurídicas né a ideia de que você pode casar com quem você quiser ou de que o caso compõe um contrato e esse contrato envolve por exemplo patrimônio são formas de diluição desse poder patriarcal na medida que
o pai a autoridade não necessariamente processa e controla todos os aspectos desse contrato dessa relação ou seja com todas as nuances que isso gera em determinadas sociedades a gente tá falando de um arranjo um pouco mais igualitário das possibilidades de casamento e você tem discussões disso desde a década de 10 ou da do século passado passado algumas coisas que aconteceram por exemplo na Revolução da União Soviética na primeira guerra mundial em Europa algumas questões e discussões que aconteceram na América Latina nos anos 40 50 60 e uma outra facea interessante desse processo de diluição do
patriarcado é a lei do divórcio ou seja a possibilidade de desfazer um casamento a possibilidade da mulher especialmente né viver a sua vida num outro âmbito não conectada e não somente subjulgar ao controle sexual daquele marido primordial né ou marido da da da da autoridade eh isso é fundamental também como um processo de diluição desse patriarcado por que que eu tô falando isso porque em grande parte as discussões de masculinidades a forma como a gente vai fazer as pautas que são trabalhadas as reflexões que são construídas elas partem de um lugar de crise mas não
crise como Fábio Marian e o Pedro demonstraram nos últimos Os encontros de maneira brilhante não uma crise por si só mas uma crise que reflete um certo desbotamento de uma figura rígida de poder dessa autoridade masculina Ou seja a diluição do patriarcado coloca em jogo coloca em cena um processo onde aquele lugar fixo de poder começa a ser questionado Então não é uma crise do masculino pela crise do masculino do homem que não necessariamente sabe mais o seu papel mas é um processo de transformação que suscita questões mais amplas e mais culturais e que de
alguma forma é bastante relevante pra gente considerar como base aqui da nossa caminhada da nossa trilha para pensar masculinidades tem um outro aspecto também que é importante que é um uma expressão ela não é bonita tá mas vocês vão ver ouv falando ela a noite toda porque ela é bastante importante que é o projeto de masculinidade hegemônica patriarcal projeto de masculinidade hegemônica patriarcal é bem feio porque é grande né meio meio desarranjado mas essa expressão ela é fundamental pra gente entender que existe um projeto por trás de todas as ideias e perspectivas que envolvem as
questões de masculinidades há uma série de pessoas né pensadores autores autoras que tentam rastrear Por exemplo quando que nasce o patriarcado quando que nasce este projeto pensando inclusive que projeto não é que tinha alguém lá que pensou sozinho não vou fazer um negócio aqui e isso vai ser a base para todo mundo né mas é com a construção civilizacional que vai dando sentido e e ordenamento paraas formas como a gente não só se organiza com as práticas que a gente tem mas principalmente como a gente constrói nossos desejos nossas expectativas isso é um projeto né
Eu gosto de demarcar principalmente por as questões que esse projeto suscita eh como um projeto Colonial E aí quando a gente localiza ele enquanto um projeto Colonial a gente tá localizando ele mais ou menos em um um arranjo de uns 600 anos mais ou menos de duração né quem suscita uma série de questões que basicamente se fortalecem numa lógica de poder e de autoridade E aí obviamente dentro do projeto de masculinidade hegemônica patriarcal é o poder e a autoridade do homem esse projeto e por isso é importante falar sobre ele antes de entrar na na
nas questões ele basicamente parte de duas dimensões que se relacionam e que ordenam como esse projeto vai se disseminando vai sendo reproduzido primeiramente uma dimensão que a gente poderia chamar de estética ou performática que nada mais é do do do que o campo onde as coisas acontecem o campo das práticas o campo dos comportamentos tudo aquilo que nos nota denota a noção de que a gente observa e entende compreende como a figura do masculino a forma de se vestir a forma de falar quais são os comportamentos que a gente diz não isso é comportamento masculino
Isso não é um comportamento masculino tudo isso faz parte da dimensão estética a outra dimensão que é a dimensão ética a dimensão ética é o lugar onde a criação das imagens Ou seja é uma dimensão moral onde imagens do que é o Bom do que é o ideal do como deveria ser como deve ser acontece dentro desse projeto E aí há um elemento fundamental quando a gente tá falando desse projeto de masculinidade hegemônica patriarcal que é na dimensão ética é que a noção de poder se constitui e esse projeto na sua dimensão ética no seu
plano ético ele tem três características que são muito importantes Porque a partir do momento que a gente entende e compreende essas características a gente vai perceber que elas na verdade estão se disseminando estão se reproduzindo inclusive em outras esferas e eu vou falar um pouco disso mais tarde Mas quais são essas três caracter que marcam o plano ético dessa dimensão ética do projeto de masculinidade hegemônica patriarcal a primeira característica é a binariedade ou a ideia de uma polarização dentro do plano ético desse projeto só existe um ou outro homem ou mulher masculino ou feminino essa
binaridade essa polarização ela serve não só para chapar né as ideias as possibilidades meandros não é à toa que a gente vê muitas discussões e debates na sociedade quando há críticas por exemplo Ah mas a ideia de uma gradação de gênero é impossível isso é um absurdo isso é moralmente equivocado etc e tal Porque o princípio ético desse projeto é um princípio do binário ou é uma coisa ou é outra a segunda característica desse do plano ético deste projeto é a hierarquização ou seja além da da polaridade além da binariedade Você tem uma relação de
hierarquização entre os polos um polo é superior ao outro um polo está em uma posição acima Avante que seja em relação ao outro isso também é importante de de de considerar porque a a hierarquização ela vai demarcando espaços de existência e de reconhecimento onde Dentro de um projeto de poder o superior Com certeza ele se coloca com como aquilo que é legítimo né contra um inferior que enfim é marginalizado é subalternizado e isso é eticamente construído dentro desse projeto a terceira característica e que conversa com as outras duas características de polarização e de hierarquização é
a característica da Aniquilação ou a interação entre esses polos pode acontecer por meio da violência basicamente a ideia de que os o Polo que está inferiorizado ou subiz ele pode ser sujeito à violência desse ser superior né a linguagem de violência ou a linguagem da Aniquilação é é uma linguagem possível dentro eticamente dentro eh eh deste projeto Qual que é o ponto aqui pra gente sublinhar em relação a ao plano ético né desse projeto de masculinidade hegemônica patriarcal sempre perco folo Porque é tão grande essa expressão eh é a lógica da violência que tá por
trás disso e mais ainda a lógica da morte da diferenciação de que só existe uma relação que é pautada na diferenciação e na demarcação e anulação do outro e aí se a gente dá um passo para trás novamente a gente pensa que Poa mas tem coisas aí que eu já vi em outros planos Claro porque este projeto na sua face Colonial eticamente ele também regula outros marcadores de experiência como raça como corpo como território né pegando o o mesmo gancho né binariedade hierarquização e Aniquilação para pensar a questão territorial por exemplo a relação que se
estabelece entre centro e periferia entre países periféricos e países do centro entre a ideia de norte global e o sul global ou em relação ao corpo por exemplo uma ideia uma projeção porque a gente tá falando aqui de uma projeção né construída de um corpo saudável versus o corpo com deficiência ou na questão racial do branco com o negro do branco com o indígena e E por aí vai ou seja isso faz parte de um montante de um de uma perspectiva mais Ampla de um projeto que é colonial e que tem a sua interface né
dentro do projeto de eh masculinidades né a partir desse plano ético dessas dessas três características que estão no plano né Eh ético desse desse projeto de masculinidade hegemônica patriarcal eu vou falar projeto de masculinidade D aí vocês vão entender sempre que é projeto de masculinidade hegemônica patriarcal tá depois eu falar por inclusive desse singular e não do masculinidade dess mas eh eh retomando a partir desse plano ético desse projetos de masculinidade nós conseguimos Enxergar como que a dimensão estética funciona nesse plano né Quais são os atributos estéticos e comportamentais que se esperam do homem a
partir desse projeto de poder bom a gente já conhece né que o homem seja forte que o homem seja agressivo que o homem seja ativo resiliente que ele aguente tudo que ele esteja ele esteja disponível para agir com violência em determinadas em determinadas eh situações todas essas todos esses comportamentos essas ações estéticas na verdade elas estão respondendo a uma dinâmica de um exercício ideal de poder e de autoridade tudo isso de alguma maneira serve para colocar o homem neste lugar da imposição e da realização eh eh do seu poder e claro né não não dá
para deixar de de de demarcar isso dentro desse projeto da masculinidade hegemônica patriarcal Qual é o homem ideal esse homem ele tem marcadores específicos porque é um projeto que está localizado numa perspectiva Colonial Então esse homem ideal ele é branco esse homem ideal é heterosexual esse homem ideal é rico esse homem ideal tem um corpo saudável e esse homem ideal habita a zona centrais ou de distinção legitimação do mundo que a gente habita e o exercício desse poder o exercício dessa autoridade acontece basicamente por meio de duas vias por meio do controle e por meio
da rivalidade eu vou ficar eu vou focar aqui mais em controle porque é do controle que vai suscitar algumas questões que eu vou navegar depois pelos dois pontos mas depois os comentários e tal a gente pode retomar a dinâmica de rivalidade que também é interessante mas o que acontece né O que que é o controle o controle basicamente é a tendência de tudo dominar é exercer a autoridade ou exercer uma capacidade de autoridade pela forma de controlar e dominar todos os aspectos que estão entorno E aí tem uma coisa interessante E aí gente lembre-se que
eu sou sociólogo quando eu falo interessante instigante bom para pensar geralmente são coisas horríveis Mas é porque são bases paraa teoria então né relevem a palavra interessante Nesse contexto Mas é interessante pensar que é quase Como aquela aquela aquele conto do Rei Midas né que tudo que ele toca vira ouro basicamente o homem no Exercício do seu controle tudo que ele toca haver objeto de controle né é um processo de objetificação da realidade e aí não só dos próprios objetos mas também das pessoas e aí especialmente da da da da mulher que permite o exercício
né deste controle uma das formas do exercício desse controle é a noção de honra que ela inclusive vai ser bastante importante pra gente aqui nessa conversa a honra ela é um código moral do controle porque a honra ela garante que a partir da objetificação das coisas e das pessoas ou seja desses objetos que se tornam agora parte do domínio da Posse deste homem é que esses objetos denotem poder para ele tudo que está no meu cercadinho tudo que faz parte daquilo que eu domino e controlo mostra que eu sou uma pessoa que merece respeito merece
distinção que deve ser reconhecido como legítimo naquela sociedade como um homem de poder ou seja um homem que a partir do plano ético ideal de exercício de autoridade está concretamente exercendo eh eh poder naquele espaço uma das maneiras de expressão da honra ou do homem honrado é a figura do provedor o provedor basicamente é aquela figura que que é responsável pela manutenção da vida das pessoas mas não a manutenção daquilo que a gente discute por exemplo na discussão dos feminismos do trabalho reprodutivo é uma manutenção dessa autoridade né é aquele homem que nada deixa faltar
que pagao tudo para todo mundo que é dono dos meios e das Posses da terra da casa dos empregos do trabalho dos espaços da vida da mulher dos filhos o exercício de de de poder né realizado pelo homem honrado ou eh desse provedor garante que haja esse dispositivo relacional entre gêneros que mantém que reproduz o poder eh eh eh como colocado e a honra se torna portanto um dos elementos muito interessantes e férteis pra gente Enxergar como que esse projeto de masculinidade gonica patriarcal ele vai se seminando inclusive no século XX por outros espaços e
outras esferas que não somente nas relações de gênero por isso repito Como eu disse no começo discutir masculinidad refletir sobre masculinidades vai muito além de uma discussão de gênero né nos coloca em posições e perspectivas onde a gente consegue ter um olhar eh Mais amplo e mais Estrutural para uma série de questões para as quais a gente eh deve passar e aí eu passo agora a falar dos dois tópicos que eu selecionei pra gente enxergar como isso vai se disseminando um primeiro tópico onde eu vou discutir a questão da raça ou propriamente do homem negro
né o homem negro como uma espécie de um desbotamento da figura hegemônica dessa masculinidade e como atenções dentro desse plano e um segundo momento como que há elementos dessa masculinidade dentro dos discursos que organizam o capitalismo e o mundo do trabalho no contexto atual tá bom eh eu sei que parece parecem questões bastante desconexas mas eu espero que no final vocês vejam que tá tudo muito relacionado e tudo tem muita conexão enfim vamos ver se eu vou conseguir eh caminhar nessa trilha com vocês eh eu vou começar então falando sobre raça ou propriamente sobre homens
negros né uma discussão muito presente no no no campo que a gente denomina de masculinidades negras e que traz alguns elementos interessantes pra gente refletir como que esse projeto eh da masculinidade ele acaba também se disseminando por essa área e gerando aí algumas questões e reflexões pertinentes Eu acho que um primeiro ponto que valeria a pena mencionar é como dentro desse projeto de masculinidade jônica patriarcal que tem uma localização como eu já disse né o marcador não só de gênero Mas também de raça como o homem negro é enxergado dentro desse projeto o homem negro
dentro desse projeto ele representa o outro ele representa o estrangeiro o for o aquele que não é a base de igualdade ou de de um espelhamento de nivelamento na verdade esse homem ele representa o fora da lei o fora do lugar né um Rebelde aquele que está totalmente fora de uma ideia do que é o certo do que é o enquadramento ideal e é interessante porque o discurso que se produz inclusive um discurso que tá bastante disseminado de maneira bastante estereotipada em filmes vídeos Comunicações etc e tal que muitas vezes a gente chama diretamente de
racista e de fato é mas não é só isso ou seja tem mais elementos que envolvem uma discussão de masculinidades e que mostram na verdade que tem alguns elementos interessantes pra gente pensar né De novo interessante com aspas eh primeiro esse discurso que é produzido de fora né para olhar o homem negro geralmente ele serve para deslocar o homem branco daquele projeto de masculinidade o que eu quero dizer com isso é que o projeto de masculinidade Mônica patriarcal ele coloca o homem ideal o homem branco no lugar tão fixo no lugar onde a única alternativa
possível é exercer a autoridade naquele lugar que a fantasia Projetada sobre homem negro na verdade é uma fantasia que gera uma certa maleabilidade para esse homem branco a figura do Playboy a figura do Bad Boy a daquele homem que supostamente nasceu em berço de ouro mas gosta de fazer festa na periferia gosta de estar com aqueles que não são iguais aos seus na verdade é uma figura que projeta esse lugar Essa maleabilidade eu não preciso estar naquele lugar fixo que estaria destinado para o exercício da Minha autoridade Eu Estou negociando com esse lugar aqui o
lugar que o homem negro está e que não deixa de ser um ponto interessante porque no fundo esse este reconhecimento do fora do lugar na verdade não é um reconhecimento de humanidade na verdade é a reprodução deste lugar de subalternidade a qual os homens negros são continuamente colocados e são vistos esses estereótipos né eles geram uma espécie de outro n feio indeterminação restritiva que nada mais é do que você e dando nomes e sentidos da forma como te interessa para cada contexto e Geralmente as pessoas negras e Mais especificamente os homens negros são colocados nesse
lugar mas sempre dentro de um limite de uma restrição a restrição de não reconhecê-lo em sua humanidade a restrição de não reconhecê-lo enquanto igual ele é sempre utilizado com uma imagem uma projeção uma fantasia daquele lugar do diferente da Aventura daquilo que não faz parte do meu universo Mas eu posso acessar com uma forma de deslocar aqui um pouquinho do lugar onde eu tenho que estar do lugar que eu tenho eh que exercer um elemento que é interessante dessa reflexão porque é um ponto da mascul da discussão de masculinidad que conversa com a teoria crítica
racial que está por exemplo em France fanon no Pele Negra Máscaras Brancas ou mesmo em achile MB né com um livro mais relativamente mais recente o Crítica da Razão negra que faz um uma que vai revisitar uma perspectiva do projeto Colonial para entender como a ideia do negro é construída ou como essa razão Negra a razão do do ser negro é construída sempre de fora e não de e não de de de de dentro e é interessante porque nesse sentido raça dentro desse discurso ela matiza alguns lugares construídos da dessa fixidez né imposta pelo projeto
mas ela não resolve porque no fundo ela continua sendo uma projeção que o patriarcado racista impõe sobre o significado do do do que significa né ser um homem é negro há um outro elemento E aí eu vou pedir para exibir um vídeo né com uma citação que é o gancho que eu preciso para poder falar ainda na questão de raça sobre a situação dos homens negros dentro desse projeto de masculinidade hegemônica podemos ver por mais que me exponha ao ressentimento de meus irmãos de cor direi que o negro não é um homem existe uma zona
do não ser uma região extraordinariamente estéril e árida uma encosta perfeitamente nua de onde pode brotar uma aparição autêntica na maior parte dos casos o negro não goza da regalia de empreender essa descida ao verdadeiro inferno o negro é um homem negro Isto É em decorrência de uma série de aberrações afetivas ele se instalou no seio de um universo do qual será preciso removê-lo essa passagem que tá Logo no início do desse trabalho do do Fran fanon né o Pele Negra Máscaras Brancas ela é bastante vou dizer assim fértil Próspera pra gente refletir sobre o
que acontece com nós homens negros quando aderimos e absorvemos e nos apropriamos deste projeto de masculinidade hegemônica patriarcal esse projeto novamente né circunscrito historicamente no contexto Colonial mas que ainda organiza as nossas formas de ser agir e pensar e um pouco das consequências disso para desenhar um pouco melhor essa história eu preciso falar de duas ideias que vão ajudar a gente a entender onde tá esse nó A primeira é a ideia da categoria de existência que significa o que que significa falar em categoria de existência ou categoria existencial é falar do ideal de existir ideal
ou seja como algo que existe e é visto na sua existência reflete algo que é idealmente visto percebido e concebido E aí a gente falou em homem negro né tanto homem quanto negro são duas palavras onde cada uma é uma categoria de existência né homem é uma categoria de existência dentro do projeto da masculinidade Mônica patriarcal de excelência na verdade até um pouco mais do que isso porque o homem dentro o homem enquanto categoria de existência dentro desse projeto ele reflete a humanidade homem é sinônimo de humano é o ser legitimamente existente onde todas as
questões e todo e toda a a a a situação que denota a humanidade circunscreve a ele mesmo não é à toa que entre as críticas né que existem nas discussões aí não só de masculinidades mas de raça de feminismos etc e tal é a crítica da ideia desse homem como ser Universal na verdade a gente tá falando do homem dentro do projeto hegemônico patriarcal que se V como humano Universal ideal colocado dentro desse mesmo projeto negro é uma categoria existencial de subalternidade na verdade de uma existência ética subalterna onde a sua realidade a sua existência
é pautada por elementos de não ou de desumanização né podemos dizer assim de não humanização de desumanização o negro ele é marcado né Se a gente for trazer por exemplo a refer de dubis por uma dupla consciência né ou seja por uma existência que está pautada em ver a si mesmo a partir dos olhos do outro nunca é algo que vai que vai vir de si porque ele não é um sujeito polaridade hierarquização Aniquilação né o negro está nessa esfera aqui enquanto ser existente dentro desse desse projeto E aí a gente tem um nó né
O que significa pegar duas categorias exist iais e colocá-las juntas e falar o homem negro né quando o fanom fala negro não é um homem é exatamente sobre isso que ele está falando né eu vou até ler um trecho aqui rapidinho do Davidson Faustino outro pesquisador fenomenal um dos maiores especialistas que a gente tem em fanon e no Brasil que de alguma maneira ilumina esse ponto o homem negro não é o homem de verdade dadas as barreiras objetivas e subjetivas oferecidas pela sociedade Colonial não dispõe de recursos sociais necessários para corresponder às expectativas patriarcais de
masculinidade Ou seja quando é defrontado essas duas categorias existe aí uma impossibilidade deste negro existir enquanto homem ou homem dentro da categoria existencial E aí o que acontece pro o negro ser homem homem para ele vai ser uma outra expressão que é importante pra gente considerar uma categoria de performance o negro vai performar a suaid a sua humanidade o seu lugar de ser homem porque existencialmente ele não pode ocupar esse lugar mas o que ele pode fazer aderindo a esse projeto aderindo aos princípios éticos desse projeto ele pode emular e reproduzir os comportamentos ou toda
a dimensão estética que denota esse projeto de masculinidade hegemônica patriarcal E aí é onde né como diz o o samba né Na hora do sufoco você vai me me ligar é onde sufoco acontece porque a ação deste homem negro tende a ser uma ação de exacerbação desses comportamentos só que o buraco é um pouco mais embaixo porque no fundo a busca por reconhecimento dentro desse projeto não é o reconhecimento somente de ser um homem mas é o reconhecimento de ser humano de ser visto como humano e Olha como a atenção vai se colocando na busca
do negro categoria existencial ser reconhecido como humano ele vai buscar emular comportamentos dentro desse projeto daquele que é o humano ideal no projeto da da masculidade germânica patriarcal que é o homem então ele vai exacerbar os comportamentos desse projeto específico né de modo a ser reconhecido como como eh eh eh como um um um humano e aí como isso pode acontecer bom isso pode acontecer de várias maneiras mas uma que eu quero chamar atenção aqui porque é a esteira por onde a gente tá seguindo é emulando a figura do provedor né a gente sabe que
historicamente estruturalmente as pessoas negras e especificamente os homens negros não estão em condições estruturais de assumir os principais espaços da sociedade são os maiores índices de desemprego são os maiores índices de desescolarização são os maiores índices de violência de morte de prisão de suicídio etc etc etc que estruturalmente coloca o homem negro padrão né Há exceções sempre mas o homem negro padrão no lugar onde não é possível assumir essa condição de autoridade do homem honrado do provedor no entanto esse desejo esse ímpeto ele vai se firmar de maneira exacerbada na forma como as imagens desse
homem negro vão ser projetadas como uma busca ideal do provedor tem uma situação por exemplo que eu acho que ilustrou pelo ilustrou muito bem esse esse essa essa essa esse contexto eh um programa de de YouTube de rede social de uma loja de tênis que basicamente é eles recebem pessoas nessa loja de tênis e essas pessoas compram tênis enquanto compram tênis conversam lá com um entrevistador ele é um programa nos Estados Unidos mas ele recebeu um jogador brasileiro famoso eh não preciso falar o nome que importa aqui é o contexto e esse jogador foi a
pessoa que mais gastou na história do programa né o contexto do programa é o contexto onde você vai falar do que você gosta dos seus hábitos um pouco da sua atividade etc e tal mas todo o programa que esse jogador participou foi em torno dessa capacidade do poder de compra que ele tinha enquanto este homem negro colocado ou se colocando nesse lugar de provedor né foi uma algo como 20 e Poucos mil dólares em tênis né claro que cada um gasta dinheiro como quiser mas o ponto aqui é como esse exercício se colocou ali dessa
forma dele mostrar e evidenciar olha só eu sou um homem eu sou um provedor eu posso e devo ser reconhecido nesse lugar a partir né Eh eh eh do lugar que que que eh eh está colocado e é interessante porque por um lado estruturalmente os homens negros não estão na condição de exercer esse lugar de provedor por outro eles vão buscar isso de uma de uma maneira exacerbada e vão buscar aquilo que a belel hooks eh chama de forma muito interessante né colher as migalhas dos dividendos patriarcais ou seja pegar pedacinhos que de alguma forma
né não é o pedaço não é o montante mas são migalhas migalhas essas que vão gerar uma sensação de não eu sou eu faço parte eu pertenço né E que vai se e que vai se desenrolar em comportamentos que são eh eh pautas né não só das discussões de masculinidades negras como da discussão dos feminismos negros né da violência exercida sobre esse homem sobre a questão de abandono parental e uma série de outras coisas que envolve essa questão da da exacerbação desse desse eh comportamento né Eh o que que eu quero demarcar aqui trazendo tudo
isso é que para os homens negros a adoção do projeto de masculinidade G Mônica patriarcal ele é uma armadilha porque ao mesmo tempo que ele traz a ilusão da possibilidade de pertencer da possibilidade de ser reconhecido em sua humanidade assumindo a figura daquele homem na verdade ele é um projeto que é demarcado justamente pela Aniquilação de pessoas como ele ou seja é uma amadir que seduz mas que na verdade reproduz este homem no lugar de objetificação de desconexão de desrespeito e primordialmente de violência que não insere ele num lugar de humanidade mas pelo contrário mantém
ele como sempre na lateral num lugar eh onde a sua existência também se desbota eh esse é um pouco do ponto né que eu gostaria de trazer de elementos de raça né digamos de uma paisagem que a gente olhou agora a gente vai olhar para outro lado da paisagem onde vou tentar trazer alguns elementos eh que envolve capitalismo ou como unidades também ajuda a gente pensar questões que estão em torno do capitalismo principalmente o capitalismo contemporâneo ou como alguns autores chamam eh do capitalismo tardio eu vou novamente começar essa parte com um vídeo eh porque
eu acho que ele traz da da de um trecho da Bell hooks que eu acho que ele suscita questões interessantes pra gente mergulhar nesse termo vamos ver o capitalismo avançado promoveu mudanças na natureza dos papéis de gênero para todos os homens mais homens do que antes trabalhavam para alguém o tempo do homem não era dele pertencia ao seu empregador e os termos em que comandava a família mudaram dentro de uma fluorescente economia capitalista era o poder ganhar dinheiro que determinava até que ponto um homem poderia dominar a casa ainda que essa regra fosse limitada pelo
Estado a Bel hookes Ela É Sensacional né assim a capacidade crítica dela de mergulhar por universos e esferas do conhecimento é é fenomenal e essa citação né Eh que está naquele artigo que Eu mencionei no começo né sobre masculinidades negras eh Ela traz traz uma dimensão que para nós é bem interessante né pensando inclusive de questões de Honra e de ser provedor que a gente trouxe no começo dessa conversa né o capitalismo tá o capitalismo contemporâneo e seu desenvolvimento ele desbota a capacidade dos Homens exercerem o seu lugar de provedores quando a gente pensa por
exemplo naquela representação da família nuclear da sociedade Industrial né papai mamãe filhinhos papai trabalhador Traz o dinheiro para casa mamãe dona de casa que cuida dos filhos criando próximos trabalhadores para nova geração e assim sucessivamente que assim massivamente a gente viu isso né eh eh na produção eh eh desenhos eh flinston Jetsons quase todos Simpsons quase todos os desenhos T essa configuração dessa família nuclear ciados Família Dinossauros eh família da enfim isso tá ali no nosso nexo de de Nexo de como funciona uma organização Uma família ideal dentro dessa sociedade eh capitalista e o ponto
que que que a Bel Hook eh traz aqui que a gente né Vale aena pra gente eh sublinhar é que o capitalismo ele vai desbotando essa essa capacidade essa possibilidade por alguns caminhos por algumas razões né Por um lado porque cada vez mais as famílias dependem de mais pessoas daquela família trabalhando ou seja a ideia do homem que sozinho trabalha e dá conta das necessidades e contas da casa é cada vez mais assim impossível Principalmente nos extratos médios para baixo para baixo sempre foi né mas também com aumento do desemprego né Eh eu acho que
vale a pena a gente retomar até alguns pontos que caracterizam esse momento do capitalismo tardio do capitalismo contemporâneo no qual nós estamos falando né que situa eh eh melhor essa situação alguns usam né o termo inclusive neoliberalismo né mas a gente tá falando basicamente de um momento do capitalismo a partir dos anos 70 um momento onde há uma crise estrutural do Capital que na verdade é uma crise da lucratividade do capital e há um rearranjo de reestruturações que atravessam a sociedade em diversas esferas reestruturações por exemplo no no no ambiente de eh eh sistemas de
garantia social né quando a a partir das políticas de austeridade são retirados né qualquer tipo de benefício garantia assistência social em grande parte das sociedades reestruturação do trabalho e flexibilização das relações de trabalho né a redução de contratos que eram perenes para contratos curtos e cada vez mais né pontuais a quebra da da da segurança do trabalho né ou seja regimes de trabalho cada vez mais seguros e também regimes de trabalho cada vez mais precários mais precarizados né o aumento de uma perspectiva de uma relação individual com o mundo do trabalho e não mais coletiva
porque agora é meio que cada trabalha cada Trabalhador por si então cuida do seu e deixa que o outro né se dê mal e não mais uma lógica de uma ariedade ou de um conjunto eh de classe é claro que ess essa essa essa esse cenário ideal né da transformação do capitalismo ou da da da chegada do do neoliberalismo quando a gente olha pro Brasil a gente levanta a sobrancelha né porque falar de estado de bem-estar social no Brasil complicado falar de uma integração massiva da população da classe trabalhadora brasileira na indústria por mais importante
que a indústria brasileira tenha sido principalmente a partir dos anos 50 também é complicado a gente sabe que grande parte do contingente dos trabalhadores principalmente a população negra ela continuou informal ela continuou precária ela continuou em condições inseguras E isso não é necessariamente fruto do neoliberalismo isso é fruto do pós Abolição isso é fruto da estrutura colonial de país a qual nós temos Mas não deixa de ser interessante pensar que neste momento histórico que nós estamos vivendo onde o desenvolvimento do capitalismo desbota a capacidade desse homem exercer o seu lugar de provedor é que o
trabalho começa a sair de cena e outra figura ganha força como uma forma de trazer honra de trazer status e denotar autoridade que é o dinheiro é muito interessante observar Como que o dinheiro ele dá base para aquilo que alguns autores não só ber hooks corn est como outros chama da cultura Gangsta né cultura essa que não foi inventada por aquilo que a gente acredita sei lá nas periferias ou pela criminalidade mas também está no está no ensio desse do do do desenvolvimento desse capital Por exemplo quando a gente olha a a a a crise
do subprime de 2008 nos Estados Unidos né o escândalo das fraudes bancárias das apostas em créditos podres etc e tal o que a gente vê ali é um comportamento de gangsta é um comportamento de rapinagem feito pelo capital financeiro que dentro desse desse contexto histórico né tudo pode tudo se permite né quase uma ideia de que quem tá operando o jogo Quem ganha mesmo é o Predador e essa noção que está girando em torno do dinheiro o dinheiro como o lugar eh eh eh que denota a honra que denota eh eh eh eh status e
prestígio Eh tá no centro da conexão com a questão de masculinidades por quê Porque a cultura Gangsta ou faça Dinheiro não importa como ela é a prática Suprema da teoria da masculinidade hegemônica patriarcal sob o capitalismo basicamente aquele projeto ético né projeto Colonial ético da masculinidade gemn patriarcal Ela traz pro centro do jogo a possibilidade de que faça o que for possível para exercício do poder e da autoridade e é interessante porque aqui o que a gente está vend um exemplo de algo que não está alocado na ideia do homem ou na ideia né do
sujeito homem mas está alocado numa lógica sistêmica que está sendo operada também por homens e que homens inclusive enxergam isso como um caminho vigente mas não somente né e mais ainda sendo a cultura a cultura gua a prática dessa dessa dessa teoria a prática desse projeto Ela traz novamente a possibilidade a ilusão do ganho da honra né aquilo que o trabalho não garante mais o dinheiro traz o dinheiro significa simboliza a possibilidade né ilusória de conquistar e obter honra e poder dentro desse regime ao qual eh eh nós estamos inseridos Eu gosto muito de E
aí eu gosto de verdade tá não é o interessante do sociólogo eh eu gosto muito de da manifestação dessa ideia dentro da das Artes por exemplo da Cultura né em algumas letras de rap por exemplo eu acho muito interessante como essa lógica da cultura Gangsta ou do dinheiro com a possibilidade de virar o jogo de mudar a chave tá na letra o homem da estrada dos Racionais né quando ele menciona não vou cantar aqui né Porque aqui não é lugar de cantar eh mas quando ele diz né e enfim ganhar dinheiro fica rico enfim muitos
muitos morreram sim sonhando alto assim né a ideia de que o dinheiro pode mudar o jogo e fazer com que aquele homem que passou grande parte da sua vida institucionalizado preso subjugado marginalizado possa virar o jogo possa constituir um lugar de vida ou mesmo na letra da música manando da porta do bar que também dos Racionais que ele mostra né a a a essa música ela é quase uma epopeia da degradação moral de um homem a partir da Adesão Da Lógica da cultura Gangster quando ele deixa de ser um homem homem que todo mundo gostava
mas ao mesmo tempo humilde trabalhador e passa a ser um traficante que tem acesso a muito dinheiro a muitas mulheres e de alguma maneira isso traz respeito isso traz né esse ímpeto do da realização de autoridade e de poder ou mesmo no filme outro filme clássico né quase que um um manual Cult da cultura Gangsta que é o Scarface um filme dos anos 80 que conta a história de um imigrante cubano que faz carreira a vida eh nos Estados Unidos enquanto um grande traficante onde há uma cena e é muito essa frase é bem interessante
ele tá conversando com o comparsa dele e o comparsa dele ele tá ali meio que paquerando umas meninas e tal essas meninas meio que rejeitam ele e aí ele vira para esse parceiro e fala primeiro você ganha um dinheiro depois você ganha um poder depois você ganha as mulheres essa frase Inclusive eu acho ela aí de de sociólogo interessantíssima porque ela denota como que de alguma maneira há uma reconfiguração na linguagem né que responde ao modelo de masculinidade e que é reagen pelo capitalismo né o o capitalismo de alguma forma de alguma maneira ele absorve
esses elementos éticos desse projeto de masculinidade gô patriarcal e torna isso com uma referência com um plano ao qual eh eh Nós também vamos operar e Nós também vamos desejar e o dinheiro se torna a né o símbolo eh de tudo isso né Além do dinheiro e aí eu vou começando a a encerrar né pensando na relação masculinidades e e e capitalismo há outro outro elementin aí que é importante da gente considerar que é a noção de liberdade e autodeterminação basicamente como um signo de poder né Eh a ideia de um indivíduo E aí o
indivíduo pense no indivíduo moderno aquele que carrega né a liberdade a igualdade A fraternidade como um projeto não como realidade concreta a possibilidade de um indivíduo exercer poder né está por meio da liberdade agora o que que acontece no capitalismo contemporâneo essa noção de liberdade ela se dissolve de um indivíduo e vai para figuras de representação e prestígio dentro do contexto daquela sociedade e qual que é a figura de de prestígio no contexto do capitalismo contemporâneo o empreendedor a ideia do empreendedor é uma ideia que carrega primordialmente enquanto discurso um sujeito que é livre para
agir um sujeito que é movido pelos ímpetos de seu propósito que está marcado por uma ação ativa que coloca no mundo aquilo que ele acredita como algo fundamental que organiza e dá sentido para aquela sociedade especialmente paraa sociedade e do consumo o empreendedor ele se torna uma figura em discurso que é um Vencedor mesmo quando ele perde porque ele já ganhou quando ele empreendeu ele se diferencia ele atrai para si a legitimidade da Honra e do Poder num modelo de reconhecimento que se coloca ali quase como um culto né Tem um um autor o arenberg
trabalho maravilhoso chamado culto a performance que ele ele faz uma relação né do culto ao empreendedor com culto ao esportista a gente cultua empreendedores como a gente cultua eh esportistas né numa situação sei lá de olimpíadas eh que seja então o empreendedor ele é essa figura de poder que pode exercer plenamente a sua liberdade a sua autodeterminação é interessante né Eh eh considerar porque quando a gente pergunta Tá Mas quais são as características ideais no plano do discurso que esse empreend assume né o empreendedor ele é forte o empreendedor ele é resiliente o empreendedor ele
aguenta tudo o empreendedor ele é agressivo na forma de se colocar na forma de se realizar tem diversos programas de TV que a gente vê esse tipo de performance acontecendo né que relaciona empreendedorismo com uma agressividade do agir da tomada de decisões e etc e tal o empreendedor ele é ativo o empreendedor é persistente se sear uma consonância aqui elementos comportamentais e estéticos do projeto de masculinidade hegemônica patriarcal são basicamente os mesmos que organizam então sentido paraa imagem de empreendedor que nós temos no capitalismo contemporâneo ou seja há quase que uma diluição daquilo que a
gente pensa como um comportamento ideal desse projeto de masculinidade tão somente no homem né na no sujeito o homem em si isso se descola e vai para uma figura ideal uma figura essa inclusive que pode ser vestida por todos homens e mulheres a partir do momento que eles aderem a esse projeto de ser empreendedor porque é por meio desse lugar que é possível exercício da liberdade o exercício da da da autodeterminação e mais importante de tudo da Honra e do poder ou seja o que eu tô tentando trazer aqui é que elementos desse projeto de
masculinidade gem patriarcal eles não se encerram numa discussão sobre homens e mulheres ou não se encerram na transformação das questões comportamentais que são obviamente muito importantes né das relações de gênero Mas eles vão se disseminando enquanto um projeto de poder por outras esferas da sociedade e vão reorganizando inclusive as nossas noções de autoridade de poder de honra daquilo que a gente espera deseja constrói e busca no universo onde a gente tá a honra Nesse contexto E aí assim eu vou eu vou encerrando ela dá contornos e cores para essa figura do Empreendedor e mais do
que isso ela organiza essa noção esse discurso em torno do Empreendedor com traços que são reminiscentes em relação à aquele projeto né com a polarização por exemplo a ideia ou a imagem do Empreendedor como uma figura livre que vai atrás do seu propósito versus a pessoa que é um empregado que é um preso que é uma pessoa que não tem não busca nada na vida da hierarquização quem está buscando o propósito quem está buscando soluções pro mundo versus aquela pessoa que tá só deixando a vida se levar que está ali confortável e acomodada num emprego
num trabalho que deram para ela ou mesmo da Aniquilação todos os processos de degradação e moralização negativa dos serviços de assistência dos Direitos Trabalhistas por exemplo né é uma frase que a gente vê muito no nexo das discussões e públicas né não tem que dar o peixe tem que ensinar a pescar né ótimo as duas coisas né mas o que tá por trás disso é a carga de quem está recebendo ajuda é moralmente inferior àquele que foi atrás e eh do do do peixe né E aí eu encerro dizendo que o desbotamento Portanto ele é
menos sobre uma mudança efetiva no regime de poder e o regime de poder do projeto de masculinidade Gica patriarcal e mais sobre como as Produções éticas desse projeto né da binariedade daqua e da Aniquilação continuam vigentes em outras esferas né o desbotar Na verdade o desbotar do homem no século XX é a gente perceber como essa imagem vai ficando cada vez mais transparente e vai mostrando pra gente quando a gente olha criticamente para esse projeto que falar de masculinidades é falar de um projeto central de poder colonial e que continua articulando produzindo desigualdades produzindo eh
eh fixações ou lugares fixos e fundamentalmente produzindo a morte é isso obrigado [Aplausos] Túlio agradecer pela sua apresentação no Café Filosófico a primeira metade apresentação do Túlio agora a gente vai pra segunda metade do café que é a parte do debate então eu falei no começo vou reforçar Aqui quem tá aqui em Campinas quiser mandar pergunta Tem uns papeizinhos só anotar chamar alguém da produção e aí você pode fazer pergunta diretamente no microfone ou eu leio aqui também a pergunta no papel e quem tá acompanhando a gente pelo YouTube só escrever continuar escrevendo no no
chat né do YouTube A gente já tá anotando anotando inclusive os comentários que estão chegando aqui e já vou começar com eles inclusive o Pedro ambra o nosso curador né Ele diz que uma excelente articulação tanto social quanto psíquica entre níveis sociais que em geral tratamos separadamente capitalismo gênero raça e cultura ele te parabeniza e a Rede Brasil de masculinidades também diz que foi didático e claro como sempre transborda seriedade e competência Obrigado pelas reflexões e o Eduardo Costa ele diz que perentes nós brancos precisamos aprender sobre os processos de desumanização e invisibilização dos homens
negros pacto que todos corroboramos muitas vezes na total ignorância então agradecer a todo mundo que tá comentando e mandando pergunta e a gente vai começar com a pergunta do leonaldo Brandão o leonaldo Brandão ele diz que o aqu diz que a expressão máxima da soberania reside em grande medida no poder cidade de ditar quem pode viver e morrer como fazer com que esse poder não veja os corpos negros Principalmente os homens negros como algo de se fazer morrer pelas mãos do Estado através da violência policial uau pergunta difícil eh vamos lá essa essa essa abordagem
do achil mê né que está essencialmente no trabalho dele que é o necropolítica mas na verdade reside eh em toda sua obra principalmente no crítica da da da Razão Negra e também no políticas da inimizade é uma reflexão que constrói como dentro desse projeto Colonial você produz uma realidade de vidas que merecem ser reconhecidas como vidas e vidas que não merecem ser reconhecidas como vidas né é uma articulação inclusive que é muito interessante com uma abordagem também da da Judith butler sobre vidas precárias mas é basicamente a gradação que tem a ver com o projeto
ético que eu estava mencionando né Ou seja você demarca polariza você você hierarquiza hierarquiza né classifica e ordena e a partir desse ordenamento você impõe Quais são as possibilidades efetivas de eh eh interação entre esses esses esses elementos eh eu não tenho uma resposta pronta para isso mas eu quero chamar atenção Para um aspecto do processo da Aniquilação que muitas vezes principalmente quando a gente olha pra questão racial eh a gente acaba eh olhando para esse processo na sua finalidade ou seja na morte em si né um exemplo Claro é o altíssimo número de assassinato
de jovens negros num país como o nosso é claro que os assassinatos a morte em si ou a morte física ela faz parte desse processo um processo que abidias Nascimentos dos anos 70 descreveu como genocídio né o genocídio do povo brasileiro e que de alguma forma o o o achile mê está também está falando quando ele tá traçando sobre elementos da soberania né do fazer viver deixar viver fazer morrer deixar deixar eh eh eh morrer eh mas tem um elemento aí dentro que é interessante da gente pensar que é a reprodução sistêmica disso quando a
gente tá falando de genocídio ou quando a gente tá falando sobre o fazer viver fazer morrer deixar viver deixar morrer a gente tá falando sobre uma dinâmica que está constantemente em processo ou seja o fim desse processo não é a morte em si o fim desse processo é o não fim da possibilidade de produção de morte ou seja da subalternização então eu chamaria a questão eh se eu tivesse uma resposta pronta Talvez para essa pergunta seria pensar articular isso em políticas públicas em Como de fato a gente transforma essa idade que hoje mata muitos jovens
pessoas negras eh eh no país né Realmente S números assim exorbitantes mas é a lógica que está por trás desse processo né de um processo constante de produção de medo de um processo constante de de de de de uma de uma realização de uma vida que parece que não vale a pena ser vivida Eu gosto muito de uma outra leitura que a gente poderia aplicar aqui para esse para para para pensar essa resposta que é oferecida pelo filósofo cornel West onde ele diz que uma das consequências do processo da Integração das Comunidades negras com o
capitalismo né que tem um lado importante da luz que tem a ver com os direitos civis com acesso a bolsas etc e tal mas tem um lado sombra que é é uma integração que acontece dentro de um sistema que não preconiza o coletivo e sim a individualidade e sim a vitória de um né a ideia de que há uma competição entre as pessoas e apenas alguns vão alçar lugares de prestígio e e de legitimidade E aí o que acontece com esses alguns que vão alçando eles vão perdendo laços em relação às suas comunidades de base
né eles vão se sentindo cada vez mais apartados e aí não só fisicamente em termos de território mas subjetivamente e afetivamente em relação a aquelas pessoas e isso vai gerando uma situação que o cornel este da nome de de niilismo negro que é de uma Vida Vivida sem sentido sem significado por quê essa pessoa ela não pertence ao lugar onde ela foi inserida e ao mesmo tempo ela foi desgarrada daquela daquela lugar de de tradicional de origem ao qual ela pertence e é uma Vida Vivida sem sentido sem significado e sem amor né é uma
vida que perde o sentido de se viver então eu usaria essa noção também para olhar para esse projeto como a manutenção desse genocídio também está também é mantida não só com uma uma morte física mas com essa morte afetiva e subjetiva das pessoas envolvidas quando jovens na na sociedade brasileira a qual estamos tem medo de sair nas suas porque eles podem ser parado né pelas forças da lei tem medo de ir para determinados lugares porque eles podem sofrer violência né por armas de fogo né tem medo de estar em determinados contextos ou tem medo da
forma como eles vão ser tratados se eles estiverem em determinados contextos porque eles não têm a cor ideal Eles não têm a roupa ideal né eu lembro de um exemplo para fechar a resposta eh de no mais ou menos na na na metade da década passada a gente teve em São Paulo o fenômeno dos rolezinhos né nos shoppings jovens de origem periférica que se encontravam algum muito em torno do funk mas não somente que se encontravam geralmente em shoppings né E aí o shopping é importante porque no contexto dessa sociedade do consumo o lazer cada
vez mais É restrito a ambientes de consumo né de consumo e consumação então o shopping se torna um um um símbolo né de referência para esses jovens então esses jovens vão se encontrar nos shoppings para ficar lá junto curtir dançar ouvir música etc e tal e a gente viu uma série de de de eh repressões em relação a esses movim movimentos aos rolezinhos né E aí teve na época feito por algum dos dos veículos de de mídia uma matéria comparando como é que era o tratamento que esses jovens periféricos dos rolezinhos sofriam nos shoppings onde
eles eram impedidos de entrar às vezes chegava a polícia e tacava bomba de de de efeito moral neles etc e tal versus as calor adas feitas por universidades públicas de prestígio do país onde os jovens faziam basicamente as mesmas coisas mas as as pessoas enxergavam aquilo com com olhar de graça Olha que bonitinho esses jovens todos pintados né correndo o o shopping uma multidão de 200 300 400 pessoas pulando gritando né ah passamos calor etc e tal né então a diferença desse tratamento também reflete né como afetivamente esses essas pessoas esses sujeitos se sentem parte
ou não dessa dessa dessa comunidade E aí para fechar de fato eh e a gente tem que pensar nessa reprodução da subalternidade né a morte física em si é importante mas como há uma reprodução constante para manter essas pessoas nesse lugar de não posso não tenho não quero não vou isso também gera morte né Isso também está dentro desse processo do fazer morrer e do deixar morrer a gente vai para uma pergunta do Público aqui pode se apresentar e fazer a pergunta Olá boa noite meu nome é Vanessa eu sou professora da rede pública Municipal
de Ortolândia de música Sou psicanalista já um tempinho acompanho esse esse movimento aí do Pedro também né falando sobre masculinidades e fiquei super contente sobretudo da curadoria dele encaixar nomes como seu e de pessoas que estão pensando as as masculinidades a partir também de marcadores negros né e de adores decoloniais E aí eu queria fazer uma pergunta queria na verdade não é bem uma pergunta queria abrir um pouco mais o debate para pensar eh os conceitos da yonk que é de Ana Macha e Ana fêmea e como que eles atravessam queria que você falasse um
pouco mais como que eles atravessam né esse projeto colonial e sobretudo nesse âmbito aí desse desbotamento hegemônico né como é que eles podem eh funcionar como ferramentas né como maneiras de pensar esse desbotamento num sentido amplo e mais acolhedor para todos os corpos pode uma pergunta tamb Muito obrigado eh Sem dúvida eh as demarcações e classificações né dentro do projeto de masculidade hegemônica elas sempre são demarcações que são fixas né que encontram paralelo Ah eu queria falar sobre isso mas não vai dar tempo que aí vai ampliar demais a conversa mas vou tentar colocar isso
rapidamente mas assim eh que é um paralelo muito próximo a forma como algumas noções de identidade estão sendo trabalhadas no contexto atual onde você ah Claro tá bom vou vou repetir como que eu eu refaço o reorganizo a a a mente vamos lá então voltando eh essa questão é muito interessante porque dentro do projeto eh de masculinidade Mônica patriarcal as marcações e classificações elas são fixas né Não Há uma possibilidade de de de de de movê-las né que são marcações que são interessantes de pensar como elas são muito próximas a forma como identidades têm sido
trabalhadas num contexto mais contemporâneo de uma ideia de uma identidade estanque onde aquele marcador digamos eh identitário apesar de ser uma palavra que é ruim para usar porque ela pode levar para outros lugares mas eu vou usar ela e vou tentar circundada de significados para deixar um pouco mais mais palpável onde esses marcadores identitários eles dão mais sentido a alguma coisa que está ali fixa e da qual nós não podemos superar não podemos transpassar do que propriamente a Constituição de conexões e relações que seria o mundo ideal ou o mundo fora desse projeto de masculinidade
E aí eu a sua pergunta é muito boa porque ela me dá oportunidade de Na verdade o Pedro falou um pouco sobre isso o Fábio falou bastante sobre isso mas eu acho legal retomar esse ponto que é por que que quando eu falo masculinidade no projeto de masculinidade G Mônica patriarcal uso isso no singular porque eu tô falando de um projeto muito específico porque existem outras masculinidades no entanto essa masculinidade específica ela se organiza não só como hegemônica como ela se pretende em seu discurso e a projeção de expectativas e fantasias de que ela seja
a única masculinidade possível com a qual a gente com a qual a gente lide né E aí é importante denotar que a gente que existe masculinidade Porque existe outros projetos disse civilização de sociedade e de mundo que nos orienta em termos de de caminhos perspectivas e direções que não são fundamentalmente e eticamente baseadas no poder e Na Autoridade que são baseadas na conexão que são baseadas no envolvimento eu gosto muito por exemplo da abordagem do Antônio Bispo né que o lorum o tenha quando ele ele faz uma diferenciação entre o modelo da sociedade que vivemos
do capitalismo Colonial que é o modelo de de desenvolvimento versus o modelo quilombola que é o modelo de envolvimento né hoje de certa maneira eh a gente tem usado né inclusive tando e classificando o decolonial como tudo isso que está aí fora dentro deste âmbito do Central do hegemônico ETC eu espero que a gente tenha oportunidade de mostrar mais essas diferentes porções que estão no pensamento de origem africana mas também estão no pensamento de origem dos povos origina Que também está no pensamento do Povo eh eh que habitava a biala né América Latina antes da
da da da da invasão e muitos outros espaços que de alguma forma dão sentido Mas pontualmente respondendo a sua questão eh eu acho que entender essas classificações e entender como esses lugares fixos não dão possibilidades a gente construir espaços de conexão e relação é uma forma da gente começar a entender e desmantelar esse projeto né e eu acredito Talvez eu tenha uma visão muito limitada sobre isso mas eu acredito que a gente ainda está num num momento de entender de fato o que que esse projeto é porque quando a gente olha por exemplo E aí
vou tentar concluir também para não tomar muito tempo eh quando a gente olha parte da discussão de masculinidades né parte dela tá sendo feita baseada em discutir elementos estéticos as masculinidades né na verdade da masculinidade né que é a ideia de Ah eu quero ser um homem mais sensível eu quero ser um homem que usa Rosa eu quero ser um homem que chora tudo isso é muito importante mas muitas dessas discussões elas não estão olhando o cerne de como aquele comportamento na verdade reflete um plano ético que está baseado numa lógica de violência de poder
e de autoridade e que deslocado desse comportamento ele vai se alocar em outro né E isso na minha visão é onde os ponteiros podem se mexer né um homem que usa saia um homem que é sensível ou um homem que pode chorar não resolve os números de violência contra mulher na nossa sociedade não resolve o feminicídio não resolve o fato das mulheres e especialmente as mulheres negras receberem menos de 1/3 do valor de que o homem branco idealmente recebe né não resolve a ideia de que as pessoas pessoas pessoas numa sociedade que é multirracial multicultural
como Nossa continuam sendo demarcadas pela cor de pele né Como dizia a a lélia Gonzales né minha cor chega primeiro Não precisei falar meu nome minha cor chegou primeiro e aí que que eu faço com isso né então acho que a gente ainda tá nesse momento de entender como que esse projeto tá embc na nossa forma de ser agir e pensar e a partir desse entendimento e claro sempre abrindo os olhos para as as as diferentes disposições e dispositivos que existem no nos pensamentos decoloniais a gente pode também intencionar isso porque uma das coisas e
eh quando a gente fala de Cap eu vou realmente fechar tá quando a gente fala de Capitalismo contemporâneo isso aparece com muita força que é o projeto de dominação ele sempre coloca como o único disponível né a discussão que a gente faz por exemplo na teoria social né sobre capitalismo é que o capitalismo a partir do do do dos anos 90 ele se colocou como a única solução o resto acabou né E como dizer a Mag toucher né é a única alternativa possível né é mais fácil como e eh eh Mark fiser dizia é mais
fácil pensar no fim do mundo do que pensar no fim do capitalismo né o ponto aqui é se só tem um projeto se só tem uma possibilidade Qual é a capacidade da gente construir utopias a partir disso quase ínfimas então talvez construí-las entendendo criticamente como esse projeto funciona de olho né um olho no peixe outro no gato de olho nas outras possibilidades que pode tensionar essas essa essa realidade que aí é o exemplo do bispo que eu trouxe né quando ele tensiona desenvolvimento com envolvimento quando ele tensiona o sintético com o orgânico né são tensões
a gente consegue abrir os nossos olhos o nosso Horizonte para falar um Pera aí tem algo diferente tem outras possibilidades e eu acho que com masculinidades é meio que a mesma coisa mas o meu trabalho de sociólogo né que fala interessante para coisas horríveis é de chafurdar né eu acredito é de chafurdar nesse terreno daquilo que ainda está organizando a nossa forma de ser agir e pensar não sei se eu respondi a gente também tem perguntas em vídeos de colegas né e a primeira que a gente vai soltar Aqui é do professor Vinícius rodri Olá
tudo bem Eu sou Vinícius Rodrigues Sou antropólogo professor e vou fazer uma pergunta pro meu amigo Túlio Custódio Túlio a popularização do debate sobre masculinidades negras fez emergir um paradoxo na minha opinião por um lado temos a necessidade de reivindicar políticas públicas para essa população extremamente marginalizada E para isso é necessário fixar a identidade masculina né o que a um certo essencialismo da masculinidade por outro lado temos os estudos de gênero que questionam esse essencialismo e questionam o binarismo decorrente dele abrindo espaço pra gente pensar a masculinidade como um significante aberto né vazio que a
gente pode preencher de outros conteúdos aí e e eu queria ver com você o que que você acha desse debate sobre esse paradoxo que eu tô apresentando e se você acha que é possível conciliar esses dois extremos Muito obrigado excelentíssima pergunta vin Rodrigues que é eh uma das referências da discussão de masculinidades negras e enfim muito obrigado por essa pergunta queridíssimo eh uma pergunta que eu acho que conversa muito com a pergunta anterior da Vanessa né Eh porque no fundo entre esse processo de dissecar aquilo que existe né ou seja de ir a fundo né
ir na radicalidade se for o caso e na radicalidade desse projeto que de alguma forma nos orienta e nos organiza e ao mesmo tempo entender que existem outras possibilidades outros caminhos outras utopias e outras formas que podem tensionar eh eh eh esse debate Eu acho que o paradoxo se coloca aí eu vou reforçar a resposta anterior mas eu vou reforçar eh eh meio que um um usando expressões populares né que é devagar com andor né eh eu entendo que existe esferas ou vou chamar de eixos eixos diferentes de como a gente pode abordar uma questão
Eu acho que o Vine inclusive na pergunta dele coloca isso de forma muito muito interessante né que é existe um eixo que é político social está dietamente associado à pautas a construção de políticas públicas a construções de pautas que são fundamentais e que de alguma maneira vão circular no debate público né Por exemplo programa jovem negro vivo né eu tô movimentando um lexo para chamar atenção Para um um um um problema eh estrutural Fundamental e isso para mobilizar políticas públicas etc e tal então tem esse lado que está nesse eixo mas também tem um outro
lado que tá num eixo eh talvez mais analítico né talvez mais teórico talvez científico né que é de entender que na verdade a configuração desses gêneros não podem se assentar neste lugar eh binário e fixado como está dentro do projeto de masculinidade G Mônica patriarcal Mas eles são baseados numa uma gradação ou em outras possibilidades em outras reconfigurações Quando eu digo devagar com andor eh na minha visão é que a gente precisa deixar mais claro cada vez mais claro cada vez mais que a gente vai fazer essa discussão em diversos eixos com diversas linguagens e
com diversas tonalidades em relação a essa linguagem o que eu acho que a gente não deveria fazer aqui quem falar que alguém deve alguma coisa né mas enfim sugeriria da gente não fazer é tentar sobrepor mundos onde o entendimento a recepção e a linguagem dessas discussões vão ser vão ser dificilmente absorvidas né nas redes sociais por exemplo né que eu particularmente afastado eh a gente vê bastante né as discussões que às vezes são pegadas né são tomadas do eixo analítico científico e são jogadas num debate do dia a dia como se fosse uma coisa normal
né não é termos que são usados analiticamente para entender categorizar refletir e construir parâmetros científicos das Ciências Sociais seja da antropologia na soci ou na filosofia ou na psicanálise né não deveriam idealmente serem jogados aos leões jogados ao debate público sem devido entendimento os eixos de como esses debates estão acontecendo Então a minha visão eh uma forma da gente lidar com esse paradoxo que que bom que é o paradoxo porque mostra que há aí uma Encruzilhada e é uma Encruzilhada é sempre uma oportunidade de superação né e transformação ou transfiguração eh é a gente entender
mais os eixos de onde essa conversa está acontecendo se é um eixo do debate público Onde nós estamos colocando pautas E aí aí quais são os termos Qual é a linguagem como como a gente tá movendo criando inclusive canais de comunicação mais Generosa pro entendimento e educação das pessoas em relação às questões que estão sendo colocadas e principalmente uma coisa que apesar de eu terho minhas críticas a ele mas ele tem uma uma fala que eu acho uma um livro que eu acho muito interessante o b shunan sociedade da Transparência eh que ele fala sobre
o pensamento pornográfico né ou a a visão transparente que é aquilo que é chapado você não consegue ver uma outra camada Aquilo é como é né cada vez mais o nosso debate público ele é assim é o que é não tem outra camada não tem um não tem uma negatividade não tem uma coisa tá mas isso na verdade significa alguma outra coisa então para superar isso a gente tem de alguma forma conseguir incluir mais estofo né de referência de repertório nesse debate e isso é uma coisa isso é um eixo o outro eixo é uma
discussão mais analítica mais científica que tá sendo produzido nas universidades que tá sendo produzidos nos centros de pesquisa que está também sendo produzidos nos movimentos sociais mas que orienta a discussão para eh eh um outro Campo eh eu acho que eles se conversam Em algum momento e a gente precisa construir pontes para essa conversa mas eu não acho que colocar tudo num bololô eh vai dar certo como é na minha perspectiva eu vejo isso acontecendo nos nos debates em redes sociais por exemplo e isso geralmente gera tensões isso gera apagamentos e mais confusão do que
propriamente solução né é isso temos duas perguntas que chegaram aqui pelo YouTube elas estão relacionadas e a Regina ela começa dizendo assim você citou letras de músicas você acha que a arte cinema novelas tem ajudado a trazer essas questões à tona e principalmente no sentido de sociedade refletir refletir sobre essas desigualdades e esse padrão de masculinidade e o Márcio complementando aqui ele diz se você acha que o jovem conservador explica o sucesso dos modelos de unidades do sertanejo universitário ou seria o inverso o sertanejo universitário torna o jovem conservador e patriarcal uau interessante vamos lá
falar primeiro da questão de culturas novelas e e comunicação e afins eh Com certeza ajuda a pensar né eu vou eu vou citar um exemplo que eu acho que tem a ver até com a minha resposta anterior eu vou encadeando respostas e assim espero que as coisas caoticamente fiquem evidentes aqui tá peço desculpas pelo meu lado caótico apesar de virginiano eh um exemplo que eu acho muito interessante o cornel West esse filósofo que eu citei que tem Enfim uma publicação extensíssimos ofo e teólogo tem uma produção acadêmica teórica de ponta eh tem uma produção pública
com uma pessoa pública que dá eh palestras falas foi preso diversas vezes por por parte participar de passeatas onde supostamente ele não deveria est etc e tal eh ele fez dois não um dois CDs de rap Mas calma lá não é ele cantando Mas que que ele fez ele basicamente convidou alguns artistas né de rap de soul etc e tal essas pessoas fazem a música Numa linguagem que está muito próxima do jovem ou seja tá num outro eixo e no meio das músicas ele entra falando com coisas mas falando assim conversando citando coisas jogando uma
ideia aqui jogando uma ideia ali ou seja ele encontrou um outro caminho em termos de linguagem para falar das mesmas coisas que ele fala nos livros teóricos cheio de referências bibliografias e e afins e afins do universo acadêmico né então eu acho sim que cultura novelas filmes propaganda música Tod toda forma de manifestação cultural É sim um lugar fundamental para discussão seja crítica como um contraexemplo acho que as obras os textos da belel hooks são um exemplo maravilhoso de generosidade na forma como ela vai tecendo né a construção analítica teórica dela com a produção cultural
de livro de filme de seriados etc e tal como positivas né quando a gente consegue ilustrar elementos daquilo que a gente quer representar daquilo que a gente quer dizer com uma cena de um filme com uma um personagem um seriado com uma letra de um de um de uma de uma música enfim e eu vou além eh porque isso eu acho que eh me atravessa muito por ser alguém que antes de masculinidad antes de estudar capitalismo trabalho eu estudei intelectuais negros eh eu entendo a produção cultural como a produção intelectual pessoas negras muitas vezes tem
a sua produção intelectual Ou seja a sua contribuição à reflexão do mundo que não tá num livro tá numa música não tá numa tese de doutorado tá num poema né quando você tem a oportunidade de ver letras né de pessoas como alg Neto um zé roberto um Adilson Soares né referências do Samba por exemplo brasileiro ali não é só a arte numa sentido de ai que coisa bonita que coisa textual há intelectualidade há um modo de reflexão e conexão com mundo há uma produção de sentido que está trazido ali naquelas letras junto com a melodia
com os instrumentos e o contexto cultural onde o samba se coloca né que é importante da gente considerar tem o seu lugar então para Além de eu achar importante porque configura como uma linguagem que amplia os diálogos que a gente pode ter em relação a questões que são fundamentais Eu também acho relevante porque em especial em relação à população negra há uma produção cultural relevants Sima que designa o intelecto ou as potencialidades né dessa dessa população que está em forma de música que está em forma de de histórias que tá em forma de narrativas não
propriamente naquilo que a gente reconhece legitimamente né academicamente como uma tese um livro etc então sim eu concordo eh com isso eh e sobre a questão do jovem conservador do sertanejo essa resposta ela é complexa porque a gente teria que montar a gente teria que falar de indústria cultural a gente falar uma série de coisas etc mas basicamente o que eu vou dizer é o seguinte a música sertaneja não faz ninguém mais conservador ou menos conservador uma música por si só um estilo um gênero musical não tem essa capacidade Pelo amor de Deus né pode
haver influência pode pode haver né de alguma alguma coisa que atravesse a experiência das pessoas sem dúvida agora quando a gente fala do jovem conservador e eu acho interessante essa expressão jovem conservador e já já eu vou vou mexer nela vou chafurdar nela porque a gente tá fixando um lugar que a gente tá entendendo que é um jovem que supostamente uma pessoa que supostamente aderiu de forma explícita ao projeto de masculinidade jônica patriarcal Ou seja é um jovem que estaria num lugar da sociedade que está performando Explicita ente esse lugar de Desejo de autoridade E
domínio do Homem Sobre a mulher do homem na sociedade etc e tal legal isso aí é tudo muito bom para nós que talvez não não não concordamos com isso não gostaríamos de ser assim mas quando a gente olha pro outro lado aí eu vou colocar vou criar uma clivagem aqui né conservador então o outro lado é Progressista vamos chamar assim quando a gente olha pro jovem Progressista a gente vê muitos dos jovens progressistas discutindo masculinidades apoiando os feminismos né apoiando as pautas sociais etc e tal mas não como um elemento de real transformação da realidade
A qual ele está inserido mas sim como um selo de qualidade moral dele mesmo né ou seja sou um homem que apoia feminismo sou um homem que discute masculinidad a expressão desconstruído eu acho maravilhosa eu sou desconstruído mas não a desconstrução dessa sociedade como está é a desconstrução de mim eu que sou assim eu que sou o bom eu que sou o cara diferente eu que sou um cara Arrojado e que quando a gente vai olhar por exemplo né as discussões eh quando a gente olha aquelas campanhas onde tem eh eh eh comentários públicos né
sobre situações de violência etc e tal esses caras também estão lá né muitas vezes inclusive exercendo não uma violência que é diretamente física apesar de também tem muitos né que estão nesse lugar né mas violência psicológica violência psicológica carregando inclusive elementos daquilo que Ele supostamente aprendeu no feminismo nas pautas progressistas etc e tal então por que que eu tô tencionando aqui pra gente não criar E aí de novo recorrer a uma ideia fixa de que existe um lugar fixo de um conservador e que a ele está vinculado todos os elementos ruins de desse projeto de
masculidade hegemônica patriarcal e existe do outro lado que foram salvos né as pessoas que aderiram à palavra da transformação e elas são diferentes todos nós estamos implicados no projeto de masculinidade hegemônica patriarcal todos nós estamos implicado em elementos éticos que organizam esse projeto e de uma maneira ou de outra organiza as nossas expectativas de ser ag eens é um processo e algumas pessoas podem ficar revoltas com isso de generalização mesmo porque no f ooon é Umo de universalização e generalização dessas condições e é sobre esse proo que nós estamos vivendo então mais do ou menos
do que a gente pensar numa clivagem entre o jovem conservador e o jovem Progressista é a gente pensar em como esses comportamentos que denotam a forma como a gente categoriza né esses jovens seja conservador Progressista amarelo vermelho eh estão designando uma real transformação ou uma real mudança das relações de poder entre gêneros como de alguma maneira essas relações constituídas Estão realmente mexendo os ponteiros de como a gente enxerga qual é o papel do homem ou mesmo como a gente questiona que lugar que a gente deseja que lugar de poder que a gente quer ou de
não poder a gente quer né uma palavra que eu não usei até agora privilégio né que eu também acho ela complexa e e às vezes escorregadia na forma como ela ela é utilizada mas o que significa dentro dessa posição de si ou da identificação de si seja nesse lugar de conservador ou no lugar de Progressista ou no lugar x y z dos privilégios carregados enquanto homem e qual é o lugar possível desse dessa questão mencionei agora a pouco na minha fala né que tem é muito comum quando a gente fala conecta a ideia de Privilégio
com o masculino que questionam não mas vamos lá o homem negro não tem privilégio e as migalhas do do dividendo patriarcal qual é o peso das posições dos caminhos e dos comportamentos Quando essas migalhas entram em jogo e elas denotam de uma forma menor ou maior uma posição de prestígio de status e de poder pode não ser privilégio estrutural Com certeza não é mas não é igualitário não é algo que me os ponteiros em relação a um caminho da Igualdade entre homens e mulheres entre negros e brancos e por aí vai então para fechar a
resposta né quase sem responder Mas respondendo né eu sairia dessa clivagem eu ia pro centro desse projeto Porque para mim e eu não tô querendo ser fatalista pelo amor de Deus não não sou eh não sou uma uma reencarnação brasileira negra do herkimer da pessoal da escola de Frankfurt mas o ponto aqui é que olhar para o projeto na forma como ele está estruturado e como eticamente ele ainda organiza que foi algo que eu tentei trazer aqui hoje como ele ainda organiza uma série de movimentos questões ímpetos desejos ativas em diversas esferas eu trouxe duas
aqui tem muito mais né trouxe a questão racial e trouxe a questão do capitalismo do trabalho né mas como ele ainda organiza a nossa forma de ser eh ser pensar e agir é que talvez poderia ou poderia vai para falar dever poderia ser o cerne das nossas preocupações temos mais uma pergunta do público pode se apresentar e fazer a pergunta Tá bom boa noite meu nome é Maiara Amim Sou professora de direito estou como doutoranda nessa área de direito né inclusive primeiramente parabenizar o Túlio Professor Túlio sei queé também muito se coloca na academia né
inclusive que eu acompanhei eu acompanho né a despeito de não estar nas redes sociais muito obrigada pela sua Lucidez ao colocar muito eh ao evidenciar muitos pontos que não deixa a gente ficar deslumbrados né então coloca muita gente no pé no chão Túlio a minha questão vai no seguinte sentido eh tem um livro que quando eu li Eu sempre pensei nas suas colocações né nas suas propostas aqui que é um livro da antropóloga Mara viveiros vigia colombiana que chama sobre as cores da masculinidade e tem um capítulo específico que ela vai tratar mais a quem
ou mais além da pele corpos negr né Então nesse sentido ela vai trazer uma figura muito interessante ali no jogo político da Colômbia que é o Álvaro Uribe né e eu queria pensar aqui com você tendo em vista que você fez esse essa colocação esse jogo de palavras no que Tang a ideia de des desbotamento eh e esse diálogo que eu sei que você é inserido na teoria crítica racial como que a gente pode pensar eh tendo em vista que é um projeto mas uma perspectiva de um projeto político nesse sentido na corporificação de algumas
eh de algumas personalidades como que isso coaduna ou ao mesmo tempo pode se distanciar dentro de um contexto político e aqui eu colocando num contexto político situado que seria na nossa na nosso no nosso estado no nosso contexto brasileiro queria que você se pudesse eh dialogar um pouquinho aqui eh e também pensando numa Perspectiva da América Latina muito obrigada obrigado Mayara Nossa excelente é dificílima pergunta eu vou tentar circundar eu acho que não vou incluir a América Latina talvez na resposta porque talvez eu iria para um plano que estuaria muito mas eu vou tentar ficar
na questão do estado ou da localidade da territorialização eh e eu quero partir no começo né da resposta eh usando o território inclusive com o marcador que eu acho que é um elemento que às vezes falta nas nossas discussões né a gente quando quando é muito comum nos nos debates a gente eh pensar numa perspectiva interseccional E aí a gente coloca três cartas à mesa né gênero raça classe né massa intercional tá resolvido né mostra os aqui não eu tô falando de gênero ras e Maravilha Tá mas e tem outros marcadores que são fundamentais e
que organizam uma série de estruturas das questões que inclusive eu estava debatendo tanto eticamente quanto performa desse projeto e território é um deles por quê Bom eh a pensar em São Paulo né Eh algumas coisas pra gente ir localizando São Paulo é o estado mais populoso do país é o estado que tem uma das maiores concentrações de investimento Onde tá a maior cidade do país onde você tem uma organização eh social Empresarial Industrial tecnológica financeira acadêmica assim tudo do bom e do melhor em relação a ideia de um Brasil que vai Decolar aquele Brasil que
decolou lá na na capa da revista em 2009 está em São Paulo mas São Paulo também é o lugar que quando a gente olha a composição territorial e racial do país destoa né Só existe quatro Estados No Brasil onde o negro é minoria proporcional e um deles é São Paulo os outros são os três estados do Sul Paraná Santa Catarina e Rio Grande do Sul apesar de ter a maior população negra absoluta em termos de número porque São Paulo como cidade né 12 milhes de habitantes 20 milhões na região metropolitana é realmente um gigantesco elefante
na sala mas ele destoa em relação ao projeto porque São Paulo se coloca num lugar e aí não só a capital mas o estado como todo na sua na sua representação territorial ele se coloca num lugar onde ele institui instituiu para si um projeto de superioridade em relação ao resto do país né E aí é interessante por isso que eu tô começando a a a resposta por essa por essa história que é quando a gente tenciona o discurso de modernidade e o discurso de superioridade de São Paulo como uma representação dos traços daquilo que a
gente deseja para o Brasil o Brasil que é o Brasil que vai ser a gente de alguma forma está desbotando esse projeto que é um projeto que se insere numa lógica específica Colonial né capitalista racial de um país que não encontra no seu contingente indígena algum tipo de aporte de referência não reflete ou não reconhece no seu contingente negro Nenhuma forma também de aporte ou referência se espelha e se conecta idealmente com o mundo europeu como se o Brasil em sua porção Paulista né Eh eh eh de São Paulo fosse ali quase que uma né
tivesse uma ponte New rero entre São Paulo e Paris São Paulo e Londres São Paulo e Berlim né é o que está conectado com Nova York né o mundo conectado cosmopolita etc e tal então eu começaria essa essa essa resposta dizendo que tensionar esse projeto a partir deste território não só dele para fora mas também interno a ele né um número aqui que bom isso já deve ter mudado mas foi um número que surpreendeu bastante em 2011 quando se descobriu que boa parte das pessoas que recebiam bolsa família no Brasil em termos montantes estava na
cidade de São Paulo 2 milhões de pessoas falei 12 1/6 da população recebendo bolsa família por qu estado de desigualdade e pobreza absoluta né então tonar esse discurso desse lugar que é a cara do futuro é a cara do do do do do que carrega o país nas costas do avanço etc e tal que sim tem uma verdade nisso em termos de como tá tudo concentrado eh eh lá mas ao mesmo tempo deixa de lado os outros brasis e outros projetos que estão também colocados na mesa em relação a possibilidades desse Brasil e aí tem
um monte de coisa que não vai dar tempo de falar mas eu vou ressaltar um uma especificamente que é olhar pro tempo o tempo de São Paulo é um tempo muito peculiar é um tempo que não faz parte do resto do Brasil do relógio corrido do trabalho do do do encadeamento das coisas tudo tem que est devidamente encadeado ação reação ação reação ação reação etc e tal e esse tempo encadeado conectado com uma lógica de eficiência de produtividade do ganhar dinheiro etc e tal numa lógica que vai muito se auto auto eh autor retroalimentando né
Você vai para São Paulo para ganhar dinheiro você trabalha para ganhar dinheiro você gasta todo o dinheiro trabalhando porque você vai consumindo e etc e fica naquela lógica etc e tal então o tempo por exemplo é um bom exemplo de tensionamento em relação ao resto do Brasil que São Paulo por muito tempo foi responsável por construções de discursos altamente eh eh discriminatórios em relação a outras regiões né a ideia do da do Nordestino preguiçoso do nortista que não faz nada de não sei o que que é o caipira etc e tal né mas quando a
gente olha pras dinâmicas daquele lugar específico em contraposição com o resto do gigantesco e maravilhoso país que nós temos e vivemos a gente consegue tensionar um pouco desses projetos né E aí eu acho que a palavra desbotar e para mim ela é é ela é tão interessante e e eu diria bonita sociologicamente falando porque as coisas acontecem em processos quando a gente fala em desbotamento a gente tá falando de uma coisa que está acontecendo não é assim para cá né não é era assim vai ser assado mas a possibilidade da gente tentar enxergar isso como
um processo né desbotamento degradação deterioração ou seja quase coisas que de alguma forma dão uma certa organicidade aos processos e nos impele inclusive uma tarefa que é muito complexa né de enxergar esse processo né eu não faço a mínima ideia mas deve ser muito difícil por exemplo para um cientista analisar por exemplo o processo de degradação L do Fungo porque não é para nós em casa é hoje a minha fruta tá lá bonitinha amanhã eu pego a maçã tem um bolor nela assim como que isso aconteceu né para quem está olhando para esse processo como
esse fungo chegou como ele se cultivou ali Quais eram sei lá as bactérias e tal desculpa pesso biólogos e tal dos termos que eu vou usar eu sou sociólogo quais eram as bactérias que estavam lá etc e tal a nossa tarefa enquanto processos sociais é um pouco essa como é que isso tá acontecendo como é que esse desbotamento Quais são os elementos que geram ali esse essa deterioração esses fungos essa mudança esse processo então Eh voltando a a ao ao ponto da da sua da sua pergunta eu acho que em termos de contexto político e
corporificação desse processo em São Paulo quando a gente consegue intencionar o território ou as soluções que esse território dá como um projeto com uma visão de país com uma visão que é também de cidade de estado etc eu acho que a gente consegue enxergar esses desbotamentos Talvez seja até romântico da minha parte né mas mas eh como alguém que também tem estudado culturas brasileiras por alguns anos tem percebido com essa diferença brutal e como esses tensionamentos el eles eles realmente produzem aí outros outras possibilidades outros olhares e vão vai enriquecendo inclusive utopias e sonhos que
podem surgir dessa dessa dessa relação mais tensa vamos dizer assim não sei se eu respondi Túlio a gente vai pegar agora um trecho do Café Filosófico são 20 mais de 20 anos de café a gente sempre pega um trecho de algum café que tem a ver com o tema e nesse caso é um especial que teve ano passado com a de Jamila Ribeiro e o Leandro carnal vamos dar uma olhada nele aqui Júlio César goleiro da seleção na última Copa que também aconteceu no Brasil obviamente não foi culpado pela derrota da seleção brasileira para alemã
por 7 a 1 a culpa não foi dele é todo um time que joga mas não se ouviu ninguém dizer que homens brancos são frangueiros por exemplo nenhum mito criou-se em cima do goleiro Branco pessoas brancas pertencem ao grupo que está no poder logo suas falhas serão atribuídas aos seus indivíduos de forma pessoal mantendo sua hegemonia e poder quantos meninos negros tiveram sonhos ceifados de serem goleiros por causa disso é importante a gente refletir sobre essa eu sou um indivíduo por mais que eu partilhe experiências em comum com outras mulheres negras nós vamos partilhar porque
o racismo e sexismo são estruturais a gente vai partilhar experiências de discriminação provavelmente todas as mulheres aqui presentes da minha geração vão partilhar a questão do cabelo que foi todo um processo pra gente gostar de nós mesmas a gente teve que desconstruir toda uma lógica porque o racismo tem um papel preponderante na construção do que é Belo e nós somos da geração de apresentadoras de TV loiras do olhos azuis o que isso significou impacto na na construção da nossa subjetividade a gente vai partilhar isso mas vai ter experiências como indivíduos que nós não vamos partilhar
da mesma forma que teve eu tive colegas negras que não que tiveram oportunidade de estudar e que não conseguiram de repente ter um certo eh reconhecimento nos seus trabalhos impossível negar a estrutura tá E tá dado e ela vai determinar Sim ela vai determinar oportunid ela vai determinar quem vive na indignidade quem não vive ela vai dar oportunidades para uns e para outros não mas também não tem como a gente negar o sujeito é que a sociedade é preparada para ver no homem algo melhor inclusive do que ele é Ou seja eu nego o fato
objetivo de que a humanidade por exemplo nasceu na África e que o Egito fo um dos seus beos e fico classificando o mundo partir da Europa Oriente próximo extremo oriente a partir de um ponto de vista de referência europeu então sim nós dois nos esforçamos muito nós dois jogamos xadrez Mas como eu disse quando você entrou na Academia de Letras eu disse você aprendeu no jogo de xadrez que quem dá o primeiro lanç são as brancas as peças pretas jogam na defensiva inicialmente a desigualdade existe em todos os países do mundo mas há momentos que
a desigualdade nega a Humanidade para algumas pessoas ótimo trecho várias coisas muito interessantes a a se comentar eh eu vou eu vou pegar duas duas acho que duas duas coisas ali que que me chamam mais atenção e que acho que conversa com algumas das coisas que eu trouxe E aí tentar até puxar mais essa discussão do projeto desse projeto ético Colonial eh a partir da questão eh da raça primeiro a questão né que a dija traz eh muito bem aliás beijo dija saudades eh da representação racial né ou seja o negro ele não representa a
si só ele representa um grupo como um todo né E por que que ele representa o grupo como um todo porque ele não tem o seu lugar de humanidade assegurado né o indivíduo aquele indivíduo moderno ele é humano né primeiro humano depois a constituição filosófica do indivíduo se você tá baixo da humanidade não tem como você alçar esse lugar então aqui né Se vocês lembrarem por exemplo daquela passagem do do Fran fanon uma das coisas que ele fala naquela passagem né que tem tem muito a ver com a construção inclusive na psicanálise é que o
negro não tem acesso a descer ao verdadeiro inferno ou seja de acessar a sua subjetividade no seu mais íntimo eh eh lugar e possibilidade porque não há uma constituição nesse lugar se não há humanidade né Então essa essa essa não humanidade de alguma forma em termos de representação nega a potenci a possibilidade de reconhecimento desse lugar desse desse desse indivíduo né Ou seja é apenas um sujeito desumanizado e aí tudo que ele faz carrega para todo mundo né o medo de errar o medo medo de fazer ruim etc e tal na verdade é a ideia
de que ele tá carregando nas costas ele e ela tá carregando nas costas uma representação de todo mundo né Porque de fato isso isso acontece acho que essa esse é um ponto que eh voltando a uma questão ética desse projeto na classificação e hierarquização é uma maneira de aniquilar as pessoas quando você responde por todo mundo isso é genocídio também lembro que eu estava mencionando inclusive sobre elementos afetivos e subjetivos dessa reprodução da Morte né não é só a morte física mas são outros mecanismos que vão gerando isso isso também é isso também é morte
isso também é produção de morte né quando você se vê diante da da impossibilidade de errar ou mais do que isso que é muito comum eh eh eh quando a gente inclusive lê eh relatos sobre a clínica né com com pessoas negas etc é o ímpeto de ser x000 vezes melhor né E aí eu trago como segundo ponto mas conectado com esse a queridíssima grada kilomba que nos traz uma reflexão muito interessante sobre isso né ela ela no Memórias da plantação uma das coisas que ela discute como consequências desse racismo ou consequências do racismo na
constituição da experiência da subjetividade dos sujeitos negros são os processos de idealização desação ou seja como eu não sou visto como humano eu preciso me projetar num lugar superhumano tentar desenhar isso com as mãos estou aqui inferior subalterno a humanidade está aqui então para eu ser reconhecido nesse lugar aqui eu preciso estar aqui porque ao estar aqui eu vou ser visto né como isso se como isso se deságua como isso se expressa como isso chega na experiência subjetiva e afetiva das pessoas n ser 10.000 vezes melhor fazer 7.000 vezes mais do que precisava fazer mais
ainda e mais um pouco e incessantemente e ainda assim entender que não foi o suficiente né então você tem uma idealização dessa dessa dessa dessa dessa noção de humanidade e uma desid realização em relação a como você pode responder aos ímpetos né dentro desse desse projeto isso é morte porque basicamente você colocar um sujeito em uma em um constante furor de ação atividade exaustão neurose e todas as outras coisas que implicam processos eh eh quase que que patológicos ou de uma uma existência e eh eh eh patada que produz morte né não produz fluição não
produz Liberdade não produz contentamento não produz um uma conexão desse ser com o seu desejo com as suas possibilidades de sentir agir estar e viver de maneira plena né como humano então enfim são são são dois acho que aspectos que estão na na na na fala ali principalmente da dija né e da conversa dela com o carnal que eu acho que valeria a pena a gente e mencionar mas eu volto a insistir que esse projeto de morte esse projeto de colonial de morte que está na questão racial que está na discussão de masculinidades que está
na maneira inclusive como a gente vive a nossa vida social produtiva política econômica ele é um projeto que pode ser tencionado a gente precisa chafurdo eu gosto da palavra chafurdar porque ela é ela é estranha e ela também traz uma noção do do orgânico né de mexer de né escarafunchar etc ele pode ser tensionado né ele pode ser tensionado ele pode ser colocado à prova com outras visões com outras perspectivas ele não é um projeto absoluto apesar de parecer que é apesar de parecer que quando a gente olha para Horizonte a gente não enxerga outra
coisa mas ele pode sim ser tonado agora Sem dúvida dentro dele dentro da perspectiva dele a a a a a capacidade da gente chegar esses horizontes a capacidade da gente conseguir ver e e além é realmente é muito difícil é um esforço árduo contínuo e constante que a gente eh tem que fazer mas sem dúvida é possível senão acho que a gente não estaria aqui né Túlio infelizmente a gente chegou ao final do Café Filosófico de hoje antes de eu encerrar por aqui eu vou te passar a palavra caso você queira fazer um encerramento na
noite Pode ficar à vontade eu quero só agradecer a oportunidade de ter estado nesse espaço eh como eu disse logo no começo e continua sendo É uma honra um orgulho uma honra no sentido positivo não do que eu trouxe na minha fala uma honra dentro do projeto uma honra pessoal Túlio indivíduo de fazer parte eh desse ciclo e dessa dessa oportunidade de compartilhar com vocês eu espero que tenha sido um pouco menos caótico do que pareceu ser e que eu tenha conseguido compartil tirar com vocês aqui eh algumas coisas algumas ideias algumas reflexões do por
a discussão de masculinidades ela não pode ser só Vista dentro de uma lógica da questão de gênero do homem e mulher ou do manual do homem desconstruído né masculinidade está no centro de diversas questões fundamentais pra gente pensar e mais do que isso né que no fundo é é um pouco da nossa intenção transformar a realidade que a gente vive Muito obrigado boa noite a todas e é isso muito obrigado [Aplausos] mesmo Túlio eu vou te agradecer pelo Café Filosófico de hoje muitos elogios aqui repassar todos para você muita gente feliz com sua apresentação agradecer
a todo mundo que veio hoje aqui em Campinas quem acompanhou a gente também pelo YouTube reforço o convite para vocês seguirem a gente nas redes sociais e seguir aqui também no canal do YouTube para saber mais da nossa programação e também para ver o acervo nosso de mais de 20 anos de café eh um ou alguns recados aqui na TV Cultura nesse domingo vai o ar o programa alegria para viver com o Cláudio Tebas e na semana que vem a gente volta para encerrar esse módulo no dia 22 com Isabela aventurosa com o tema masculinidades
e violências quem tá aqui em Campinas quem quiser tirar foto com o cenário com o nosso palestrante de hoje fique à vontade convido vocês a só marcar a gente nas redes sociais Café Filosófico underline CPFL e nos vemos semana que vem Obrigadão domingo O que podemos aprender com os palhaços a grande figura clássica que representa comédia mas que também carrega em si a tragédia humana alegria para viver gente R de como ele é eston de como ele é inadequado de como ele é esquisito e de alguma forma ao rir da humanidade dele estamos rindo de
nós mesmos Café Filosófico eu acho que asas acontece dos encontros é desse encontro que eu falo da gente com a gente da gente com o outro da possibilidade de sentir protegido e cuidado que eu acho que a gente vai criando espaços uma alegria genuína domingo 7 da [Música] noite k [Música] l [Música]