[Aplausos] [Música] em 2022 aproximadamente 15 mil pessoas morreram de calor na Europa [Música] esse número poderia ter sido um terço menor se simplesmente houvesse mais área verde na cidade em Singapura por exemplo a grande extensão de território coberta de vegetação Projetada para o bem-estar dos habitantes além de conservar a biodiversidade vem combatendo problemas relacionados às ilhas de calor é um exemplo de como projetos urbanos bem desenhados proporcionam qualidade de vida e sustentabilidade espaços bem planejados garantem a todos o direito à cidade que é um compromisso ético e político de defesa de um bem comum essencial
vida plena e digna em Oposição a mercantilização dos territórios da natureza e das pessoas os projetos arquitetônicos urbanos devem ser pensados para os indivíduos e não para os carros e devem oportunizar experiências sensoriais positivas com materiais de qualidade e áreas verdes a arquitetura Urbana deve promover conforto abrigo descanso bem-estar e acessibilidade na fruição dos ambientes livres que usa o público e nas suas interfaces com os espaços de uso privado as cidades que você conhece abrigam esse tipo de arquitetura Urbana historicamente a arquitetura sempre teve funções sociais bem definidas muros defendiam uma cidade de invasores e
praças reuniam comunidades para debates e pronunciamentos elementos arquitetônicos sempre estiveram ligados às necessidades de um grupo social ou de uma liderança a eficiência em propósitos tão nobres como a segurança de um grupo acabou sendo também o que levou a arquitetura a ser utilizada como ferramenta de repressão o mesmo muro que funciona como barreira de invasores pode muito bem barrar qualquer pessoa indesejada do mesmo modo itens como grades e arame farpados que servem para proteger um lugar trazem a paisagem um ar de agressividade Pedras pontiagudas em baixo de viadutos cercas no entorno de jardins muros com
pinos metálicos construções sem marquises ou com gotejamento de água programado tudo isso funciona como estratégia para afastar pessoas de espaços e isso acaba influenciando a maneira como os indivíduos convivem na cidades a arquitetura hostil termo que abrange as barreiras e desenhos urbanos que parecem dizer não se sinta em casa é a parte da realidade da maioria da cidades pelo mundo esse termo foi empregado pela primeira vez pelo repórter do the guardian em 2014 o jornalista chamou atenção para os elementos antides abrigados que passam a fazer parte do cenário de Londres Pontas de Ferro em estações
de transporte público e separações Metálicas em Bancos nos parques foram instaladas com a intenção de expulsar de forma silenciosa pessoas em situação de rua da região central da cidade na reportagem quem destacou os parapeitos das janelas ao nível do chão que passaram a serem enfeitados com Espetos para impedir que as pessoas se sentassem os acentos inclinados dois pontos de ônibus e os bancos Divididos com apoio para os braços para evitar que as pessoas se deitassem neles cenários como Esses são bem conhecidos pelos brasileiros e muitas vezes passamos por eles e nem percebemos elementos da arquitetura
hostil infelizmente já estão incorporados à paisagem urbana A Emergência desse estilo de arquitetura data da década de 1990 com desenhos urbanos que sugerem segundo o historiador Ian border que somos cidadãos da República apenas na medida em que estamos trabalhando ou consumindo mercadorias diretamente Isso é se você não trabalha ou não consome você não deve fazer parte da cidade por isso é aceitável por exemplo ficar sentado desde que você esteja num café ou num lugar previamente determinado onde podem acontecer certas atividades tranquilas mas não ações como realizar performances musicais protestar Ou andar de S segundo a
pesquisadora da Universidade da Califórnia katrin kerley o design hostil é empregado para manipular o comportamento humano muitas vezes para desencorajar a atitudes indesejadas e a maioria desses comportamentos está associado a pessoas que moram na rua e são ligados atos Como dormir deitar ou descansar que são inevitáveis da vida os obstáculos arquitetônicos não se limitam às ruas aeroportos e shopping centers contam com elementos que o tempo todo indicam que se você é um bom consumidor pode usar a infraestrutura Mas se não for não deve estar nesses espaços essa sensação é resultado da Exclusão arquitetural o modo
como a estrutura de espaços urbanos pode discriminar e segregar indivíduos a segregação acontece por meio de muros visíveis e invisíveis é isso que retrata o documentário arquitetura da inclusão do diretor Daniel Lima em seu filme Daniel nos apresenta o Morro Santa Marta primeira comunidade a ser cercada por muros construídos pelo Estado no Rio de Janeiro e não é apenas pelo design desagradável que as pessoas vão sendo afastadas de determinados espaços o muro de segregação Às vezes pode ser econômico como se percebe em localidades que passaram por gentrificação a gentrificação é um processo de mudança das
paisagens urbanas em geral zonas antigas e populares da cidades que apresentam sinais de degradação física passam a atrair moradores de rendas mais elevadas os gentrificadores se mudam para esses locais ativados por algumas das suas características incluindo baixo custo em relação a outros bairros e passam a demandar e consumir tipos de estabelecimentos e serviços inéditos a concentração desses novos moradores tende a provocar a valorização Econômica da região aumentando os preços mercado imobiliário e o custo de vida local O que leva a expulsão dos antigos residentes e Comerciantes comomente Associados à população com maior vulnerabilidade e Menor
possibilidade de mobilidade no território urbano impossibilitadas de acompanhar a alta dos custos essas pessoas acabam se mudando para outras áreas da cidade o que resulta na redução da diversidade social no bairro gentrificado ao mesmo tempo em que se vê crescer os exemplos de iniciativas que barram a permanência de pessoas consideradas indesejadas em certos lugares grupos em diferentes localidades se mobilizam para chamar a atenção para o assunto na França centenas de elementos a partir de uma campanha online desenvolvida por instituições voltadas para a população de rua no Twitter as pessoas compartilham fotos de exemplos de hostilidade
usando a hashtag vamos humanos em francês em Boston nos Estados Unidos uma ação do grupo schwebs for housen de ativistas contra a arquitetura hostil retirou os braços de metal que separavam os Bancos da praça central do serviço público de transporte da Região e chamou a atenção para os efeitos do Design antisentro a arquitetura hostil funciona como uma estratégia que traz à tona um problema mais profundo o descaso com a população de rua conforme levantamento feito pelo ipe os moradores de rua no Brasil em 2020 chegavam a 220 2.000 número que cresceu cerca de 140% nos
últimos 10 anos grades e pedras não diminui esse número tão alto apenas afastam as pessoas que vivem na rua do seu direito de conviver como cidadãos usufruindo do espaço urbano elementos hostis na arquitetura são sinais de aporofobia que é a versão aos pobres revelada dentre outras formas pelos obstáculos impostos para afastar quem vive nas ruas da própria Rua deixando essas pessoas cada vez mais marginalizadas esse é um documentário do aprova total siga o canal e ative a notificação um grande apoiador da luta contra a porofobia é o Padre Júlio lancelotti que dá nome além número
14.489 promulgada em 21 de dezembro de 2022 a lei proíbe a utilização de elementos hostis em lugares públicos no Brasil a partir dela não é mais permitido instalar pedras pinos Estacas grades e outros dispositivos que servem para impedir que as pessoas se abrigam em estruturas como Pontes viadutos e praças Padre Júlio é coordenador da pastoral do Povo de rua e desde 1986 promove trabalhos sociais voltados principalmente para a população de rua na cidade de São Paulo em 2021 uma postagem do Padre Júlio viralizou nas redes sociais com fotos e vídeos dele removendo a marretadas pedras
que haviam sido instaladas pela prefeitura de São Paulo sobre um viaduto na cidade para evitar que as pessoas se abrigassem no local essa postagem trouxe à tona A Urgência da discussão sobre a arquitetura hostil como uma grande questão da cidades atualmente segundo o Padre Júlio lancelotti a lei é um Marco civilizatório e de humanização sua intenção ao remover as pedras no caminho é tirar a resposta que a sociedade sabe dar que é auxilidade para construir a resposta que deve dar que é a hospitalidade a instalação dos elementos hostis a vivência coletiva busca atender ao desejo
por segurança e diminuir o risco de ações violentas mas como defende o Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil Pedro da Luz Moreira o efeito tende a ser o oposto a medida que a arquitetura hostil afasta pessoas deixando áreas desertas a sensação de insegurança Urbana aumenta a arquitetura que isola potencializa A violência é uma solução agressiva frente a uma situação de precariedade uma deve ser Projetada para acolher pessoas de modo que o cidadão se acostume com a presença do outro com o generosidade quando a cidade passa não será amistosa perde seu sentido grupos passam a
não ser bem-vindos e em vez de políticas públicas para resolver problemas surgem métodos violentos e convivência o risco que se corre com esse tipo de medida é mudar a natureza dos ambientes públicos de inclusivos para exclusivos limitando a diversidade de pessoas que compõem a vida urbana na contramão da arquitetura hostil está a proposta defendida pelo arquiteto e urbanista dinamarquês e anguir de um planejamento Urbano humanizado a mais de 50 anos ele investiga os impactos negativos do modernismo nos municípios e atua para provar que é possível construir locais melhores o escritório fundado por Gui oferece consultoria
a projetos que tenham os indivíduos como centro e que buscam oferecer espaços mais qualificados proteger os pedestres a partir do Design e dar arquitetura e criar zonas atraentes com mobiliário Urbano que permita que as pessoas Conversem e lugares bem iluminados são princípios que integram a lista apresentada pelo arquiteto no livro cidade para pessoas as ideias do profissional já foram colocadas em prática em mais de 200 cidades como Nova York Moscou Kopenhagen Londres Sydney e também Palhoça em Santa Catarina em espaços assim a população exerce o seu direito à cidade o direito coletivo de circular pelos
espaços urbanos participando da vida pública o contrário da arquitetura hostil é a arquitetura que proporciona boa qualidade de vida quando uma cidade hostil é porque não se pensa na arquitetura não se pensa nas pessoas portanto espaços urbanos devem ser projetados para a convivência e acessibilidade Pois é nesses espaços que a população constrói e exerce o seu direito à cidadania [Música]