E aí [Música] e não água não me escorrem entre os dedos tem umas mãos em concha no côncavo de minhas mãos 6 gota Me Basta ver a botar debaixo da Conceição em baixo até medida que me deixa tranquila para conseguir a gota inteira espelho está no ar e E aí [Música] E aí se você é uma escritora afro-brasileira ou uma escritora brasileira é sem sombra de dúvida eu sou brasileira mas eu faço questão de afirmar esse afro-brasileira por vários motivos eu iria dizer os motivos mas eu digo por vários motivos primeiro porque eu acho que
nessa afirmativa de água brasileira nós estamos é Relembrando uma afirmativa relacionada a uma ancestralidade é um dos outros motivos também porque como escritora sem sombra de dúvida a minha experiência com escrita a minha motivação da escrita ela Diverge de outras escritoras e de outros escritores brasileiros é claro que cada um traz a sua experiência pessoal nenhuma escritor é igual à outra e nem um escritor é igual ao outro mas esse afro-brasileira tá como afirma o eu enfatizo que a minha escrita ela é profundamente marcada pela minha condição de mulher negra na sociedade brasileira pela minha
condição de descendentes de povos africanos pela minha condição de pessoa diaspórica então para mim esse afro-brasileiro ele tem também uma conotação política e ideológica que como negra brasileira eu não posso deixar de afirmar Pois é mais uma afirmação como essa eu imagino tem um preço né ou só tem vantagem não tem preço pois quem preço primeiro que às vezes as pessoas entendem que você se afirmar como afro-brasileiro você está criando é uma ideia de guia tua Você está se batizado eu falo Depende do lugar que a pessoa se coloca para fazer essa eleito o brasileiro
eu sempre coloco esse espaço do afro-brasileiro como espaço de rei lembrança de quilombos e aí eu penso muito numa fala de uma outra escritura ao brasileira que é mira Alves de São Paulo porque quando a gente pensa em Gueto Gueto é o lugar aonde empurram o sujeito a onde o sujeito vai é por imposição do outro Quilombo não Quilombo o espaço que você escolhe para viver que você escolhe para criar uma resistência Mas algumas pessoas acham que é Guettho mas para nós Brasil ar brasileiros e aí eu vou falar em termos de escritores que assumem
essa denominação o diabo brasileiros o escritor negro brasileiro e mesmo que tem um preço mas eu acho que é um espaço também é de afirmativa e eu tenho percebido também que muitas pessoas é tanto críticos como eleitor O que é recursos respeitam também ah ah e principalmente por causa dessa afirmativa então eu me sinto muito à vontade para me afirmar como escriturário brasileira para dizer que a minha escrita é uma escrita afro-brasileira para dizer que a minha escrita é uma escrita também contaminada com pensamento feminista afro-brasileira é um escrita de mulher negra brasileira [Música] tem
uma coisa que marca a sua trajetória e qualquer relato que a gente encontra sobre você e seu trabalho o fato de você ter sido faz o bar vendedor de revista e hoje em dia se tornar uma das mais respeitados intelectuais do nosso país que trajetória foi essa que você tá sou eu não vim de uma situação de pobreza eu tenho sempre dito que eu vivi uma situação de extrema miserabilidade venho de uma família assim extremamente pobre mas muito pobre pobre mesma mas eu falo que a literatura me escolheu entendeu acho se não fosse a literatura
as não com certeza se não fosse a literatura eu não estaria não teria conseguido o que eu tenho conseguido inclusive o prazer pela vida né porque eu acho que a arte você sabe muito bem isso acho que a arte ela ela nos potencializa nela nos dá esse afã de viver o tempo todo então eu venho de uma família de nove irmãos nosso irmão sua segunda toda a é a minha família tanto materna como paterna é São pessoas que quando muito conseguiram chegar até uma segunda série primária quando muito nem o primário completo não tenho e
mais ao mesmo tempo a minha mãe e ela achava que a educação que a leitura que a escola seria uma possibilidade de futuro inclusive para a gente sair da pobreza Então ela sempre incentivou de nove filhos todos pelo menos até o primário né que antigamente era primária até o primário a minha mãe se esforçou muito para que a gente concluir conseguisse bom então eu que eu tenho dito eu não venho de um ambiente cercado de livros né Eu vendi um ambiente cercado de palavras mas ao mesmo tempo que a gente tinha essa oralidade muito presente
na família muito dos meus textos tem a ver com uma herança de oralidade que eu carrego de história que eu escutava o tempo todo tinha também esse desejo pela leitura Então eu fico vendo assim algumas atitudes de minha mãe por exemplo ela pegava o material impresso revista muitas vezes coisas que ela achava no meio da rua e ficava conosco lendo as imagens e aí daquela leitura de mais muitas vezes ela fazia brincadeira olha como é que o nariz de Deus é engraçado é o cabelo porque que a pessoa tá com a cara tão feia bom
então foram exercícios também que ajudaram desenvolver a nossa veia ficcionista porque você olha uma imagem você tinha que ir mais ou menos e Marginal o sentimento dessa imagem Então eu acho que apesar dessa pobreza material intensa que a gente vivia mas tinha essa riqueza cultural Independente de ser sujeito Alfabetizado ou não entendi então isso me valeu muito bom E aí É mas o que tem me preocupado muito Lázaro nos últimos tempos é porque é essa minha trajetória pessoal que se tudo que você vai encontrar nasceu uma favela e que o edital isso é muito perigoso
eu me lembro que no salão do livro de Paris As pessoas dizem uma alguém que me entrevistava dizer assim ah mas você veio da favela e conseguiu e a gente tem visto muito nos últimos tempos também pessoas que vieram de strass populares estão chegando a universidade que o edital é é é uma história exemplar Mas é uma história perigosa porque as pessoas tem que fazer uma leitura que nós somos exceção nenhuma das minhas contemporâneas nem as mulheres de minha família é conquistaram que eu conquistei Oi e aí quando as pessoas se prendem muito nesse elogio
da história pessoal corre o risco de parecer assim não é o outro não conseguiu porque eu não quis a história não é essa nós sabemos de muita gente que luta Então tá resolvido né daí como e a gente sabe que não é isso a exceção ela simplesmente ela confirma a regra né agora também eu não vou ser cínico eu não vou ser uma louvor tem uma falsa modéstia ele dizia que não teve esforço meu teve muito esforço e quando eu vim para o Rio de Janeiro que eu terminar o normal já os 25 anos eu
vim porque não tinha o concurso para magistério para professora e sua menina nascida e criada em Belo Horizonte numa grande favela de Belo Horizonte e como a minha família sempre teve relações com a classe um Belo Horizonte mais relação subalternizados eu domésticas lavadeira eu mexo babado ao médico e coisa e tal essas famílias não queriam me indicar para dar aula porque elas perderiam uma pessoa que poderia estar no fundo da cozinha delas aí quando eu soube que tinha um concurso no Rio de Janeiro em 73 eu vi e fiz concurso O que é que faz
com que outras pessoas hoje não consigam ter essa mesma trajetória que você teve primeiro que as pessoas têm uma urgência muito grande eu acho que a vida hoje ela é muito acelerada então é mais importante hoje você tem um celular de última geração do que tem um livro em casa não é é mais importante você ficar horas e horas parada diante de ovo sei lá de uma televisão vendo uma série de bobeira do que você parar para fazer uma leitura para conversar as pessoas porque tem dois celulares ela o que ela não tem uma casa
própria elas esquecem que talvez ela não tenha um fundamental que a saúde a educação e tem eu acho que isso tudo também faz com que as pessoas percam muito essa perspectiva de futuro tanto é que o jovem ele ele vive hoje violentamente Como Se a vida fosse acabar amanhã então acho que essa falta de perspectiva de futuro faz com que as pessoas também se contentem com aquilo agora e não pensa em muito ó ela amanhã e E aí como é que foi escrevi esse primeiro livro de ciência é centrado na vida de uma de uma
de uma mulher que ela vai Relembrando toda a história dela de ancestralidade africana ela retoma toda a Inclusive a história dos ascendentes dela que foram africanos escravizados mas o que me chama muito atenção em fosse a Vicência porque pelo fato de ser um livro que a personagem principal é uma mulher e uma mulher negra ele é um livro que homens e mulheres brancos O que é estrangeiros gostam muito porque eu acho que essa personagem Ela traz uma questão que independente da cor da pele é independente da questão social é a solidão humana eu acho que
fosse ar ela é uma personagem extremamente só então ela ganha o leitor por essa vivência é de solidão de fazer uma provocação de um trecho que eu encontrei de um crítico falando sobre sua obra ele disse sua obra é habitada sobretudo por excluídos sociais dentre eles favelados os meninos e meninas de rua mendigos e desempregados beberrões de prostitutas vadios e etc e que se relaciona de modo hora tenso or Ameno com outro lado da esfera os brancos e ricos a esse embate é o que te interessa expressar sem sombra de dúvida é é o embaixo
que me interessa a Expressar e mais do que isso quando eu trago tudo essa Gama de personagens para Literatura e trago de uma maneira de uma perspectiva muito pessoal mesmo né de uma perspectiva é como eu vejo como eu crie esses personagens é de dar uma representação Humana porque desde o processo da escravidão Nossa nós somos visto muito mais muito mais não praticamente como corpo homem gostoso mulher gostosa é marginal é ou então infantilizados demais a bateria ser muito grande pelo menos a literatura de infantilizar o personagens negros nos destituídos de onde fala esse observo
muito tá o e tenho falado muito se O que diferencia o sujeito humano do animal é justamente o dom de fala né E como os personagens negro na literatura brasileira como eles são mudos então a minha literatura ela é muito comprometida nesse sentido de humanizar e esse personagem que a literatura Como tão é não trabalha com esse Imaginário como é que apesar dessa realidade que muitas vezes é dura mas suas poesias a ou trabalhar com a arte da palavra eu procure explorar poeticamente tudo aquilo que a palavra me permite e através do sentimento da sensibilidade
entende eu acho que a vida por mais dura que ela seja eu acho que a gente tem assim e por exemplo a morte é uma situação poética é dolorosa mas é poética talvez porque a poesia ela também é muito comprometida com a tristeza com angústia então é hoje fala-se que quando você lê o quarto de despejo da Carolina Maria de Jesus isso te tocou muito né e acaba que a gente não tem como não fazer uma ligação entre a história de vocês duas quando eu leio o diário Carolina Maria de Jesus eu tomo muito susto
porque o que Carolina Maria de Jesus está escrevendo é o que minha família vive em Belo Horizonte e eu gosto muito dessa lembrança que as pessoas trazem da minha escrita quando elas principalmente becos de memória quando ela vai para Carolina Porque para mim Carolina é a mais audaciosa de todas nós porque uma mulher que nos anos 70 Negra semi alfabetizada se inscrevendo no mesmo momento por exemplo que tá escrevendo Clarice Lispector essa mulher com toda dignidade ela afirmará que ela é escritora ela é entender que ela tem direita essa afirmativa que ela tem direito a
ter este desejo então eu gosto muito dessa re lembrança de Carolina eu quero que quero ser Digno e corajosa como Carolina foi o e eu danço moro memória lembravam poeira estamos em 2016 já temos uma Leite a lei 10.639 que determina o estilo de literatura Africana e afro-brasileira nas escolas já temos cota em algumas universidades já tem uma ascensão econômica de uma grande parcela da população negra tá tudo resolvido não não está tudo resolvido Já eu acho que a gente tem ainda é primeiro confirmar essas conquistas eu acho essencial uma uma grande é ascensão eu
não diria nem grande ascensão eu diria uma a uma relativa a ascensão é de negros que hoje já tem um poder aquisitivo que há 30 anos atrás talvez não tivesse bom então eu acho que a gente ainda tem uma sem sombra de dúvida eu acho que que a gente conseguiu muito e acho que a gente não pode deixar de pensar na importância do movimento negro e aí quando a gente fala o movimento negro eu acho que a gente também pode pensar numa pluralidade de ações negócio movimentos né mas que a gente pode pensar em movimentos
negros né É É porque eu digo mesmo que não passou pelo movimento negro mas pelo menos foi e é contaminado pelo discurso do movimento negro Eu acho que o essa movimentação jovem que tem aí e várias milhas com as suas várias características Né desde afirmação ainda pela pelo cabelo como afirmação política de direito a as ações afirmativas mas nós fomos acho que tem uma geração várias gerações que foram contaminadas pelo discurso o negro mas a nossa luta ainda não terminou com certeza a gente dá tem um longo caminho pela frente o novo também pela frente
e [Música] E qual é o livro que você gostaria de escrever Qual é a história ideal e eu queria escrever uma história eu queria hoje está produzindo textos menos Dolorosos eu queria hoje está produzindo textos mais light que contassem mais as nossas vitórias eu queria falar menos de dor mas a dor ainda está indo é no momento eu tô escrevendo um texto que vai voltar tenha essa memória da escravidão tem ainda essa memória é recalcada mas eu queria hoje tá contando uma história em que os nossos filhos que os nossos netos reconhecessem muito mais a
palavra da felicidade do que a palavra da dor da angústia que eu acho que ainda marca muito da reivindicação como ainda reivindicamos né mas ainda estamos em tempo de reivindicação Ah quem me dera tá fazendo uma literatura hoje que você na literatura muito mais um tempo de afirmação eu navego me eu mulher e não temo sei lá falsa mas hiei das águas e quando o recheio me busca não temos medo sei que posso me deslizar nas pedras e me sai ilesa com corpo marcado pelo valor da Lama abraço me eu mulher e não temo sei
do inebriante calor da queima e quando temor me visita não temos receio sei que posso me lançar ao fogo e da fogueira me sai inundada com corpo Amei gado pelo odor da chama deserto me eu mulher e não temo sendo cativante vazio da Miragem e quando o pavor em minha loja não temos medo sei que posso me fundir ao só e em solo o ressurgir inteira o corpo banhado pelo suor da Faina um bife comi eu mulher e teimo na Vital Carícia de meu cio na cálida coragem de meu corpo no enfim do laço da
vida que jaz em mim e renasce pro fecunda vivifico Lu eu mulher fêmea Fênix e o fecundo e além das 639 completa 13 anos no entanto ainda é um desafio para professores educadores colocar a temática afro-brasileira nas escolas e foi isso que os organizadores a Ana Paula Cerqueira Joanna De Ângelis de Luiz Fernandes fizeram na obra educação e Axé uma perspectiva intercultural na educação Gostou da nossa dica visite o nosso site em Oi e aí a letra do olho para trás e ela pensa ele com a família dele é muito sozinho não quer ficar com
ele sei lá ó E aí