Senna | O Making Of | Netflix Brasil

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Netflix Brasil
Carros icônicos, pistas de corrida históricas e muitas memórias em um projeto de grandes dimensões. ...
Video Transcript:
Eu me olhava e ficava tentando buscar, encontrar o Senna dentro de mim. Por isso a importância desse mergulho, essa pesquisa em busca da essência do Ayrton. Estou emprestando meu corpo, meus sentimentos para contar a história dele.
É importantíssimo que a gente faça um trato que, durante os seis episódios, eu vou ser o Ayrton. Por que, com tantos pilotos extraordinários, a Fórmula 1 até hoje só teve um herói, o Ayrton Senna? Vai que vai o Ayrton!
A série proporciona essa oportunidade do público conhecer o cara que existia por trás do mito. Grande parte dos pilotos sempre citam o Ayrton como essa referência de um piloto inigualável. Quando a gente fala em Ayrton Senna, a gente fala de uma força.
Esse cara alegrou o país, né? Campeão! De repente a gente se percebia como uma potência, como alguém que podia alcançar.
Tinha um sentimento ali do "ser brasileiro" e acompanhar essas vitórias. Não tinha como não arrepiar e arrepiamos até hoje. Essa força heroica, a determinação dele, tudo isso cria um personagem que eu acho que transcende o interesse de quem simplesmente é fã de Fórmula 1, fã de automobilismo, fã do Senna.
Um dos maiores desafios que a gente teve é contar uma história internacional, sem estar em todos esses lugares ao mesmo tempo. Nossa intenção foi criar uma estratégia de produção em que nós conseguíssemos dar conta dessa variedade de cenários, dessa variedade de locais ao redor do mundo. Estamos em Derry fingindo que é a Inglaterra.
Estamos fazendo a primeira cena quando eles chegam em UK. Carros são superimportantes para retratar a época. Então a gente pontua 81 e 83.
E depois a gente vai refazer essa cena, nessa mesma diária, trocando alguns veículos, deixando alguns mais modernos, para sentir essa passagem de tempo. Precisávamos vir pra cá pra retratar o ambiente, a distância da família, dos amigos, a solidão que ele viveu aqui. Ui, que gelo!
Quem teve essa ideia? Nem está tão frio. Vou dar um "ti-bum".
Ela começa meio deitada, mas senta. E se a gente morasse perto dos meus pais? O projeto como um todo é impressionante, né?
É um grande desafio. É uma logística de guerra. Eu lembro de olhar os planos de filmagem e nunca ter visto nada igual.
Eu sabia que ia dar nó na cabeça de falar três, quatro idiomas ao mesmo tempo. E às vezes dava nó mesmo. Ao chegar no set, a impressão que ficou foi: "Uau, que enorme, que produção!
" A gente tem uma estrutura aqui imensa, imensa. Eu nunca pisei num set com tanta gente. A gente foi muito feliz na escolha de rodar muitos dos exteriores na Argentina e no Uruguai, onde a gente conseguiu reproduzir vários dos ambientes onde ele viveu dentro e fora das pistas.
Tem uma questão de arquitetura que nos permitiu filmar muita coisa europeia lá. A gente encontrou autódromos meio parados no tempo. Então, a gente fez desses autódromos, de alguma maneira, nosso estúdio.
Com muito trabalho de VFX, da pós-produção, de transformar aqueles lugares em autódromos do mundo inteiro. Então, a gente fez Suzuka, a gente fez Ímola, fez Estoril, autódromos ingleses, né? Seis países diferentes, no mesmo autódromo.
Era uma loucura. É toda uma engenharia para construir os autódromos e as corridas de um jeito que o espectador não pense em nada disso, que sejam segredos que as pessoas descubram depois. Duas, três vezes por semana, tinha uma preparação de kart.
Mais do que a gente aprender a dirigir kart, era a experiência de se acostumar, de se ambientar com essa sensação da corrida, da pista, do carro, e tudo que envolve aquilo. A adrenalina, o perigo, o medo, uma batida, uma rodada. A gente construiu vinte e duas réplicas dos carros nos quais o Senna correu, dos principais rivais dele, desde a Fórmula Ford até a Fórmula 1.
Foi uma emoção enorme, porque você está ali. . .
vendo o carro que o Senna correu. Além das réplicas, criamos carros digitais. Adotamos um método que chamamos de "Naked.
" Tiramos a bolha do carro, deixando só o chassis, todo adesivado para entregar para a pós-produção as referências para poderem trackear. Dessa forma, era possível usar qualquer carro em qualquer corrida. As corridas em si foram filmadas por dublês.
Por uma questão clara de ter um risco muito grande, ser muito perigoso que nós, atores sem experiência em pilotar carro de corrida, quiçá em pilotar carro de Fórmula 1, com a estrutura, as asas. Para quem conhece os carros, os sons, acho que vai ter uma grata surpresa de ver que a gente teve esse cuidado de fazer a coisa bem fiel ao que era na época. A gente tem que achar esses carros de época e gravar todo o som deles.
Gravar o carro andando, gravar acelerando, reduzindo. É um jeito muito específico. Eu tenho que microfonar ele.
Então, eu tiro a carcaça do carro, coloco lapela no cockpit, perto do motor. É um processo bastante específico e complexo. Que lente você tá aí?
A gente resolveu dividir em quatro diferentes estágios, e cada estágio desse a gente resolveu implementar uma fotografia diferente. A fase brasileira é o lugar da família, é o lugar do afeto, do acolhimento. Ela, conceitualmente, tem tons mais quentes.
Quando vai para as categorias inferiores, essa segunda fase é a fase inglesa. Diferente da câmera próxima do Brasil, a gente queria planos que representassem um pouco uma certa solidão dele, dentro do universo em que ele não pertencia. Aí a gente pula para a fase da Fórmula 1.
A gente queria implantar uma luz, e que ela tivesse algum tipo de hostilidade. Tudo brilha, o carros brilham, as equipes todas têm uniformes coloridos. É um mundo muito estimulante, tudo é meio artificial.
E a última fase, que é a fase de Ímola, ela é muito marcada com a entrada dele na Williams. Tudo vira azul e branco. E a gente resolveu adotar esse look que é um pouco mais esbranquiçado, é um pouco mais gelo.
Como se a imagem estivesse um pouco mais etérea. A pesquisa me impressionou muito. A pesquisa histórica, de arte, de construção, e os detalhes.
Muito impressionante o cuidado pra retratar a época. A gente teve que, através de fotos, reconstituir objetos que não existiam mas que sabíamos que tinham que estar no pit wall, ou na tenda de box, e tudo tem que sair quase do zero. Então o trabalho de reconstituição foi tremendo.
Como você pontua em que período você está? A presença do figurino, do visagismo, são de extrema importância. Teve década de 70, década de 80, década de 90, em vários países.
Com inverno rigoroso, depois você pula para o Brasil, que é verão, clima tropical. Nós fizemos em torno de 120, 130 macacões. A gente teve que buscar material antichama para fazer, não só os macacões, como as sapatilhas, as luvas, capacetes, todos antichamas.
Tem um compromisso de fazer tudo idêntico, tudo igual. Foi pensado em cada detalhe, em cada acessório. E você vê referência de roupas e está tudo minuciosamente perfeito.
Tem a pinta certa, micro detalhes, o Martín foi incrível. Lá vem ela, ó. A nossa atriz, nossa estrela.
É ela. A peruca. Foram 12 perucas, feitas artesanalmente por Chris e eu.
A equipe de caracterização é impecável. Eu escutei muito: "Você é a cara dela! " As pessoas falavam pra mim: "Tá me dando nervoso.
" Estudei muito o rosto do Gabriel junto com o rosto do Senna. Dentro do nariz, a gente colocou uma prótese para alongar sem fazer intervenção na qualidade da respiração do ator. O nariz do Senna era mais gordinho assim.
O meu é mais fininho. Eu tenho na orelha também. Ele tinha a orelha mais abertinha.
Fomos pincelando o que era interessante de usar, as pequenas diferenças de um ano para outro, porque ele realmente trabalha nas singelezas. Ganhar nas ruas de Monte Carlo é um desafio. Até hoje, nenhum brasileiro ganhou no Principado de Mônaco.
Ayrton Senna larga lá atrás. . .
Mônaco foi, sem dúvida nenhuma, o maior desafio. Fotográfico e de produção de arte. A gente construiu a reta principal de Mônaco do zero no Uruguai.
E foi um trabalho monstruoso. Mesmo a olho nu, sem efeito visual, sem escolher o ângulo de câmera, a gente chegava no set. .
. a gente está em Mônaco em 1984, 1988. Foi um trabalho de recriação extraordinário, numa escala enorme.
Foram 1100 metros quadrados de pano preto. A maior cobertura já feita na América Latina. É quase uma ficção científica, porque os carros não existem mais, as pistas não existem mais.
Fizemos imagens dos autódromos. Isso gerou um mapa 3D. Com esses elementos todos, sentados numa mesa com todos os departamentos, começamos a entender: "Essa curva serve pra curva Tamburello, essa curva aqui é o 'S' do Senna.
" O uso do chroma foi bem recorrente na série. Por exemplo, todos os autódromos, cada arte redressava e colocava defesas de chroma em lugares estratégicos para depois trocar e estender. Por exemplo, o prédio famoso em Ímula.
Fizeram uma defesazona grande para depois colocar lá quando estivesse filmando naquele eixo. A gente foi pro painel de LED usando a tecnologia de games "unreal". Ação.
Passamos dentro do túnel de Mônaco para entender os reflexos, isso era importante. O Vicente queria isso. A luz passando, o cenário reagindo.
Essa é a imagem virtual? Ou é essa? Eu já não sei mais.
Ótimo. E a gente vai conseguir mostrar na nossa história detalhes das mãos, dos pés, da troca de marcha, do volante e do olhar. Então a gente tem o olhar dos pilotos que a gente está filmando agora nesse estúdio de LED, e é uma interpretação muito, muito restrita.
Quando você tem a intenção de uma ultrapassagem, você tem o momento que você está vivendo, o beat que você precisa passar. O ator tem que saber em que momento ele está da corrida para ele trazer essa emoção no olhar. Abraçar a ficção te permite construir uma relação mais íntima com o personagem.
Uma narrativa não vai contar todos os olhares sobre uma pessoa, mas conseguir construir uma visão consistente e verdadeira. O Gabriel introjetou o personagem desde muito cedo. Depois que a gente tinha o texto final, tinha que retrabalhar cenas às vezes por uma provocação do ator, do Gabriel, por exemplo, que trazia questões.
Vou pegar a reação dele, sabe? Com um elenco de mais de 250 personagens, o Gabriel puxava todo mundo para cima. A energia nunca abaixou.
Um mérito muito grande dele, desse equilíbrio, dessa concentração, dessa dedicação, sabe? Atores e atrizes de vários lugares do mundo olhavam para ele e falavam: "Nossa, tem uma paixão, tem uma entrega que inspira. " Personagens que a gente tem esse grau de identificação do público, a gente tem que chegar perto de uma energia do Senna, de uma energia do Prost, de uma energia da Xuxa.
Não tem que tentar fazer igual. Ele não é uma gracinha? Eu quis muito buscar a Xuxa desde o começo dela.
Preparação física, corporal, vocal, de muito estudo. Um Feliz Natal! Feliz 89.
Feliz 90. Me entreguei, né? Me joguei de corpo e alma.
É a primeira vez que faço a caracterização de alguém vivo. Então cada vez que eu vejo as referências e fotos eu fico muito empolgada também, e vendo cada detalhe mudando. - Um beijo.
Até amanhã. - Beijo, Dr. Através dos olhos dela que a gente vê a evolução do Senna e a relação deles dois espelha muito a relação que o Senna tinha com a imprensa.
Desculpa, não tô com cabeça para entrevista. Nem toda imprensa é babaca igual aquele cara. Agora é coração, amigo.
Para compor o personagem, assisti tudo do Galvão, dormia sonhando com o Galvão, só pensava em Galvão. Na verdade, não é uma imitação, né? Não sou imitador.
Sou um ator que tem que interpretar aquele personagem. A barriga fake. Na minha composição de Galvão, resolvi botar uma barriguinha, natural mesmo.
Ele fala muito usando as mãos, tem uma melodia no jeito de falar. Fora o ritmo da emoção e da energia, né? Ayrton!
Ayrton Senna do Brasil! Para entrar na memória de todos os brasileiros! Foi um barato andar no set de filmagem do Senna.
Você encontra o Alain Prost, o Ron Dennis, encontra o Nigel Mansell, encontra o Gerhard Berger. Parece um túnel do tempo. O impossível não é nada novo para o piloto brasileiro.
O Prost e o Senna tinham a rivalidade, e as cenas que a gente tinha intriga dos dois, briga e discussão, aí a gente foi pra sala de ensaio e. . .
e o bicho pegou. Olhando olho no olho aqui, e ficavam falando um pro outro: "Get out of my way. " Tinha rivalidade, explosão, momentos de faísca, de brigas, mas, ao mesmo tempo, tinha várias outras camadas ali.
E assim, eu, Matt, Vicente, Júlia, todos nós enxergamos que era a relação do Senna e do Prost. São os momentos antológicos e absolutamente emocionantes, mas que as pessoas já conhecem. E aí entra a forma que a gente está contando isso, para trazer fatos da vida do Ayrton, situações, coisas que ele viveu, que as pessoas desconhecem.
É uma oportunidade única de ter acesso. Eu faço a personagem Lilian, primeira esposa dele. Eles eram muito novos.
Eles tinham aquela fome de mundo, né? Era um casal divertido. Eles se divertiam juntos.
A gente tem a oportunidade de mostrar um lado humano, a vida pessoal, um pouco da intimidade desse homem, que eu acho que são coisas que só a ficção nos permite acessar, né? O Beco, que é o apelido dele, né? Era muito parceirinho da mãe, então tinha essa relação desde pequeno.
E eu acho que eles tinham essa personalidade parecida, isso deixava eles muito cúmplices. Acho que é uma conexão bem forte. É a trajetória de um pai olhando para o destino de um herói, né?
Aê, Beco! A Bianca confidencializou comigo áudios, gravações de ligações telefônicas do Ayrton com a família, com o pai, a mãe, o irmão, pouco tempo depois que ele foi pra Inglaterra. Becão!
Ô, Becão! - Fica pela sombra. - Tchau!
Tchau! Você ter acesso a uma coisa tão íntima como uma ligação, poder escutar a voz dele nesse lugar muito cotidiano, muito, é. .
. normal, para mim foi muito emocionante. - Fica pela sombra, filho.
- Fica pela sombra, pai. É um projeto capitaneado pelo Brasil, mas com um DNA internacional. Sempre gostei de Ayrton Senna, conheci Ayrton Senna, trabalhei na Fórmula 1.
Ih, vou me emocionar. F****. Esse projeto tem esse espírito, que a gente é capaz, a gente pode.
Para mim, foi a minha Fórmula 1. Vai ser incrível ter uma geração nova conhecendo o Senna. Eu tenho certeza absoluta que essa série vai.
. . Não consigo nem falar, já tô emocionada.
Essa série vai emocionar muito o mundo inteiro. Eu via muito no set de filmagem a equipe se sentindo muito privilegiada de ter a possibilidade de contar essa história junto. Todo mundo que está envolvido, na figuração, está todo mundo muito apaixonado, sabe?
Ai, tô feliz. Tô feliz! E agora tá na lata, vai pro mundo.
O nosso ídolo merecia. Homenagem mais do que justa para ele e. .
. estou muito feliz. O nosso roteiro tem uma cena de um menino que vai nesse cortejo e chora vendo o caminhão passar.
E eu vivi isso. Eu fui um desses meninos que estava na grade e que viu o caminhão passar, e chorava, chorava, chorava. E aí mais especial ainda é saber que o caminhão do corpo de bombeiros era o mesmo.
Foi o caminhão real que levou o corpo dele. Quem diria que depois de 30 anos eu estaria fazendo essa cena. Nunca tinha falado de um herói pessoal.
Meu. Tenho a sensação de ter me preparado a vida inteira para dirigir uma série sobre o Senna. Eu sabia de largada que seria a maior honra da minha carreira, e é a maior honra que eu já tive enquanto ator poder dar vida ao Ayrton Senna.
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