#039 - Estudo de Gêneses: Haroldo Dutra Dias

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A árvore da vida fica no meio do Jardim, mas a do conhecimento não se sabe onde fica, ou seja, temos...
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Então, nós, hoje, estamos muito alegres com a visita do Sr. Manoel, aqui na nossa reunião. porque Todos sabem que nós temos um vínculo muito grande e uma dívida de gratidão com aquelas pessoas que representam a nossa base Espírita, com as quais nós aprendemos a ser Espíritasde verdade.
Dentre elas, o Sr. Manoel Alves, Sr. Honório Abreu, Arnaldo Rocha, Leão Zállio, Damasceno Sobral, Martins Peralva, Dona Neném Aluotto, são pessoas que ficarão no nosso coração e na nossa memória .
E, o Sr. Manoel, hoje aqui, representa todos eles, é o porta-voz de todos eles. Todos já se encontram no plano espiritual, mas temos certeza de que não estão distantes de nós e estão sempre nos acolhendo e nos auxiliando.
Hoje, entramos, com mais detalhes, nesta segunda parte do livro “Gênesis”. Apenas retomando para nós pegarmos o fio do raciocínio, o livro Gênesis, de Moisés é chamado Gênesis pela origem da própria palavra, que em hebraico é chamada de toledot. Toledot, na realidade, significa gerações ou aquilo que foi gerado.
o que foi gerado O livro Gênesis é dividido em dez partes, que, segundo a crítica literária, referem-se a dez Gerações. Então, a primeira geração é a “Geração dos Céus e da Terra” (Gên 1:1 a 2 :4) primeira parte vai descrevê-la essa grande geração dos céus e da terra como aqui sera narrado um grande drama, que é o drama da evolução espiritual, o drama da evolução humana, primeira coisa em uma grande peça teatral, que é o cenário. Então cap 1:1, atee 2:4 primeira parte nós temos a montagem do cenário, o palco onde se desdobrará o drama humano.
Mas esta narrativa, este primeiro bloco, esta primeira geração, ela de certo modo, dar-nos-á uma visão panorâmica. Comentamos isso, aqui, também. É como se fosse aquele primeiro flash panorâmico e, depois, o texto vai retomando, com as demais gerações, no desenvolvimento da história.
Então, aqui, nós estamos tentando dizer da estrutura de Gênesis usando essa metáfora do teatro. Nós poderemos, por exemplo, utilizar a metáfora da música, pois a música, também, nas grandes composições, parte de um motivo, de um tema (que é uma melodia pequena) e este tema vai sendo reelaborado, tratado, desenvolvido em várias partes e, aí, você tem uma sonata, você tem uma sinfonia, as peças que são desenvolvimentos daquele tema. Aqui, também, ocorre a mesma coisa.
Acontece que quando chega em Gênesis 2 :4, segunda parte, inicia-se a segunda geração ou a segunda toledot, em hebraico, que é Adão e Eva”. Então, se a primeira era os Céus e a Terra, agora, entra na “Gênese das Personagens”. São, portanto, figuras metafóricas, são símbolos das personagens que vão compor esse drama, que vai de Gênesis ao Apocalipse.
olha que interessante no cap 1:1 o texto inicia do seguinte modo: “no princípio criou Deus os Céus e a Terra”. É importante a ordem: “os Céus e a Terra”, porque é como se nessa narrativa, aqui, Deus estivesse com a câmera. Então, é o olhar Dele: Céus e Terra.
Agora, olha como começa Gênesis 2:4: “no tempo em que (daí vem o nome: são quatro consoantes que não tem como se pronunciar - alguns chamam de Javé, Jeová - mas, no texto só tem consoantes e o povo hebreu, por exemplo, substitui - ao invés de pronunciar o nome, porque o nome foi escrito para não ser pronunciado – e chamam de Senhor) é vem Deus Eloim no tempo em que ó Senhor Deus fez a Terra e os Céus”. Mudou a perspectiva. Antes, a câmera estava pegando de cima para baixo; agora, ela vai captar de baixo para cima.
agora a perspectiva dá do olhar humano, a perspectiva do ser humano em desenvolvimento. Agora, Deus está ao lado do ser humano é ele empreendendo a criatura empreendendo a sua jornada de aperfeiçoamento. Então, esta mudança de foco ela não pode passar despercebida por nós.
É o ponto que nós queremos destacar. Vou falar uma coisa rapidinho aqui: teve um tempo do estudo bíblico em que teve uma abordagem muito cientificista, muito intelectualóide do texto. Então, eles ficavam dividindo tentando encontrar quais foram os autores e os escritores que contribuíram para a obra.
É claro que esta obra, este livro Gênesis, não nasceu de uma vez. só Veio um núcleo, depois veio um grupo e trabalhou um pouco mais, depois um outro grupo trabalhou um pouco mais, como no caso dos Evangelhos, pelo que esta dúvida é muito comum. O Evangelho de Mateus que temos, hoje, não foi o primeiro que Mateus escreveu.
Ele escreveu, no início, os ditos do Senhor, que é algo mais resumido. E, ao longo dos anos, ele mesmo deve ter ampliado, acrescentado, corrigido É muito comum isto. Até mesmo depois de sua desencarnação grupos podem ter acrescentado alguma coisa, criado uma outra estrutura.
Mas, sempre respeitando aquele núcleo, que dizer, contribuíram sem alterar a essência. Aqui, em Gênesis, também aconteceu a mesma coisa. Nós conseguimos perceber isso pela linguagem, pela abordagem, só que esses estudos que eram feitos antigamente, dividiam o texto: isto, aqui, foi um grupo sacerdotal que escreveu, este daqui foi um grupo mais antigo.
Esta ideia está superada. está superada. Por quê?
Porque o texto tem uma unidade literária tão grande que ele lembra uma toalha bordada ou um pano de prato ou uma blusa feita de tricô, porque as partes estão tão bem integradas, elas estão tão bem harmonizadas umas com as outras, que revelam uma construção artesanal. um artesanato Eu vou citar, aqui, só para termos uma ideia o que é este grau artesanal: parece uma peça de porcelana mesmo que foi moldada, depois pintada, trabalhada, é um texto muito cuidadoso. E, nós percebermos que esta estrutura do texto ajuda na hora de interpretá-la, como em uma toalha: ah, aqui tem este bordado, aqui tem este outro, que estão formando uma figura.
É importante ter esta visão global. Então, desta parte que nós iremos estudar, uma estrutura bastante interessante que nós já tínhamos trabalhado. esse essa Geração de Adão tem três atos, como se fosse uma peça de teatro com três grandes blocos (uma trilogia).
A primeira parte vai de Gênesis 2:4 versiculo 4 ate -25. É um bloco. O segundo bloco vai de Gênesis 3:1-24.
E, o terceiro bloco 4:1-26. Olha que interessante, para percebermos que bonito isto: como isso é bonito cada bloco desse ele abre com um cenário, com uma cena, mas, se encerra com um poema cada bloco desse e, depois do poema, uma conclusão. Então, vamos lá.
O primeiro ato, Cap 2 aqui versículo 4 começa com a cena: “no tempo em que o Senhor Deus fez a Terra e os Céus não havia, ainda ,nenhum arbusto nos campos sobre a terra e nenhuma erva dos campos tinha, ainda, crescido porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra e não havia homem para cultivar o solo; entretanto, um manancial subiu da terra e regava toda a superfície do solo; então, o Senhor Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente, uma alma vivente; o Senhor Deus plantou um jardim em Éden, no Oriente , e aí colocou o homem que modelara. ” (Gên 2: 4-8) É um cenário. Então, o primeiro bloco encerra começa com o cenário que descrevemos, vem o poema que é este: “Então, o homem (o ish) exclamou: essa sim é osso de meus ossos é osso de meus ossos e carne de minha carne e ela será chamada mulher (isha), porque foi tirada do ish do homem.
” Isha – ish; ish – isha: um jogo, um poema. E, depois do poema, vem a conclusão: “por isso um homem deixa o seu pai e a sua mãe e se une à sua mulher e eles se tornam uma só carne. Ora, os dois estavam nus, o homem e sua mulher e não se envergonhavam.
” Vê que é um jeito muito poético de narrar. A isha – a mulher – é tirada da carne e, por isso, eles tem que se unir para formar uma só carne, porque ela é um pedaço da carne que foi tirada. Então, ele está sem um pedaço.
Então, tem uma poesia. Agora, vamos ver o terceiro bloco. É a mesma estrutura: começa com um cenário.
“A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha feito. Ela disse à mulher Como encerra? Encerra com o poema do versículo 14: “Então o Senhor Deus disse à serpente: ‘porque fizeste isso és maldita entre todos os animais domésticos e todas as feras selvagens.
Caminharás sobre teu ventre e comerás poeira todos os dias de tua vida. Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela [entre sua geração e a geração da mulher]. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar.
À mulher Ele disse: ‘Multiplicarei as dores de tuas gravidezes, na dor darás à luz filhos. Teu desejo te impelirá ao teu marido e ele te dominará. ’ Ao homem, Ele disse: ‘Porque escutaste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te proibira comer, maldito é o solo por causa de ti!
Com sofrimentos dele te nutrirás todos os dias de tua vida. Ele produzirá para ti espinhos e cardos, e comerás a erva dos campos. Com o suor de teu rosto comerás teu pão até que retornes ao solo, pois dele foste tirado.
Pois tu és pó e ao pó tornarás. ’” Acaba o poema. Aí, vem a conclusão: “O homem chamou sua mulher ‘Eva’ [ = vida, ela se chama ‘vida’], por ser a mãe de todos os viventes.
O Senhor Deus fez para o homem e sua mulher túnicas de pele, e os vestiu. Depois disse o Senhor Deus: ‘Se o homem já é como um de nós, versado no bem e no mal, que agora ele não estenda a mão e colha também da árvore da vida, e coma e viva para sempre! ’ E, o Senhor Deus o expulsou do jardim do Éden para cultivar o solo de onde fora tirado.
Ele baniu o homem e colocou, diante do jardim do Éden, os querubins e a chama da espada fulgurante para guardar o caminho da árvore da vida. ” (Gên 3: 20-24) Então, é a mesma estrutura. Agora, no terceiro bloco, vamos ver que tem a mesma estrutura: “O homem conheceu Eva, sua mulher; ela concebeu e deu à luz Caim (.
. . ).
” Começa-se a descrever uma cena. E, aí, adivinha? Tem que ter um poema.
E, qual é o poema? É o poema de Lamec: “Lamec disse às suas mulheres: ‘Ada e Sela, ouvi minha voz, mulheres de Lamec, escutai minha palavra: eu matei um homem por uma ferida, uma criança por uma contusão. É que Caim é vingado sete vezes, mas Lamec, setenta vezes.
”e sete (Gên 4: 23-24) E, daí, vem a conclusão: “Adão conheceu sua mulher. Ela deu à luz um filho e lhe pôs o nome de Set ‘porque’, disse ela, ‘Deus me concedeu outra descendência no lugar de Abel, que Caim matou. ’ Também a Set nasceu um filho, e ele lhe deu o nome de Enós, que foi o primeiro a invocar o nome do Senhor.
” Daí encerra o bloco, porque o capítulo 5 é outro bloco, é outra geração. Todos os grandes espaços começam com uma geração. Veja como começa o capítulo 5: “Eis o livro das gerações de Adão É um artesanato!
Isto é uma obra de arte! Aproveitando este trabalho bonito do Bruce Waltke, e este é o comentário dele de Gênesis, cujas interpretações parecem um pouco fracas, mas a parte em que ele dá a estrutura literária é bastante interessante. Vamos voltar para o nosso primeiro bloco.
Tem a introdução que é a primeira parte – dos dias da criação – e, aqui, começa o primeiro bloco, que é uma história importantíssima. A primeira coisa que iremos dizer, aqui, é sobre o cenário: uma criação ampla, mas Deus constrói um jardim, uma estrutura cercada, porque a estrutura de jardim, aqui, é algo que está cercado, que está delimitado. Éden é uma expressão que significa exuberante, delícias, maravilhoso.
Então, um jardim de’ Éden. ‘Não é o jardim ‘do’ Éden. É um jardim de delícias, um jardim de exuberâncias, um jardim de belezas, de frutos, de abundância.
Agora, aqui, tem algo bonito. A expressão em hebraico para ‘jardim’ é traduzida (porque este é um ponto fundamental para nós): quando foram fazer a tradução da Bíblia hebraica para o grego- porque o povo hebreu ficou um tempo sobre o domínio de Alexandre, o Grande, em mais ou menos 200 a. C.
– então, em vista daquele contato com o povo grego, o povo hebreu sentiu a necessidade de fazer uma tradução para o grego. Diz a lenda que chamaram setenta pessoas para fazerem a tradução do Velho Testamento do hebraico para o grego. É a chamada ‘versão dos setenta’.
E como que eles traduziram ‘jardim’? Como Paraíso. Aí vem a palavra‘paraíso’ ou ‘paradise’.
O paraíso de Éden ou o jardim de Éden, o que nos faz pensar na conversa que Jesus teve com o ladrão que se arrependeu: “Eu te digo hoje (. . .
)”. O texto não tem vírgula, então você tem que tomar a decisão onde colocar o ‘hoje’, porque o ‘hoje’ é um advérbio e, aqui, tem dois verbos, portanto, duas orações. Daí, você tem que tomar uma decisão: onde colocar o advérbio?
Porque o texto não tem separação de palavras, é uma letra após a outra e, no grego, você pode jogar as palavras para cima, deixar e colocar em qualquer ordem, porque o que indica se é sujeito, se é predicado é a terminação. Então, você pode dizer assim: ‘eu te digo hoje estarás comigo no paraíso ’ ou ‘ eu te digo estarás hoje comigo no paraíso’. Mas, quê paraíso?
O paraíso é o jardim, é o retorno ao jardim. Aqui está o drama: nós temos uma situação no jardim, o ser humano quebra o pacto de fidelidade (a palavra fidelidade, em hebraico, é emunah, que é a mesma palavra de fé; em latim é fides que significa fé e fidelidade), então, há um compromisso – desta árvore não comerás – que é quebrado. Aí o pacto de fidelidade foi quebrado, o pacto da fé e toda uma história se desenrola por conta do afastamento voluntário do ser humano de Deus.
Por conta do afastamento de Deus, o ser humano sai do jardim com a promessa de voltar ao jardim. Então, a conversa de Jesus com o ladrão arrependido é uma retomada deste texto que nós vamos estudar agora, porque o drama de Adão e Eva que vai culminar – nós vamos perceber aqui – um erro que começa pequeno – este, é um outro sentido bonito também do texto - e, a partir do momento que rompeu esta relação com o Criador, através de um pequeno gesto, o mal começa a assumir uma progressão exponencial, o mal vai só se agravando. o mal vai só se agravando.
Esta é a história da narrativa bíblica. E, quanto mais o mal se agrava, mais o ser humano vai entrando na violência, no crime, na maldade, na truculência, em um afastamento cada vez maior de Deus. Então, este ladrão na cruz que se arrepende é o símbolo, talvez, deste auge do afastamento de Deus e desse desejo de regressar ao seio do Pai.
uma situação de comunhão com Deus que, metaforicamente, representa a volta ao jardim de Éden ou a volta, se quiserem em grego, ao paraíso. Nós percebemos que isto que nós estamos estudando, aqui, é uma narrativa grandiosa, pra lá de shakespeariano. É muito bem desenhado, muito bem articulado, com muitos trocadilhos, com muita ironia.
O texto bíblico tem uma ironia espiritual. Nós vamos, por exemplo, na questão da serpente dizer que ela é a mais astuta (aruwm) quando ela é amaldiçoada utiliza-se o trocadilho aruwm (é o mesmo radical), ou seja, vai brincando com as palavras: o astuto fica maldito. Tem todo um jogo e nós vamos ver isto com calma.
O que nós queremos chamar bastante a atenção, um jogo de palavras: adama é terra, dama é vermelho, adama é a terra vermelha, daí, a tradução ter optado por argila, que é o barro. Adam é o que saiu do barro, então, é o terrestre. Adam é o ser humano, mas o ser humano terrestre, o terreno, melhor dizendo.
Não é o extraterreno e nós não estamos, aqui, falando de ufologia. É o terreno, o terrestre, aquele que é formado dos fluidos da terra. Ele é modelado.
Modelou-se o homem com o pó, quer dizer, com a parte mais fina da terra. Com o manancial que subia da terra para regar, então, este jardim que era cheio e o “Senhor Deus fez crescer do solo de ver e boas de comer” dá a ideia de um banquete. O jardim de Éden é um banquete.
Isto é muito importante porque em várias parábolas de Jesus, ele vai falar de um banquete, inclusive, o Salmo 23 que diz: “O Senhor é meu pastor, nada me falta. aí o tema do Éden, que termina estranho, não é? Prepara um banquete diante dos meus inimigos e meu cálice transborda Está retomando este tema do banquete, aqui.
Nós ainda podemos lembrar a festa nupcial de Jesus, que é um banquete de casamento, tudo isto está sendo retomado. As árvores eram “formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gên 2: 9). Onde estava a árvore do conhecimento do bem e do mal?
A árvore da vida estava no meio do jardim, mas não fala onde estava Na conversa da serpente com Eva, ela pergunta _‘Mas, qual foi a ordem que Deus te deu? ’ . ‘Para que eu não coma da árvore que está no meio do jardim, a árvore do conhecimento do bem e do mal.
’ Mas, não foi dito isto: que a árvore do conhecimento do bem e do mal estava no meio do jardim. Bastou isto para que os sábios hebreus comentassem o seguinte: esta é a diferença entre desejo e consciência. O desejo faz nós colocarmos as árvores no meio do jardim, aquela que nós queremos.
A consciência faz com que nós identifiquemos qual é a verdadeira árvore do centro. O desejo elege e coloca. A consciência descobre.
O texto diz assim: o “Senhor Deus fez crescer do solo todas as espécies de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gên 2: 9). Não são as mesmas. Onde está a árvore da vida?
Está no meio do jardim. E, criou a árvore do conhecimento do bem e do mal. Onde ela está?
Daí, é você que vai colocar, é a criatura que vai eleger onde vai colocar a árvore. É a diferença entre desejo e consciência. É bonito isto porque o desejo centraliza e faz com que coisas que não são centrais se tornem centrais, coisas que não são importantes, se tornem importantes.
Quando Jesus vai à Bethânia e entra na casa de Marta e Maria, Maria fica quieta na frente de Jesus, pára tudo e Marta começa a arrumar a casa. Jesus entrou na casa dela e ela está preocupada em varrer a casa. Como nós estamos distanciados de Marta, nós conseguimos, hoje, olhar para Marta e dizer: ‘coitada da Marta!
’. Ela não entendeu a visita que ela recebeu, não é? Jesus entrou na casa dela e ela preocupada em varrer a casa.
Hoje, a casa nem existe mais e, a varrida que ela deu, no dia seguinte, precisou varrer de novo e Jesus não voltou mais lá. Então, Maria colocou Jesus no Centro. E, Marta?
Marta colocou a varrição da casa. E, tem mais: Marta acha ruim a atitude de Maria, briga com ela e, ainda, põe Jesus no meio. ‘Jesus, você precisa falar com Maria.
Eu vou arrumar esta casa sozinha? Ela só fica sentada aí conversando! ’ E, ainda, queria que Jesus endossasse.
Jesus vira para ela e diz assim: ‘Marta, Marta estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma sóbé necessária. ” Uma coisa que nos tem chamado a atenção são as referências indiretas que toda hora Jesus faz ao texto de Gênesis. Quando perguntaram para ele sobre o divórcio, ele diz: ‘no princípio não era assim’, fazendo referência ao texto de Gênesis.
Aqui, também, com Marta e com o ladrão a mesma coisa, fez referência ao jardim. E, aqui, ele fala com Marta isto: ‘olha, está cheio de árvores bonitas e formosas no jardim, mas qual está no centro? ’ A que está no centro é a árvore da vida, mas você pode eleger outras que estão periféricas, que não são centrais, que não são prioridades e torná-las prioridades, por um equívoco do desejo ou por uma ilusão da consciência (você acha que está consciente, mas não está consciente.
) Por exemplo, Frederico achava que era um espírita consciente, que estava bem. Daí desencarnou e viu que não estava bem. Ele estava consciente ou na ilusão da consciência?
Estava na ilusão. A situação real dele não era a que ele pensava que era. Quando Jesus fala, ele não está só resolvendo aquela situação da Marta varrendo a casa.
Jesus está aproveitando aquele quadro para dar uma lição imortal, imperecível. Qual é a lição imperecível? Marta, você está tomando o acessório pelo principal!
Você está focado no que é para lá de secundário e esquecendo o que é primordial e, daí, você está se fadigando, está ansiosa. Por que isso é importante? Foi o que Adão e Eva fizeram.
Você tem uma árvore no meio do jardim, que é a árvore da vida, e centenasde árvores à sua disposição, menos uma. Você quer esta uma. Tem um problema de conexão, de consciência e, daí, o drama vai se desenrolar.
Seria esta opção de comer da árvore do bem e do mal de colocar o que é acessório no lugar do que é principal, seria, por exemplo,a questão dos exilados de Capela? Voltando para a estrutura do texto, isto aí já é a consequência da consequência da consequência, porque o texto narra uma progressão. Esta progressão começou com um átomo, com um elemento.
Qual foi o elemento? O Criador estabeleceu toda uma estrutura para um relacionamento íntimo e próximo Vamos voltar lá: criou os Céus e a Terra, sol, estrelas. Mas, para se relacionar com o homem, Ele construiu um jardim.
Um jardim para Deus é um cercadinho, é uma pequena ilha. é uma pequena ilha. Então, significa que o Senhor Deus absoluto e onipotente se diminui para poder se relacionar conosco.
É como se Deus quisesse graduar sua grandeza para que nós pudéssemos sentir o amor e a presença Dele. Então, Ele se gradua, constrói um pequeno jardim, mas um jardim que para Ele é minúsculo e, para nós, é uma grandiosidade de abundância e de beleza. E, aí, nesse relacionamento, Ele provê tudo e pede uma só coisa.
Então, Ele estabeleceu aí uma condicionante de fidelidade. Qual é a condicionante de fidelidade? Eu vou conduzir.
Eu vou dirigir. Eu sou o motorista. Daí, o ser humano é testado, porque, aqui, é o teste da fidelidade.
O teste da fidelidade é o teste da autonomia. Você pode ser igual a Deus! Quem vai dirigir é você.
’ ‘Nossa, você não está certo? Vou conversar com o meu marido. O negócio é este: nós temos que conduzir isto aqui, nós é que vamos dirigir.
’ E, daí, simbolicamente, o que o texto diz? Então, você vai sair do jardim. É o filho pródigo.
Você sai do jardim, toma a sua parte e, agora, vai dirigir. Mas, nesse ato de afastamento que é um ato que nasce lá no íntimo da consciência, quer dizer, quando você, na sua intimidade, em um ápice de segundo se afasta de Deus, você começa a tomar uma progressão de decisões que podem culminar até no teu exílio da Terra. Esta é a beleza do texto: o mal é uma progressão.
porque esta progressão E, é interessante começa sob o controle do ser humano, mas chega um momento que sai do controle dele. O mal toma uma proporção que daí não tem mais controle sobre ele. Por que é bonito isto?
A historia da vinda do cristo Porque com a queda de Adão e Eva, a Terra também sofre uma queda, porque saiu do estatuto do jardim de Éden e foi para uma Terra que é inferior: dá espinho e tem que comer com o suor do rosto. Então, não é só o ser humano que tem que ser regenerado. A Terra, também, tem que ser redimida, por isso que Apocalipse vai falar de uma nova Terra, de uma nova criação: novos Céus e nova Terra.
A regeneração da Terra também, que é a grande volta, quer dizer que o mal chega a um ponto tão culminante que, agora, se não houver uma intervenção divina, o homem não consegue mais fazer o caminho de retorno, pelo que ele precisa ser buscado. É outro grande tema das parábolas de Jesus: é o pastor que sai para buscar a ovelha perdida, ou seja, que não dá mais conta de voltar. Nós vamos desenvolver isso com mais calma, porque são grandes temas, mas nós vamos perceber como o Evangelho está conectado dialogando com este texto, a todo momento e, como que o texto do Evangelho ganha uma luz, quando nós compreendemos esta base.
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