Você é alguém que costuma ser o seu pior crítico? Se alguém comete um erro, você pode até ser compreensívo; mas quando você vai lá e comete exatamente o mesmo erro, ai parece que a situação é muito mais grave e inaceitável? Se esse for o seu caso, você não está sozinho nessa.
Eu sou o André, tenho um doutorado em psicologia e sem uma grande dose de autocrítica, os vídeos aqui do canal jamais ficariam do jeito que vocês gostam, só que essa mesma autocrítica também pode atrapalhar bastante e é sobre isso que a gente vai falar hoje! A autocrítica é qualquer avaliação que uma pessoa faça sobre uma característica sua ou sobre um comportamento que realizou. Ela tende a reconhecer ou destacar defeitos ou erros que a pessoa percebeu em si mesma, podendo variar de uma autocrítica bem serena até uma bem severa.
Algumas situações que costumam estimular a autocrítica são ir mal em uma prova, ser grosseiro com outra pessoa, agir de forma incoerente com os seus valores, chatear alguém importante para você, ser humilhado pelos outros ou receber uma crítica. Essas situações e muitas outras poderiam trazer à sua mente pensamentos depreciativos como "eu não faço nada certo", "eu sempre estrago tudo", "tem algo de muito errado comigo", "como eu sou um jumento" ou "eu não sirvo para nada". Pensamentos assim podem refletir crenças que você tem sobre si mesmo e que talvez nem tenha consciência plena ainda de que tem.
Um exemplo seria a crença de que "para que meus pais gostem de mim, preciso sempre ser o melhor em tudo que eu fizer". A princípio, avaliar criticamente a si mesmo é uma consequência espontânea da nossa capacidade de refletir sobre nós mesmos e dos diversos estímulos que recebemos ao longo da vida para nos avaliarmos e nos controlarmos. Seu pai, sua mãe ou o seu cuidador provavelmente te pediu inúmeras vezes para refletir sobre as suas ações, ser mais cuidadoso e para agir de acordo com as expectativas sociais.
Com o passar do tempo, essa cobrança externa tende a ir se transformando em uma cobrança interna também. Ser atento aos próprios comportamentos para que você não ofenda, prejudique ou atrapalhe os outros novamente está longe de ser um problema em si. Pelo contrário, a sua capacidade de fazer essas coisas é muito importante para que você tenha uma boa convivência social.
Pessoas que refletem menos sobre as suas próprias ações têm uma chance menor de perceber que estão sendo inconvenientes, desagradáveis ou que cometeram um erro. Isso pode levá-las a maiores dificuldades nos relacionamentos e a um maior sofrimento também em decorrência das diversas punições sociais que elas podem sofrer por causa disso. Como explicamos no nosso vídeo sobre habilidades sociais, o automonitoramento é uma capacidade essencial para aprender qualquer habilidade social, já que é observando as nossas próprias ações e os impactos delas nos outros que podemos identificar a necessidade de aprimorá-las.
A autocrítica é uma das poucas formas que temos de aprender sozinhos com os nossos erros, mas nem sempre é para esse caminho que ela nos leva. Em excesso, a autocrítica pode dificultar a tomada de decisão, a finalização de tarefas e o seu bem-estar como um todo. Ser muito autocrítico é um fator de risco conhecido para desenvolver coisas como depressão, ansiedade social e transtornos alimentares, por exemplo.
Além disso, pessoas com depressão e que são mais autocríticas tendem a reagir pior ao tratamento da depressão. Essa autocrítica excessiva é muito comum entre pessoas mais perfeccionistas, e como explicamos no nosso vídeo sobre perfeccionismo, quem é assim tende a sofrer mais com problemas ligados à ansiedade, já que os seus parâmetros de exigência consigo mesmo podem ser quase inalcançáveis. Criticar constantemente o próprio desempenho é algo que está presente no fenômeno do impostor também, assunto que já abordamos em outro vídeo.
Se a tendência da pessoa for a de ser muito severa nas críticas a si mesma, ela pode ter a sensação de que nada do que faz é bom o suficiente. Ao mesmo tempo que isso pode motivá-la a se aprimorar cada vez mais em uma tarefa ou habilidade até um certo ponto, no final das contas críticas muito severas podem desmotivá-la ou tornar as suas conquistas menos recompensadoras, já que até elas podem não parecer boas o suficiente. Agora vou dar algumas dicas para você avaliar se é muito autocrítico e o que você pode fazer para começar a equilibrar isso, mas antes clique no joinha que assim você ajuda a dar mais visibilidade para o canal, inscreva-se nele e clique no sininho.
Siga a gente também no Instagram e no Twitter para acompanhar as nossas postagens sobre psicologia! Dica número 1: analise o quão excessiva é a sua autocrítica. Pessoas muito autocríticas costumam se depreciar de forma severa, mesmo quando cometem erros de pouca importância.
Elas também continuam se criticando mesmo depois que já corrigiram o seu erro. Por exemplo, suponha que você trocou o nome de alguém com quem estava conversando durante uma reunião. Você se chama de anta dentro da sua cabeça e pede desculpas para a pessoa.
Se você for muito autocrítico, pode continuar se depreciando, mesmo depois que a reunião acabar. Sentir-se culpado ou se criticar por um erro é útil até o ponto em que isso te motiva a reparar algum dano ou corrigir algum um erro. Se você continua se massacrando mesmo depois disso, ai já começamos a entrar no departamento da autocrítica excessiva.
Outra coisa para você analisar é o quanto a sua autocrítica dificulta o seu dia a dia. Você está frequentemente estressado consigo mesmo por não fazer as coisas como deveria? Costuma deixar de fazer coisas importantes por causa disso?
Se sim, talvez a sua autocrítica esteja atrapalhando mais do que ajudando. Dica número 2: Preste atenção e anote os pensamentos que surgem na sua cabeça logo antes de você se sentir mal por ter cometido um erro. Não é necessariamente fácil perceber esses pensaqmentos de forma clara, mas praticando você pode ficar cada vez melhor.
Uma coisa que ajuda é você ficar mais atento aos momentos nos quais você percebeu que começou a se sentir mal. Assim que perceber a presença de alguma emoção negativa, tente se lembrar que ideias passaram pela sua cabeça logo antes de você se sentir assim. É comum que pessoas mais autocríticas tenham pensamentos depreciativos e irrealistas logo depois de cometerem um erro que instigam sentimentos de culpa, raiva ou tristeza.
Quanto mais autocrítico alguém é, mais inflexíveis e irrealistas tendem a ser esses pensamentos. Algo que pode trazer um alívio e começar a flexibilizar esses padrões muito elevados de desempenho que alguns guardam para si é começar a se dar conta da irracionalidade presente em muitas dessas ideias que nutrimos mesmo sem ter plena consciência delas. Uma vez que você tenha um ou mais desses pensamentos anotados, siga a nossa dica número 3: liste em uma folha de papel as evidências que apoiam e as que não apoiam esses pensamentos.
Não precisa fazer uma lista enorme, de 5 a 10 exemplos já podem ser o suficiente. Por exemplo, suponha que o seu pensamento seja "eu faço tudo errado". Será que absolutamente tudo o que você fez desde que nasceu foi errado?
Tipo. . .
tudo mesmo? Se você já escovou os dentes alguma vez na vida ou já é inscrito no canal do Minutos Psíquicos, deve perceber que isso não é verdade. Esse pensamento seria um exemplo de uma supergeneralização, um tipo de distorção cognitiva que já explicamos em outro vídeo.
Nela, a pessoa parte de alguns casos para uma conclusão geral que não é realista. Uma forma de enfraquecer essa distorção é confrontá-la com evidências contrárias. Listando em uma folha ocasiões em que você fez algo errado e ocasiões em que fez algo certo, você provavelmente vai perceber que estava ignorando várias situações nas quais você não fez nada de errado e, por isso, não está fadado a continuar fazendo tudo errado pelo resto da vida.
"Um ótimo antídoto para a autocrítica é. . .
a autocrítica". Ironicamente, você pode aprender a ser mais equilibrado nas suas críticas a si mesmo se treinar a sua capacidade de avaliar racionalmente como você se trata depois de cometer um erro ou algo do tipo. O problema não está em criticar a si mesmo, mas sim em quando e como isso é feito.
Cometer erros é uma sina humana e não há muito como fugir disso, mas o que fazemos com esses erros depois de cometê-los pode nos engrandecer ou botar para baixo. Querer ser muito bom no que você faz pode ser motivador e saudável, desde que você também conheça os seus limites, reconheça os seus progressos e se permita errar sem que isso seja um enorme problema. A autocrítica pode ser uma ferramenta útil para analisarmos as nossas condutas, aprendermos com os erros e termos uma convivência social melhor.
Por outro lado, ela pode nos trazer algumas dificuldades quando somos constantemente muito severos com nós mesmos. Praticar as dicas que demos aqui pode ser um primeiro passo importante para você começar a ter uma relação mais saudável com o lado mais reflexivo da sua mente, mas recomendamos que você procure pela indicação de um bom profissional caso identifique que a autocrítica anda causando muitos problemas para você. Hoje te explicamos o que é a autocrítica, quais são algumas das suas utilidades e alguns dos riscos que o seu excesso pode trazer.
Demos algumas dicas de como você pode analisar o quão autocrítico você é e como é possível começar a flexibilizar os seus padrões de pensamento com alguns exercícios. O que que você achou do vídeo de hoje? Comenta aqui embaixo para a gente saber, clique no joinha para nos dar uma força, inscreva-se no canal e clique no sininho.
Quer assistir mais um vídeo aqui do canal que tenha a ver com o tema de hoje? Eu recomendo o sobre perfeccionismo.