bom muito boa noite bem-vindos à casa de Rui Barbosa tá funcionando tá vocês estão me ouvindo bem bem-vindos à Fundação Casa de Rui Barbosa eh nós temos uma enorme um enorme prazer e honra de mais uma vez receber o ciclo mutações aqui na casa essa iniciativa heróica do nosso Adalto novaz este ano precisamos fazer um um um esforço enorme porque nós estamos com uma equipe muito eh reduzida na Casa estamos trabalhando assim em triplo cada um de nós então eu quero agradecer também de público ao esforço feito pela área administrativa da casa para que isso
se realizasse para que isso se concretizasse né mas aqui sobrevivemos e conseguimos eu vou passar a palavra pro presidente da casa para dar as boas-vindas a vocês boa noite todas as pessoas presentes obrigado obrigado Herculano seu nome Agradeço também toda a equipe da casa o centro de pesquisa que tá coordenando aqui também essa iniciativa na figura aqui do diretor Marcelo Viana que tá aqui presente também e a toda Equipe técnica que aqui dando porte mas quero apenas fazer uma um breve registro assim desse momento que a gente tá vivendo aqui na na casa de Rui
Barbosa eh mas que eh agradecer especialmente aqui ao Adalto a equipe aqui da arte pensamento que tá realizando conosco mais essa edição do ciclo mutações porque eh no ano passado quando a gente chegou aqui na casa do Rio Barbosa como vocês devem saber nós encontramos uma situação bastante difícil né após um período Tenebroso eu diria né que a gente espera que não retorne mais mas que e está aí ao mesmo tempo também né eu tenho certeza que também é parte do tema e da discussão que a gente vai estar fazendo eh nos dias de hoje
de ataque especialmente a essas instituições dedicadas à cultura ao pensamento à reflexão quer dizer nós de repente a casa de Rui Barbosa passou a representar tudo que deveria ser combatido e desconstruído nesse país né E isso de fato aconteceu eh nos últimos anos e a gente Quando iniciou e no ano passado né A partir eh do governo do presidente Lula da gestão da ministra Margarete Menezes que nos convidou a a tá aqui à frente da casa casa Rui Barbosa é uma instituição vinculada ao ministério da cultura eh a gente precisava retomar eh a parceria e
a confiança nós precisamos resgatar a confiança da sociedade eh e daqueles que que tão das instituições também dedicadas à cultura à pesquisa ao pensamento naquilo que a gente estava fazendo que poderia fazer aqui e o Adalto ele foi talvez o primeiro parceiro assim importante eh no ainda no ano passado que eh apostou nesse esforço de retomada e reconstrução da casa de Rui Barbosa ele teve conosco lá logo no início do ano passado já se colocou à disposição para contribuir para colaborar para trazer de volta o ciclo mutações para cá e a gente entendeu que trazer
esse ciclo para cá significava também dar essa sinalização né de que a casa tava realmente o que o vento tava soprando para um outro lado né que a gente precisava realmente afirmar isso eh a partir da retomada da casa enquanto um espaço importante eh de centralidade do pensamento da reflexão da cultura no Brasil e felizmente eu diria que a gente chega hoje a essa segunda edição que estamos fazendo juntos em parceria né o ciclo já tem uma larga trajetória mas a gente repete a parceria esse ano eh de que nós estamos conseguindo por um conjunto
de esforços também a gente pode dizer que hoje a fundação casa e Rui Barbosa vem retomando esse lugar eh de centralidade de importância na construção de um de um pensamento de um debate principalmente sobre os temas que o Brasil precisa debater nesse momento né a gente teve oportunidade de ter ontem aqui eh a presença do ministro Silvio Almeida dos Direitos Humanos abrindo um ciclo também que a gente vai discutir sobre memória histórica verdade e Justiça no Brasil Direitos Humanos Então foi uma uma conferência muito importante com a participação do ministro Silvio Almeida da deputada Jandira
fegalli do reitor da Unirio Professor José da Costa com quem a gente também tá fazendo uma parceria nessa outra eh nesse outro ciclo de atividades teremos aqui a programação do ciclo mutações que tá incrível aí eu vou deixar o Adalto depois falar porque ele vai passar imagino depois também conjunto de coisas muito interessantes que esta semana ainda vai acontecer e depois se segue ainda a ao longo desse mês e do próximo na sexta-feira vamos estar recebendo aqui também uma outra iniciativa do centro de pesquisa aqui da casa o embaixador Celson amorm no momento importante também
discutindo A política externa brasileira é na sexta-feira às 14 horas então também já deixa o convite aí para que vocês possam acompanhar ou aqui presencialmente ou também pelo pelo YouTube eh por iniciativa do erculano também do hbae aqui recentemente tivemos um curso da professora Conceição Evaristo que se tornou também nesse processo uma importante parceira da casa nesse esforço de reconstrução Então é isso a casa Rui tá tá voltando e podemos dizer com modéstia mas com alegria também que tá bombando então a gente começa e dar início a esse ciclo aí mutações com essa alegria e
e com essas vislumbrando boas possibilidades daqui para diante Muito obrigado boa [Aplausos] noite antes de passar a palavra ao que interessa eh eh dois dois créditos necessários um eh que eh nós eh temos feito essa parceria com o Adalto por meio de do Instituto Rui Barbosa de Altos estudos em cultura que é um eh digamos uma casca digamos para a oferta de cursos e palestras de alto nível e forma gratuita paraa população em geral né todos os anos nós oferecemos uma série de eh eh cursos de curta duração um deles este ano foi esse mencionado
pelo Santini né da Conceição Evaristo e eh ainda ao longo deste semestre teremos outros cursos sendo oferecidos e alguns eventos também com a densidade eh dessa desse ciclo eh realizado pelo Adalto que tá há mais de 40 anos na né na estrada com essa iniciativa eh e o segundo eh crédito é a deputada Jandira fegalli que é por meio de uma Emenda parlamentar dela que nós podemos eh financiar não é um evento barato para casa de Rui Barbosa então não teríamos fôlego para isso se não fosse a generosidade da deputada Jandira figal a quem queremos
agradecer de público e com isso então passo a palavra pro para fazer as honras do nosso convidado da [Aplausos] noite boa noite bom eu queria agradecer ao Santini por mais essa experiência que a gente tá desenvolvendo aqui eh também ao Marcelo Viana que é o diretor do centro de pesquisa daqui da de Rui e nosso queridíssimo Herculano que é o coordenador do Instituto de Altos estudos da casa de Rui Barbosa então S esses três é que de alguma maneira são responsáveis pela nossa retomada de trabalho aqui na casa de Rui Barbosa eu vou ser bastante
breve eu queria também agradecer particularmente o nosso queridíssimo Vlad vocês a história dele é professor da USP né de filosofia professor em Paris 7 Paris 8 autor de vários livros né que di a gente pode citar alguns deles mas o último deles é alfabeto das colisões acabou de ser lançado não é quer dizer e toda a biografia dele tá no no resumo aí do programa e eu tenho uma relação muito próxima com o Vladimir pelo seguinte porque o Vladimir ele tava me contando que de alguma maneira ele se formou ouvindo os ciclos de Conferência desde
os sentidos da Paixão e ele é jovem ele tem 40 e poucos anos sentido da Paixão olhar desejo ética e isso aí é de alguma maneira um uma coisa muito reconfortante pra gente sabendo que nesses 40 anos de ciclo não é a gente conseguiu ter pessoas como Vladimir seguindo eh Bom Há mais ou menos 18 anos a gente começou a trabalhar a ideia de mutações né quer dizer a gente tinha feito um ciclo sobre a crise da razão e trabalhava principalmente a crise da ideia de crise mas a gente chegou à conclusão de que a
ideia de crise não dava conta porque a crise ela se dá no interior de um mesmo processo e a gente já tava notando que o o mundo é outro a gente tá Entre Dois Mundos um que não acabou inteiramente E outro que também não começou inteiramente Então esse nesse vazio que a gente tá trabalhando e eh e o ciclo desse ano tem tudo a ver com essa ideia não é quer dizer tudo a ver porque inclusive é Curioso o Francis Wolf que já fez conferência em São Paulo Ele tava dizendo que que é é é
uma coisa curiosa até na França a ideia da A fenomenologia tá esquecida e os sentidos também de alguma maneira não estão sendo trabalhados então daí uma certa originalidade desse tema que a gente tá puxando né que o que que é o olhar né quer dizer o que que é escuta o que que a fala enfim não é e o título eu só para resumir não tomar muito tempo eh eu de alguma maneira eu me inspirei no povo Valeri para variar e ele diz o seguinte o que recebemos os sentidos não é o mundo exterior é
através dos Sentidos que nós construímos o mundo exterior essa frase ela é emblemática porque Exatamente isso os sentidos ele tem um tem uma uma função fundamental na Constituição do mundo na Constituição do pensamento enfim eu não vou me alongar eu só queria agradecer imensamente mais uma vez o Vladimir que já há anos nos segue né ele começou em 2009 e nunca mais deixou de participar dos ciclos Muito obrigado a vocês Muito obrigado Vadim Ok então também gostaria de agradecer esse convite que foi feito pelo Adalto de Taqui como havia dito para ele de fato acho
que eu Essa é a maior prova de que eu consegui ter um sucesso na vida né porque eu tava aí Alguns Décadas atrás agora tô aqui né então bem cada um tem o sucesso que merece né mas bem eh também gostaria de agradecer a casa Rui Barbosa pela pelo espaço e todos vocês pela presença eu quando recebi a incumbência de fazer uma conferência sobre esse tema eu acabei querendo fazer quase como se fosse uma conferência a respeito do tema inverso né que não ou seja não a emancipação da sensibilidade que eu acho que é muito
um dos temas eh Pelo que eu vi eh que vai vão ser tratado pelos outros palestrantes né Di cada um à sua maneira inflexion da sua forma né mas a colonização da sensibilidade né e por isso eu queria começar com uma frase que eu tenho certeza que todos Vocês ouviram só que a frase é falsa mas de toda maneira bem isso já não faz a menor diferença hoje em dia né Toda vez que eu ouço a palavra cultura eu saco o meu revólver né bem todos vocês conhecem essa frase erroneamente atribuída a Joseph gbs né
ela parece sintetizar uma pretensa rejeição da cultura pelo fascismo uma pretensa preferência pelo obscurantismo e pelas relações de força né só que seria o caso de lembrar que na verdade essa frase ela aparece de uma forma um pouco diferente a sua verdadeira versão é quando eu ouço cultura eu destravo a minha browning que é uma pistola né E ela tá em uma peça de de teatro Vejam Só vocês do dramaturgos do dramaturgo Hans yost que é intitulada schlageter e ela foi encenada em 1933 contando a história de Albert Leo schlageter que era um militante nazista
condenado à morte pelo exército francês por Sabotagem e transformado em uma operação de mistificação política né No primeiro soldado do terceiro raiso né mas eu queria que vocês sentisse um pouco a ironia do Fato né porque Vejam a crítica da Cultura né ela era na verdade a citação de uma obra da cultura ela era a citação de uma peça de teatro cujo autor posteriormente inclusive vai ser reconhecido pelo Rao vai ocupar cargos importantes da administração das Artes e eu lembro desse fato porque nós estamos muito acostumados a falar do fascismo e das suas variantes contemporâneas
nós conhecemos várias aqui no Brasil como inimigos da Cultura como força política animada pela desconsideração pelas Artes só que a Extrema importância dada pelo ao campo da cultura ela é evidente suas batalhas culturais são processos constituintes centrais das suas lutas Alguns podem ver nisso manobras diversionistas que visam desviar atenção para desmontes econômicos e preservação de interesses de classe só que eu queria insistir que na verdade se tratam de lutas absolutamente centrais eu creio que nós perderemos dimensões fundamentais do fenômeno fascista se não o compreendermos como algo completamente distinto a saber como uma Batalha pela formação
da sensibilidade social como uma luta pela sensibilidade umaa pelo cultivo dos afetos e pela produção do Horizonte sensível da política Como dizia PL salgado do nosso fascista Nacional nosso representante primevo né do fascismo revolução é movimento da cultura e do espírito não se trata de ofensiva contra um governo contra uma classe trata-se de uma ofensiva contra uma civilização e no sério de posições dessa natureza e elas não são apenas apanage do fascismo histórico a compreensão da política como uma questão de produção de estruturas de sensibilidade e de afecção sociedades se reproduzem determinando O que é
possível sentir e o que não é possível sentir o que a sensibilidade reconhece e o que ela recalca os corpos que nos afetarão e os corpos que nos serão completamente indiferentes a ordem sensível é o fundamento da social dos seus limites das suas formas e o controle da Imaginação e da sensibilidade é o fundamento de todo e qualquer poder por ter consciência disso as questões culturais são tão centrais fascismo por isso ele é no sentido eu diria mais estrutural do termo um projeto estético uma reconstrução da sensibilidade que define os limites do visível e do
perceptível no interior da ordem social como vai lemaro Bem o historiador Johan Chap o fascismo é animado por uma revolução cultural por uma for própria de se conectar a Preto grande legado da cultura ocidental isso fica particularmente Claro em um país como o Brasil Então o que eu proponho hoje é entender as dinâmicas de atualização dessa revolução cultural fascista levando em conta o estágio atual dos processos materiais de reprodução cultural das sociedades capitalistas e eu queria inicialmente insistir que falar do do fascismo para descrever as dinâmicas de Constituição da sociedade brasileira porque é disso que
eu queria tratar com vocês não tem nada de retórico antes trata-se de um termo eminentemente analítico e teria o caso de se perguntar por que nós conseguimos esconder isto de nós por tanto tempo porque nós estamos a falar de um país que teve nos anos o maior partido fascista fora da Europa ação integralista nacional um país que viu essa ação integralista Nacional chegar a 1 mil. mil membros ou seja todo mundo aqui nessa sala tem um parente que foi integralista né Inclusive eu que eu não quero procurar mas se vocês procurarem vocês vão achar né
esse mesmo país viu antigos integralistas como o Almirante Augusto rademaker e o brigadeiro Márcio do Souza Melo darem um golpe dentro do golpe de estado de 1964 né né instaurarem uma junta militar no Brasil no momento mais violento da ditadura militar não é a toa que o momento mais violento é o momento que começa com dois integralistas no poder e vale a pena inclusive lembrar que Augusto rademaker vai ser ainda vice-presidente do governo mic quer dizer há uma linha de conexão que vai do fascismo Nacional até a ditadura militar de 64 e não deveria nos
surpreender o fato do ser Tom mais radical dos apoiadores da referida ditadura ao voltar ao governo brasileiro sob os auspícios do Sr Jair bolsonaro acabaram por paulatinamente assumir suas conexões de origem bolsonaro entrou pra história entre outras coisas como o primeiro presidente brasileiro assinar uma carta à nação no dia 8 de setembro de 2021 certo prometendo que não ia dar um golpe e assinando Deus Pátria família que é o lema integralista esse enorme presença de movimento fascista entre nós com desdobramentos para além do período anterior à Segunda Guerra deve ser inicialmente creditada a fatores estruturais
de violência estatal eu lembraria como muitas das tecnologias de extermínio e de segregação em operação dos governos fascistas e nazistas dos anos 30 foram inicialmente desenvolvidas em administrações coloniais campos de concentração apareceram inicialmente na guerra Colonial da África do Sul dos b e no colonialismo espanhol em Cuba discursos sobre a necessidade de governo sobre raças inferiores eram anunciados todos os dias pelos administradores do colonialismo inglês no mundo árabe né O Imperialismo Europeu entre 1884 e 1914 foi como dirá hann harent eu cito um estágio preparatório para as catástrofes vindouras seu expansionismo ligado ao capital excedente
e ao deslocamento de populações excedentes dos países colonizadores exigia a transformação do racismo e da indiferença seus massacres administrativos em peça fundamental de governo quer dizer a há uma relação historicamente orgânica entre fascismo e tecnologias coloniais e essa relação não poderia deixar de marcar um país como o Brasil que serviu de laboratório necrolítico Mundial Talvez o maior de todos inclusive né basta lembrar que 35% de todas as pessoas escravizadas na África vieram pro Brasil né seja um país que serviu que ao mesmo após Independência vai preservar a l Colonial contra o seu próprio povo como
se fosse o caso de continuar práticas de governo através de um colonialismo interno contra setores espoliados da população acho que levar isso em conta é uma maneira também de lembrar vocês que de certa forma eu queria partir disso verdade partir dessa situação para trazer um outro elemento e também problematizar esse outro elemento que é o fato de que de uma de certa forma o Brasil moderno é uma ideia estética a construção Nacional ela tem como um dos seus eixos fundamentais o uso da modernização estética como uma força de redefinição do espaço do tempo e do
território essa tópica da construção estética de um povo ou da fundação do povo a partir da força da produção simbólica e da unificação social própria certas experiências estéticas isso não é uma invenção Nacional né ISS é um dos eixos importantes de transformações sociais desde o século XIX pelo menos né eu lembraria vocês de textos como educação estética do homem do Schiller os mais antigo programa idealismo alemão do reg do shelling do hudlin todos eles são só alguns exemplos né de uma de uma de uma procura de um Horizonte de reação estética de um povo e
não é por acaso que esses textos são animados pelo Horizonte de transformações globais impulsionado pela Revolução Francesa uma das consequências de uma revolução popular é a crença de que novas dinâmicas de Constituição do Povo podem emergir possibilitando a modificação estrutural da sensibilidade da Imaginação algo dessa crença vai orientar do modernismo em especial em países de constituição nacional retardatária como o Brasil só vai constituir como nação no século XX né animado por um processo que não vai ser uma revolução social mas vai ser uma revolução pelo alto né a partir dos anos 30 o Brasil vai
utilizar o horizonte utópico do modernismo para impulsionar a formação de um Estado Nacional propulsor de uma modernização adora só que essa construção estética do Brasil ela tem pelo menos três matrizes não uma só que vão se arular uma relação muito complexa de conflito E essas matrizes de certa forma ainda orientam essa é uma tese que eu queria defender com vocês ainda orientam o nosso Horizonte de expectativas sociais ou atrofia dele ou seja a gente paga o preço de ser um país eu diria de um longo modernismo historicamente e porque eu insisto Nisso porque eu queria
só nessa nossa nosso encontro de hoje insistir em um ponto dessas matrizes que é que é a seguinte uma delas né que a gente esquece muito que a historicamente o modernismo conheceu setores que flertaram abertamente com movimentos fascistas compreendendo a revitalização estética como um meio de reconstrução do Povo através da produção de vínculos aparentemente orgânicos com aquilo que se se insinuava como uma origem era uma revitalização estética da Pátria através da recuperação neoclássica de um pretenso passado negado da grande cultura ocidental que vivia era disso que vivia O nazismo alemão entre outras coisas assim por
trás da tópica da destruição da cultura tão mobilizada nesses últimos anos H na verdade as engrenagens da produção de uma outra cultura essa que procura fazer se passar pela voz dos deserdados dos pactos nacionais uma outra cultura popular de um outro povo um povo verdadeiramente brasileiro reconciliado consigo mesmo reconciliado com nossas matrizes de desenvolvimento e de progresso Colonial um povo livre dos ismos que só poderiam ser emulações de poderes exteriores ao nosso corpo social natural essas estratégias elas vão estar presentes na Gênese do movimento integralista brasileiro o que não poderia ser diferente se a gente
lembrar que o seu fundador plo salgado além de ativista político foi escritor participou da Semana de Arte Moderna de 1922 dos embates internos do movimento do modernismo brasileiro tendo redigido seus próprios manifestos artísticos como o movimento verde amarelo surgido em 1926 estética integralista ela celebrou outra forma de conciliação nacional que é sempre um outro nome para violência social uma outra forma de conciliação Nacional violenta e entre a acumulação capitalista primitiva de craist a religião a tradição e O Extermínio indígena como a gente está diante de um modernismo cortado da sua matriz de ruptura formal mas
que preserva o seu desejo de autonomia do presente o integralismo adequa à tradição exigências desenvolvimento predatório capitalista que Não verte lágrimas por aquilo que ele destrói seu agrarismo é a expressão de um povo que estaria conciliado com a violência do Progresso colonial extrativista do empreendedorismo capitalista com a ordem atual da sensibilidade que não questiona o que socialmente aparece como natural que não questiona as hierarquias naturalmente dadas como aquelas que constituiriam a família burguesa e o poder teológico político eu cito aqui o plo salgado os homens e as classes podem e devem viver em harmonia é
possível ao mais Modesto Operário galgar parece um Coach né mas tudo bem é possível ao mais moderno Operário galgar uma elevada posição Financeira ou intelectual cumpre que cada um se eleve segundo a sua vocação todos os homens são suscetíveis de harmonização social e toda superioridade provém de uma só superioridade que existe acima dos homens sua comum e Sobrenatural finalidade Esse é o pensamento profundamente brasileiro que vem das raízes cristãs da nossa história está no íntimo de todos os corações bem muitos desses elementos de conciliação com a história da violência do desenvolvimento brasileiro vão ser atualizados
nessa estética da produção agrária exportadora que vai selar a associação orgânica entre setores da indústria cultural brasileira e o bolsonarismo agora sob a força diretiva da música sertaneja basta lembrar por exemplo a dicotomia construída por Plínio Salgado entre os Tupis que segundo ele se permitiriam permitiriam ter se dizimado pacificamente para viver no sangue de cada brasileiro e os tapuia cujo ímpeto guerreiro e hostil a assimilação os levou ao completo apagamento eu queria citar uma longa citação Mas ela é decisiva para isso eu queria até fazer um coisa de e de multimídia ver se eu consigo
que é colocar uma imagem acho que é só apertar aqui é isso né ou vocês Cadê a acompanhar ah essa é a capa da revista nau que era uma revista integralista enquanto eu leio vejam essa imagem a citação é a seguinte os Tupis eles desceram para serem absorvidos para se diluírem no sangue da gente nova para para viver subjetivamente transformar numa prodigiosa força a bondade do brasileiro o seu grande sentimento de humanidade seu tótem não é carnívoro é a anta né E este é um animal que abre caminhos e aí parece está indicada a predestinação
da gente Tupi toda a história dessa raça corresponde desde do reino Martim Afonso ao nacionalista verde amarelo José Bonifácio há um lento desaparecer das formas objetivas e há um crescente aparecimento das forças subjetivas nacionais o Tupi significa ausência de preconceitos tapuia é o próprio preconceito em Fuga para o Sertão o Jesuíta pensou que havia conquistado o Tupi e o Tupi é que havia conquistado para si a religião do Jesuíta o português julgou que o topi deixaria de existir e o português se transformou e se ergueu com fisionomia de nação nova contra a Metrópole porque o
Tupi venceu dentro da alma e do sangue português o tapuia isolou-se na selva para viver e foi morto pelos arcabuz e pelas Flechas inimigas o Tupi socializou se sem temor da Morte e ficou eternizado no sangue da nossa raça o tapuia é morto o Tupi é Vivo Como diz um um novo companheiro né quem não resistiu tá vivo né Essa era uma antropofagia cortada da Matriz subversiva os Tupis dentro dessa teologia Nacional aceitaram serem absorvidos e diluídos pela marcha da conquista e não to que essa essa imagem que eu quis eh salientar para vocês vocês
percebem muito claramente a figura do do Tupi diante de uma plantação onde tem todos os elementos da do extrativismo tal como ele vai ser o elemento constituinte dessa reformulação do espaço Nacional de produção né E é claro tem aqui a mão do comunismo né que vai ser impedida pelo integralismo né mas a aliança Esse é o elemento fundamental a conciliação o seu espaço natural agora é esse e vejam Isso significa que a violência do Progresso e do desenvolvimento teriam sido a condição para criação da singularidade Pátria E é isso que era seria necessário de uma
vez por todas entender e afirmar né vejam em um ensaio clássico sobre a obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica Walter Benjamim define a estetização da política que seria própria ao fascismo como a transformação da guerra num fenômeno estético e de autoexpressão das massas eu queria voltar um pouco a essa hipótese desde o seu texto sobre as teorias do fascismo alemão onde ele discute a coletânia guerra e guerreiros editada pel Ernest junger e o seu misticismo bélico izado benjam insiste na função da estetização da Guerra como um dispositivo central da ideologia Nacional socialista
Essa guerra ela mobiliza as massas para que uma outra guerra não ocorra ela tem uma função de mobilizar as forças para que a guerra que deveria acontecer não ocorra que a guerra civil de classes capaz de produzir a única transformação revolucionária real daí uma afirmação como eu cito beija-me era como se eis como se pode representar a estética da Guerra hoje em dia já que a utilização normal das forças produtivas está paralisada pelo regime de propriedade o desenvolvimento dos meios técnicos do Ritmo das do Ritmo das fontes de energia se voltam contra a natureza ou
seja fascismo seria s sua maneira uma revolta da técnica que ao invés de se colocar a serviço da emancipação humana se volta à sujeição do mundo à força então aí o beijam falando em vez de canalizar os rios ela conduz a onda humana ao leito das suas forças em vez de usar seus aviões para semear a terra ela espalha suas bombas incendiárias sobre a cidade de onde se seguia a ideia de uma autodestruição da humanidade impulsionada por um gozo estético de primeira ordem como diz o Benjamin só que eu queria problematizar um pouco essa esse
ponto porque seria talvez o caso de lembrar que a canalização dos rios e o semear a terra também podem ser uma forma de guerra de guerra contra a natureza eu queria apresentar segunda imagem também não sei se vocês conseguem ver bem acho que aqueles que já tem uma certa idade talvez lembrem Essa era uma campanha publicitária que apareceu eh nas principais revistas brasileiras nos anos 70 quando o regime militar teve a fantástica ideia de criar uma estrada chamada Transamazônica né então vocês veem aqui na verdade a estrada cortando a na floresta ao meio e essa
fantástica esse Fantástico título para unir o povo brasileiro nós vencemos o inferno Verde né porque afinal de contas era disso que se tratava né e é muito interessante se vocês permitirem fazer um pequeno parêntese tava lendo a as memórias do Jucelino kubek e o Jucelino fala num dado momento no sentimento no Afeto que ele teve quando ele atravessa quando sobrevoa a floresta amazônica né Ele diz que era um sentimento de medo do inferno verde ou seja que mostra o caráter constituinte do que significa essa relação do desenvolvimento nacional com o espaço né mas vejam eu
insisto nesse ponto porque talvez isso nos lembre como a canalização dos rios o semear Terra podem ser uma forma de guerra como o restio das plantações de cana de açúcar que invadem as cidades lembram dos infindáveis quilômetros sem paisagem da devastação Milionária do espaço transformado em Campo unidimensional de valorização do valor tudo isso tem a força de destruição das Bombas incendiárias até porque sequer os incêndios faltam nesse cenário ou seja o fascismo pode realizar a sua estetização da política que impede que a guerra se torne Guerra Civil de classes através da estetização da devastação produzida
pelo progresso da estetização do culto da Terra devastada Tornada investimento pelo canto que louva colheitadeira em meio a amores desfeitos de fazendeiros escravocratas o fascismo brasileiro desenvolve a sua forma de culto da máquina como aparato de devastação Só que essa como se não bastasse ela apenas uma das estratégias mais amplas de estetização da guerra que anima a reconstrução da sensibilidade no interior do fascismo Como eu havia dito há uma política da sensibilidade animar o fascismo e o seu eixo é a dessensibilização é a indiferença porque ela é condição sensível pra sustentação do Horizonte de guerra
infinita que lhe é necessário que é necessário a fascismo e aqui seria o caso de pensar as múltiplas dimensões de uma paradoxal estética da dessensibilização uma Paradox ética da indiferença maises as teses do que do não mais sentir e do não mais perceber essa construção de um povo através do deixar perecer do deixar desaparecer ela não nos é estranha ao contrário eu queria insistir nesse ponto porque foram décadas de crítica da indústria cultural que nos alertaram para como esse seria o processo normal de funcionamento da cultura de massas Isso não é um desvio de Rota
isso é a nossa realização natural a anestesia pela repetição e pela velocidade a indiferença pela sujeição de toda singularidade ao mesmo regime de visibilidade e de existência ao mesmo princípio de impacto de compreensão imediata e de Espetáculo o culto da performance que atravessa tanto a indústria do entretenimento quanto a dos esportes nós a não havíamos percebido totalmente mas Essas eram peças de Constituição de uma subjetividade bélica os modos de apresentação próprios a indústria cultural não são neutros eles são politicamente comprometidos e seria o caso de lembrar disso principalmente em um momento como o nosso onde
nós vemos emergência do que a gente poderia chamar de guerra infinita eu queria explicitar o que eu entendo por isso nós estamos atualmente diante de uma configuração inédita de crises crise ecológica crise demográfica crise social crise econômica crise política crise psíquica crise epistêmica crises que tendem em larga medida a se estabilizar tornando-se o regime normal de governo diante de uma situação dessa natureza algumas idades se colocam diante de nós uma delas é a transformação estrutural das condições que geraram Esse sistema de crises conexas só que isso exigiria não nos vermos mais como gestores das crises
geradas pelo sistema capitalista mas com uma força ofensiva contra o capital só que isso parece um discurso de centro acadêmico né ex então isso diz alguma coisa né outra possibilidade é a generalização do paradigma da vocês podem escolher o centro acadêmico com essa outra possibilidade é generalização do paradigma da Guerra como forma de estabilização da crise e essa segunda opção é no entanto a que nos parece atualmente a mais natural em todas as suas várias inflexões a gente pode dizer que ela se assenta na crença de que não é possível modificar as bases de produção
material da sociedade as crises conexas não impulsionarão uma superação ou mesmo uma transformação estrutural do capitalismo até porque nenhuma dessas alternativas está realmente na ordem do Dia das forças hegemônicas que compõem a constelação as constelações progressistas que atualmente nós conhecemos do ponto de vista interno do capitalismo diante das crises dessa natureza ele não se refora A não ser que forças ligadas ao sistema de lutas Operários obrigue na verdade situações como essas o capitalismo não freia ele acelera isso não é estranho a um sistema cuja racionalidade tá baseada na maximização dos interesses individuais AC crescido da
ilusão de que essa maximização produziria ao final riqueza comum do ponto de vista dos interesses individua Não Há Razão alguma para eu não aproveitar crises intensificar a minha extração de lucro por eu deveria me preocupar com o estado do meio ambiente 50 anos se em 50 anos eu vou est morto utilizar maximização de interesses individuais como padrão de validade equivale a implodir o tempo social organizando toda a racionalidade do processo de produção a partir da Mação dos interesses do presente e de nada adianta por exemplo imaginar que essas exigências do presente seriam limitadas digamos pelo
Estado do mundo que eu vou deixar aos meus filhos n porque certamente não vai ser do amor do capitalista poros seus filhos e filhas que a gente pode esperar alguma forma de freio de emergência contra o aprofundamento das crises bem esse parêntese ele tá aqui para nos lembrar que a Extrema direita ela da constatação de que a única solução totalmente realmente na ordem do dia então tem um Realismo porque as pessoas acostumaram a entender esse discurso como discurso produtor de fake News né eu tenderia a falar o contrário não ele é o único discurso realista
que a gente conhece é o único que diz efetivamente a verdade porque só a verdade que mobiliza as pessoas Então se mobiliza tanta gente é porque a gente tem que parar de falar das coisas dessa maneira se perguntar aonde eles falam a verdade de que maneira eu diria eles falam a verdade quando dizem não há outra alternativa na ordem do dia já que a preservação do sistema é absolutamente inquestionável né por isso de certa forma o único diagnóstico socialmente realista realmente realista consiste em dizer nas Entrelinhas não há como gerir mais as crise do sistema
capitalista a partir do próprio sistema como não há outra alternativa possível o que é salvar uma parte da sociedade e deixar o resto perecer expulsar o resto das nossas fronteiras deixá-los na mais absoluta miséria submetê-los à máxima espoliação através do aumento exponencial da violência policial da precarização das suas vidas a possibilidade de fazer parte dessa parte da sociedade a ser salva é o que mobiliza o setor da população que hoje adere a Extrema direita seja através da preferência nacional seja através do discurso do empreendedorismo com seu quem trabalha duro vai salvar seja em outros casos
através do discurso religioso dos Escolhidos o que sempre tá em questão é a partilha entre quem vai ser salvo e quem vai ser sacrificado por mais brutal que seja o discurso tem sua coerência principalmente o momento no qual as forças progressistas não acreditam realmente que uma mudança de estrutura é possível já que elas nunca tentam realizá-la quando elas estão no governo nosso chamado solidariedade é por essa razão profundamente abstrato e para grandes setores da população simplesmente falso e é dessa nossa falsidade que a Extrema direita tinha a sua força real essa resposta às crises do
capitalismo exige a generalização Da Lógica da Guerra então infinita com um paradigma de governo porque a guerra infinita ela permite uma espécie de corrida pra frente que nunca termina na qual a desordem contínua é a única condição paraa preservação de uma ordem que não tem mais como garantir horizontes normativos estveis diante da decomposição social a guerra permite alguma forma de coesão enquanto naturaliza enquanto repete e generaliza níveis de violência e de indiferença inaceitável em outra situação só que esse paradigma da Guerra infinita Exige uma reorganização dos nossos regimes de sensibilidade ela se baseia no que
a gente poderia chamar de militarização das subjetividades que vão passar a naturalizar a execução e O Extermínio que vão se organizar como milícias que vão confundir Liberdade com ao armamento que vão se identificar com a virilidade vazia dos frac armados que vão transformar a indiferença e o medo em afetos sociais centrais isso exige também a construção de inimigos que não podem nem devem ser vencidos inimigos eternos que devem periodicamente nos lembrar da sua existência através de um ataque terrorista de uma explosão Espetacular de uma alteridade in assimilável ou de um problema policial elevada a condição
de risco de estado por fim militarizar as subjetividades significa também implodir todos os vínculos possíveis de solidariedade porque a gente tá em uma guerra de todos contra todos que pode inclusive receber nomes como empreendedorismo é simplão ela pode levar também a uma defesa da minha comunidade ameaçada da minha identidade colocada em risco que por tá em risco pode produzir as piores violências como se tivesse o direito soberano de vida e de morte contra o inimigo que se confunde com o outro e para sustentar essa mobilização contínua com a sua monstruosa demanda de esforço e de
perdas incessantes a vida social precisa ser organizada so espectro da dessensibilização e da indiferença a catástrofes por fim militarizar a subjetividade É principalmente naturalizar a paranoia como modo geral de socialização ou seja construir subjetividades a partir das narrativas de complô os mais improváveis das lutas contínuas contra inimigos sempre inesperados da Preservação de fronteiras dos riscos de contágio de contato o que por sua vez pede o modelo de personalidade rígida fixa como uma tipologia não foi extrema direita que inventou isso ela esteve sempre presente nos produtos da indústria cultural que nos moldaram porque na era do
declínio dos sistemas sociais Esso é o citu Adorno né com a sua deflagração de insegurança e ansiedade as tendências paranoicas dos indivíduos são evidenciadas muitas vezes canalizadas por instituições que pretendem distrair Tais tendências de suas razões objetivas queria terminar no entanto com porém que não é exatamente um porém né É só um um aporo da situação mas Alguém poderia criticar essa crítica à indústria cultural afirmando que as pessoas não levam tão a sério aquilo que a elas é apresentado como se a gente tivesse a pressupor um nível de crença e passividade que seria estranho as
dinâmicas reais de recepção e esse problema já havia sido diagnosticado por aor eu queria lembrar para vocês isso partindo de um estudo empírico desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas sociais sobre os modos de recepção da vinculação veiculação midiática do casamento da princesa Beatriz da Holanda ele diz o seguinte essa colocação é muito interessante verificamos com muitos espectadores que se portavam de modo bem realista e avaliavam com sentido crítico a importância política e social De um acontecimento cuja singularidade bem propagada os havia mantido e suspenso ante a tela do televisor é um pouco o pessoal que fica
vendo casamento do Príncipe char que não não mais o Príncipe Charles é o rei Charles bem não lembro mais desculpa né meu meu republicanismo não me permite lembrar em consequência Desculpa se minha conclusão não é muito apressada as pessoas aceitam Esse é o dono falando aceitam e consomem o que a indústria cultural lhes oferece para o tempo livre mas mas com um tipo de reserva de forma semelhante à maneira como mesmo os mais ingênuos não consideram reais os episódios oferecidos pelo teatro e pelo cinema talvez ainda mais não se acredita inteiramente neles essa é uma
colocação muito interessante porque uma análise empírica dos produtos recentes da indústria cultural demonstra a prevalência desse esquema personagens de contos de fadas que não mais se reconhecem e criticam seus próprios papéis peças publicitárias que zombam da linguagem publicitária celebridades representantes políticos que se auto ironizam em programas televisivos o que nós havíamos esquecido é como a ironia é um elemento constituinte do autoritarismo Como dizia San justa Quem brinca na cabeça do Poder tende a tirania uma das aparições mais surpreendentes de Javier milei em sua campanha era junta da sua ex-namorada Fátima flores que era uma comediante
conhecida por fazer imitações de políticos em especial de Christina kishner Os argentinos são insuperáveis em certas coisas realmente eles deram um nó né e um programa de t no estilo na mesa da minha cozinha com os astros ele fala então com ela fala com ele como se fosse Cristina ironizando o próprio embate político trump fou por programas televisivos onde fazia o papel de si mesmo em um nível ainda maior de autocaricatura bolsonaro foi conhecido ficou conhecido nacionalmente Graças sua participação em programas televisivos de humor um erro de análise clássico aqui é levar o discurso do
fascismo contemporâneo a sério demais e nesse ponto nós encontramos um elemento novo em relação ao integralismo se no integralismo havia essa crença tipicamente classe média nos seus essa crença dos seus próprios Delírios de semiformação agora é melhor entender que o discurso é feito para não ser levado a sério porque a inconsistência é uma virtude é uma arma a inconsistência garante a liberdade Soberana da ação em uma situação de guerra a coerência é um defeito já inconsistência permite a construção de uma espécie de espaço transicional onde a verdade dos fatos pode ser suspensa em nome da
Verdade do desejo como nós fazemos nos jogos que nós inventamos eu terminaria lembrando que humor é aqui Uma Peça Central porque se trata de operar identificação com Tais lideranças de forma cínica isso no sentido de identificações que se colocam como mera aparência e que dessa forma permite que os discursos mais violentos circulem produzindo efeitos sem que os agentes se autod descrevam como efetivamente implicados algo fundamental para sustentar as estruturas violentas da personalidade sem exigir o espaço o preço próprio a uma ética da convicção e tudo isso nos mostra como a indústria cultural é a linguagem
natural da Extrema direita e talvez não seja mero acaso Que ela volte a crescer justamente no momento em que a crítica cultural a indústria cultural não parece mais fazer sentido e eu terminaria lembrando que quanto maior a descrença maior a violência a crença ao contrário a crença enquadra a violência em rituais e normas ela dá formas e limites à violência autorizada já a descrença autoriza a violência e quaisquer de suas formas em quaisquer de suas intensidades a violência que nós conhecemos Hoje não é a violência da crença ela é a violência da descrença ela é
muito pior e se assim for a gente deve tirar as consequências de nós vivermos em uma era de colapso da gram de gramáticas políticas alternativas ou seja era na qual a comunicação política se organiza a partir dos ditames Gerais e dos modos de determinação próprios dos setores mais fetichizados da indústria cultural em uma era dessa natureza até mesmo o campo Progressista se comunica sem colocar em questão os modos de visibilidade e de organização de discursos próprios a indústria cultural a gente tá num época da era da esquerda Instagram isso tem suas consequências uma delas é
usar a gramática da sensibilidade daqueles contra os quais nós combatemos toda política é um ato de construção de outro povo h de perguntar onde essa vai nos levar era isso muito [Aplausos] obrigado muito obrigado Vadir pela belíssima abertura desse ciclo provocadora eu queria abrir para discussão Boa noite obrigada por esse belo evento por essa bela palestra eu queria fazer uma pergunta muito singela Vladimir eh você falou da ironia ligando a cinismo eu me pergunto se ela também não se liga a uma figura de herói que corresponde ao anti-herói bem aos moldes talvez do Western americano
Hollywood nos formou para isso né E qual seria a figura de linguagem então que poderia né representar uma força contrária a essa ironia talvez a paródia que desmantelar a própria eh o próprio lugar do do líder do herói que que você acha tá obrigado pela questão acho que era questão importante eh acho que você tem toda a razão quer dizer tem uma tem uma tipologia de subjetividades que circulou entre nós durante muito tempo ã como se elas fossem meras subjetividades ligadas ao Horizonte do entretenimento e aos poucos a gente vai percebendo como essas figuras do
entretenimento elas tinham eh consequências políticas evidentes eentão talvez não seja nem um pouco um acaso que mesmo em situações políticas a gente reencontre essas narrativas a gente reencontre essas essas formas de apresentação de sensibilidade certo como se o campo da política de entretenimento fossem completamente indiscerníveis agora né e acho que uma delas que Você levantou bem essa figura desse do antih Herói da autoironia né da ironia de si n eh e é fato que essa ironia Ela traz um uma forma de crítica Porque durante muito tempo a gente imaginou que crítica era uma questão de
desvelamento de pressupostos né quer dizer tem alguma coisa que tá velada a crítica vai desvelar a ironia faz isso né ela mostra onde tá o sujeito e onde tá onde tá a sua fala onde tá o sujeito denunciado Onde tá o sujeito denunciação ele não eles não se confundem u Então essa ess é uma maneira de você expor distâncias a ideia da da crítica como uma distância correta aprende uma distância correta só que a coisa se complexifica completamente quando essa figura da ironia já não é mais a figura da crítica quando era a figura do
próprio poder né Há uma mudança mesmo quer dizer quando você tem esse essa modal de um poder que faz a sua própria crítica que de uma certa maneira ele fornece já as posições da sua própria crítica e que é uma maneira inclusive de preservar o que não podia ser preservado porque tá s tá preservado subespécie ironia tá preservado sob ironia né quer dizer como assim você levou a sério o que eles disseram não era para levar a sério ninguém levou a sério em Brochado ninguém n ninguém era para ninguém acreditava nisso né só você que
acred só a gente só eu que acreditava Mas é claro graças a essa ironia você preserva discurso e preserva seus efeitos também né só que aí talvez tem uma questão interessante sobre o que é o regime de crítica hoje quer dizer Esse regime de crítica que tá baseado em uma espécie de desvelamento Ele se mostra não funcional mais porque o seu objeto já faz essa crítica porque o seu objeto já internalizou esse processo Hum então é necessário pensar a crítica em um em outro uma outra modalidade né em um outro regime Aí você coloca Eu
insistiria talvez uma questão interessante nesse nesse contexto é insistir a crítica sempre foi vinculada não só a denúncia das insuficiências das normas que nos regem né mas ela também foi vinculada a a crença de que quando ela chega nos sujeitos que ela precisa chegar ela produz uma ação né quer dizer quando ela é integrada pelos sujeitos que precisam de fato eh da crítica de uma maneira ou de outra ela consegue produzir uma forma de ação e essa forma de ação era uma ação de ruptura eu insistiria o que sustenta mesmo sob a descrença seria uma
questão toda interessante de pensar como é possível articular ao mesmo tempo a ironia e um discurso teológico político que é o que a Extrema direita é a alta costura que a Extrema direita faz né quer dizer ela tem um discurso teológico mas ao mesmo tempo é um discurso teológico sobre ironia né mas é uma Mas é uma figura por quê Porque é uma figura de Redenção é um tipo de Redenção que Redenção da catástrofe é rão da catástrofe porque ela diz olha vamos vamos falar a verdade não vai dar para salvar todo mundo aqui não
tem lugar para todo mundo né o regime é esse o sistema é esse não vai mudar pode ter as catá que forem não vai mudar então não vai dar para salvar todo mundo então vai vai mas vai ter uma uma parte que vai ser salva vai ter um terço da população que vai ser sal dois ter vão cair não então é uma forma de projeção teológica de futuro né é um pouco alguns serão salvos os outros vão vão desaparecer né só que Contra isso a gente sempre tinha uma outra força teológica política tem um um
um um Pensador italiano da política Mário tront que acho que colocou uma as coisas de uma maneira muito interessante nesse falo sempre foi uma luta de uma teologia política contra outra O problema é que a esquerda perdeu sua teologia política né e exatamente por ter perdido ela não consegue mais contrapor nada porque o seu discurso gira no vazio e o que que é teologia política Nesse contexto é a capacidade que você tem de projetar futuros e forçar a imaginação né você força a imaginação fazendo que as pessoas de fato procurem alguma coisa que é impossível
né só que bem tudo que foi realmente importante para nós foi impossível um dia todo processo sempre passou por aí né só que agora isso tá interditado então você tem um bloqueio dentro dessa dinâmica Boa noite o meu arcabouço cognitivo como diria aquele professor de Brasília é muito limitado pro tema dessa dessa explanação então devo ter entendido uns 10% mas desses 10% que eu entendi mais ou menos o seguinte o Brasil eu vou ficar só no Brasil é tipo uma uma balsa que tá afundando e um monte de gente vai para Borda fora e a
direita diz que os a direita sempre pensou no mérito quem tiver o mérito fica dentro do barco e ajuda até botar os outros para fora e a esquerda a qual me vinculo sempre pensou na solidariedade Vamos tentar salvar as pessoas levar a balsa para Porto seguro eu concordo eh com essa da paranoia a polícia me diz que eu não tem que sair de casa porque tá perigoso a própria polícia em documentos que AF fixam nas nas portarias dos prédios e isso quer dizer é a polícia ampliando a paranoia meu filho diz que eu não posso
sair de casa de noite porque V ser assaltado eu digo não eu saio de casa que eu tenho liberdade de andar e ir e vir mas o que minha pergunta é o seguinte nesse ponto de vista eu estou militando politicamente e na no Instagram não gosto Instagram mas no Twitter nessas outras coisas eu pergunto como é que a esquerda deve levar o discurso para virar o jogo porque realmente a marca tá afundando mas é desaf a China tá mostrando isso a Rússia tá mostrando isso então a gente não tá no fim do mundo que vai
acabar o Brasil é um país rico a gente tem que acabar com essa história de que não tem jeito porque tem jeito a questão é o seguinte como é que é a mensagem que a gente deve levar pras pessoas para ter alguma chance de sucesso de virar as cabeças e mentes do outro lado então eh eu acho que primeiro utilizando a metáfora que você eh utilizou que eu acho que ela é bastante adequada de fato é um pouco como se imagina que a gente está num barco né Eh o barco foi construído de uma maneira
muito singular ele tem um algumas cabines assim para PR pr pra população tal e tem e tem uma parte que é primeira classe que ocupa muito espaço entendeu então tá lá cabe poucas pessoas na primeira classe tem a terceira quinta oitava classe Aí cabe algumas pessoas né E é claro fazendo a conta não vai dar para colocar muita gente o que que é o que que a esquerda fazer falar olha esse barco não tem nenhum condição de continuar assim sen a gente assim não adianta reconstrói o barco completamente e quebra a primeira classe abre espaço
divide tudo tal vai dar para colocar mais gente entendeu só que esta alternativa não tá mais posta não tá mais posta concretamente objetivamente não há nada que a gente faça que mostre efetivamente isso eu queria insistir nesse ponto a gente poderia passar o resto da discussão aqui Esso é um ponto ou seja você tira um Horizonte de enunciação concreta né de uma transformação real foge do Horizonte porque assim você poderia falar o que que significa isso você não vamos vamos vamos dividir radicalmente de outra forma vamos reorganizar porque esse barco assim não vai dar para
não vai dar para entrar ninguém né significa você estabelecer um outro por exemplo impor um princípio de igualdade né que normalmente é um princípio que se defende em todas as esferas de interação social igualdade na ordem do desejo igualdade na ordem da linguagem igualdade na ordem do trabalho bem eu queria saber Desde quando qual a última vez que alguém aqui ouviu alguma proposição concreta de igualdade na ordem do trabalho vind do campo político né igualdade no ord do trabalho é o seguinte é não ter mais hierarquias no trabalho quer dizer não existem mais hierarquias e
se não existe mais hierarquia quem Quem produz é quem Gere Qual a última vez você Ouvi autogestão da classe trabalhadora na boca de algum político brasileiro então isso mostra alguma coisa tá realidade do nosso discurso da inefetividade do nosso discurso né então insistiria muito nesse aspecto porque isso coloca isso é um dos problemas você retira um Horizonte de pensamento longo que que força as transformações mas tem um segundo que é isso que eu queria também insistir nesse Campo que é não é só o que você tem a dizer mas você percebe que a a instauração
política é também uma instauração de uma outra forma de sensibilidade e ela isso é fundamental outra forma de sensibilidade significa eu vou ser afetado por aquilo não não tem ordem de organização do poder que não seja baseada numa desafecção né quer dizer todos nós sabemos muito bem de como isso funciona dizer o poder só consegue sustentar as suas dicotomias as suas divisões as suas hierarquias por desafecção você não vê mais você não sente mais a coisas que você não sente a a a corpos que você não percebe certo a a a a distinções a diferenças
que você que você destrói certo então ou seja há uma reinstaurado que é quando são fundamental de uma transformação política você não vai conseguir transformar politicamente em um Horizonte no qual a sociedade toda ela tá ela tá submetida cotidianamente a um processo de de de desafecção de de dessensibilização de indiferença só que este elemento ele perpassa ele perpassa boa parte das nossas das nossas formas de vida das esferas das nossas formas de vida ele não tá só na política ele tá na política ele tá no entretenimento ele tá ele tá na nessa subjetividade bélica que
de uma certa maneira vai se constituindo como Horizonte fundamental das nossas formas de socialização então ou seja há uma dimensão da crítica aqui que ela que ela precisa que ela precisa ser recuperada ao meu ver né para que a gente possa inclusive responder uma pergunta como a sua Eh boa noite eh queria agradecer aí a qualidade que se esperava Claro da da sua apresentação agora nessa sua resposta agora eh eu acho que você radicalizou ou seja não estamos falando em dividir tudo igualmente a luta é você ter 1% controlando 30 40% da renda no mundo
né ou seja o capitalismo no jeito que se organiza Hoje ele é mais concentrador do que foi né e do jeito que você acabou de falar me desculpe chamar de você 79 já tem 80 então Muito provavelmente não detesto o senhor também tá ótim mas aí veja vocês verificaram esta semana a reação na Inglaterra Estações contra os imigrantes né então parece que h o que fazer quer dizer na França muito recentemente você teve a união da esquerda não teve mais votos do que o partido né do do o o renovo Nacional etc mas foi a
a união da esquerda foi o que teve maior votação como quer dizer a coisa surpreendentes aí o que eu tô dizendo né Eu acho que que você você apresenta as questões estruturais muito bem né É É claro que a gente tá no momento em que as formas tradicionais de resistência da da esquerda né os sindicatos se enfraqueceram no mundo inteiro esse Esses são fenômenos mas há mas há realmente lutas que a gente pode levar e o Michael L que você talvez conheça é um professor um filósofo lá de harbard ele tem um livro interessantíssimo que
é a tirania do mérito né em que segmentos políticos que sempre foram vistos como esquerdos parti Democrata pensa no Clinton Tony Blair na Inglaterra né tanta gente que aderiu a essa coisa individualizadora né Eh então c o primeiro e único bom presidente negro dos Estados Unidos né acaba fazendo 8 anos de governo em que a grande vitória dele é expandir seguro médico para 20 25 milhões de pessoas né e e também com uma visão de individualização de mérito né como se você tivesse uma estrutura lá em que você tem a saúde pública mais cara do
mundo desenvolvido né Você tem uma série de defeitos de funcionamento da da sociedade nos Estados Unidos que a gente pode criticar então eu eu eu não eu não eu não eu não seria tão pessimista quanto você foi eu acho que o seu Alerta é genial é exatamente isso quer dizer eh não é possível que nesta nesta plateia toda aqui nós sejamos racistas né agora quanto não brancos aqui isso é parte da sociedade brasileira que a 140 anos ainda tinha escravidão formal né então a gente isso acho que é uma luta do do dia a dia
e eh eu eu não sou um otimista delirante ainda né mas eu acho que o meu discurso ainda é ainda é mais delirante que você e é claro que o Brasil é um país racista mesmo que o Joaquim Barbosa tenha chegado a presidência do supremo né quer dizer isso aí são são são coisas que você tem que tratar com com componente de ironia né o tempo todo então eh eu queria só que você e eh eh eu comentasse assim se se eu estou delirando em excesso nas minhas esperanças Obrigado não obrigado pela sua questão Então
me permite até tentar esclarecer alguns pontos Talvez não tenha ficado Claro na minha fala primeiro assim eu não sou pessimista né na verdade eu não eu nem sequer entendo o que significa pessimismo ou otimismo eu não tenho a menor ideia do que essas duas palavras possam efetivamente significar né assim eu insistiria na verdade em um outro em outro ponto acho que você colocou questões muito interessantes como se você falasse olha existem dinâmicas de de reação elas estão presentes a gente sente essas dinâmicas existem mobilizações populares existem surrei populares eu poderia contar a história do Século
XXI como história de surrei populares que vão desde vai desde a da da primavera árabe até até hoje passando por pelo mundo inteiro né revolu insurreições na Turquia na Espanha no Brasil no Chile eh nos Estados Unidos os movimentos se ocupar e poderia fazer isso mostrando que não que há de fato uma consciência muito profunda de setores da população do nível de mal-estar certo do nível de Sofrimento social que os a reprodução material da nossa sociedade impõe naturalmente e normalmente a minha questão na verdade ela é outra não é que eu acho que as pessoas
estão anestesiadas muito pelo contrário minha questão é que ess esses processos não conseguem mais se incorporar em uma dinâmica política hegemônica isso isso é um dado e é um dado que trava todos esse processo quer dizer você tem uma força de mobilização enorme e ela não consegue fazer essa passagem em direção à Constituição de uma hegemonia enquanto a Extrema direita consegue fazer hoje ela consegue fazer né de uma maneira muito clara e eu até colocaria uma questão Sabe por que que ela consegue fazer porque ela não trai porque ela vai até ela Ela sustenta as
suas posições até o fim nós nós viramos uma forma de traição contínua de falar olha não veja bem eu prometi para você tudo isso mas não vai dar para fazer vai dar para fazer porque afinal de contas sabe as todas as as resistências as negociações tudo isso a gente f d isso aqui né E aí você não entende porque você desmobiliza as pessoas você não entende porque as pessoas elas vão elas vão começando a a entender que a todo momento um exemplo a gente tava falando né a Grécia tinha um governo de esquerda não dá
clo momento o governo de esquerda tava tava negociando com a irracionalidade absoluta e plena da troika né que tava submetendo a Grécia em crise econômica brutal ao ao regime de aprofundamento da crise né então sem saída o que o governo faz chama um plebiscito né um plebiscito para tentar de uma certa maneira sair daquela posição né e tentar jogar abrir um espaço de negociação no plebiscito era se afinal de contas o governo est autorizado sair ou não da zona Euro né o que acontece a população diz sim eu dou essa autorização que acontece com o
governo ele entra em pânico porque não era essa a resposta que ele esperava não era isso que era para ter saído e aí o que acontece todo toda uma coreografia mais patética da história da esquerda Mundial certo você tentar na verdade não levar em conta que afinal de contas você tinha tido uma autorização para fazer o que você tinha prometido que ia fazer e o que acontece bem a Extrema direita faz isso na Inglaterra faz ah tem uma série de consequência uma série de de problemas Claro que vai ter problemas porque você não consegue mais
desconectar economia Mas essa não é a questão do ponto de vista político questão do ponto de vista político você preserva você preserva o seu Horizonte né você preserva se Horizonte de ação e se Horizonte de Anunciação eo a legitimidade de Anunciação então isso tá sendo colocado em questão a todo momento o que faz com que você vai vá perdendo um Horizonte fundamental de de mobilização fazendo com que no final das contas o único discurso de ruptura que tem algum tipo de de de de legitimidade acaba sendo o discurso da Extrema direita Isso vai ser Mortal
Mortal para nós né vai ser mortal por quê Porque o grau de descontentamento social é evidente essas esses esses fatos que Você levantou são todos muito concretos certo são são essa evidência ela ela no entanto Ela precisa passar a uma dinâmica de hegemonia política e ela não passa mais ela não passa mais né E esse é o nosso problema então você tem uma grande digamos uma grande insatisfação sem enunciação política adequada bom eu só só gostaria de antes de passar para para você e lembrar que amanhã a gente vai ter uma belíssima conferência do Francis
Wolf que é da escola normal de Paris ele fala muito bem português eh bom primeiro lugar muito obrigado realmente foi assim muito instigante e provocador algumos adjetivos que já foram usados aqui eh eu fiquei pensando apenas eh como você tava analisando né as estratégias da direita né Eh o quanto assim pelo lado epistemológico a gente não tem uma certa responsabilidade nesse eh nesses desenvolvimentos né da perda de capacidade de apresentar né um projeto de futuro e coisas assim quer dizer a coisas assim que do ponto de vista intelectual podem estar até corretas uma crítica à
ideia de verdade eh crítica à questões de eh da oposição entre o a superfície e o profundo Enfim uma série de questões que a própria área da esquerda foi colocando ao pensamento e que não deixou de dar munição digamos para o inimigo né Uhum obrigado pela questão eu responderia dizendo mais ou menos o seguinte Talvez o nosso erro analítico foi de eh compreender a as mobilizações da Extrema direita as adesões sociais da Extrema direita sobre a figura do Déficit era sempre uma uma descrição deficitária falta alguma coisa para essas pessoas eles eles têm um déficit
cognitivo só acreditam em fake News Ou eles têm um déficit psicológico eles são ressentidos Ou eles tem um déficit moral é discurso do ódio é sempre isso percebe e eu me pergunto se na verdade esse tipo de discurso deficitário Ele só tem uma função que é fortalecer nossas defesas narcísicas né que porque a gente poder falar não mas nós não a gente não a gente não tem esses déficits né então Ou seja você você defende a sua Nossa superioridade moral Nossa superioridade intelectual politicamente isso é completamente inócuo e eu diria mais é suicida é suicida
né primeiro porque é irreal porque não não não é por aí que as coisas efetivamente aconteçam né quer dizer to eu tenho milhões de textos fazendo críticas extrema direita Ão só tô fazendo isso para tentar ter um pouco de honestidade intelectual que nos permita de uma maneira ou de outra ter uma batalha real contra essas pessoas contra esses processo né mas por exemplo ã déficit cognitivo Ah eles acreditam em fake News eu volto a insistir é uma maneira muito ruim de entender o discurso né quer dizer a questão é esse discurso ele tem um um
um Realismo ele diz uma certa verdade e ele entende que bem isso que você tá descrevendo Pode não ter acontecido mas pode acontecer mas são coisas que podem vir acontecer então tô sensibilizando as as pessoas para o que pode acontecer bem num regime como o nosso onde afinal de contas a questão nunca foi se existe ou não fake News Mas quem produzir né é que a gente teve um regime digamos assim de monopólio de produção de fake News a imprensa oficial fazia isso direto na época da da Guerra Fria a quantidade de Absurdos que você
Lia sobre sobre o mundo eh o mundo leste europeu era era era risível todo mundo sabia disso Que você não podia levar isso em conta então Ou seja a questão que você prolifera esse mecanismo que é o mecanismo de mobilização é o primeiro lado e déficit déficit psicológico ressentimento e esse eu acho por exemplo um tipo de discurso inclusive escrevi sobre isso acho completamente equivocado você chamar essas pessoas de ressentidas é absolutamente equivocado você não pode colocar no mesmo grau no mesmo lugar ou um ressentimento que é típico de classe média certo de massas e
massas que apoiam esse processo e massas empobrecidas que apoiam esse processo certo se fosse só um fenômeno de classe média eu não estaria aqui discutindo isso não estaria nenhum nenhum tipo de problema só no Brasil são 49% da população é que votou um programa como esse não tem 49% de classe média nesse país em qualquer qualquer análise que você faça então você tem setores muito grandes muito irrelevantes certo das classes populares agora e imaginar que essas classes populares não tem uma visão Clara da sua própria posição certo é politicamente equivocado a questão é que elas
têm uma visão Clara e tem uma resposta ruim mas qual é a visão clara qual é a visão Clara deles dier a nossa discussão sobre recentimento parte do seguinte sentido ah você tem grupos de privilegiados que estão perdendo privilégio porque você tem novas ascensões sociais certo então esses privilegiados voltam a sua raiva contra aqueles que estão em ascensão bem você falar que a classe média tem é privilegiado é uma coisa se eu falar que os setores mais palpados da população São privilegiados iso é um disparate contra essas pessoas é um é um desrespeito contra essas
pessoas brutal eles não são privilegiados Independente se não tem certos marcadores para nós nós comprendemos como marcadores importantes eles são pessoas precarizadas eles estão em sistema de completa precarização e eles percebem que a que como a gente não tem mais ajudas universais são ajudas pontuais a grupos então eles não estão nos grupos dos que vão ser ajudados né E eles se voltam Contra isso eu posso dar um exemplo que eu usei em outro outro ocasião tem um amigo que fez um belíssimo estudo sobre classe eh Operária Branca voto de classe operária Branca nos Estados Unidos
Rui Braga fez um belíssimo livro que eu recomendo a todos angústia do precariado onde ele ele fez os a pesquisa de campo foi na Pensilvânia e foi lá entrevistar os operários brancos trumpistas e ele vai numa fábrica que era uma fábrica de papel uma das mais antigas da região que foi fechada pelos Democratas porque ela muito poluente os Democratas eles eles eles ofereceram no seu lugar empregos verdes que eram piores sazonais e pagavam menos que fez o Partido Republicano chegou lá e falou não não não vocês são orgulho da América vamos reabrir a fábrica 84%
dos Operários votaram neles por que que eu preciso utilizar o argumento do ressentimento para falar sobre isso que que eu ganho se eu falo sobre ressentimento nesse caso não tem ressentimento nenhum eles estão falando simplesmente eu não vou pagar o custo da transição ecológica não vai cair no meu nas minhas costas eu não quero nem saber né se tem alguém que vai que vai de uma certa maneira me me preservar Meus interesses por algum tempo que seja ou seja a nossa resposta é ruim para esse problema percebe então talvez Nossa resposta seja ruim para vários
problemas e que nos obriga de uma certa forma a rever afinal de contas Será que a gente tá efetivamente dando uma resposta concreta pra precarização dessas populações ou a gente tá simplesmente fazendo um jogo que você joga nas costas de um de um pretenso déficit psicológico deles certo um tipo de reação que é uma ação que ela que ela ela é desesperada É verdade ela se ela se desespera porque afinal de contas é um pouco utilizando o exemplo do do colega imagina que a gente tá dentro de um de um de um prédio e é
a mesma coisa o prédio foi mal construído E você começa a falar olha não dá para reconstruir o prédio agora você vai começar a brigar para saber quem vai ocupar os poucos apartamentos é claro que você começa a ter os fenômenos que a gente tem agora mas talvez isso mostre uma coisa é necessário um outro tipo de Horizonte de experiência com como fato político e talvez isso não esteja na ordem do dia concretamente bom infelizmente chegou o nosso nossa hora de terminar a gente agradece imensamente essa bela abertura A gente volta amanhã Pois é né
foi pro outro lado né boa vamos jantar vamos vamos m