Muito boa noite, meu irmão, minha irmã! Sejam muito bem-vindos ao Lente Católica deste dia 29 de maio de 2023. Nós estamos finalizando o mês de Maria, o mês em que recordamos Nossa Senhora e meditamos a respeito dos mistérios de sua vida. Um mês especial e, também, no fim já do mês de maio, nós temos a festa de Pentecostes. Celebramos, no dia de ontem, a solenidade de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e sobre os apóstolos reunidos no Cenáculo. Pentecostes é sempre uma oportunidade para que todos nós, católicos, renovemos o nosso Pentecostes.
O nosso Pentecostes se deu pela primeira vez no nosso batismo e confirmou-se no dia do nosso crisma. Então, é um tempo de renovação da própria fé que nós assumimos enquanto cristãos, enquanto católicos. Seja muito bem-vindo! É uma alegria tê-los por aqui. Agradeço, de um modo especial, aqueles que estão chegando, cada um de um lugar diferente, de uma cidade diferente, de dentro e de fora do Brasil. Sejam muito bem-vindos! E já no início desta noite, nós conversaremos justamente sobre essa temática do Espírito Santo. Então, ontem falamos de Pentecostes na liturgia, e hoje nós vamos estender aquilo
que começamos a ver, a rezar, a meditar no dia de ontem na vida litúrgica da Igreja. Então, agradeço a participação de todos vocês e, já no início aqui da nossa live, eu peço para que vocês nos ajudem curtindo, compartilhando, sobretudo se inscrevendo no nosso canal. Inscrever-se no canal da comunidade é muito importante para nos ajudar a ter um alcance maior. E se você já é inscrito, parabéns, porque você faz parte da família dos 50.000 inscritos! Hoje, a comunidade Pantocrator bateu 50.000 inscritos no canal do YouTube. Você faz parte dessa história também e agradeço a todos
vocês que já são inscritos. E quem não é, se inscreva! Ative as notificações, assim você vai recebendo nosso conteúdo em primeira mão, tá bom? E nos ajuda também a chegar mais longe. Aproveito para fazer o nosso convite de todas as segundas-feiras para que você ajude o nosso apostolado, o nosso apostolado da evangelização digital. Agora está trabalhando de maneira unificada. Então, a live do Terço do Amor Poderoso, que ocorre antes do Lente Católica, e o Lente Católica agora estão integrados. Estamos fazendo aí uma campanha, e hoje é o último dia da nossa campanha para tentar fechar
essa meta e adquirir alguns materiais, microfones, holofotes, material para o estúdio da comunidade. Tudo isso requer um investimento para melhorar a qualidade de som e de imagem da nossa live. Então, fica aí o meu convite: caso você ainda não tenha contribuído com essa campanha, você pode contribuir pelo Pix: 1999 399 5316, que é o Pix da comunidade Pantocrator. Ou você também pode fazer uma transferência bancária, pelo Banco 290 do PagSeguro, a agência é 1000 ao contrário e o número da conta é 0993 8572 D6E. Através desses dados, é possível que você nos ajude, seja através
de uma transferência bancária, seja através de uma doação no Pix. E, se você também não pode nos ajudar agora financeiramente, eu tenho certeza que você pode nos ajudar espiritualmente com as suas orações, colocando na intenção do seu terço para que a gente consiga chegar mais longe. Na semana passada, nós havíamos atingido 65% do valor total da campanha, mas ainda faltava bastante, mais de 30%, para conseguirmos fechar a meta. Mas temos tempo ainda, temos hoje e temos a semana para conseguirmos, se Deus quiser, fechar essa meta. Agradeço a todos vocês que sempre colaboram, sempre nos ajudam,
e que Deus abençoe e multiplique na vida de vocês tudo aquilo que vocês têm repartido com a obra de evangelização da comunidade Pantocrator. Muito bem! Se você chegou agora, nós estamos começando aqui a nossa conversa. Falaremos hoje sobre os dons e carismas do Espírito Santo, e para que a gente possa começar bem essa conversa, nada melhor do que pedir a presença do Espírito Santo. Então façamos isso em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Vinde, Espírito Santo! Enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Envai o
vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da terra. Oremos: Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação por Cristo, Senhor nosso. Amém. Nossa Senhora, filia predileta de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, esposa do Espírito Santo, ajuda-nos a ter um coração aberto, dócil; um coração que faça frutificar os dons do Espírito Santo derramados no dia do nosso batismo sobre o nosso coração, sobre as nossas mentes, sobre a nossa vontade. Que
estes dons produzam frutos de santidade. Isso nós Te pedimos, Mãe Santíssima, e invocamos a tua intercessão, rezando: Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. O Senhor Todo-Poderoso nos abençoe, nos guarde, nos livre de todo o mal. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Muito bem! Então, se você chegou agora, meu irmão, nós estamos começando aqui o nosso programa desta
segunda-feira. Hoje, falaremos a respeito dos dons e dos carismas do Espírito Santo, e vamos entender um pouquinho a diferença entre dom e carisma e como que a gente pode... Usar isso na nossa própria vida, enfim, para o nosso bem, enfim, né? Eh, vamos entender um pouquinho disso. Bom, em primeiro lugar, a primeira coisa que a gente precisa falar, né, quando entramos nesse assunto de dons e carismas do Espírito Santo, nós temos que entender, em primeiro lugar, quem é a pessoa do Espírito Santo. A pessoa do Espírito Santo é o amor que o Pai tem pelo
Filho e que o Filho tem pelo Pai. O amor de um pelo outro é uma pessoa. Deus é um só, mas Deus existe em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. Não são três Deuses, mas um Deus único em três pessoas. São três personalidades, são três pessoas individuais, mas ao mesmo tempo, um único Deus. A essência divina é a mesma e a única essência. Então, quando nós falamos do Mistério de Deus, da pessoa do Espírito Santo, nós temos que falar
do Mistério da Trindade. O Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade. O Pai é o Criador por excelência; é aquele que gera, é aquele que cria. O Filho é aquele que salva, é aquele que é um modelo de todas as coisas criadas. Como que Deus criou as coisas no mundo? Olhando para o Filho. São Paulo vai dizer que Jesus é o modelo perfeito de tudo que existe, porque tudo que existe nasceu do olhar do Pai sobre o Filho. O Pai, olhando para o Filho, criou todas as coisas, inclusive a nós, seres humanos. Então, nós,
seres humanos, no plano de Deus, na história da salvação, somos importantíssimos. Por quê? Porque o simples fato de cada um de nós - você, eu, você que está me assistindo aqui ao vivo, você que vai me assistir depois - o simples fato de você existir, você, não outra pessoa, você significa o quê? Que Deus pensou em você desde toda a eternidade. Desde quando Deus é Deus, Ele já pensa em tudo. Antes de existirmos no tempo, nós já existíamos no pensamento de Deus. Isso é grande demais! Nós não somos qualquer coisa, nós não somos qualquer um.
Nós temos um valor diante de Deus, um valor muito grande. Nós valemos o sangue do Filho de Deus, que é Jesus. Nós valemos muito! Qual é o valor de um ser humano? O sangue de um Deus foi usado para comprar cada um de nós. Nós devíamos ao pecado; Adão e Eva pecaram, e o pecado se comunicou de maneira misteriosa à humanidade toda. Nós éramos devedores do pecado, mas Cristo pagou a dívida que era nossa. Ele nos comprou, Ele nos resgatou. Então, quando nós pensamos nisso, isso é grande demais. E o ser humano dá glória a
Deus pelo simples fato de existir. Santo Irineu de Leão dizia que a glória de Deus é um homem vivo. Por que a glória de Deus é o homem vivo? Porque você, eu, todos nós refletimos a semelhança divina. E quando Deus olha para nós, Ele vê refletido em nós a grandeza Dele mesmo. O nosso corpo... já pararam para pensar nisso? O seu corpo funciona independentemente da sua vontade. Você não precisa dizer ao seu pulmão encher-se de ar; não precisa dizer ao seu coração bombear sangue. O seu coração, o seu pulmão, as suas funções ocorrem independentemente da
sua vontade. É o dom da vida que Deus mesmo te deu! Então, a nossa vida reflete a grandeza de Deus. Deus, quando Ele olha para nós, vê a grandeza Dele mesmo. E tudo que Deus criou, Deus criou olhando para o Filho. O Pai olha para o Filho e cria todas as coisas. Só que o poder criador de Deus, a ação de Deus, vem de onde? Do Espírito Santo. O Espírito Santo é a alma da Igreja; Ele é a ação. E o Espírito Santo habita em todos nós - em vocês, em mim. Todo mundo que é
batizado, todo mundo que é crismado, o Espírito Santo mora em nós. Ele está dentro de nós. Por isso que Deus não está longe de nós. Tem gente que às vezes fala: “Ah, eu me sinto tão longe de Deus.” Eu me sinto tão distante. Você é batizado? Você é crismado? Se você for batizado, for crismado e estiver em estado de graça, tiver confessado direitinho, o Espírito Santo está aí. Deus não está longe; Ele está dentro de você. E por que às vezes parece que Deus está longe? Parece que Deus está longe porque, na verdade, nós mesmos
estamos longe de nós mesmos. Quantos de vocês, eu também, quanto tempo a gente gasta com a gente mesmo, às vezes? Pouco tempo. Nós temos que trabalhar, temos muitas atividades, temos que dar conta de tudo: dar conta de casa, de filhos. Enfim, cada um tem aí os seus problemas. Tem gente que cuida de pai e mãe idosos, tem gente que cuida de filho pequeno, tem gente que cuida das duas coisas, dos filhos e dos pais. Enfim, cada um de nós aqui tem uma vida diferente e tem exigências próprias. E às vezes nós não temos tempo de
olhar para a gente mesmo. Então, por que parece que Deus está tão longe da gente? Porque, na verdade, nós estamos muito longe de nós mesmos. Nós não conseguimos identificar, às vezes, nem os nossos problemas, nem as nossas dificuldades. Às vezes a gente não consegue fazer isso. E aí, o que acontece? Como a gente não consegue... Ter esse contato com a gente, mesmo de olhar para a gente, de entender os problemas que nós estamos tendo, de fazer um bom exame de consciência. Então, a gente acha que Deus está longe, mas Deus não está longe; Deus está
dentro. Deus está dentro. Santo Agostinho teve um caminho muito tortuoso de conversão e vocês têm assim uma ideia, né? Às vezes, de uma distância que, na verdade, ela não existe. Santo Agostinho dizia isso. Santo Agostinho dizia que Deus é mais íntimo a nós do que nós mesmos. Deus está mais dentro da gente; Ele sabe mais de nós do que nós mesmos. E, às vezes, a gente não tem essa ideia; nós não temos esta proporção. Inclusive, quando Santo Agostinho diz isso, que Deus é mais íntimo a nós do que nós mesmos, isso significa o quê? Que
Deus sabe mais de mim do que eu. Então, eu devo pedir a Deus que me ensine; eu devo pedir a Deus que me mostre aquilo que está dentro de mim mesmo, porque nem eu sei. Às vezes, o meu pecado, os meus erros me impedem de enxergar dentro do meu próprio coração. Eu faço aqui uma pausa, né? Como nós estamos ao vivo, eu faço uma pausa e gostaria de convidar vocês que estão assistindo ao Lente Católica, o nosso programa, para, junto comigo, rezarmos uma Ave Maria pela alma de Dona Helena Maria Botelho. Dona Helena é mãe
do nosso fundador, André Botelho. Nós acabamos de receber aqui, faz um minuto, a comunicação de que Dona Helena, Dona Helena Maria, mãe do nosso fundador André Botelho, que esteve presente desde o início da comunidade, acabou de falecer; ela acabou de fazer a sua Páscoa dentro da oitava de Pentecostes. Dona Helena é uma pessoa que caminhou dentro da Renovação Carismática, que tem essa ligação tão grande com a pessoa do Espírito Santo, né? Tem essa ligação com a renovação e com a fundação da comunidade desde o início. Dona Helena é daquele grupo dos primeiros Campineiros que conheceram
a experiência do batismo no Espírito. Ontem, eu estive na missa de Pentecostes na comunidade e a vi junto com seu José Fernandes, que é o esposo, e ambos participaram ontem da Santa Missa da Solenidade de Pentecostes. Ela foi uma pessoa que falou tanto do Espírito Santo, foi tão cheia do Espírito Santo, e foi recolhida por Deus neste mês de Nossa Senhora. Ela também era uma grande devota de Nossa Senhora. No dia 29 de maio, né? Mês de Maria, oitava de Pentecostes, foi a Páscoa da Dona Helena. Então, eu gostaria de fazer essa pausa aqui. Depois,
nós continuamos a nossa conversa para que a gente possa rezar esta Ave Maria pela mãe do nosso fundador e, de certa forma, mãe de todos nós da comunidade Pantocrato, né? Todos nós a conhecemos; ela é uma das consagradas mais antigas da comunidade. A comunidade nasceu na sala da casa dela; ela costumava dizer que era na sala da casa dela que a comunidade nasceu. Dona Helena já tinha mais de 80 anos; ela aparentava ter bem menos, né? Sempre se cuidou muito e tudo mais; ela aparentava ter menos idade, mas já tinha mais de 80 anos. Que
Deus possa acolher Dona Helena e dar o consolo necessário ao seu esposo, Seu José; ao nosso fundador, André; à Tânia, que é esposa do André; aos netos; aos filhos. Que Deus possa acolhê-la, a Dona Helena. Quando o Lente Católica começou, ela foi a primeira pessoa com quem eu conversei. No Lente Católica, que era um apostolado que estava nascendo, eu conversei com ela a respeito de Nossa Senhora Aparecida, né? Foi uma das primeiras lives que a gente começou a fazer. Na ocasião, eu estava operado, né? Eu não conseguia andar ainda e o programa começou; esse apostolado
começou quando eu estava sem andar. Ela fez essa conversa comigo aqui e que Deus a receba, né? Então, rezemos esta Ave Maria pela alma de Dona Helena Maria. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Dai-lhe, Senhor, o descanso eterno e a luz perpétua a ilumine. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Que Nossa Senhora acolha a Dona Helena, né?
Que eu tenho certeza que foi alguém que viveu para Deus e viveu com Deus. E, inclusive, ela insistiu muito comigo, né? Nos últimos dias, eu tenho uma dívida agora para pagar com a Dona Helena; ela insistiu muito para que a gente gravasse a oração da Coroa das Lágrimas para poder ser veiculada, né? No canal do YouTube da comunidade, para que as pessoas pudessem rezar. Então, essa é uma dívida que eu conversei com a Dona Helena um tempo atrás e não cheguei a concretizar ainda, né? O pedido que ela fez. Então, que Deus a acolha e
a receba, né? Neste dia aqui, né? No primeiro dia da oitava de Pentecostes. Muito bem, mas estamos falando justamente dos dons do Espírito. Os dons do Espírito nos são dados a todos nós que somos batizados. Todos nós temos acesso aos dons do Espírito Santo, só que nós recebemos estes dons como uma semente. Uma semente. Então, no batismo, todos nós recebemos essa Sementinha. E essa Sementinha, para crescer, para dar fruto, ela precisa ser regada. E se essa semente não for regada, ela não produz, ela não dá nada, né? Ela não é. Então eu tenho a semente.
Mas se eu não cultivar a semente, a semente não pode fazer muita coisa; ela não pode produzir, não pode me alimentar. Isso vale para a vida da alma. Todos nós, batizados e crismados, temos os sete dons do Espírito Santo. Todo mundo tem sabedoria, entendimento, fortaleza, temor de Deus, piedade. Todo mundo tem. Todos aqueles que são batizados recebem. Só que a gente vai olhar para a vida de alguns batizados e a gente vai ver: "Puxa vida, como que essa pessoa pode viver tão mal se ela tem os dons do Espírito Santo?" Muito bem, ela não fez
frutificar esses dons. Então, naquilo que depende de Deus, já está tudo feito. Agora, naquilo que depende da pessoa, às vezes ainda há muito por fazer. Às vezes ainda há muito por fazer e, justamente por haver algo por fazer, por faltar essa colaboração humana, é que os frutos não vêm. Santo Agostinho dizia: "Deus que nos fez sem nós não quer nos salvar sem nós." Deus quer a nossa colaboração para poder nos salvar. Então, os dons do Espírito Santo vão frutificar na medida em que eu me confesso, em que eu rezo, em que eu correspondo à graça
divina, em que eu peço a Deus ajuda para que esses dons frutifiquem. Eu tenho que pedir a Deus para que isso frutifique em mim, para que isso tenha um efeito concreto. Agora, se eu não pedir a Deus, realmente esses dons ficam engavetados, eles ficam guardados. Então, quando falamos dos dons do Espírito Santo, o Espírito Santo é a alma da Igreja. O Espírito Santo é sabedoria, o Espírito Santo é ação. Então, esta terceira pessoa da Trindade, que é movimento, que é vida, que mantém a Igreja, o Espírito Santo é quem inspira, é quem governa, é quem
realiza as ações de Deus. Então, o que o Espírito Santo faz? Ele nos dá dons, ele nos dá presentes. Sete presentes na Bíblia. O número sete é muito representativo, né? Ele significa, justamente, a plenitude. Então, a plenitude, o que seria a plenitude? Seria a totalidade, né? Seria aquela completude. Então, quer dizer, tudo que nós precisamos está contido aí nesses sete dons. Os mesmos sete dons que foram dados aos Apóstolos são os sete dons que são dados a mim, são dados a você. Então, não são dons diferentes. Às vezes a gente pensa que os santos receberam
graças muito diferentes. Não, são as mesmas graças. A diferença está na resposta. Os santos responderam de maneira generosa e, na medida em que você responde generosamente, Deus dá mais, Deus expande, Deus cumula ainda mais. Então, nós temos o dom da sabedoria. O que o dom da sabedoria nos faz? O Catecismo da Igreja nos ensina que o dom da sabedoria é o principal dom do Espírito Santo, porque ele perpassa todos os outros. De certa forma, quem tem a sabedoria adquire e faz frutificar os outros dons. Por isso que ele é o primeiro dom. O dom da
sabedoria nos faz maravilhar-nos diante das coisas de Deus. Ele nos permite sentir, saborear e entender com docilidade os mistérios de Deus. O Catecismo vai nos dizer que o dom da sabedoria nos concede uma compreensão não humana dos mistérios e da grandeza divina. Ou seja, é um dom de Deus mesmo; não é um dom meramente humano. Não é sabedoria em termos de conhecimento humano, mas é aquela capacidade de apreciar os mistérios de Deus. E é justamente isso que a gente reza na oração do Espírito Santo: "Fazei que apreciemos retamente todas as coisas." Apreciar da maneira certa
as coisas, isso é a sabedoria. O dom do Espírito Santo é considerado maior de todos os dons. E por que ele é considerado maior de todos os dons? Porque ele eleva o ser humano a uma experiência sobrenatural de Deus. É o dom da sabedoria que nos faz ter um relacionamento realmente filial com Deus. O capítulo 3 do livro de Provérbios vai dizer que "Feliz é aquele que encontrou a sabedoria." Em Provérbios 3:13, realmente feliz é aquele que encontrou a sabedoria. Depois do dom da sabedoria, nós temos um dom próximo da sabedoria, que é o dom
do entendimento. Alguns chamam de dom da inteligência ou dom de inteligência. O entendimento é o dom que nos permite adentrar na verdade divina, nos permite conhecer, mas conhecer para além do esforço humano. O dom do entendimento nos faz ultrapassar as barreiras humanas, conhecendo a verdade que é uma pessoa, que é o próprio Cristo. Isso é o dom do entendimento. Depois, o Espírito Santo nos dá o dom do conselho. É o dom que nos faz agir com esperteza. O conselho nos ensina, nos faz agir com esperteza, com destreza. Nos faz escapar das astúcias dos nossos inimigos,
muitas vezes nos faz escapar daquele olhar da prudência humana e nos faz enxergar as coisas com o olhar de Deus. Nos concede uma maneira certa de agir, de proceder diante das situações mais complexas que podem aparecer. O dom do conselho nos orienta no caminho para a salvação. Ele nos ensina a escolher aquilo que é bom e a rejeitar aquilo que é mau. Ele nos dá clareza, clareza que vem da parte de Deus, que fala ao nosso coração. E clareza também para que nós possamos orientar aqueles que estão perto de nós. Por exemplo, se você é
pai, se você é mãe, o dom do conselho vai servir não só para você, mas vai servir também para que você, na sua missão de pai, de mãe, de professor... seja lá do que for. Nesse nestes desafios, você vai poder orientar aqueles que estão perto de você. O conselho, depois, o Espírito Santo nos dá o dom da Fortaleza. A Fortaleza é o dom que nos move a executar aquilo que nos ensina o conselho, tendo, né, como a principal finalidade, né, o dom da Fortaleza. Qual que é o fim dele? Onde que ele nos leva? Ele
nos leva a dar glória a Deus, apesar dos sacrifícios exigidos para que a gente dê glória a Deus. É o dom que nos move a executar aquilo que o conselho nos diz. O dom do Conselho nos ensina a buscar a salvação; o dom da Fortaleza nos ajuda a permanecer neste caminho para a salvação. A gente vai ver, por exemplo, a virtude da Fortaleza de um modo excelente na vida dos Santos Mártires, que, apesar de todos os problemas e de todas as dificuldades, se mantiveram firmes e derramaram seu sangue por Cristo. Isso é o dom da
Fortaleza. Depois, o Espírito Santo, além de nos dar o dom da Fortaleza, nos dá o dom da ciência. O dom da ciência está muito ligado com a ação da providência divina. É pelo dom da ciência que nós conseguimos ver a mão de Deus agindo na história, na nossa história e na história do mundo, nos acontecimentos do cotidiano. Pelo dom da ciência, nós conseguimos distinguir os espíritos que nos movem. A gente já conversou algumas vezes por aqui a respeito dos espíritos que podem mover uma ação humana. Uma ação humana pode ser movida pelo Espírito Santo, pode
ser movida pelo espírito humano (vontade própria, amor próprio) ou pode ser movida pelo espírito maligno. O dom da ciência me faz encontrar Deus, me faz entender onde está a mão da Providência. O dom da ciência me ensina a olhar os fatos da vida com o olhar de Deus, como Deus vê a situação. Aquilo que às vezes pode parecer uma tragédia do ponto de vista humano, para Deus não é uma tragédia. Diante de Deus, às vezes há um bem que pode ser tirado da vida. Esse é o dom da ciência. O dom da ciência está muito
presente se a gente olhar na vida da Igreja, sobretudo na ação dos pregadores, que têm um carisma próprio para isso, para ensinar e para pregar. Nós vemos o dom da ciência na vida dos Santos, sobretudo nos Santos Doutores, que são aqueles que ensinam um caminho seguro para Deus, um caminho seguro para a salvação. Nós vemos isso na vida, por exemplo, de muitos diretores espirituais, muitos sacerdotes que conduzem almas, de muitos superiores e superioras religiosas, de fundadores de comunidades, de formadores de comunidades, que são pessoas que se deixam conduzir pelo Espírito Santo. É o dom da
ciência. Depois, temos o dom da Piedade. O dom da Piedade nos faz tratar as coisas de Deus com o valor que elas têm. O dom da Piedade nos faz tratar como sagradas as coisas de Deus, nos faz dar o valor devido àquilo que é próprio de Deus. O dom da Piedade nos faz reconhecer em Deus o nosso Pai. O dom da Piedade nos ajuda a entender o nosso lugar de filhos de Deus. O dom da Piedade está ligado à capacidade de nos aproximar de Deus, depender de Deus, dizer tudo para Deus e amar a Deus.
Então, essa é a grande virtude deste dom. E, por último, nós temos o dom do temor de Deus. O temor de Deus nada tem a ver com o medo de Deus. Às vezes, nós confundimos isso por conta da terminologia que é utilizada, né? O temor de Deus não tem a ver necessariamente com o medo de Deus, mas sim com o desejo de querer agradar a Deus em tudo. O temer a Deus, o ser temente a Deus, não é ter medo, mas é ter consciência da grandeza de Deus, da bondade de Deus, da perfeição de Deus.
Então, Deus precisa ser amado, honrado e servido, porque nisso está a nossa felicidade. O Salmo mesmo vai dizer, né, que "meu prazer é louvar-te, meu prazer é estar nos teus átrios, ó Senhor". Assim cantava o Rei Davi neste Salmo, dizendo que o seu prazer estava em ficar na casa de Deus, em servir a Deus, em falar com Deus. Isso é o temor de Deus. Então, uma alma que se deixa possuir pelo temor de Deus, o que ela quer fazer? Ela quer, a todo custo, destruir o quanto antes o pecado dentro de si. E o que
essa alma faz? A alma que teme a Deus, ela faz penitência, ela se mortifica, ela reza, ela busca meios para estar perto de Deus. Certamente, talvez você faça isso; talvez você tenha exemplos disso na sua família, na sua casa. Às vezes, a gente pensa em algumas pessoas, né, que a gente conhece, que são pessoas que buscam a Deus o tempo todo. São pessoas que, em todo o tempo livre, estão rezando, estão lendo alguma coisa, estão trabalhando na Igreja, estão fazendo alguma coisa para Deus. É o temor de Deus que move essas pessoas, e esse temor
nada tem a ver com o medo, mas sim com o desejo de agradar a Deus, de estar com Deus, de falar com Deus, de não se afastar de Deus por nada. Então, estes são os dons do Espírito Santo. Todos nós temos esses dons. Todos nós temos. Nós temos que fazer frutificar. Mas eu não sei, Rafael, por onde começar, né? O que eu faço? Por onde que eu começo? [Música] Eu digo para você: você pode começar pegando os sete dons do Espírito Santo e, cada dia, rezando sobre um deles e pedindo a Deus que, a cada
dia, te dê um deles. Você já tem esses dons, mas que... Deus amplie em você. E outra coisa importante: o Espírito Santo habita em nós. Santo Agostinho dizia: "Tarde te amei, ó beleza sempre antiga e sempre nova. Longe eu te buscava, mas dentro de mim tu estavas." Santo Agostinho buscou Deus tão longe; buscou a Deus na filosofia, em seitas, em teorias, mas Deus estava dentro dele, mais íntimo a ele do que ele mesmo. E Deus era tão íntimo a Agostinho e é tão íntimo a nós, que nós não percebemos a sua ação. Então eu convido
você, meu irmão, minha irmã, nesta semana, sobretudo nesse tempo de oitava de Pentecostes, a fazer uma experiência. Uma experiência de oração, mesmo de rezar. Nesses dias, todo dia, pedindo ao Espírito Santo. Cada dia, você medite sobre um dom: um dia a sabedoria, um dia o temor de Deus, um dia o entendimento, um dia a fortaleza. Você vai pegando os dons do Espírito Santo e, cada dia, vai pedir ao Espírito Santo: "Espírito Santo, me faz mais forte. Me ajuda a amar mais, a perseverar na oração. Eu não estou tendo fortaleza; um dia eu rezo, outro dia
eu não rezo. Me dê a virtude da fortaleza, o dom da fortaleza. Faça frutificar em mim. Vem, Espírito Santo, me dê o dom da piedade, me ensina a rezar." E nisso, a espiritualidade da Renovação Carismática, por exemplo, trouxe muito à tona a ideia da oração em línguas. Se a gente pegar lá na Igreja Primitiva, nos textos do apóstolo Paulo, São Paulo já dizia para que serve, por exemplo, a oração em línguas. Ela serve para edificação pessoal, mas para a edificação da Igreja. E para que serve a oração em línguas? Já que é uma coisa que
ninguém entende, você vai pronunciando palavras desconexas, justamente para que o Espírito Santo possa rezar em você. Essa é a ideia da oração em línguas: que quem está rezando não está inconsciente, não é que a pessoa está possuída como se o Espírito Santo falasse pela boca dela inconscientemente. Não é isso. A oração em línguas é uma pronúncia desconexa mesmo de palavras, acompanhada de um pedido ao Espírito Santo: "Reza em mim aquilo que eu não sei pedir, aquilo que eu não sei dizer, aquilo que eu não sei falar." Que o Senhor diga, que o Senhor peça, que
o Senhor fale em mim. Nós temos de fazer essa experiência de pedir ao Espírito Santo que reze em nós, que nos ensine a rezar, que nos ensine o que pedir e nos ensine a pedir de maneira agradável. Às vezes, nós rezamos, e a nossa oração não é agradável a Deus. É uma oração que gira em torno de nós mesmos, dos nossos problemas, dos nossos egoísmos. Não, essa oração não agrada a Deus. Então, pensamos: "Espírito Santo, me ensina a rezar de um jeito que eu agrade a Deus." Eu não sei rezar, mas, enquanto você não sabe
rezar, enquanto você está pedindo, reze do seu jeito. Mas diga que o que mais importa para Deus não é se você está fazendo certo ou errado, mas se você está com o coração aberto e disposto a fazer o certo. Então, peça: "Espírito Santo, me ilumine, age em mim, me ajuda a pedir aquilo que precisa ser pedido, a rezar do modo como eu preciso rezar." Me ajuda, Espírito Santo. E aí você vai perceber que o Espírito Santo, que já acompanha, vai podendo atuar porque você vai abrindo as portas. Outra coisa importante: nós devemos crer firmemente, de
coração aberto, que o Espírito Santo, quando nós pedimos ajuda dele, ele age. Nós rezamos no começo do nosso programa: "Hoje, vinde, Espírito Santo." Quando nós dizemos para o Espírito Santo: "Vem, Espírito Santo", ele vem. Mas, às vezes, a gente não está aberto. A gente pede para que ele venha, mas não deixamos que ele aja. Então, precisamos pedir, mas precisamos confiar que ele vai agir, que ele vai fazer. Tenhamos esta abertura de coração, tenhamos esta visão das coisas, este desejo de que o Espírito Santo fale em nós, que os nossos pensamentos, que os nossos sentimentos, sejam
do Espírito Santo, não sejam do mal, não sejam do espírito maligno. Que a gente possa agir para o bem e pelo bem. Mas a gente precisa pedir ajuda de Deus. Por isso, o Espírito Santo é o ajudador, ele é o consolador, é aquele que Jesus prometeu para os apóstolos. Vejam vocês que Jesus viveu com aqueles 12 homens. Ele ressuscitou, ele curou, ele pregou, ele fez tudo que fez. Aqueles homens viram o homem-Deus aqui na terra com os olhos da carne, eles tocaram em Jesus, falaram com Jesus, mas não tinham entendido tudo. O próprio Jesus falou:
"É necessário que eu me vá para que, depois, eu envie para vocês o Espírito Santo. E aí, vocês entenderão todas as coisas." Muita coisa daquilo que os apóstolos tinham ouvido, muitos dos ensinamentos de Jesus, não tinham efeito prático na vida daqueles homens. Eles não sabiam o que fazer com tudo aquilo que tinham vivido porque ainda não tinham o Espírito Santo. Quando Jesus manda o Espírito Santo, tudo faz sentido. Então, aqueles homens, que estavam medrosos, acuados, fechados dentro de casa por medo dos judeus, se tornaram valentes missionários, que saíram de peito aberto e, com exceção de
São João Evangelista, foram todos massacrados pelas autoridades do tempo, ou pelos judeus, ou pelos romanos. Todos os apóstolos foram martirizados. Por quê? Porque para eles nada valia mais do que... Cristo, nada poderia ser colocado na frente de Cristo, por quê? Porque eles viram o ressuscitado e eles receberam o Espírito Santo. Que ou todas as coisas! Então vejam, vocês são momentos diferentes. Os apóstolos, eles caminharam com Jesus, mas eles não tinham entendido totalmente aquilo; não tinha solidificado, entrado no coração. Quando vem o Espírito Santo, a graça de Deus, ela age de maneira maravilhosa, de maneira imensa,
de maneira extensa, ampla, plena. E aqueles homens se tornaram quem se tornaram; foram capazes de derramar seu sangue por Cristo. Então, estes são os dons do Espírito Santo. Agora nós temos os carismas do Espírito Santo, que aí são dons menores. E muitos desses carismas são transitórios. Deus dá por um tempo. Para que servem os carismas? Os carismas são dons menores para o bem da Igreja, para edificação da Igreja. Quem tem um dom do Espírito Santo? Todo mundo que é crismado tem. Agora, carismas, todo mundo tem? Os mesmos carismas? Não! São Paulo vai falar na carta
aos Coríntios, na primeira carta aos Coríntios. Ele trata bastante da questão dos carismas, e São Paulo vai dizer: existem vários carismas: o dom de línguas, o dom de profecia, o dom de interpretação. Só que estes carismas não são dados para todo mundo; às vezes, eles são transitórios. Deus dá naquele momento, num determinado momento, momento de oração da comunidade cristã ali reunida. Deus manifesta ali um carisma, e estes carismas servem não para aquele que porta o carisma. E, aliás, ter carismas não é sinal de santidade. Isso é interessante! Na história da Igreja, muita gente tinha carisma
de cura; pessoas que rezavam pelas outras e sabiam curas, verdadeiras curas físicas, em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor. Mas isso não indicava uma santidade plena, total, de vida, etc. e tal. Tinha muita gente na Igreja Primitiva, por exemplo, que tinha dons de cura e não foram beatificados, canonizados, não são venerados. Por exemplo, Tertuliano, que foi um dos primeiros padres da Igreja, lá na Igreja Primitiva, até mortos ele ressuscitou, e Tertuliano nunca foi canonizado, apesar de ter estes carismas. Mais no fim da vida, ele caiu em heresia, ele caiu em um erro grave de fé
e passou a ensinar besteiras, inverdades em relação à fé. Então, portar os carismas não significa que a pessoa tenha uma santidade. Uma pessoa pode ter o dom da profecia, fazer profecias que realmente se concretizam; isso não é indicativo de santidade. Os carismas servem para a edificação das outras pessoas; quem recebe é só um canal, e Deus pode se servir de qualquer pessoa, não precisa ser uma pessoa santa. Às vezes, uma pessoa, uma pobre pessoa comum, que esteja, vamos supor, num grupo de oração ou num momento ali determinado, essa pessoa pode receber de Deus alguma graça
para o benefício dos outros com o carisma do Espírito Santo. Certo, então? Só para que nós entendamos um pouco essa questão, a palavra "carisma", né? Ela é um substantivo que vem, né? A raiz desse substantivo está lá na palavra "car", né? Se escreve com "ch", né? Que indica realidades que produzem bem-estar. Então, por exemplo, tem um verbo em grego que nós escrevemos, né? E falamos "kisom", que significa "mostrar-se generoso", "dar de presente alguma coisa a alguém". Então, "carisma" tem também uma ligação com a palavra "caris", que retrata o quê? Um amor perfeito, um presente não
merecido, uma graça dada a alguém, é gratidão. A palavra "caris" pode ser traduzida de várias maneiras, como amabilidade, gratidão, beleza, agradecimento, deleite, bondade, serviço prestado, benefício, dom. Enfim, então, o que são os carismas, né? Na Igreja, eles são dons do Espírito Santo para o serviço da comunidade e para a edificação de quem? Dos fiéis! Um carisma, ele também pode ser usado ou pode ser dado por Deus, conforme São Paulo explica lá na primeira carta aos Coríntios, no capítulo 12. São Paulo vai dizer que um carisma pode ser dado inclusive para conversão dos infiéis. Por exemplo,
um dom de profecia: um sujeito que não acredita em nada participa de um momento de oração; alguém faz uma profecia, a profecia se concretiza, isso pode despertar a fé nesta pessoa que não acredita. A pessoa começa a olhar para aquilo e fala: "Poxa vida, como que a pessoa podia saber disso? Só Deus poderia saber!" Desperta a fé! Então, os carismas são dons dados assim por Deus, por pura benevolência; é um resultado da graça de Deus que atua. É Deus querendo ajudar as pessoas. Na Igreja Primitiva, quando nós falamos, né, de carismas, né? O que eram
os carismas, né, que se fala tanto nos textos da Igreja Primitiva? São dons espirituais extraordinários que o Espírito Santo dava para a Igreja, dava para as pessoas. Então, eram dons prodigiosos que chamavam atenção, às vezes. Esses carismas, né, de que São Paulo fala na Igreja Primitiva, se falava bastante; eles acabam sendo sinais, sobretudo para aquelas pessoas que não creem. E para as pessoas que creem, o carisma acaba sendo uma capacitação do trabalho apostólico, é um ânimo para aqueles que já creem e é um despertar para aqueles que não creem. Então, o carisma, ele tem essa
característica, né? Essas manifestações mais prodigiosas que eram muito comuns nas comunidades cristãs primitivas permaneceram por muito tempo na Igreja, e isso é atestado até por alguns escritos da Igreja Primitiva, como, por exemplo, a Didaché, que é um livro chamado Didaché, né? A catequese dos apóstolos é um livro muito antigo do início do cristianismo em que ele fala um pouco como era o ensino dos apóstolos, o ensino de doutrina. Depois, nós temos alguns escritos de São Justino Martyr. Eh, que falava desses carismas na Igreja Primitiva, é só que depois do século I começou a ter uma
diminuição desses carismas, né? Dessas manifestações de dom de língua, de profecia, de cura, porque a Igreja foi se institucionalizando. Houve a conversão do Império Romano ao cristianismo, então um número muito grande de cristãos chegando. É uma época em que começam a aparecer muitas heresias. Inclusive, a heresia do montanismo, que é uma heresia contra a pessoa do Espírito Santo, que dizia que viria um segundo Pentecostes como o primeiro, né? Na verdade, meio que para completar o primeiro Pentecostes ocorrido lá em Jerusalém com Nossa Senhora e os apóstolos. Por que que é uma heresia quando se fala
em novo Pentecostes, né? Eh, vamos ter um novo Pentecostes, fazer um novo Pentecostes. A gente pode até usar esse termo como linguagem figurada, mas como afirmação literal de teologia, eh, isso é absurdo, é herético. Falar de um novo Pentecoste, por quê? Porque aquele Pentecoste que ocorreu com Nossa Senhora e os apóstolos no CACO é único, mas a força dele se comunica a toda a Igreja até hoje. O mesmo Espírito Santo que veio sobre Maria e os apóstolos lá em Pentecostes é o Espírito Santo que é comunicado pela Igreja através do batismo e do crisma. Então,
não é necessário um novo Pentecostes. O nosso Pentecostes acontece no dia do nosso batismo e no dia do nosso crisma. Então, eh, começa a surgir essa heresia, né, que ela começa a complicar o entendimento que as pessoas tinham dos carismas. Então a Igreja vai dando menos ênfase a esses carismas extraordinários. E, com o tempo, eh, as pessoas vão deixando de pedir ao Espírito Santo esses carismas. Depois, o Concílio Vaticano II, essa teologia dos carismas, né? O estudo dos carismas do Espírito Santo, ela foi retomada dentro da Igreja por teólogos, padres, bispos, freiras no mundo inteiro.
Então, o Espírito Santo, de certa forma, ele foi suscitando de novo estas coisas, e nós podemos dizer que a grande apóstola do Espírito Santo, no final do século XIX, começo do século XX, foi a beata Helena Guerra, que é Padroeira, inclusive, da Renovação Carismática Católica. A Beata Helena Guerra convenceu, ela conseguiu convencer o Papa Leão XIII a consagrar o século XX ao Espírito Santo, à pessoa do Espírito Santo. Então, eh, a Helena Guerra falava que era necessário retomar este contato com a pessoa do Espírito Santo, falar com o Espírito Santo, rezar eh, para o Espírito
Santo. Então, João XXIII, de certa forma, ele retoma também essa pneumatologia. O que que é pneumatologia? É o estudo do Espírito Santo. E, na sessão de abertura do Concílio Vaticano II, eh, o próprio Papa clama, ele pede ao Espírito Santo uma renovação desses prodígios, uma renovação desta ação eh, do Espírito Santo. Eles usam, né, o próprio João XXIII. Ele usa mais de uma vez a expressão novo Pentecoste, mas não é naquele sentido dos montanistas, né? De uma eh, como se o Espírito Santo fosse completar alguma coisa. Não, não é isso, mas seria uma renovação, uma
atualização daquele mesmo Pentecostes lá de 2000 anos atrás. E é a partir daí que houve essa retomada. Então, a gente vê isso na história da Igreja, né? A partir de Pentecostes, tudo mudou. Então, eh, é assim que a gente concebe também eh, a vida da Igreja hoje: é uma vida movida e governada pelo Espírito Santo. Tá bom, nós já vamos caminhando para o final aqui da nossa conversa. Quem tiver perguntas pode já enviar. Gostaria de agradecer especialmente aí aqueles que nos acompanharam desde o começo, né? Desde o comecinho, de várias cidades, de vários lugares aí
do Brasil. E eu vi que o Omar, né? Um dos nomes aí que apareceu, né? Eu vi o Omar falando: "Ó, eu sou de Bueno Brandão." Eu fiquei pensando aqui: "Aqui em Campinas já está frio, Bueno Brandão, lá em Minas; eu conheço Bueno Brandão, era um frio terrível lá!" Eu fico imaginando: se aqui está frio, lá deve estar muito frio, né? Então, muito bem, gente de perto e de longe aí nos acompanhando. Eu aproveito também, eh, para fazer a seguinte recomendação: muita gente eh, às vezes fala: "Ah, eu queria falar com você." Entre em contato
com a comunidade. Falou: "Queria falar com o Rafael." O melhor caminho, mais fácil, para que eu veja é o Instagram. O Instagram tá aí, o meu endereço: @rafaelponom. Nem sempre eu sou muito rápido lá, mas eu respondo às perguntas, né? Geralmente, nos finais de semana, eu boto bastante em dia. Ontem, eu respondi várias perguntas, várias questões que tinham lá, algumas de vocês, inclusive, que acompanharam aqui o Lente e me mandaram perguntas de episódios anteriores, alguma dúvida, alguma coisa que ficou. Então, é o caminho mais curto aí para fazer contato comigo. Vamos ver, então, as nossas
perguntas de hoje. Vamos lá, vamos ver o que temos aí. Isso já já sobe aqui. A gente já tem uma ideia aí mais clara. Aqui, ó, Domingos, professor: a Igreja Católica acredita na ação do sopro do Espírito Santo como os protestantes? Porque os protestantes, eh, realmente sopram sobre as pessoas. Na Igreja Católica, a única pessoa que tem a autoridade, né, de soprar sobre algo é o bispo, porque o bispo é aquele que tem a plenitude do Sacramento da ordem. Então, na Igreja Católica, os fiéis, eh, mesmo os padres, ninguém sopra sobre as outras pessoas. Se
alguém na Igreja Católica soprar sobre alguém, é só vento, é só ar, né? A única pessoa que tem eh, este poder, né, de comunicar o Espírito Santo pelo sopro é o bispo, e o bispo só faz isso uma vez no ano, quando ele sopra sobre os santos. Óleos na missa do Crisma, quando o Bispo sopra sobre o óleo dos catecúmenos, o óleo do Crisma e sobre o óleo dos enfermos. Então, estes santos são os que vão ser utilizados para as unções dos sacramentos, e é costume soprar sobre eles, invocando o Espírito Santo. A ação do
Espírito Santo sobre a matéria do óleo, então, a nossa compreensão da pessoa do Espírito Santo é totalmente diversa da concepção da maioria dos protestantes. Os protestantes históricos - luteranos, calvinistas, anglicanos - têm uma visão do Espírito Santo mais parecida com a nossa. Agora, os protestantes pentecostais já têm uma interpretação bem diferente. Inclusive, o Espírito Santo, das três pessoas da Trindade no protestantismo, é a pessoa mais mal compreendida. Então, a nossa visão é bem diversa. Mais alguma? Vamos ver o Breno. O que é o repouso no Espírito? Os dons do Espírito Santo sempre vêm acompanhados, primeiramente,
da oração em línguas. Boas perguntas, né? O repouso no Espírito e os dons do Espírito Santo têm uma ligação com o dom de línguas. Vamos lá. Vamos por partes. A questão do repouso no Espírito é uma experiência mais sensorial, e ela não é sumamente necessária; não é garantia de que a pessoa realmente teve essa experiência do repouso no Espírito. Em que consiste essa experiência do repouso no Espírito? Ela era muito comum entre os cristãos primitivos, desapareceu por um tempo do uso da Igreja e, depois do Concílio, reaparece com o advento do movimento do renovamento no
Espírito, ou a renovação carismática católica. Então, este movimento, que veio da década de 60 para cá, passou a realçar, a destacar muito essa questão da forma de rezar, proclamando a ação viva, presente e operante de Deus em nós. E, muitas vezes, nesse modo de rezar, algumas pessoas, em dado momento, sobretudo quando umas rezam sobre as outras, começam a perceber que era muito comum que elas perdessem parcialmente o controle de si. Às vezes, dando ali um apagão. A pessoa não fica inconsciente, né? Totalmente inconsciente. Se você falar com a pessoa, ela está ouvindo, e ela tá,
só que a pessoa fica um tanto quanto inerte, ela fica um tanto quanto parada ali, sem conseguir ter um controle muito exato de si, né? Só que isso não é garantia do chamado repouso no Espírito, ou a oração no Espírito. A oração no Espírito é muito mais um impulso interior de abertura ao Espírito Santo, aos dons, ao que o Espírito Santo quer falar. Então, em cada pessoa isso vai se manifestar de um jeito. Por exemplo, na maioria das pessoas, como isso pode se manifestar? Às vezes, em um momento de oração muito intenso, a pessoa tem
ali uma iluminação, ela tem uma luz, e passa a rezar espontaneamente de um jeito que nunca rezou antes. Então, já aconteceu ali a experiência do repouso no Espírito. E a questão da oração em línguas não necessariamente vem já de imediato no chamado batismo no Espírito. O batismo no Espírito também é um termo que não é literal; é um termo metafórico. Se você já é batizado, você já é batizado no Espírito. Você já é batizado. Mas, na medida em que vai rezando, vai tomando posse das graças que Deus te dá, isso transborda em algum momento e,
aí, eventualmente, pode haver um impulso natural de começar a rezar em línguas, mas não é o comum. O mais comum é que você vá tendo uma consciência e, em dado momento, perceba que é um movimento interior em você de se abrir a Deus e falar com Deus, e não colocar barreiras para Deus. Então, o batismo no Espírito pode, sim, se dar e a oração em línguas é mais consciente do que inconsciente. Então, muita gente pensa assim: "Ah, então eu não recebi o batismo no Espírito porque eu não rezo inconscientemente." Muita gente acha que é como
se o Espírito Santo puxasse a língua da pessoa e dissesse: "Vai, né, reza aí." E, na verdade, não é assim. É consciente mesmo. Então, você tem esse movimento e você fala: "Não, eu vou rezar assim." Você se sente impelido a isso, e aí começa conscientemente a pronunciar coisas de maneira desconexa, pedindo ao Espírito Santo: "Reza em mim, fala em mim, que o Senhor faça em mim sua vontade." Então, é mais consciente do que inconsciente. Vamos lá, mais alguma questão? Outra aí! Na RCC, normalmente ouvimos que o dom de ciência nos revela o problema do outro
e o dom da sabedoria é o remédio. Por que essa diferença? Bom, o dom de ciência não necessariamente revela o problema do outro. Não necessariamente. O dom de ciência está mais ligado a conhecer as coisas de Deus, as coisas relacionadas à salvação e não necessariamente saber as coisas do outro, entendeu? Agora, é claro, Deus pode revelar alguma coisa que está dentro do outro, algum problema da outra pessoa, inclusive para fortalecer a fé da pessoa. Então, às vezes, uma pessoa aleatória chega para alguém no grupo de oração e fala: "Olha, o Senhor me coloca aqui para
que eu diga isso isso para você." E, de repente, é o que você está rezando. Você fala: "Puxa vida, é uma confirmação." Então, isso não deixa de ser dom de ciência. Agora, a sabedoria, quando fala que o dom de ciência aponta o erro e a sabedoria é o remédio, o que isso quer dizer? Que é uma linguagem muito comum dentro da Renovação. O dom de ciência, às vezes, ele desperta alguma... Coisa, uma moção, alguma coisa para que você proclame. Mas o Dom da Sabedoria vai te fazer medir e vai te fazer compreender sobre como você
deve colocar isso. E aí é necessário o quê? Discernimento para que? E a sabedoria, né? É o Espírito Santo mesmo falando. Então, é necessário que você use da sabedoria para discernir se aquilo que parece ciência realmente é, porque pode ser coisa sua, pode ser coisa da sua cabeça, pode ser uma sugestão demoníaca. Então, você precisa do Dom da Sabedoria para distinguir se você vai falar mesmo ou não. Uma vez, um sacerdote comentou em um retiro que eu participei que ele rezou para uma pessoa, a pessoa veio pedindo por uma determinada intenção e veio muito forte
nesse sacerdote a palavra "estômago". Ele rezava e, toda hora, vinha "estômago, estômago, estômago". E aí ele fez o quê? Ele pediu ao Espírito Santo: "Dom da Sabedoria, o Espírito Santo me deu a sabedoria de saber como falar isso para essa pessoa, para ver se realmente tem a ver". E olha que interessante como o Espírito inspira as coisas! E aí, esse padre diz que teve uma inspiração, não de proclamar alguma coisa na oração, mas de perguntar. Ele disse para esse senhor: "Senhor, estamos rezando por essa intenção, mas o senhor está com algum problema no estômago?". Olha
aí o dom de ciência, o problema do outro! Aí, esse senhor falou: "Sim, eu estou com problema, fui diagnosticado com câncer, assim, assim, assim. Eu vim rezar por outra coisa, mas, por causa do câncer, estou fazendo tratamento. Estou confiante". Aí o padre falou: "Não, bem, eu posso rezar por essa questão do estômago também". E esse senhor disse: "Sim, claro, padre, claro, né?". E o que que o padre fez? Estendeu ali a mão e deu uma bênção a esse homem. Passou um tempo e esse homem voltou até o padre, dizendo que, daquele dia em diante, ele
foi tendo uma melhora significativa no tratamento dele, até que se curou. Olha que interessante! É o dom de ciência. O Espírito Santo sugeriu, Ele mostrou para aquele sacerdote, mas o sacerdote foi sábio, ele foi prudente. Se ele proclamasse ali alguma coisa e não fosse da cabeça dele, e se fosse uma tentação demoníaca? Não, ele foi prudente; ele perguntou para a pessoa: "Tem alguma coisa relacionada com isso?". Se a pessoa dissesse "não", ele falaria: "Ah, tá, então, tá bom, então vamos rezar", e já desviava o assunto. Sabedoria! Mas se ele dissesse: "Tem alguma coisa a ver
com isso?", então é uma confirmação daquilo que Deus realmente colocou. Então, vamos rezar por isso, entendeu? Então são coisas que se equilibram. Vamos lá, mais alguma questão? A gente responde aqui ainda mais uma: a diferença do dom de profecia e ministério profético. Bom, o pessoal confunde muito, às vezes, essas coisas, né? O dom de profecia, ele nem sempre é claro e ele é exato. Muita gente pensa que a profecia é dizer para a pessoa: "Olha, vai acontecer isso com você, tal dia, tal hora. Eu estou proclamando", né? E, na verdade, não é assim. Deus mostra
o que Ele quer, o quanto Ele quer e até onde Ele quer. E, às vezes, o que Deus mostra é muito obscuro. A linguagem profética é assim. Por quê? Porque nós estamos neste mundo e precisamos da luz da fé para nos orientar. Então, toda a profecia tem uma série de condicionantes. Deus, às vezes, suscita uma profecia, mas essa profecia, para se concretizar, depende em grande parte das ações humanas: como eu vou responder a Deus, como eu vou fazer as coisas, entender as coisas. Então, há uma série de condicionantes. O dom da profecia não é simplesmente
o dom de prever o futuro, mas é o dom de anunciar aquilo que Deus quer que seja dito naquele momento. Então, por exemplo, às vezes, numa oração em grupo, numa oração comunitária, em um determinado momento, num grupo de oração que seja, Deus coloca ali uma palavra da Sagrada Escritura simples. Pode ser que aquela palavra tenha um tom profético e esteja se ligando a algum evento que vai acontecer com alguém que está ali, com algum evento que pode tocar a vida de alguém. E aí, se a pessoa estiver rezando, percebendo algumas coisas que Deus vem colocando
para ela, quando ouvir essa profecia, ela dirá: "Opa, isso aqui é para mim!". Então, a profecia tem esse caráter. Agora, os ministérios, né, que são chamados de proféticos, ou ministério de oração, de música, etc. e tal, o pessoal fala profético muito num sentido um pouco confuso, né, como sendo assim: a nossa missão é profética. A missão de todo batizado é profética. Todo batizado é uma profecia para o mundo, é uma profecia de que vivemos neste mundo, mas acreditamos no outro, que não acaba. Por isso, vivemos assim, por isso abraçamos as exigências da fé. Por quê?
Porque somos uma profecia, cremos naquilo que vai acontecer no outro mundo. Então, na verdade, o pessoal confunde muito, né? Então, quando você fala ministério profético, tem a ver com a missão, com a realização do trabalho de Deus ali dentro de um grupo de oração, etc. e tal. Agora, dom profético é outra coisa. O dom profético é um dom que pode ser temporário, inclusive. Deus pode dar para uma determinada pessoa uma única vez, Ele pode dar por um tempo e depois Ele pode tirar. O dom profético é sempre para edificação da igreja, né? Então, é para
isso que ele... Serve nossa hora aqui já vai avançada, então eu vou caminhando aqui para o fim e aproveito só para lembrá-los da loja Pantocrator, a nossa loja virtual da comunidade. Se você quiser adquirir livros, lembranças, imagem de Nossa Senhora das Lágrimas, agora a gente tem a imagem pequena de Nossa Senhora das Lágrimas. Então, entre em contato aqui por este número de WhatsApp: 19 99939 6743. Você pode pedir, né, o catálogo daquilo que a gente tem, o link de compra, enfim, o pessoal vai te atender aí com toda atenção. Você nos ajuda também adquirindo qualquer
produto na nossa loja; você nos ajuda na nossa evangelização. Tá bom? Que Nossa Senhora nos abençoe neste dia e que Deus nos guarde hoje e sempre. Deus abençoe! Até a semana que vem, se Deus quiser.