Muito bom dia, meus caros! Sejam bem-vindos à nossa meditação diária. Peçamos a Deus a sua bênção sobre nós: em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém. Pai Nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso reino.
Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós, dentre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Senhor Todo-Poderoso, nos abençoe, nos guarde e nos livre de todo mal, em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Amém. Muito bem, meus caros! Hoje nós entramos aqui no novo capítulo, né, no livro "O Caminho de Perfeição", né?
Aliás, perdão, né? Estamos no finzinho do Capítulo VII e já vamos começar a leitura do Capítulo VIII. Capítulo oitavo aqui!
Então, vamos terminar aqui os dois parágrafos finais do Capítulo VII. Capítulo VII ainda fala sobre as santas amizades. Vamos lá!
O que diz Santa Teresa? "Se, por acaso, vos escapar alguma palavrinha dita de repente, corrigir logo a situação. É muito quando qualquer coisa como essa perdurar, sejam grupinhos desejo e desejos de ser mais do que as outras, ou questiúnculas ligadas à honra.
" E parece que o sangue gela em minhas veias quando escrevo isto. Só de pensar que algum dia essas coisas venham a acontecer, pois vejo ser esse o principal dos mosteiros. Quando isso acontecer, dai-vos por perdidas; pensai e crede que expulsais o vosso esposo de casa e que o obrigais a procurar outra pousada, pois o deixastes fora do seu lar.
Clamai à sua Santa Majestade, procurai remediar a situação e, se com tantas confissões e comunhões não vos corrigirdes, temei pela existência de algum Judas. Que a priora, por amor de Deus, tudo faça para não o permitir, corrigindo-o desde o princípio, pois nele está todo o dano ou solução a que ela possa perceber ser causa de alvoroço e haverá de ser encaminhada a outro mosteiro. Deus criará condições para isso.
Afastai de vós esta pestilência; cortai, como puderdes, os ramos e, se isso não bastar, arrancai a raiz. E, quando isso não for possível, que quem agir mal não saia do cárcere. E isto é muito melhor do que permitir que todas adquiram tão incurável.
Ó grande, é esse mal! Deus vos livre do mosteiro onde ele entrar! Eu antes preferia que entrasse um fogo que nos abrase a todos, como em outro lugar.
Creio que vou falar mais disso por ser uma coisa tão importante. Não me alongo ainda mais aqui. Então, aqui terminamos o Capítulo VII do "Caminho de Perfeição".
Aqui, Santa Teresa cita. . .
Vamos guardar aqui esse ponto: ela fala de palavrinhas ditas de repente, palavras sem pensar, existência de grupinhos, desejo de ser mais que outro e algumas questões ligadas à honra ou à própria imagem. Então vamos guardar isso. Passemos ao Capítulo VIII, cujo título é: "Trata do grande bem que é desapegar-se interior e exteriormente de todas as coisas.
" Aqui, começa Santa Teresa: "Falemos agora do desapego que devemos ter, porque nisso está tudo. Se o guardamos com perfeição, digo que tudo está aqui, porque quando nos apegamos apenas ao Criador e consideramos nada, todas as coisas criadas, Sua Majestade nos infunde as virtudes de maneira tal que, nós, trabalhando pouco a pouco de acordo com as nossas forças, não teremos mais lutas a travar. Pois o Senhor toma a si a nossa defesa contra os demônios e contra o mundo inteiro.
" Pensais, irmãs, pouco benefício procurar entregar-nos sem reservas ao Todo-Poderoso e, como nele estão todos os bens. Como digo, louvem muito, irmãs, por nos ter reunido aqui, onde não se trata de outra coisa além disso. Assim, não sei para que eu digo, pois todas vós que aqui vos encontrais podeis ensiná-lo a mim.
Confesso não ter, nessa questão tão importante, a perfeição tal como a desejo. Entendo que convém o mesmo ocorrendo no tocante a todas as virtudes. Pois é mais fácil escrever do que fazer, e mesmo nisso não acerto muito, pois às vezes é preciso ter experiência da coisa para dela falar.
Por isso, se eu acertar, é porque fiz o contrário do que compõe essas virtudes. No tocante ao exterior, já se vê quão afastadas estamos de tudo. Ó irmãs, entendei, por amor de Deus, a grande graça que o Senhor concedeu e as trouxe para cá.
Que cada uma pense nisso profundamente consigo mesma. Sendo apenas doze, quis Sua Majestade que cada uma de vós fosse uma delas e quantas de vós, sendo melhores do que eu, tomem de bom grado este lugar que o Senhor me deu, apesar de tão pouco merecimento da minha parte. Bendito sejais vós, meu Deus, e que vos louve toda a criação, visto que não vos posso agradecer devidamente por essa graça e nem pelas muitas outras que me concedestes.
Foi enorme o favor de me conceder o estado religioso e, como me mostrei tão ruim, não confiastes em mim. Não confiastes em mim, Senhor, porque onde havia muitas boas monjas, a minha vida poderia se acabar sem que se percebesse a minha ruindade. Assim, trouxestes para onde, sendo tão poucas, fosse impossível não se ver a ruindade, a fim de que eu andasse com mais cuidado e ficasse liberta de todas as ocasiões.
Já não há desculpa para mim, Senhor, eu o confesso, sendo ainda mais necessária a vossa misericórdia para que me perdoe as faltas que eu vier a cometer. O que vos peço, o que vos peço muito, é que quem se der. .
. A conta de que não foi feita para levar a vida habitual daqui, não deixe de dizê-lo a outros conventos onde também se pode servir ao Senhor. Que ninguém perturbe estas poucas almas que Sua Majestade aqui reuniu.
Em outros lugares, há liberdade para se consolem com os parentes; aqui, quando se admitem alguns deles, é para que eles se consolem. A Mãe que desejar ver os parentes para obter consolo, caso eles não sejam pessoas de oração, deve considerar-se imperfeita; e o clérigo que não se desapegou não está são, não terá liberdade de espírito e nem paz perfeita, precisando de um médico. E afirmo que se o mal não deixar de acometê-la e ela não sarar, ela não foi feita para essa casa.
A melhor solução que vejo é que não encontre os parentes até ver se liberta, conseguindo o do Senhor por meio de muita oração, quando estiver no ponto em que as visitas forem encaradas como uma cruz que em boa hora os veja; pois então os beneficiará sem se prejudicar. Muito bem, então aqui nós pegamos o finzinho do capítulo sétimo e todo o capítulo oitavo, né? Que concluímos a leitura agora no finzinho do capítulo 7.
Santa Teresa fala de pequenas questões que podem atrapalhar muito na vida espiritual e ela aconselha as suas irmãs, né, o seguinte: que a formação, isso dentro de um mosteiro, de grupinhos de religiosas que comecem a criar uma espécie de partidos — o meu grupo é assim, outro grupo é assim, né? Aqui nós temos um ponto interessante: o ser humano, naturalmente, se agrupa. Isso é natural do ser humano, né?
Eu, com 20 anos de professor de Magistério, eu vejo isso todo santo dia nas salas de aula, com alunos de qualquer idade, pequenos ou grandes. O que que eles fazem? Eles vão se aproximando, ou por conveniência ou por afinidade, e é natural.
Então querem se sentar juntos, querem conversar juntos, querem trabalhar juntos; e nada irrita e desestabiliza mais e tira mais a paz das crianças do que tirá-las do seu grupo. E, volta e meia, eu faço com eles esse exercício humano de ter de conviver com pessoas que eles não escolheriam, né? E, aliás, na nossa vida adulta, isso acontece todo dia.
Eu, inclusive, como professor, digo isso às minhas crianças: "Olha, eu mudo os grupos, eu coloco vocês com outros porque na vida vocês não escolherão o tempo todo as pessoas com quem vocês estarão. " Então Santa Teresa fala aqui desse ponto de religiosos e religiosas que querem escolher e conviver apenas ali com o seu grupo. Ela fala: "Isso é um problema.
" Né? Por quê? Se nós convivemos só com pessoas deste grupo nosso, ali que nós escolhemos, nós corremos o risco de nos acomodarmos nas nossas características, no nosso jeito e, consequentemente, nós não mudamos, não melhoramos.
Então aqui tem um ponto interessante: Santa Teresa fala assim das santas amizades, que são aquelas amizades que não funcionam com base no apego. "Não, eu quero estar junto com essa pessoa, falar com essa pessoa. " Não, você pode ter as suas amizades, deve ter as amizades, deve buscar as amizades, mas em Deus, querer as mesmas coisas, buscar as mesmas coisas, mas tudo tendo como centro e como ponto organizador a vontade de Deus.
Aí a coisa muda. Mas, humanamente falando, nós temos uma tendência a procurar quem é igual a nós e, assim, estas pessoas nos reforçam nas nossas características, inclusive as ruins, inclusive as más. E aqui nós temos um problema, né, que Santa Teresa mais à frente vai tratar dele.
Depois, ela fala de pessoas muito apegadas à sua própria honra. Nós vemos isso muito no mundo corporativo ou até no mundo acadêmico, como as pessoas são apegadas à própria imagem. Então, no mundo corporativo, as pessoas mostram o que elas fizeram, querem chamar para si o mérito das coisas, e a coisa funciona um pouco assim; e quem não faz isso acaba ficando muito para trás.
Então, é um ambiente de muito orgulho e até de muita soberba, onde as pessoas querem parecer mais do que são. No mundo acadêmico, também a gente vai encontrar muito isso: são pessoas muito orgulhosas de si mesmas, cuidadosas de si e das suas coisas. Lembrando aqui de um caso acontecido há alguns anos atrás, eu tenho uma colega, professora de história, também professora universitária, que veio me fazer um convite.
Eu não tenho todas as titulações de doutorado, etc. e tal, né? E que seriam requeridas, por exemplo, num ambiente universitário.
Mas ela veio me convidar, como professor externo à faculdade, para participar de uma banca para avaliar um TCC, um trabalho de conclusão de curso. E eu achei curioso, né? Eu falei: "Nossa, mas você trabalha numa instituição com tantos professores, né?
" E vai trazer o professor de fora? Ela falou: "Então, estou convidando você de fora porque pessoas de dentro não quiseram avaliar o trabalho de conclusão de curso desta aluna. " Minha tratava-se de uma senhora já com seus quase 90 anos de idade, que havia feito a graduação, e os professores, simplesmente pelo tempo que essa senhora levou para fazer a faculdade, pelas dificuldades em fazer o seu TCC, eles não queriam, entre aspas, sujar o seu currículo avaliando o trabalho de conclusão de curso dessa senhora.
Essa colega, minha professora universitária, com todas as titulações, etc. e tal, ela aceitou orientar essa senhora, que se formou e realizou o seu sonho com mais de 80 anos. Era uma pessoa — ela mesma me disse no dia — essa aluna, que ela não iria exercer a profissão, mas quis estudar por uma questão pessoal; era um sonho pessoal, ela sempre desejou, ela nunca teve oportunidade.
Mas ela quis estudar. Na época que foi feita a banca avaliadora, ela tinha, naquela semana, completado 89 anos. Então, eu fui lá e participei da avaliação.
Inclusive, o trabalho muito bem feito, muito bem, mas outro que os professores não quiseram avaliar, né? Um certo orgulho, digamos assim, né? Tomou esses profissionais que não quiseram colocar o seu nome ali, não quiseram assinar, né?
Então, por aí, nós vemos um pouco isso que Santa Teresa fala: são as pessoas demasiadamente preocupadas com a própria honra. Aí, as pessoas começam a confundir as coisas, que até aquilo que não diz respeito à sua honra, elas começam a achar que diz respeito e começam a fazer com que tudo gire em torno da exaltação de si. Então, a pessoa quer ser reconhecida, ela quer ser vista, ela quer ser lembrada, ela quer ter um nome célebre no seu meio, no seu campo profissional, ou, às vezes, até dentro da igreja.
Tem gente que vai ocupando aí tantos cargos, tantas funções, para ser visto, para ser lembrado. E aí, Santa Teresa fala: quando nós fazemos isso, nós não estamos prestando um verdadeiro serviço dentro do nosso trabalho, dentro da nossa profissão, dentro da igreja, seja lá onde for que nós estejamos. Então, o cuidado com estas coisas, como diz ela, são coisas tão pequenas que começam a nos desviar daquilo que realmente importa na nossa vida, né?
E na nossa vida importa o quê? Fazer muito bem aquilo que é nossa função, aquilo que é nosso dever, com muita qualidade, com muita ordem, né? Mas jamais passando aqueles valores que devem nos orientar para trás, né?
Então, o que nos orienta? Cristo, a vida em Deus, agradar a Deus. Isso é o que deve nos orientar.
Depois, logo em seguida, Santa Teresa vai falar do desapego, né? E é interessante como Santa Teresa é prática na sua psicologia, no seu jeito de lidar com o ser humano. Ela diz assim que muitas irmãs que iam para a vida religiosa queriam ficar se consolando com os parentes, ou seja, são pessoas que abandonaram o mundo, mas o mundo não as abandonou.
São pessoas que deixaram tudo, abriram mão de constituir família, mas querem se informar de tudo que acontece na sua família. Querem, então, são pessoas ainda ligadas às coisas que dizem ter abandonado. Santa Teresa fala: uma religiosa deve começar a receber os parentes do mosteiro.
Quando receber os parentes, se se tornar uma cruz. Ou seja, a religiosa que deixa tudo para viver para Cristo, mas ainda quer viver inteirada das coisas da família, ela está apegada. É um apego desordenado.
Como que nós podemos trazer isso para a nossa vida? Basta a gente olhar para a nossa vida. Nós temos tantas preocupações, trabalho, obrigações, e um barulho interior, mesmo dentro de nós.
Nós temos muita dificuldade, às vezes, de parar para rezar em paz, de conseguir parar para rezar. Além disso, nós convivemos com muitas pessoas, e o convívio com as pessoas vai mostrando para nós, vai escancarando diante de nós os nossos próprios defeitos, vaidades. Isso vai ficando evidente e, às vezes, nós nos irritamos não com o comportamento da outra pessoa.
Às vezes, nós nos irritamos pensando que estamos irritados com a pessoa, mas não: nós estamos irritados conosco mesmos, porque o convívio com as outras pessoas, às vezes, expõe diante de nós, como num espelho, os nossos defeitos. Isso nos irrita, porque nós somos soberbos. Nós imaginamos que somos muito bons.
Nós, muitas vezes, nos imaginamos insubstituíveis em algumas coisas. Então, aqui, Santa Teresa vai nos dizer o quê? Ela fala para as religiosas que as religiosas devem pensar nas coisas de Deus, cuidar das coisas de Deus e rezar muito.
Ela insiste na oração, porque é na oração que nós vamos combatendo os nossos defeitos e pedindo a Deus as graças necessárias para sermos bons, para cumprir o nosso dever. E ela fala muito disso: aqueles que pedem insistentemente a Deus, se Deus perceber que há realmente ali boa vontade, ele mesmo vai dando muitas graças de correção da própria vida. Deus vai dando muitas graças para que alcancemos a virtude.
Então, façamos isso! Só que Santa Teresa fala muito disso: Deus dará as graças para quem se colocou a caminho. Deus não dá muitas graças para quem é muito santo.
Então, não é um requisito ser muito santo, muito perfeito, para ter muitas graças. Pelo contrário, Deus quer pessoas que tenham se colocado a caminho, e as graças virão durante o caminho. E aí Santa Teresa fala: quando nós vamos fazendo isso, nós vamos desapegando.
Ela diz assim: a religiosa que quer ver o tempo todo os familiares, ela não se desapegou. Agora, quando essa pessoa está tão absorvida pela sua vida ali no convento, pelas suas obrigações, mas os familiares querem vê-la, e ela recebe os familiares por caridade e não tanto por um desejo irresistível do próprio coração de tratar o tempo inteiro com a família. Santa Teresa fala: aí está bom!
Esse é o momento de essa religiosa começar a tratar com os familiares. Por quê? Porque ela lhes fará bem, o seu coração já está ordenado, está no lugar certo, né?
Então, olha que interessante, né? É uma questão de colocar o coração no lugar certo. Que esse seja, então, nosso grande objetivo, nosso ponto de reflexão no dia de hoje: Onde está o nosso coração?
É no evangelho de Mateus e no evangelho de Lucas. Jesus fala ali a mesma coisa. Os dois evangelistas guardaram esse ensinamento de Jesus: onde está o teu tesouro, aí está o teu coração.
Que o nosso tesouro esteja em agradar a Deus, em fazer a vontade de Deus. Pode ser que hoje, você ouvindo, assistindo a essa reflexão, fique pensando: Nossa, é tanta coisa, são tantas ideias. Mas, para resumir, basta lembrar dessa ideia: não existe uma ordem que Deus estabeleceu para as coisas e esta ordem é para quê?
Ela serve para quê? Para nos fazer felizes. Então, fixemos o nosso olhar nesta ordem: Onde está o teu tesouro?
Aí está o teu coração. Que o nosso tesouro esteja em Deus! Só que, para que o nosso tesouro esteja em Deus, nós temos de nos purificar muito desses barulhos interiores, dessa desordem que existe em nós, dos pecados que existem em nós.
Então, nós devemos buscar confissão frequente, muita oração e pedir a Deus que nos coloque nesse caminho para termos nele o nosso tesouro. Essa é a graça que nós devemos pedir: Senhor Jesus, que o Senhor seja o tesouro da minha vida, que o meu coração procure a Tua vontade, a Tua presença, o tempo todo. Que essa seja a nossa oração constante durante este dia.
Que Nossa Senhora, nossa Mãe, nos ajude. À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos. Ó Virgem gloriosa e bendita, Amém!
Deus nos abençoe neste dia, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém! Fiquem com Deus, ótimo dia e até amanhã, se Deus quiser.