A PRIMEIRA ARTE | EPISÓDIO 2 - Consonância

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Muito obrigado e um ótimo filme! Para que serve a arte e o que é um artista? Esta é uma pauta difícil que permanece no debate da filosofia.
A discussão dura milênios e, nos últimos tempos, se dividiu em duas hipóteses principais. A primeira diz que o papel do artista é romper com os padrões, chocar, transgredir, desconstruir, denunciar. Há artistas que, no limite dessa discussão, chegam a propor que não acreditam em arte ou que tudo pode ser arte.
A segunda hipótese mantém a defesa de que o papel do artista é conectar o ser humano com seu eu mais profundo, com a sua alma. O real, a luz do ideal, servindo de consolo ao dar forma para os nossos anseios, é buscar a beleza na técnica, na forma e na mensagem, é nos conectar com a transcendência misteriosa que, de alguma forma, aparece em nossas vidas quando ouvimos música ou nos deparamos com certas obras de arte. As duas hipóteses não são uma fronteira tão rígida.
Há intensos debates dentro de cada lado e muito diálogo entre os dois. De certa forma, isso serve para nos mostrar que a pergunta "o que é arte? " talvez nos coloque em um beco sem saída.
Mas, entre tantos debates, é seguro defender que, ao longo da história, um papel muito importante sempre pode ser atribuído aos artistas: o de expressar o que muita gente sente, mas não consegue dizer nem compreender. E se esse é um dos papéis do artista, há um motivo para a música ser a primeira arte. Flautas fabricadas com ossos já foram encontradas com 35.
000 anos de idade e algumas das primeiras pinturas na caverna, com mais de 60. 000 anos, já mostravam a música entre os seres humanos. A música se manifestou em todas as culturas.
Isso é tão sério, isso é tão verdadeiro que houve muitos pesquisadores, filósofos, escritores, até mesmo músicos, que se embrenharam na tentativa de decifrar quem surgiu primeiro: a fala, dado que nós sabemos que somos seres linguísticos, ou a música. Charles Darwin disse que a música é anterior à fala; ele dizia que a fala é consequência de um processo evolutivo daquela música primal dos nossos ancestrais. Por outro lado, Herbert Spencer, um contemporâneo de Charles Darwin, afirmava que não, que a fala havia surgido primeiro; a música surgiu como uma consequência da cadência da fala, da fala emocionada das pessoas.
Jean-Jacques Rousseau, um filósofo suíço que também era músico e compositor, afirmava que tanto a fala quanto a música surgiram concomitantemente. A música fundou a forma como expressamos a vida. Se o artista é mais responsável pela ruptura ou se o artista é mais comprometido em nos conectar com o belo, continuará sendo um debate da filosofia.
Mas uma coisa é certa: os artistas sempre buscaram um pouco dos dois, dando forma aos sentimentos mais complexos do homem, também participando como vigilantes, defensores, críticos e até mesmo responsáveis pela transição de uma era para outra. A música, naturalmente, dialogando com a cultura, exibe em frente ao museu uma frase que me parece adequada: a cada arte sobressai uma simbiose, onde, de um lado, o artista é fruto de seu tempo, de suas circunstâncias, com a sua visão de mundo e os seus desejos de transformação, e, do outro, permanece buscando o atemporal e o belo, o mistério e o incompreensível nas formas e técnicas da sua arte. Uma relação complexa onde, quanto mais universal é a expressão de seus anseios, mais são absorvidos pela história, tornando-se a visão de mundo de outras pessoas e de outros tempos.
O artista seria o responsável por expandir a imaginação e a emoção da sociedade e, mesmo que não queira tamanha responsabilidade ou não esteja consciente dela, tornou-se a principal influência da humanidade e o berço da próxima geração. Mesmo sendo uma verdade que a música sempre existiu, talvez essa frase gere uma impressão errada sobre a realidade, principalmente para nós, moradores do século XXI. Não importa se sua música favorita é de humb dos anos 1700 ou de Beethoven do século XIX.
Um Debussy de 1900 ou um Coldplay dos anos 2000: a noção que temos da palavra "música" é ancorada no conhecimento que temos dessa linguagem. Uma noção que, mesmo inconsciente, percebe acordes, melodias e ritmos que foram desenvolvidos ao longo do tempo. Mas tudo isso só começa a ser descoberto e unificado a partir do século XV.
De 1400 para trás, a estrutura musical se portava de maneira bem diferente, e a sua função provavelmente não é a que imaginamos quando falamos de música enquanto arte. Essas civilizações já tinham instrumentos variados dentro da sua sociedade, como, por exemplo, o tambor, a arpa e a flauta. Basta verificar, por exemplo, em referências iconográficas que existem hoje no Museu de Alexandria.
A gente até sabe, dentro desse conhecimento, que a música nessa região e nesse período, no antigo Egito, estava mais reservada ao conhecimento musical dos sacerdotes. Mas a gente pode sair um pouquinho dali e para a cultura mesopotâmica. Foram encontrados objetos raros em argila, gravuras de músicos.
Todas essas gravuras foram feitas em escrita cuneiforme. Vocês sabem que a escrita cuneiforme, junto com os hieróglifos egípcios, é a escrita mais antiga que o homem tem conhecimento. A escrita cuneiforme existiu em 3200, inventada pelos sumérios.
Mas essas pessoas já registravam a existência de músicos nessas obras. Não é só porque os instrumentos que nos acostumamos, como violino, piano ou guitarra, não existissem ainda, nem pelo fato de não haver rádio, TV ou internet. Claro, tudo isso pode ter feito falta, mas, se essas invenções impactaram a música, antes delas faltaram outras descobertas humanas mais imprescindíveis: a matéria-prima que cada artista utilizaria.
Para Mozart emocionar o público com apenas três acordes dramáticos no início da ópera "Don Giovanni", alguém teve que descobrir a ideia de como tocar mais de uma nota por vez. A mesma coisa podemos dizer de Beethoven, que também precisou dessas estruturas para revolucionar a música, quebrar padrões e juntar as notas com tanta energia na inesquecível abertura de sua Quinta Sinfonia. E para poder ouvir tudo isso com tanta facilidade, não foi preciso apenas a invenção da internet, do computador ou da eletricidade, nem apenas equipamentos que gravassem os músicos.
Foi preciso muito mais do que isso. Antes do século XV, nenhuma das grandes estruturas musicais estava descoberta. As notas musicais não estavam formalizadas, as partituras não existiam; nada estava pronto.
Nenhum músico sabia o que era uma terça, um acorde ou uma escala. Foi preciso que alguém as descobrisse e também achasse uma maneira de escrevê-las, organizadas no tempo e atribuindo a sua intenção a códigos que, originalmente, são frios. Foi preciso desvendar muitos mistérios e muitas leis por trás da música: uma luta de milênios para poder eternizar a expressão do músico como artista.
Hoje, podemos ouvir quase tudo que quisermos com o pressionar de um botão, mas até o final do século XIX, mesmo os amantes da primeira arte podiam ouvir sua música favorita apenas três ou quatro vezes em toda a sua vida. Em raros casos, se tivessem bastante dinheiro ou alguma sorte, conseguiriam ouvir um pouco mais. Sem dúvida, viajar pela história da música nos faz conhecer o mundo e o homem, e, dependendo de como olharmos para essa história, a essência da vida.
Embora a música seja pré-histórica, não é novidade que os gregos foram um dos principais estopins da civilização ocidental. Com a música, não foi diferente. Eles chegaram à conclusão de que o conhecimento era tanto uma ciência quanto uma arte e decidiram levá-la a sério.
Incluindo essa maravilhosa pedra de Delos, que tem uma inscrição de louvor a Apolo. Na pedra, temos as palavras do texto e, acima do texto, temos esses pequenos símbolos, que são a notação vocal, que nos dizem as pré-melódicas notas para as quais Platão, na "República", apresenta uma interpretação de que as artes são perigosas. Elas passam despercebidas pelo nosso racional e influenciam a nossa alma.
Com isso em mente, atribui-se o caráter educacional e moralizante à música. Ela deveria colocar o corpo em equilíbrio com a ordem cósmica. Se a poesia imitava os homens em ação, a música imitaria os estados da alma, das emoções e das virtudes.
A educação ateniense passou a ter na música um princípio, e muitas peças de teatro, narrativas, épicas e virtudes eram ensinadas através dela. Até as Olimpíadas absorveram a competição de música como uma forma de virtude: diferentes indivíduos cantavam perante um júri que escolhia os vencedores. Os gregos passaram sua tradição musical para os romanos, mas eles também não sabiam registrá-la.
Quando Roma caiu, no século V, a música da antiguidade e as melodias de grandes cantos, como os de Homero, se perderam para nós, silenciosa como uma sepultura. No ano 476, houve o declínio do Império Romano. A proposta da música, do cantochão, da música monódica, baseada na música modal grega, essa era a música que os cristãos utilizavam.
A técnica vocal foi ganhando corpo e se espalhando rapidamente por todas as comunidades cristãs. No ano 600, com a vinda de um novo pontífice, Gregório Magno, toda essa análise musical desse tipo de obra foi reinventada, aprofundada e adotada como sendo a linha melódica a ser utilizada pela liturgia católica romana ocidental, o famoso canto gregoriano. Até que, perto do século VI, alguém teve a simples ideia de adicionar crianças ao coral.
Os garotos cantavam a mesma nota que os adultos, mas, por terem voz de criança, ela soava mais aguda do que a dos homens, deixando tudo mais bonito e mais completo, com tons altos e baixos combinados. Vendo o resultado de misturar os tons, tiveram a ideia de também misturar as notas. A técnica ganhou o nome de "órgano" por soar como um órgão.
Este é o experimento que dá vida ao que chamamos. . .
De harmonia, o soar simultâneo de mais de uma nota em diferentes oitavas pode não parecer muito ambicioso nos dias de hoje. Mas pense no homem do século IX, na Idade Média feudal, sem ser alfabetizado e com poucas formas de entretenimento. O entardecer de um dia cansado de trabalho muito duro entra na igreja para rezar e se depara com a música.
As formas iniciais de harmonia foram um avanço gigante para a história da música da igreja e do homem, e foi ela que encaminhou a música para um próximo passo que queria mudar a história para sempre: o passo da notação musical. Quando os monges cantavam, tinham na frente deles o texto do que estava sendo cantado, apenas o texto. Isso significa que eles tinham que memorizar a melodia da Bíblia inteira.
Este é um dos feitos mais impressionantes que a humanidade fez pela música. A ideia de dedicar a música a Deus foi capaz de fazê-la sobreviver, desta forma, mas com mais vozes sendo adicionadas, inclusive a de crianças, ficou cada vez mais complexo coordenar este processo. Era preciso lembrar qual seria a melodia para cada trecho.
Muitos manuscritos dessa época começam a apresentar notações grosseiras em cima das palavras, tentando representar como elas deveriam ser cantadas. A ideia era dar uma indicação de quando a nota da melodia poderia subir ou descer; era melhor do que nada, mas ainda tinha uma grande falha: eram apenas uma forma de lembrar de uma melodia já conhecida, mas falhavam em ensinar uma nova. Como se fossem um mapa que não tem longitude e latitude.
As notas musicais como nós conhecemos hoje — do ré, mi, as sete notas musicais, o nome delas veio de um religioso, Guido d'Arezzo, retiradas do hino a São João e o hino todo: "Ut queant laxis, resonare fibris, Mira gestorum, famuli tuorum, Solve Polluti, labii reatum, Sancte Iohannes". Primeiro, ele deu um padrão para essas indicações de sobe e desce dos tons, dando um símbolo e um nome específico para cada nota musical. Então, ele desenhou quatro linhas retas onde cada uma das notas seria colocada em cima.
Uma dessas linhas foi desenhada em vermelho para dar um ponto fixo, o equivalente à linha do Equador no mapa. Se a nota for para cima, o tom sobe. Se a nota for para baixo, o tom desce.
Antes de Guido, você pensaria em uma melodia e teria que ensiná-la aos outros, esperando que lembrassem fielmente dela e passassem adiante sem estragar tudo. Depois de Guido, a música poderia ser fixada em uma página para ser reproduzida com fidelidade por qualquer um que nunca tivesse ouvido falar dela antes. Era uma verdadeira revolução.
A possibilidade de ter uma espécie de planilha musical onde podemos colocar múltiplas linhas de melodia permitiu aos compositores criarem estruturas musicais bem mais complexas e desafiadoras, experimentarem novidades e trabalharem sem depender exclusivamente da memória. Como foi a escrita para a literatura, uma história que pode ser falada oralmente e transmitida de um para o outro através da memória tem uma limitação de complexidade; não consegue ser sofisticada e trabalhada como um grande romance. A notação musical permitiu que as músicas também pudessem ser grandes histórias e não apenas as contadas oralmente e de memória.
Como toda boa tecnologia, o método do Guido foi se refinando com o passar dos anos, mas é essencialmente o mesmo sistema que usamos até hoje. Então, a gente vê como de fato a música estava permeada de uma forte carga de uma forte dose religiosa católica. A música, nesse período, era fabricada com essa finalidade.
É importante lembrar que a maioria das pessoas raramente ouvia esse tipo de música porque ela só existia dentro das igrejas, e não sabemos o que elas ouviam ou de que forma viam a música até aqui, mas sabemos que não escutavam nada com este padrão. Foi por volta do século XI que isso começou a mudar. Os pioneiros foram os trovadores, cantores com instrumentos que viajavam com algum instrumento nas mãos.
Com a invasão islâmica da Europa, vários elementos da cultura árabe foram se misturando com a cultura cristã. Os muçulmanos trouxeram seus instrumentos musicais, que foram absorvidos e desenvolvidos pelos europeus. O rebab viraria o violino e o alud, que se tornaria o alaúde, mais tarde seria o violão.
Na música dos trovadores, ainda conseguimos ouvir traços da origem árabe. O povo começava a pegar os instrumentos mais acessíveis e usar a música da igreja pelas ruas, às vezes mudando a letra e substituindo o significado religioso por um voltado para diversão, às vezes mudando a estrutura harmônica, tirando o tom contemplativo e colocando um estilo mais alegre. As primeiras músicas religiosas que grudaram na cultura popular estavam associadas ao Natal.
A música popular é muito importante na história da música. Na Renascença e na Idade Média, você tem um forte desenvolvimento da tradição trovadoresca, uma tradição que reflete a harmonia das coisas, que conecta as pessoas com a catedral medieval, conecta as pessoas com rodas em que elas contam histórias das suas nações. Então, existe uma importância da tradição popular da música; é uma música que tem um apelo popular.
As pessoas entravam nesse ritmo comum e a música estava prestes a se fundir definitivamente com outra arte: a poesia. Nas músicas de rua, a letra tinha a necessidade de ser compreendida e os compositores e trovadores queriam contar as suas histórias. A prosa também nos arrebata, né?
Também nos coloca diante de situações que nós não viveríamos se não lêssemos. Evidentemente, não é o Fernando Pessoa que dizia que a poesia é a música que se faz com ideias. Outros poetas e pensadores já disseram isso.
Não é a poesia; é o pensamento que sente e o sentimento que pensa. Já na igreja, as letras eram cantadas em latim e provavelmente em melisma, uma maneira de trazer longos trechos de uma. .
. Melodia para dentro de uma única [Música] sílaba. O estilo pode deixar a música bonita, mas dificulta e até mesmo impossibilita a compreensão das palavras.
Os mecenas da época começaram a querer prestigiar histórias que conheciam através da [Música]. Josan de PR é o primeiro grande compositor que tratou a compreensão da letra como o objetivo principal. Josan vendia sua música para os mecenas da época, que encomendavam histórias que desejavam perpetuar, como a de um frade dominicano chamado Savonarola.
Ele constantemente atacava o que considerava o excesso de homens que diziam representar a Igreja. Acabou sendo preso e, na prisão, escreveu uma oração pedindo perdão a Deus. O curioso é que não pediu perdão por denunciar os homens da Igreja, mas por não ter aguentado a tortura e ter confessado crimes que não cometeu para se livrar do interrogatório.
Histórias como essas comoviam as pessoas que começavam a ascender socialmente, e Josan foi contratado para eternizá-lo na música. As palavras de Josan continuavam mais prolongadas do que ouvimos hoje, mas eram audíveis e pronunciadas inteiras, uma por uma. [Música] [Aplausos] [Música] A Europa passava por séculos de guerra religiosa entre católicos e islâmicos e agora enfrentava 100 anos de guerra entre os Estados protestantes e [Música] católicos.
A ascensão comercial começava a aparecer aos poucos e o povo gostava da ideia de largar o lamento e se divertir com músicas elaboradas, mas que não tivessem um caráter estritamente religioso. Jaques Arcadel, eternizado na pintura de Caravaggio, ficou famoso por tentar afastar a música da mensagem virtuosa. Suas letras eram sobre os prazeres humanos.
Como fazia parte da alta sociedade, escreveu uma canção que chocou a todos: a letra refletia a ideia de que o casamento muitas vezes estava vinculado ao status social e que a vida poderia anulá-lo. [Música] Quando o mais famoso músico inglês da época tomou conhecimento do seu trabalho, sofreu forte influência de Shakespeare, uma melancolia digna de uma imagem do dramaturgo. Sua composição mais famosa mostra o desespero que cerca o homem, sendo o filho do choque da Idade Média com a modernidade.
[Música] Ele está interessado nas pessoas e nas suas emoções. Se você pegar um texto dessa época, vai ter bastante dificuldade de lê-lo, mas como essa música já tem uma melodia que respeita os padrões aos quais nos acostumamos, a predominância da letra e um assunto universal, você não sente ela deslocada do nosso tempo. Com os instrumentos à mão e com as técnicas de música espalhadas, a música pegou energia e desenhou uma nova [Música] sociedade.
Ao falar da música produzida nesses séculos, costumamos nos referir apenas à música erudita, que hoje chamamos de música clássica, em grande parte porque elas foram os grandes marcos da história da música, mas também porque temos menor documentação histórica de outros estilos. Só começamos a registrar as músicas de forma organizada a partir do século XV, e esse registro demandava estudo e alfabetização. A esmagadora maioria das músicas que nos restaram foram escritas ou financiadas pela aristocracia europeia.
A música era escassa; precisava ser apreciada no exato momento em que acontecia, e todo o espetáculo custava muito caro. Quando falamos dessa época e desse gosto musical, estamos nos referindo a uma pequena parcela da elite europeia. Então, o que o povo ouvia?
Para todo o resto, o que predominava era música [Música] folclórica. Música folclórica é a música desenvolvida a partir de um local, com pouca influência de outras culturas. Por ser uma música regional, ela tende a refletir os anseios, as dores e as alegrias daquela comunidade.
A sua história foi desenvolvida ali, com a história do seu povo. Se pegarmos o exemplo do Brasil, temos uma diferença enorme entre a música folclórica do Sertão nordestino e dos Pampas gaúchos. No Sertão, a arte tem uma influência das secas, do clima árido, das emigrações em busca de uma vida melhor e da história local.
Os nordestinos misturaram a tradição dos cangaceiros com as influências da imigração holandesa e alemã, que trouxeram os passos da valsa e da polca, marcada por instrumentos como a sanfona e o triângulo. A música do Sertão tem uma essência própria: "Minha vida andou por este país para ver se um dia descanso feliz, guardando a recordação das terras onde passei andando". Já na música nativista do Rio Grande do Sul, temos forte influência da pecuária, da amizade com o cavalo e de outros aspectos históricos como a Revolução Farroupilha e a convivência com as fronteiras espanholas, que moldaram entre outros vocabulários.
"A coragem de pelar de Daga, de ser um gigante pela liberdade" é o contraponto de "ajuntar terneiros, de acenar aos velhos e ter humildade". Ainda assim, os sentimentos como o amor, medo, esperança e alegria são universais: "Vontade de passar na tua porta, vontade de bater no teu portão". E mesmo que a música os expresse de diferentes formas, é ela que está.
[Aplausos] Vestir no resto do mundo também foi assim. [Música] [Música] [Música] A poesia melancólica nacionalista nas canções da França, que devido à história da burguesia e da corte combinaram elementos populares, dando origem à música que conhecemos como [Música] francesa. A tarantela do Sul da Itália, que, um pouco mais isolada das fronteiras europeias, se desenvolveu com imensa originalidade, embalados pelo ritmo acelerado, geralmente em compasso binário e tom menor.
Os plebeus trocavam de casal rapidamente e gritavam ao se divertir. Esses são alguns exemplos, mas praticamente todas as regiões desenvolveram suas músicas folclóricas. E, antes da explosão da indústria fonográfica, era basicamente nela que todos eram alfabetizados musicalmente.
A alfabetização musical consiste justamente em perceber quais sentimentos a música está vestindo. Nada melhor do que a música para isso; nela estão retratadas experiências, histórias e a cultura do povo do local onde você vive, tornando mais fácil identificar o referente para o qual a música aponta na realidade concreta. Com essa facilidade, você acaba sendo musicalmente educado para reconhecer a essência da música e vê-la no mundo.
[Aplausos] [Música] Em 1600, a música estava rica no instrumental e no vocal, no folclore e na igreja, mas quase nada do que você conhece por música cl. Faltava um espetáculo, alguém que conseguisse colocar a música no palco e deixasse a audiência esperando por mais, que trouxesse a atenção da nobreza e do dinheiro. E foi exatamente assim que a ópera nasceu.
[Música] [Aplausos] [Música] Mais da em suas mãos, o espetáculo foi do zero ao 10; ele foi o primeiro grande nome da ópera e, para muitos, o melhor. [Música] [Música] Na Itália do Renascimento, Monteverdi viu uma oportunidade de colocar a música a serviço do drama. O objetivo era fazê-la dialogar com a dança, com a poesia e com o teatro.
Para dar certo, precisava ser capaz de expressar complexidade, conflitos, tensões e emoções. O objetivo era audacioso: fazer a música conversar com o que fosse dito e mostrado no palco, criando a expectativa certa na hora certa. Ele começou a recalibrar a harmonia, ultrapassando o limite dos acordes que seriam confortáveis de combinar.
Não foi um erro técnico; ele sabia que estava transgredindo as regras. Da mesma maneira, na gramática, você também tem isso, só que primeiro você precisa dominar as regras para depois poder transgredi-las. Por exemplo, Saramago escrevia com a pontuação peculiar ou com a vírgula daqui para cá, mas você precisa entender o quanto ele sabia escrever com a pontuação correta para causar o impacto que ele queria ao escrever com uma pontuação alterada.
Da mesma forma que um compositor, ele quer sair do campo tonal harmônico; ele precisa dominar bem isso para conseguir trabalhar fora dessa questão. O objetivo era que o espectador fosse surpreendido e ficasse intrigado, especialmente quando isso melhorava a sensação do que estava sendo dito. Talvez seja a primeira trilha sonora da história.
Monteverdi criou uma técnica de colidir acordes, chamada de dissonância ou [Música] [Aplausos] [Música] suspensão. Era diferente de tudo; incomodava um pouco, mas tinha algo interessante: podia manipular os nossos sentimentos. Foi com tudo isso que, em 1607, na Itália, procurando por efeito emocional máximo, clareza narrativa máxima e o máximo de impacto, ele estreou a ópera "Orfeu", misturando instrumentos novos e antigos, usando acordes dissonantes e com personagens que se dirigiam diretamente à plateia, como no teatro grego.
[Música] Quase tudo sobre "Orfeu" era uma novidade para os italianos; era alto, longo e moderno. Era o que levaria Monteverdi para os maiores teatros da época. Sua última ópera foi apresentada no elegante Teatro de Veneza e mostrava tudo o que o compositor tinha aprendido nela.
Ele decidiu contar a história de vidas reais, escolheu o Imperador Nero e sua amante, Pompeia, para protagonizar a trama. Na superfície, a ópera falava da luxúria, das emoções bagunçadas do ser humano e da ambição desmedida. [Música] [Aplausos] [Música] Na experiência, o espetáculo transpira os pecados para sua audiência de forma tão franca que eles se sentem espectadores indevidos assistindo à vida privada de personagens históricos estranhos que têm muito em comum com todos nós.
Mas, no fundo, a obra era extremamente intelectual. A escolha de Nero e Pompeia não era por acaso; todos os presentes conheciam a história do Imperador Nero: pôs fogo em Roma, matou sua amante, seu filho e a si mesmo. A audiência qualificada de Monteverdi sabia o final da ópera.
Fora do palco, "Coração de Pompeia" era uma obra que saía junto com o espectador, sendo comentada, interpretada e criticada. Tratava-se de um ataque do Estado Romano ao excesso de poder; ele queria mostrar a ira de Deus com seus pecados. Ninguém sabia.
Era uma obra [Música] viva. Monteverdi capturou o Renascimento que ocorria na Europa e não permitiu que a música ficasse de fora. Explodiu a Itália na energia musical dramática que até hoje conhecemos como marca do país.
Se as descobertas nos milhares de anos anteriores foram a passos lentos e difíceis, agora que as estruturas para fazer música existiam, Monteverdi tinha chamado a atenção da elite. Em poucos anos, teriam os maiores gênios da história da música. A Itália inaugurava a época de ouro da primeira arte.
[Música] A música italiana ia filhar um outro grande nome da música pré-barroca: o final do Renascimento e o início do Barroco, Antonio [Música] [Aplausos] [Música] Vivaldi. Essa época também viu o despertar da música puramente instrumental e o nascimento do que se tornou a orquestra moderna. Luís XIV reinava na França, com imenso amor pelos luxos e bailes extravagantes.
Os organizadores de suas festas chamavam os violinistas da Itália, e o violino foi considerado pela corte francesa o instrumento mais elegante para preencher o espaço deixado pelo silêncio. Como os bailes eram grandes, não usavam apenas um, mas muitos, até começarem a colocar diferentes afinações do violino, como viola e violoncelo, tocando juntos a mesma linha musical. Era o nascimento da orquestra moderna.
Enquanto Newton revelava a gravidade do universo, os músicos queriam descobri-la no interior da música. Eles fizeram a importante descoberta de que alguns acordes em outros acordes. .
. É nesse período que surge, por exemplo, toda a busca de uma resolução da estrutura harmônica de uma obra. Veja a harmonia: a harmonia é a gramática da linha melódica.
Se eu faço para vocês essa melodia [Música], se eu, abaixo dessa linha melódica, insiro uma estrutura harmônica, uma harmonia, veja o que [Música] acontece. A gente percebe como a harmonia tem um papel fundamental dentro do fazer musical, e foi justamente essa estruturação harmônica que ocorreu nesse período. Um compositor carro-chefe e pai de toda essa ideia foi Johann Sebastian [Música] Bach.
Muitos o consideram o maior nome da música. Johann Sebastian Bach nasceu em uma família de músicos. Quando criança, cantava na mesma igreja em que Lutero cantou quando era católico; agora o prédio da igreja estava do lado protestante.
Nela, Bach aprendeu a tocar órgão com seu tio, conseguiu uma bolsa de estudos e cursou a melhor escola de música. Decepcionado por achar que a arte não era. .
. Valorizada na igreja em que tocava, foi EMB da cidade a pé da Alemanha para encontrar Buxtehude, o organista mais influente do seu tempo, e poder aprender com ele. O órgão ficou famoso por atrair fiéis que vinham de outras cidades até a Igreja Luterana de Lübeck para ouvir Buxtehude tocar.
Tempos depois, B voltou para sua cidade natal, casou, teve 20 filhos e focou todos os seus esforços em representar a perfeição divina na música. Mesmo protestante, B assimilou o espírito artístico da Contrarreforma. Topou compor para um príncipe católico e deu vida à música Barroca.
A palavra vem do termo filosófico "baruco", usado pelos lógicos para fazer um argumento acadêmico elaborado. Os revolucionários franceses da época, como Rousseau e Voltaire, achavam o argumento desnecessariamente complicado, e seu estilo artístico na música e na literatura também. A música de B era organizada e complexa como um cálculo de Newton e um seminário de física.
Johan Sebastian Bach com SY em forma tonn. Agora, ouçamos a versão inversa dela na segunda trompete, a versão lenta na primeira trompete e a versão extremamente lenta no tuba. Agora, vamos ouvir como ele juntou tudo isso, completo com uma grande visualização de f C.
Mas seu domínio não era uma obsessão matemática ou meramente técnica; ele acreditava que a sua música devia representar o plano divino, que era organizado, belo, complexo e harmônico. Nós devíamos chegar até a música, jamais deixar a música descer até nós. Quando ele compunha em duas ou três vozes juntas, elas não deviam apenas harmonizar bem individualmente, mas juntas tocarem o divino.
Rejeitada pela época, a música de Bach foi considerada antiga e fora de moda, sem reconhecimento e sempre com dinheiro apertado. Bach tornou-se uma fábrica de músicas; ele entregava novas composições semanalmente para quatro igrejas diferentes e, incrivelmente, manteve esse ritmo por 27 anos. Ele escreveu um mundo de contraponto com muita maestria.
Acho que ele tem mais de 2000 músicas; ele tinha uma letra bonitinha. A partitura do Bar é bonita. Nossa, que letra bonita!
Você consegue ler e tocar. Tanto é que alguns manuscritos que foram recentemente achados na Universidade de Eon foram comprovadamente verificados como sendo de Bach. A gota final para saberem que de fato era de Bach foram as célebres iniciais que, em quase todas as obras de B, são encontradas: S.
D. G. , só Dei Glória, toda glória somente para Deus.
Bach deixava claramente para todas as pessoas que a motivação para que ele trabalhasse, para que criasse todas as obras, não era simplesmente a manutenção da sua enorme família, mas sim a glorificação e o reconhecimento do poder de Deus. Em 1750, deteriorou-se, sofreu sérios problemas de visão e, mesmo operado por um ilustre cirurgião, morreu logo depois, sem reconhecimento, aos 65 anos. Em contraste com a estima que temos por Bach hoje, ele foi enterrado aqui em uma cova sem nome.
Apesar de ser servo fiel da Igreja Luterana na maior parte de sua vida, não foi considerado importante o suficiente para receber uma lápide. Em 1894, depois de descobrirem seu talento e seu sucesso, cavaram 47 covas para encontrar seus restos, e depois da guerra, Bach descansou diante do altar da igreja pela qual dedicou sua vida. As obras de Bach ficaram adormecidas, esquecidas, desconhecidas por quase 100 anos, e foi somente quase 100 anos depois que um outro compositor alemão, Felix Mendelssohn, resgatou uma das joias da composição: a Paixão Segundo São Mateus, que é sua grande paixão e uma obra magnífica.
A Paixão de São Mateus, composta por Johan Sebastian Bach, é uma redescrição musical de toda a narrativa da paixão e morte de Jesus Cristo. É considerada quase como a Bíblia musical de todo o ocidente. Bach viveu sua vida focado no atemporal, quando suas músicas foram enviadas ao espaço, representando a humanidade a quem pudesse encontrar, e hoje tornou-se comum nomeá-lo como o maior compositor de todos os tempos.
A música era feita dentro de espetáculos financiados pela corte. Nenhum país conhecia a Revolução Industrial, e o primeiro a conhecê-la foi a Inglaterra. Antes disso, um espetáculo sofisticado dependia do gosto do príncipe, do mecenas ou da igreja para acontecer.
Com a chegada da audiência e da venda de ingressos, os músicos ganharam um novo júri: o público. A recém-formada classe média inglesa tornou-se apreciadora da ópera italiana, mas logo o estilo foi considerado espalhafatoso e decadente para o espírito inglês. Na procura por algo novo, o compositor Handel encontrou uma oportunidade diferente das composições da igreja; as suas não serviam apenas para agradar a Deus.
Diferente das composições da época, não eram uma diversão sem sofisticação. Também não eram os espetáculos dramáticos e apelativos que imaginamos hoje quando pensamos na Inglaterra e em concertos musicais. Handel herdou a melodia popular da ópera e adicionou refrões fortes e vibrantes.
Com Deus saindo do foco principal, foi adicionado um outro tipo de fé: o nacionalismo. Um homem muito poderoso dividia o refrão com Deus: o rei. A fórmula foi um sucesso absoluto; o patriotismo era difundido entre os ingleses que trabalhavam cada vez mais e melhor.
Em pouco tempo, o país seria a principal potência do mundo. A música era mais do que um produto; tinha virado estratégia nacional na disseminação do patriotismo. Handel doou todos os seus ganhos para um orfanato e ficou famoso por sua compaixão.
Tentando agradar ao seu novo júri, os compositores começaram a desistir de aprimorar o público. O Barroco era complicado e difícil de entender, e eles procuraram passar uma mensagem mais clara. A simplicidade foi escolhida como a aposta da vez, e a predominância da linha melódica estava de volta.
Todo o trabalho de estruturação harmônica que aconteceu no período. Anterior é como se agora houvesse o desejo de simplificar. Vamos tirar aquela grande eloquência anterior, aquela atitude de suntuosidade, e vamos partir para a simplicidade.
Com a Revolução Industrial, a vida do homem se simplificou brutalmente. A possibilidade de fabricação de ferramentas que ajudassem a simplificar o trabalho do homem fez com que muitos nomes, como Mozart e Haydn, brilhassem neste período. A recompensa foi uma total transformação no status social do compositor, que passou a ser famoso, ganhar dinheiro e viver, pela primeira vez, uma carreira independente.
Mas o produto tinha um preço: a música não refletia o espírito do tempo. A Europa era palco de revoluções, das guerras napoleônicas, e de imensas rupturas, tragédias e instabilidades. Os músicos entendiam que o público queria fugir do conflito e compunham para tornar a vida da aristocracia e da burguesia calma e serena.
Era como se a música estivesse no Jardim do Éden e o povo no juízo final. Enquanto cortavam a cabeça do Rei na França, Haydn compunha a sua 99ª sinfonia. Mas essa sensação estava prestes a mudar.
Um compositor imprimia na música uma nova emoção. No começo, ele foi clássico e calmo, mas em pouco tempo tornou-se autoral, a ponto de fazer uma obra inimaginável para seus professores, e transformou a história da música, imprimindo seu nome nela para sempre. O primeiro sinal claro de mudança foi a Sinfonia Heroica, em 1804.
O impacto histórico é tão real que, por exemplo, falando de Beethoven, uma das sinfonias principais dele, a Sinfonia n. º 3, a Heroica, foi dedicada a Napoleão, e mais tarde ele mesmo retirou a dedicatória por ver quais eram as reais intenções desse soldado que se autodenominou Imperador. O que chamava a atenção não era a estrutura, a orquestração ou a técnica, mas a atitude.
Beethoven parecia estar invocando música para enfrentar a escuridão, e todos os seus contemporâneos, vivendo em um dos períodos mais difíceis da Europa, logo se convenceram dessa ideia e ficaram conhecidos por um termo famoso: os românticos. Veja, a música de Beethoven foi um rompimento. Foi com Beethoven que nós iniciamos o movimento chamado romantismo, que deu vazão a todos os sentimentos humanos.
Sua grande importância não foi ter mudado a estrutura ou a linguagem da música, mas ter recalibrado o seu papel no mundo. A música de Beethoven tornou-se séria e impactante; ele transformou o entretenimento elegante após o jantar em uma experiência da alma e da mente que os homens não topariam mais ficar sem. E claro, ele, compositor e músico famoso, tinha um único sentido que não poderia ter falhado: a audição.
E era justamente a audição que ele não tinha. Beethoven imprimiu claramente sua personalidade; você queria ouvi-lo por quem ele era. Sua missão não era mimar ou convencer a audiência, mas confrontá-la.
Sua Nona Sinfonia anunciou uma era épica. O Hino à Alegria, que encerra a composição, é um chamado à fraternidade universal, baseado em um poema do filósofo alemão Friedrich Schiller. Sua música era sobre o mundo.
Ao analisarmos o período, basicamente onde todos os grandes mestres, todos os grandes compositores que conhecemos, como Schumann, Tchaikovsky, Wagner, na própria ópera que aconteceu lá no barroco com Claudio Monteverdi, ganham contornos totalmente novos e uma expressão dos afetos humanos em grau exponencial. Tanto é assim que o próprio tamanho da orquestra cresce; era como se aquela quantidade de músicos inicialmente prevista nas orquestras mais reduzidas, orquestras de câmara, não fosse suficiente para dar vazão a esse rio caudaloso que são os sentimentos humanos. A intensidade desses sentimentos foi ecoada por compositores que o seguiram.
Um deles estava para revelar sua virtude da mesma forma que Beethoven fez no início da sua carreira: Frédéric Chopin, o poeta do piano. Assim ele foi chamado. A composição autoral nas mãos de Chopin continuou a nova tradição; não gostava de grandes apresentações, tocava em pequenos recitais íntimos e fechados.
Sua fama se espalhou de pessoa para pessoa, de fã para fã. As pessoas ficavam a fim de sua música como ficavam a fim de um amor secreto. Quando os russos invadiram a Polônia, foi exilado de sua pátria.
A saudade de seu país sempre foi expressa pela terra que carregava no seu bolso e pela sua música. A classe média começou a ter um piano instalado em suas casas, e o conceito romântico se transformou na música do lar. Surgiu um mercado de partituras para as pessoas comprarem grandes obras, treiná-las e tocarem em casa, sozinhas ou para visitas.
E o interessante foi ver a circunstância da morte do compositor, que morava em Paris, como falamos, e que um grande amigo dele, um grande amigo, o padre Alexandre, havia se ordenado sacerdote, estava em Roma e iria voltar para Varsóvia. A irmã de Chopin fez o contato, mandou uma mensagem para o padre Alexandre, dizendo: "Olha, seu amigão Chopin tá falecendo, vem para cá, tá nas últimas, tuberculose. ” O padre Alexandre não sei de que forma se deslocou até Paris para estar com Chopin.
Quando Chopin o encontrou, claro, uma pessoa que tá doente, sabendo que a situação é grave, encontra um grande amigo que é sacerdote. A reação é de susto, e de fato ele se assustou e disse: “Meu amigo, somos muito amigos, mas seus serviços eu agradeço. ” Passaram-se os dias, um dia, dois dias, três dias, até que teve um momento em que Chopin teve uma baixa muito grande e a morte já era iminente.
Numa conversa que os dois estavam tendo, o padre Alexandre disse: “Eu queria que você me desse uma coisa, queria que você me desse a tua alma. ” Nesse exato momento, Chopin disse: “Compreendo. ” E de fato, todos saíram, fez uma confissão e recebeu ajuda espiritual nesses últimos momentos, e a penúltima frase antes de falecer.
. . Foi meu grande amigo Alexandre.
Graças a você, não morrerei como um porco. É muito forte isso, muito forte! A gente vê que a música de Chopin retrata um pouco essa espiritualidade elevada que o compositor possui.
[G] [Música] Foi a era com maior abundância de grandes compositores da história. [C] [Música] Mas agora tínhamos dois ingredientes perigosos: misturar nacionalismo e música para mudar o mundo. [Música] [Música] [Música] Muito obrigado por assistir a nossa produção!
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