Luciano Subirá - MUDANÇA DE LEI - PARTE 1 | FD#42

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Luciano Subirá
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Video Transcript:
No vídeo de hoje eu quero falar a respeito de uma das chaves para a interpretação bíblica. Não apenas para a interpretação, mas para a devida conexão entre Antigo e Novo Testamento. Nós temos sempre declarado que a Palavra de Deus, para ser entendida, precisa ser entendida no seu todo.
Mas muitas vezes, na hora de juntar as peças do quebra cabeça e fazer a relação do todo, as pessoas se perdem num ponto fundamental que eu diria ser essencial para a interpretação bíblica e na ligação entre Antigo e Novo Testamento. E esse assunto, essa chave é o tema não só desse vídeo, mas também do próximo. Vou apresentar esse conteúdo em dois vídeos complementares, falando sobre mudança de lei.
Nessa primeira parte eu quero te ajudar a entender alguns fundamentos essenciais para a construção desse entendimento e na segunda parte do vídeo, no próximo vídeo nós vamos falar sobre a parte prática em cima dessas conclusões a que chegamos. Então vamos lá. A primeira coisa que eu quero começar a destacar quando consideramos que a Bíblia tem Antigo e Novo Testamento, Velha e Nova Aliança, nós precisamos entender que o livro de Hebreus, por exemplo, enfatiza muito a superioridade de Cristo, o seu sacerdócio em relação ao sacerdócio anterior, a diferença da Nova em relação à Antiga Aliança, da Graça em lugar da Lei que apresenta Moisés do Antigo Testamento, sendo fiel na casa de Deus como servo, mas Jesus como filho.
Ou seja, em toda essa linha de pensamento que Hebreus o tempo todo está destacando a superioridade do sacerdócio de Cristo, há um destaque a respeito de mudança de sacerdócio. Esse é o primeiro tópico que eu quero começar explorando. No Antigo Testamento nós temos, desde Adão na criação até a lei de Moisés, nós vemos que sacerdotes aparecem espontaneamente.
Eles se levantam, eles descendem, temos pessoas que são caracterizadas de sacerdotes de Deus, outros não necessariamente, são sacerdotes pagãos, mas não há uma ordem estabelecida para o culto, para o funcionamento do sacerdócio, embora ele apareça lá. Mas é a partir da lei de Moisés que o sacerdócio é regulamentado, e a partir de ali nós temos a Arão, sua casa, seus familiares da tribo de Levi, oficiando no sacerdócio. Mas em Hebreus, no capítulo seis, nos versos 19 e 20, nós lemos: "Temos esta esperança por âncora da alma, segura e firme que entra no santuário, que fica atrás do véu, onde Jesus, como o precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
" O autor mistura a linguagem do tabernáculo que diz respeito ao sacerdócio anterior, e fala de Jesus entrando não literalmente nesse tabernáculo, mas naquilo que ele simboliza. Aliás, nos capítulos seguintes, ele vai apresentar muito dessas figuras do tabernáculo como sendo alegorias, parábolas para a época presente, para a Nova Aliança e ele fala a respeito de Jesus, entrando nesse lugar para oficiar como sacerdote. Mas ele não é sacerdote segundo a ordem de Arão, da casa de Levi.
A Bíblia o apresenta, uma citação de um texto profético messiânico do Antigo Testamento, dizendo que ele é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. A partir do momento que o capítulo seis de Hebreus termina com essa construção, lembrando que a Bíblia não foi escrita em capítulos e versículos, essas divisões são posteriores, mas só para que você entenda a construção do raciocínio, o capítulo seis termina apresentando Cristo e uma nova ordem sacerdotal. O capítulo sete inicia falando sobre Melquisedeque, sobre suas figuras e vai falar da substituição do sacerdócio, onde?
No capítulo sete, no verso 12, a Bíblia diz assim: "Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente muda também a lei. " Então, aqui nós temos duas mudanças a serem consideradas. A primeira é a mudança de sacerdócio, e a Bíblia está dizendo que o sacerdócio de Levi passa por uma substituição e no lugar dele entra o sacerdócio de Cristo.
O sacerdócio levítico Aarônico pertencia à Antiga Aliança. O sacerdócio de Cristo pertence à Nova Aliança. Mas com essa mudança de sacerdócio, o que é que acontece?
A Bíblia diz: "necessariamente acontece mudança de lei. " Mudou o sacerdócio, muda a lei. Entender mudança de lei, repito o que eu falei anteriormente, é uma das maiores chaves na compreensão das Escrituras.
Por exemplo, eu vejo muitas pessoas tentando aplicar princípios da lei de Moisés no Antigo Testamento hoje, na Nova Aliança, no lugar onde eles não cabem. Por quê? O Novo Testamento nos apresenta uma reforma e nós vamos falar a respeito disso.
Mas também vejo pessoas em nome dessa reforma, descartando aspectos da Bíblia lá do Antigo Testamento que não eram para ser descartados porque o Novo Testamento os sustenta. Mas de repente eles simplesmente generalizam e dizem: "Não, tudo aquilo terminou" e essa falta de entendimento, essa falta não só de equilíbrio, mas da capacidade de ser preciso na compreensão do que muda, do que não muda, é que tem atrapalhado a muitos. Então nós precisamos ter o devido entendimento.
Me lembro que anos atrás eu estava ensinando a respeito de obediência e uma pessoa depois me confronta e diz: "O Senhor está por fora da revelação divina. O senhor nunca leu o que a Bíblia diz lá em Romanos, capítulo dez, versículo quatro? " Eu falei: "Olha, eu não só li como sei de cor.
O texto diz que o fim da lei é Cristo. " E ele falou: "Você não percebeu o furo da sua lógica? " Eu falei: "Não.
" Ele falou: "O senhor está pregando sobre obediência. Só existe obediência onde tem lei, onde tem algum mandamento. " Era uma lógica tão simples, eu diria até infantil, que eu não tinha nem o que lutar ou refutar.
Eu falei: "E? " Ele falou: "Como é que o senhor está pregando a obediência se a Bíblia diz que não tem mais lei? " Naquele momento falei: "Amigo: para, para, para.
Eu acho que nem você parou para pensar na lógica que você está propondo. " Eu falei: "O apóstolo Paulo que está comunicando o que comunicou, era um cara de uma mente mais brilhante do que a minha e a sua junto, e ainda falava debaixo da revelação do Espírito Santo. Então, se você falar que o Paulo está comendo bola, já é uma ofensa para a mente brilhante dele, numa lógica tão simples.
Agora você querer dizer que o Espírito Santo que o inspirou está fazendo isso é pior. " - "Não, eu falei que você está fazendo. " "Não", eu falei, "dá na mesma.
Porque se Paulo falou o que você está achando que ele falou "Que o fim da lei, é Cristo", significa o fim de todo e qualquer tipo de lei, então é óbvio que eu vou concordar com você que não existe mais obediência. Mas aí você olha para mim e diz: Por que você está pregando obediência se não tem lei? Mas não foi o próprio Paulo?
" Eu falei: "Em 90% de tudo aquilo que eu fundamentei sobre obediência não são declarações de Paulo? " Eu falei: "Você acredita que o Paulo que ensina que não tem mais lei e logo concorda com a lógica que então não tem mais obediência, ele iria falar tanto sobre obediência? Não seria completamente ilógico, irracional se a gente seguir nessa sua linha?
Não é justamente a defesa da lógica que você está me propondo que deveria fazer a gente parar para pensar que não foi isso que Paulo disse? " Eu falei: "De onde você tirou que não tem mais lei? " Eu falei: "Paulo, em Romanos 13, nos ensina a obedecer às autoridades, às leis civis.
Se não tivesse mais lei, a gente não tinha que obedecer nem isso. " E eu brinco quando falo sobre o assunto, que estaria instalada a "anarquia gospel". A gente teria voltado à época dos juízes que cada um fazia conforme bem lhes parecia.
Eu falei: "Paulo não entendeu isso. " Em primeiro aos Coríntios, no capítulo nove, no verso 21, ele pontua com clareza: "não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo. " Eu falei: "Como que alguém que está pregando que não tem mais lei nenhuma vai explicar que ele não está sem lei, vai explicar embaixo de qual lei está?
" Eu falei: "Então, meu querido, você entendeu Paulo errado. " Falei: "Nós só temos duas possibilidades: ou você não entendeu Paulo, ou Paulo não entendeu ele mesmo. " Eu falei: "Eu prefiro acreditar que você não entendeu Paulo.
" Aí ele olha para mim e diz: "Se não é fim de lei é o quê? " Eu falei: "É fim de lei, só não é o fim de todo e qualquer tipo de lei. Paulo está falando do fim de uma lei específica.
" Quando eu falei isso, ele me pergunta: "E que lei seria? " A minha vontade essa hora era dizer: "Você tinha que ter lido mais do que Romanos 10. 4.
Tinha que ter lido Romanos todo, tinha que ter lido a Bíblia toda. " Então nós precisamos de um entendimento maior, abrangente, para não distorcer o que a Escritura diz, porque a própria Bíblia que explica a Bíblia. Então, o que significa "o fim da lei é Cristo".
Paulo está falando do fim de uma lei específica. Agora, se ele está deixando claro que não deixou de ter lei, então a lei que terminou foi substituída por alguma outra lei que entra no lugar da que começou, e é disso que Hebreus, capítulo sete, o verso 12, está dizendo: "Onde há mudança de sacerdócio, há mudança de lei. " Então, quando Paulo fala da lei de Moisés é dessa lei que ele estava falando, esse é o contexto de Romanos 10.
4. Quando ele diz: "Porque o fim da lei é Cristo", se referindo à lei de Moisés, é porque, junto com o sacerdócio da Antiga Aliança, havia uma lei que o regia. Quando esse sacerdócio chegou ao fim, aquela lei também chegou ao fim.
Mas quando Cristo estabeleceu um novo sacerdócio, então uma nova lei foi estabelecida. E aí que você vai entender a declaração de Jesus em João, no capítulo 13, verso 34: "Um novo mandamento vos dou. " Um novo mandamento.
É aí que você vai entender Paulo falando sobre não estar sem lei, mas debaixo da lei de Cristo, porque uma nova lei foi instituída. Deixe me fazer alguns comentários sobre essa questão da mudança de lei. Em primeiro lugar, a Bíblia não diz distinção de lei, como se não houvesse lei nenhuma, não diz aniquilação de lei, não diz desaparecimento, diz mudança.
Então, obviamente, uma cessa, mas outra inicia. Nós temos o fim de uma, mas não o fim de todas. E para entender a substituição, nós precisamos entender alguns fundamentos bíblicos.
Então, se o primeiro alicerce aqui foi apresentar a ideia e o conceito de mudança de sacerdócio, o segundo diz respeito ao caráter temporário da lei. Ou seja, a lei de Moisés tinha prazo de validade. Há vários textos que apontam isso com clareza.
Em Gálatas 3. 19, Paulo pergunta: "Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa.
" Até aqui é o prazo de validade. Quem é o descendente a quem se fez a promessa? O artigo definido, não um qualquer, está falando de Cristo, ou seja, com a vinda de Cristo, nós teríamos o prazo de validade se cumprindo a lei anterior expiraria.
A Bíblia está falando dessa mudança. Em Hebreus, no capítulo oito, no verso 13, quando a Bíblia está falando de antiga e nova aliança, ela diz: "Quando ele diz nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.
" Então haveria cessação da lei de Moisés. Em Hebreus no capítulo nove, nos versículos nove e dez, a Bíblia falando dos ritos cerimoniais da lei, diz assim: "É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se oferecem tanto dons quanto sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto". Então vem a leitura do verso dez, a ótica, a perspectiva da Nova Aliança sob a antiga Lei e seus ritos cerimoniais: "os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas e diversas abluções impostas até o tempo oportuno da reforma.
" Abluções eram banhos, ritos de purificação. Então a Bíblia chama isso hoje de ordenanças da carne baseadas em comida, bebida, abluções impostas só até um tempo de reforma. Se teria tempo de reforma, obviamente isso mudaria.
É aí que faz sentido a declaração de Efésios, capítulo dois, verso 15, quando diz que Cristo aboliu a lei dos mandamentos na forma de ordenança. Então a lei de Moisés tinha prazo de validade. E as declarações de Jesus, não só "um novo mandamento vos dou", de João 13.
34, mas o que ele repete por pelo menos seis vezes no Sermão do Monte, embora Ele não tenha feito isso só lá, lá Ele fez com frequência: "Ouvistes o que foi dito aos antigos", e aí Ele citava a lei de Moisés, "Eu, porém, vos digo", e aí Ele ensinava algo diferente. Essa mudança no ensino de Jesus só faz sentido quando entendemos essa mudança de lei e entendemos que a mudança de lei ocasionada pela mudança de sacerdócio é porque o primeiro sacerdócio e, obviamente, a sua lei, eles tinham prazo de validade. Essas declarações de Jesus só se justificam quando há mudança de lei.
Agora, o que eu e você precisamos entender é que desde o início em que a lei foi entregue por meio de Moisés, Deus já deixou claro que haveria mudança de lei e Deus anunciou e prometeu um novo legislador. Em Deuteronômio, no capítulo 18, no verso 15, nós lemos o seguinte: "O Senhor, seu Deus" isso são palavras de Deus a Moisés que Moisés repetiria para a nação de Israel: "O Senhor, seu Deus, fará com que do meio de vocês, do meio dos seus irmãos, se levante um profeta semelhante a mim; a ele vocês devem ouvir. " O que significa essa declaração de Moisés: "um profeta semelhante a mim"?
Eu já disse antes, isso não é um adjetivo que Moisés se auto impôs, ele ouve de Deus e está repetindo. Então Deus está dizendo: "Eu vou levantar um outro semelhante a você, do seu nível. " Que é que Deus está dizendo?
Que Moisés não estava no nível dos demais. Moisés se destacava. Em Números 12.
6, por exemplo, o próprio Deus diz: "Se há profeta no meio de vocês, eu, o Senhor, me faço revelar a ele por meio de sonhos, de visões, de enigmas", mas ele diz: "com Moisés meu servo, não é assim. Com ele eu falo face a face, como um homem fala ao seu amigo. " A primeira coisa que distinguia Moisés: uma linha de comunicação direta com Deus.
Segundo, ninguém operou em todo o Antigo Testamento sinais, milagres e prodígios como Moisés. Mas, terceiro, a diferença entre Moisés e todos os demais profetas não era a sua linha de comunicação e o nível dos sinais, mas o papel que cada um cumpriria. Enquanto a maioria dos profetas falava para confrontar pecados, para anunciar eventos futuros, fossem juízo ou livramento divinos, para falar a respeito do Messias e da sua obra, Moisés foi o único que Deus alçou ao patamar de um legislador, ou seja, comunicou a lei na qual o povo haveria de andar.
E Moisés está dizendo: "Deus vai levantar um outro semelhante a mim. " Portanto, ele tinha que necessariamente ter pelo menos essas três coisas. Primeiro, uma linha de comunicação diferenciada, sinais, prodígios e milagres nunca antes vistos e vir como um legislador.
O que é que se entendeu a partir dessa declaração de Moisés? Que isso era uma profecia messiânica. João, por exemplo, ele dá o tom desde o início do seu evangelho no cumprimento dessa profecia em relação à pessoa de Jesus.
Quando perguntam para João Batista, em João 1, de 19 a 21: "Você é o Cristo? ", que significa Messias, ele diz: "Não. " - "Você é o Elias?
" aquele do final da profecia de Malaquias. "Também não. " Aí perguntam para ele: "Você é o profeta?
" A expressão o, artigo definido, não um qualquer, eles estão perguntando: "Você é aquele de quem Moisés falou? " Ele disse: "Também não. " Na minha cabeça, imagino que eu, no lugar de João Batista diria: "Eu só sou o precursor.
O homem está chegando. " Tão logo os primeiros discípulos de Jesus o encontram começam dizendo entre si: "Achamos aquele de quem Moisés falou", se referem a Jesus como sendo aquele de quem Moisés tinha dito. João segue essa narrativa no seu Evangelho, falando não só das declarações dos discípulos de Jesus, mas das pessoas que ouviam tanto o ensino como testemunhavam os milagres de Cristo e em ocasiões diferentes, com um e com outro exemplo as pessoas dizem: "Esse é verdadeiramente o profeta que deveria vir ao mundo.
" Mas quem pontua isso com clareza é Pedro. Atos, capítulo três, versos 22 e 23, pregando a respeito de Jesus, Pedro diz: "Porque Moisés disse: O Senhor Deus fará com que, do meio dos irmãos de vocês, se levante um profeta semelhante a mim; a esse vocês ouvirão em tudo o que ele lhes disser. Quem não der ouvidos a esse profeta será exterminado do meio do povo.
" Quando Moisés anuncia um outro profeta semelhante a ele, implica aquelas três coisas: uma linha de comunicação diferenciada, sinais, prodígios e milagres diferenciados, e também o fato de que viria como um novo legislador. Então, quando Moisés, o primeiro legislador, está dizendo: "Deus vai levantar um outro", ele já está anunciando que haveria mudança de lei e que um novo legislador chegaria. Quem é ele?
Cristo. Quando Jesus chega dizendo: "um novo mandamento vos dou", ele está dizendo: "Eu sou o legislador esperado. " Tinha uma linha de comunicação diferenciada?
E como! Ele mesmo diz: "Eu só falo aquilo que eu ouço meu pai falar. " Tinha sinais, prodígios e milagres nunca antes vistos?
E como! Em João 9 nós vemos o cego de nascença curado, testemunhando: "Nunca se ouviu falar que alguém antes tenha aberto os olhos a um cego de nascença. " Agora, Jesus vem como legislador?
Indiscutivelmente. Ele vem trazer e estabelecer uma nova lei. Então, quando entendemos toda preparação bíblica nessa direção, nós precisamos reconhecer que em Cristo se efetiva a mudança de lei e o caráter temporário, transitório da lei de Moisés, seu prazo de validade se cumpre.
Aliás, deixa eu fazer aqui um comentário. Algo que se tornou muito comentado, praticamente no Brasil todo aí, recentemente ouvi gente falando disso em todo lugar, foi uma disputa sobre haver ou não haver a necessidade de uma atualização na Bíblia. E um dia alguém me perguntou: "Pastor, o que é que o senhor tem a dizer a respeito do assunto?
" Eu falei: "Olha, não muito. " Ele falou: Dá pra compartilhar o não muito? " Falei: "Dá.
" Eu falei: "Se em algum momento na história houve atualização da Bíblia, da Palavra de Deus", falei, "foi quando o Verbo se fez carne. " O cara: "Como assim? É porque Jesus era a Palavra?
" Falei: "Não só isso. Ele vem justamente para estabelecer uma nova lei. Ele veio trazendo reformas, como diz o livro de Hebreus, até o tempo da reforma.
Ele não apenas mudou mandamentos, ele ajustou, ele ampliou outros. Ele realmente mexeu em toda a estrutura. " Quando eu falei isso, ele arregalou os olhos, preocupado: "Peraí, pastor, isso não abre um precedente, uma jurisprudência tipo se houve uma mudança, não pode ter outra?
" Eu falei: "De jeito nenhum. " Ele falou: "Como não? Se o senhor está admitindo que teve uma, então tem espaço para ter outra.
" Eu falei: "De forma alguma", falei: "porque a única que houve, ela foi prevista pela própria lei. " Quando Moisés está dizendo: "Deus vai levantar um outro legislador," e ele diz: "a ele vocês devem ouvir", ele está dizendo: "Quando ele chegar e trouxer a nova lei, ouçam ele não a mim", ele já estava anunciando a atualização. Agora, quando Jesus vem cumprindo essa palavra, ele anuncia alguma reforma ou atualização?
Ele anuncia a vinda de algum legislador? Não. E não só não faz isso, como, pelo contrário, ele garante: "Passarão os céus e a terra, mas a minha palavra não há de passar.
" Por quê? Porque não há mais nenhuma atualização para acontecer. A única prevista pela própria lei já aconteceu.
E nós precisamos entender porque havia necessidade de uma única atualização dentro da construção da revelação do próprio Deus e porque essa única, tendo se cumprido, não requer a necessidade de nenhuma outra. Tudo isso é parte de um plano claramente revelado na Escritura. Portanto, para que a gente entenda o caráter transitório e a mudança, nós precisamos entender aquilo que determina o caráter transitório da lei, temporário da lei, que é o seu caráter profético.
Esse é o terceiro aspecto que eu quero chamar a sua atenção. Jesus diz em Mateus, no capítulo 11, no verso 13: "Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João. " "Os profetas profetizaram" nós entendemos, mas Jesus está dizendo que a lei também profetizou.
E quando ele usa a expressão "até João", "até", de novo, é o prazo de validade. Mas porque ele está colocando João Batista aqui no circuito? Nós vemos Gálatas dizendo até que viesse o descendente.
Nós vemos que essa mudança se dá em Cristo. Mas quem era João Batista? O precursor de Cristo.
Quando é que o ministério de Jesus começa? Porque nós falamos que quando há mudança de sacerdócio, há mudança de lei. Quando você olha o evangelho de Lucas no capítulo três, ele nos mostra que Jesus tinha 30 anos de idade quando iniciou o seu ministério.
Quando a Bíblia atribui esse início? No momento em que Jesus é batizado por João Batista, seu precursor, João, publicamente testemunha:"Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", na sequência, a voz do Pai celeste se faz ouvir de forma audível, dizendo: æEsse é meu Filho amado em quem me comprazo", é a partir desse momento que Jesus sai e inicia o seu ministério. Ali, no início do ministério, em lugar de "ministério" leia-se "sacerdócio", com mudança de sacerdócio, nós temos mudança de lei.
É por isso que a partir desse momento, você vai ver Jesus ensinando de uma forma que é divergente da Lei de Moisés: "Ouvistes o que foi dito aos antigos. Eu, porém, vos digo". Ele obviamente está apresentando uma reforma da lei, uma mudança de lei.
Ele não apenas apresenta isso na forma de ensino, mas, como veremos daqui a pouco, na maneira de se conduzir, Jesus deixa de levar a sério a literalidade de alguns mandamentos da Lei de Moisés. Mas para que a gente entenda isso, nós precisamos também entender a natureza da mudança. E o próprio Jesus a explica.
Ele diz em Mateus, no capítulo cinco, no verso 17: "Não pensem que eu vim revogar a Lei ou os Profetas", Ele pontua com clareza: "Não vim para revogar, mas para cumprir. " Durante muito tempo eu não entendia essa declaração e aonde eu buscava explicação eu também não conseguia o devido entendimento. Porque eu imaginava que a expressão "Eu vim para cumprir", que cumprir fosse "obedecer".
Então, na minha cabeça, para esse Jesus, além de não revogar a lei vigente, ainda vem para obedecer Ele veio garantir a continuidade dela. Só que tudo que nós construímos até agora mostra mudança de lei e nem fizemos isso de forma exaustiva. Fizemos isso de forma resumida.
O Novo Testamento é claro sobre isso, mudança de lei é indiscutível. Mas eu ia perguntar para as pessoas: "Gente, o que é que significa isso? " Pastores, crentes mais maduros, professores de Bíblia.
"O que significa isso Jesus dizer: Eu não vim revogar, Eu vim cumprir. O que é cumprir? " Todo mundo dizia a mesma coisa: "Cumprir é obedecer.
" Eu dizia: "Mas se o que você está falando for verdade, então Jesus, além de não revogar a lei vigente, Ele ainda vem garantir a continuidade através do cumprimento e do exemplo que Ele está dando de que tem que cumprir. " A turma dizia: "Não. Houve mudança de lei.
" Eu falei; 'Mas de acordo com o que você está falando não. " Eles diziam: "Não, então o que nós estamos falando é que está errado. Mas que houve mudança, houve.
" Aí eu perguntava para as pessoas: "Então qual é o certo? Como que a gente entende isso? " E a maioria já me dizia: "Honestamente, eu não sei mais.
" Alguns diziam: "Eu nem sabia que eu tinha dúvida até você perguntar. " Eu passei anos quebrando a cabeça com esse versículo até descobrir que a resposta estava literalmente debaixo do meu nariz. Onde?
No verso seguinte. Aliás, sempre digo às pessoas: "A melhor forma de entender declarações bíblicas é avaliando o contexto. " Logo depois de dizer: "Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas", em Mateus 5.
17, "Não vim para revogar, vim para cumprir", o verso 18, que é a continuação, que inclusive começa com a conjunção explicativa "porque", que liga um assunto com o outro, porque é uma palavra de ligação e que um raciocínio que vem sendo construído e a conclusão a que se chega. Jesus diz: "Porque em verdade lhes digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. " O que é que Jesus está defendendo?
"Eu não vim revogar a Lei", no sentido de descartar e jogar tudo fora. Ele está dizendo: :"Eu vim para cumprir. " Algo que as pessoas não entendem e mesmo quando eu vejo o ensino sobre a Nova Aliança substituindo a Velha, a Graça, substituindo a Lei, eu percebo que as pessoas de fato não parecem entender a visão completa.
Muitos acreditam que quando passamos da lei para a graça, que houve uma mudança do plano. Eu quero te mostrar que o que aconteceu não foi mudança de plano, foi cumprimento do plano e as coisas são completamente diferentes. Para ter mudança de plano, nós íamos ter que jogar fora os atributos de Deus, da onisciência e da presciência.
Ué, se Deus conhece tudo e conhece tudo de antemão, como é que Ele vai aplicar um plano que falha e que no meio do caminho precisa ser ajustado e corrigido? Isso seria dizer que Deus não tem a capacidade de prever, que Deus erra, isso seria confrontar tudo o que a Bíblia ensina sobre o caráter de Deus. Então não pode ser mudança de plano.
O que nós precisamos entender é que, no meio do caminho, a mudança de lei é parte do cumprimento do plano. Isso só faz sentido quando você entende o caráter profético da lei. Jesus diz: "A lei profetizou até João.
" Então ela tinha um caráter profético. Quando Jesus diz: "Não vim revogar, eu vim para cumprir", essa ideia da Palavra "cumprir" do verso 17 tem que ser entendido de acordo com a do 18. Ele diz: "Até que o céu e a terra passem, nem um i e nem um til jamais passará da lei até que tudo se cumpra.
" "Se cumpra", no verso 18, tem o sentido de obedecer? Não, porque a lei não se obedece. Então, qual o sentido?
Ali é cumprimento profético. Então, se no verso 18 Jesus está falando de cumprimento profético, porque é que no verso 17 nós achamos que está falando de obediência? Então vamos entender.
Jesus está dizendo: "Não vim revogar". Não se trata de mero descarte. Jesus está dizendo: "Eu vim cumprir tudo aquilo que a lei anuncia profeticamente a meu respeito.
Eu não vim jogar fora algo que simplesmente vai se tornar agora descartável. " Ele diz: "Eu vim cumprir algo que é profético e me anuncia. " Então nós precisamos ter a perspectiva bíblica correta e entender que em todo o Antigo Testamento nós temos uma preparação para a chegada das verdades do novo, da Nova Aliança que nos seriam reveladas em Cristo.
Por exemplo, Paulo, escrevendo aos Gálatas, diz que quando Deus prometeu a Abraão: "Em ti serão benditas todas as famílias da terra", Ele estava preanunciando o Evangelho a Abraão. Ainda nem temos a lei de Moisés, que seria dada ainda no futuro. Mas Deus já está de olho lá na frente no quê?
Na chegada do Evangelho. Em Gálatas três, nos versos 23 e 24, Paulo diz: "Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, no futuro, haveria de ser revelada. " Deus não mudou de ideia sobre a lei para pensar, improvisar fé depois.
A Bíblia diz: "Antes da fé vir, nós somos colocados sob a lei para essa fé que no futuro seria revelada. " No verso 24, que diz: "De maneira que a lei se tornou nosso guardião, nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados pela fé. " Quando olhamos essas declarações bíblicas, faz sentido que havia toda uma preparação.
E a conclusão, o cumprimento disso tudo se dá em Cristo. Em João no capítulo cinco, no verso 39 diz: "Examinai as Escrituras, e são elas que testificam a respeito de mim. " O que é que Jesus está falando?
Sobre um princípio que na teologia chamamos de "convergência bíblica". Tudo converge para a pessoa de Jesus e se cumpre nele. Então, quando você entende que a lei tem caráter profético, aliás, é isso que Hebreus 10.
1 diz. Que a lei não tem a imagem exata das coisas, e sim a sombra dos bens vindouros. Quando entendemos o que é sombra, por exemplo, se você projeta a mão sobre uma superfície, como a mesa que tenho aqui à frente.
Com a luz vindo de cima, você vai perceber a sombra embaixo. A sombra é a imagem real? Não, ela não tem a cor da pele, não tem a textura, não tem o efeito 3D, o redondinho dos dedos, mas carrega similaridades?
E como! Quando você olha a mão e a sombra, você vê a mesma quantidade de dedos, a mesma disposição, o dedão para um lado, o dedo mindinho para o outro. Por quê?
Porque, de fato, há uma grande similaridade, mesmo sem ser a imagem real. Mas quando você olha a mão e a sombra, você consegue relacionar uma coisa com a outra? Na hora.
Por quê? Porque as duas estão no seu campo de visão. Mas mesmo se a mão saísse do campo de visão e você olhasse só a sombra da mão, você ainda relacionaria com a mão?
Sim, porque mesmo fora do campo de visão, é uma figura conhecida. Mas imagina agora que algo fora do campo de visão, um objeto que você não conhece, projeta uma sombra. Você jamais entenderia a sombra até que esse objeto entrasse no campo de visão.
A Bíblia está dizendo: "A lei não era a imagem real, era apenas a projeção de uma sombra. " Que sombra é essa? O que projetava a sombra?
A Bíblia diz: "bens vindouros". Tudo aquilo que se concretizaria em Cristo, na Nova Aliança, projetava do futuro para o passado sombras, figuras proféticas. Então Jesus chega cumprindo.
Por exemplo, João Batista anuncia Jesus diz: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. " O que é que ele queria dizer? Ele não estava fazendo uma declaração literal.
Eu, quando criança, imaginava Jesus um "cordeirão" em pé, vestido de gente. Os adultos entenderam a analogia. Ele está dizendo: "Assim como por séculos, séculos e séculos, nós temos visto um animal inocente morrer em nosso lugar, nos substituindo para o perdão dos nossos pecados, esse homem veio substituir.
" A partir do Novo Testamento, você não tem mais o sacrifício de animais. O que é que nós entendemos? Jesus diz: "Não vim revogar os sacrifícios.
Eu vim cumpri-los. " A lei tinha caráter profético. Por isso, a partir do momento que se cumprisse em Cristo, ela não teria necessidade de continuação.
Aqui nós temos o fundamento inicial da mudança de lei, porém não a compreensão toda. No próximo vídeo nós vamos seguir na compreensão dessa visão de mudança de lei, para que a partir disso, possamos compreender melhor toda a Escritura.
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